tag:blogger.com,1999:blog-63766601707789062552024-03-22T01:50:17.922-03:00História com Marcos Tadeu cardosoEste site é destinado a divulgação de trabalhos e acontecimentos correlacionados a história, o Prof. Marcos Tadeu Cardoso, de Montes Claros - MG, divulga seus trabalhos acadêmicos, nesse site; ele está realizando parcerias com prefeituras e outros orgãos para levantamento histórico de cidades e entidades brasileiras.Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.comBlogger23125tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-4055440380395881472016-05-30T22:40:00.000-03:002016-05-30T22:40:14.943-03:00Guia de estudos: confira temas essenciais de história
Absolutismo: Dentro do chamado "Antigo Regime", o poder era concentrado nas mãos do rei, que comandava o Estado moderno europeu -- a França era o principal Estado absolutista da Idade Moderna. Frisar os teóricos absolutistas: Nicolau Maquiavel, Thomas Hobbes e Jacques Bossuet. Na foto, Maria Antonieta, rainha da França de 1774 a 1789, representada na foto pela atriz Kirsten Dunst (no filme "Maria Antonieta", de Sofia Coppola), que foi deposta pela Revolução Francesa e guilhotinada em 16 de outubro 1793, depois da execução de seu marido, Luís 16
Civilizações pré-colombianas: É importante saber como foi o impacto ocasionado pelos europeus nessas civilizações e qual foi a influência delas na cultura ocidental como um todo (a utilização da babata e do milho, por exemplo). "Vale observar o conceito de mita, tipo de trabalho compulsório na América espanhola, baseado na civilização inca", diz o professor da Oficina do Estudante Rogério Bonfá
Feudalismo: Era um modo de organização restrito à Europa ocidental. É necessário entender características econômicas, políticas e sociais, lembrando que era uma sociedade estamental, que tinha grande influência da Igreja Católica. Na foto, o quadro "O direito do Senhor", de Vasily Polenov, retrata um pobre ancião entregando suas jovens filhas ao despótico senhor feudal
Antiguidade Clássica (Grécia e Roma): Os estudantes devem estudar os legados deixados pela Grécia e Roma Antiga para a sociedade ocidental. Segundo o professor Rogério Bonfá, da Oficina do Estudante, é fundamental saber sobre a democracia ateniense e conseguir falar relações com a democracia atual. "Já nos legados romanos, temos a noção de senado, coisa pública e as conquistas sociais, principalmente as plebeias. Foi também durante o Império Romano que surgiu o Cristianismo"Revolução Francesa: Representa a queda do absolutismo na França e na Europa. Oposição do terceiro estado francês, que é o povo em geral, em relação à crise social e política em um sistema no qual eles não tinham participação. Analisar a situação antes e depois da revolução e ideias iluministas. "Um fato importante é a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, que atribui cidadania às pessoas, principalmente no momento que o Brasil está vivendo, com todas as manifestações populares", diz o professor da Oficina do Estudante Rogério BonfáColonização mercantilista: Era a prática econômica do absolutismo. É importante para entender a lógica do Brasil colônia. Exclusivismo metropolitano ou pacto colonial. A escravidão do negro africano é produto desse processo
VEJA MAIS >Colonização mercantilista: Era a prática econômica do absolutismo. É importante para entender a lógica do Brasil colônia. Exclusivismo metropolitano ou pacto colonial. A escravidão do negro africano é produto desse processo
VEJA MAIS >Segundo Reinado (1840-1889): Caracterizado pelo parlamentarismo às avessas (política) e pelo ciclo do café, no Vale do Paraíba e oeste paulista (economia). Houve ainda nesse período a introdução do trabalho imigrante, Guerra do Paraguai (1864-1870) e a abolição da escravatura (1888). Na foto, a Princesa Isabel com seu pai, D. Pedro 2º
VEJA MAIS >Era Vargas: Getúlio chegou ao poder por meio de um golpe de Estado em 1930. Retornou no período denominado como Estado Novo (1937-1945). Há centralização do estado, estatização de grandes meios econômicos, e grande aceitação popular (populismo)Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-7026111440023410212016-05-30T22:37:00.005-03:002016-05-30T22:37:38.193-03:00República da Espada
1. Governo da Deodoro da Fonseca
Depois de elaborar a Constituição de 1891, a Assembléia Constituinte foi transformada em Congresso Nacional e, nessa condição, deveria eleger os primeiros presidente e vice-presidente da República.
Havia sido articulada uma chapa oposicionista, ligada aos interesses das oligarquias estaduais e liderada por Prudente de Morais, que foi, porém, derrotada. Os rumores sobre a intervenção militar para impor Deodoro, caso não vencesse as eleições, garantiram sua vitória. Em compensação, o candidato oposicionista à vice-presidência, Floriano Peixoto, derrotou o vice de Deodoro.
Não dispondo de maioria parlamentar, Deodoro sofreu várias derrotas no Congresso, que vetou muitos de seus projetos. Não conseguindo conviver politicamente com o Congresso, Deodoro dissolveu-o e prendeu seus principais líderes. Recebeu apoio de parte do Exército e de vários presidentes estaduais.
Congressistas liderados por Floriano, Wandenkolk e Custódio de Melo arquitetaram então um contragolpe, ao qual Deodoro tentou resistir, ordenando a prisão do almirante Custódio de Melo. Este reagiu sublevando uma esquadra, cujos navios postaram-se na baía de Guanabara, ameaçando bombardear o Rio de Janeiro, caso Deodoro não renunciasse.
Sem alternativa, Deodoro renunciou e entregou o poder ao vice-presidente Floriano Peixoto, em 23 de novembro de 1891.
2. Governo de Floriano Peixoto
No governo de Floriano, o ministro Serzedelo Correa desenvolveu uma política econômica e financeira voltada para a industrialização: tarifas protecionistas e facilidades de crédito foram concedidas, porém, acompanhadas de medidas para controlar a inflação e impedir a especulação.
As mesmas oligarquias que apoiaram o golpe para a derrubada de Deodoro, passaram a fazer oposição a Floriano, fundamentando-se no artigo 42 da Constituição, que dizia: "Se, no caso de vaga, por qualquer causa à Presidência, não houver decorrido dois anos do período presidencial, proceder-se-á a novas eleições".
A oposição a Floriano ocorreu também entre as patentes do Exército: 13 generais elaboraram um manifesto em que declaravam ser o governo de Floriano inconstitucional. Foram punidos com o afastamento de seus cargos. Até o fim de 1894, ainda haveriam mais dois graves acontecimentos: a Revolução Federalista e a Revolta da Armada.
A luta pelo poder colocava frente a frente as duas maiores facções de grandes proprietários de terras no Rio Grande do Sul. De um lado, agrupavam-se os federalistas - chamados de maragatos - liderados por Gaspar Silveira Martins, que exigiam uma reforma na Constituição do Estado e a implantação do parlamentarismo. De outro, estavam os pica-paus, chefiados pelo presidente do estado, Júlio de Castilhos, que apoiavam a centralização.
Na verdade, a luta entre as duas facções políticas refletia as divergências entre as oligarquias proprietárias rurais da região. A revolta tornou-se violenta, assumindo características de guerra civil.
Floriano tomou a defesa do Presidente do Estado, Júlio de Castilhos, apesar de este anteriormente ter apoiado Deodoro. A razão é que ele precisava da adesão da bancada gaúcha no Congresso. A guerra civil prosseguiu até 1895.
A oficialidade da Marinha provinha quase que inteiramente da antiga aristocracia imperial. Em setembro de 1893, a esquadra sublevou-se, liderada pelo almirante Custódio de Melo. Os rebeldes, que exigiam a imediata normalização constitucional do País, ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro, zarpando depois para o Sul.
O Presidente armou uma esquadra e com ela enfrentou os rebeldes do Rio de Janeiro, que se asilaram em navios portugueses. A repressão foi violenta: os governos rebeldes do Paraná e Santa Catarina foram depostos, enquanto se sucediam fuzilamentos em massa.
Fortalecido pelas campanhas contra os rebeldes, Floriano consolidou seu poder e passou a ser conhecido pelo cognome de Marechal de Ferro.
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Depois de 1894, os militares deixaram o centro de poder político no Brasil. Com a burguesia cafeeira no poder, terminava o período da República da Espada e iniciava-se a República das Oligarquias. Estas, formadas pelos grandes proprietários rurais de cada Estado, assumiram o controle completo da nação, sob a hegemonia da burguesia cafeeira paulista. A classe média e as camadas populares sofreriam os efeitos da nova política econômica, pois a valorização artificial do café transferia para o consumidor o ônus causado pelas dificuldades financeiras.
Embora as instituições tivessem se transformado na transição do Império para a República, o poder continuava nas mãos das oligarquias formadas pelos grandes proprietários rurais, mantendo-se o caráter agrário, monocultor, latifundiário e exportador da nossa economia. O País, conseqüentemente, continuava dependente economicamente dos Estados Unidos e das nações européias.
A oligarquia formada pelos proprietários de café paulista já era, antes mesmo da República, a principal força econômica da sociedade brasileira. Representada pelo Partido Republicano Paulista (PRP), os cafeicultores aspiravam a controlar o governo e assim organizar a política econômica em torno do café.
As oligarquias estaduais, lideradas pelos fazendeiros paulistas, conseguiram fazer triunfar suas idéias federalistas, tarefa facilitada pela divisão surgida entre os militares. Após a eleição de Prudente de Morais, essas oligarquias impuseram suas linhas de organização ao governo, adotando medidas governamentais que protegiam os interesses agrário-exportadores dos cafeicultores.
A supremacia de São Paulo e Minas Gerais, os dois estados economicamente mais poderosos na política nacional, ficou conhecida como política do café-com-leite, numa referência aos principais produtos desses estados e à alternância de seus representantes no poder.
Campos Sales, poderoso cafeicultor paulista e segundo presidente civil da República (1898-1902), foi um dos principais idealizadores do sistema de alianças organizado entre governadores de estado e Governo Federal para evitar a oposição, que ficou conhecido como política dos governadores.
O sistema consistia, basicamente, em uma troca de favores. O Presidente da República comprometia-se a respeitar e apoiar as decisões dos governos estaduais e, em troca, os governos estaduais ajudavam a eleger para o Congresso Nacional deputados federais e senadores simpatizantes do Presidente da República.
A política dos governadores reproduzia, no plano Federal, a rede de compromissos que ligava coronéis e governadores dentro dos estados.
Nessa época, havia no Congresso Nacional a Comissão Verificadora das Eleições, destinada a julgar os resultados eleitorais. Embora fosse órgão do poder legislativo, a Comissão Verificadora acabava trabalhando a serviço do Presidente da República, distorcendo o resultado das urnas. Aprovava nomes de deputados e senadores da situação e não reconhecia a vitória dos candidatos da oposição. A eliminação dos nomes dos adversários ficou conhecida como "degola".
O coronelismo foi um dos mais característicos fenômenos sociais e políticos da República Velha.
O voto havia sido estendido a uma ampla parcela da população e poderia ser uma arma importante no processo de transformação da sociedade. Mas, a pouca politização das camadas populares, aliada à utilização de toda forma de violência por parte dos coronéis, terminou por transformá-lo em uma mercadoria de barganha. A votação era aberta, ou seja, permitia que os chefes políticos locais formassem os currais eleitorais, controlando os votos em função dos interesses das oligarquias estaduais. O coronel tinha um poder proporcional ao número de eleitores que conseguisse assegurar para os candidatos das oligarquias estaduais. A esse tipo de voto, que forçava o eleitor a apoiar o candidato do coronel local, chamava-se voto de cabresto. Os coronéis, por sua vez, recebiam favores pessoais das oligarquias e consolidavam seu poder também nos municípios.
Além do voto de cabresto, os coronéis ainda utilizavam de fraudes para vencer as eleições. Documentos falsificados para menores e analfabetos votarem, pessoas mortas inscritas como eleitores, urnas violadas, votos adulterados e outras artimanhas eram feitas no pleito eleitoral.
1. Economia
O café foi o grande líder das exportações brasileiras durante toda a República Velha. Representou, quase sempre, mais de 50% das exportações.
Entusiasmados com os lucros, os cafeicultores investiam mais nas plantações. Porém, a produção acabou ultrapassando as necessidades de consumo do mercado. A partir do início do século XX, a economia cafeeira começou a enfrentar crises de superprodução, ocasionando queda nos preços e acúmulo de estoques invendáveis.
Com o apoio de políticos do Congresso Nacional, os cafeicultores realizaram, em 1906, na cidade paulista de Taubaté, uma reunião com a finalidade de encontrar soluções para as crises de superprodução.
Na reunião, conhecida como Convênio de Taubaté, os fazendeiros propuseram que o governo comprasse a produção de café que ultrapassasse a procura do mercado. O café excedente seria estocado pelo governo para, depois, ser vendido quando os preços se normalizassem. Para comprar o café excedente, o governo faria empréstimos no exterior.
Depois de alguma resistência, as propostas do Convênio de Taubaté acabaram sendo praticadas pelo Governo, e os preços do café foram mantidos artificialmente pelas compras governamentais. Os cafeicultores continuaram tendo lucros e aumentando a produção de café. Os estoques do governo cresciam e não surgiam oportunidades para vendê-los no mercado externo.
Diante da concorrência internacional, o açúcar e o algodão passaram a ser consumidos pelo mercado interno.
Na Amazônia, encontrava-se a maior reserva de seringueiras do mundo, e o Brasil passou a suprir praticamente toda a demanda mundial de borracha. Nessa época, a região amazônica conheceu súbito esplendor, que, todavia, durou apenas três décadas (1891 - 1918).
A produção de borracha brasileira era feita de modo rudimentar e exigia constante penetração na mata em busca de seringais nativos. A dificuldade de acesso aos seringais impedia uma exploração eficiente e elevava os custos de transportes. Com isso, os preços da borracha aumentavam, a produção brasileira era insuficiente para atender à demanda do mercado, e cresciam as necessidades dos produtos nos centros industrializados.
Nessa conjuntura, países capitalistas, como Inglaterra e Holanda, investiram no cultivo de seringais em áreas de sua dominação. Desenvolvendo um plantio especialmente planejado para o aproveitamento industrial, esses países, em pouco tempo, superaram o primitivo extrativismo praticado nos seringais brasileiros. A partir de 1920, a borracha brasileira praticamente não tinha mais lugar no mercado internacional.
Cultivado no sul da Bahia, principalmente nas cidades de Itabuna e Ilhéus, o cacau teve destino semelhante ao da borracha no mercado externo. Paralelamente ao aumento do consumo de chocolates na Europa e nos Estalos Unidos, a produção brasileira de cacau cresceu durante todo o período da República Velha.
Os ingleses, entretanto, investiram na produção de cacau na região africana da Costa do Ouro, área de seu domínio. Em pouco tempo, conquistaram os mercados internacionais, fazendo declinar a produção de cacau brasileiro.
A República Velha foi, durante muito tempo, o período de glória para a economia cafeeira. Mas foi também a época em que o crescimento das indústrias ganhou novo impulso.
O principal centro de expansão industrial brasileira era o estado de São Paulo. Em São Paulo, viviam os mais importantes produtores de café do País. Com as freqüentes crises de superprodução, muitos desses produtores passaram a investir parte de seus capitais na indústria. Substituindo, progressivamente, as importações, a indústria nacional foi conquistando o mercado interno.
Empregando crescente número de operários, a indústria foi transformando a face socioeconômica do País. Em 1928, a renda industrial do País superou, pela primeira vez, a renda da agricultura. Os setores urbanos, classe média e proletariado industrial, tornaram-se forças sociais cada vez mais expressivas e passaram a exigir maior participação política.
As condições de trabalho dos operários na República Velha eram extremamente rudes, semelhantes à da Inglaterra no início da Revolução Industrial. Os inúmeros acidentes de trabalho, os baixos salários, as longas jornadas sem descanso provocaram protestos e reivindicações dos operários. Surgiram, então, os primeiros sindicatos e organizações operárias trabalhistas. Entre os primeiros movimentos operários destacou-se o Anarquismo.
Em 1922, foi fundado o Partido Comunista Brasileiro (PCB), inspirado na vitória dos comunistas na Revolução Russa de 1917.
No Brasil, as propostas políticas dos comunistas representavam a esperança de uma vida digna e justa para os operários. Por isso, o PCB foi bem recebido entre os líderes operários. No entanto, logo após sua fundação, o Partido Comunista foi fechado pela polícia, sobrevivendo na clandestinidade. Alegava-se que o Partido Comunista era órgão comandado pelo estrangeiro e contrário à ordem pública.
Em julho de 1917, foi organizada em São Paulo a primeira greve geral da História do Brasil. Após a morte de um operário, em confronto com a polícia, a paralisação grevista atingiu toda a cidade de São Paulo e outras regiões do País. Revoltados com a violência das autoridades, os operários fizeram passeatas, comícios e piquetes e levantaram barricadas para se defender da polícia.
Assustados com o movimento operário, o Governo e os industriais resolveram negociar. Prometeram melhores salários e novas condições de trabalho. E assumiram o compromisso de não punir os grevistas caso todos voltassem normalmente ao trabalho. Todas essas concessões eram provisórias. Não havia sério interesse da classe dominante de melhorar a condição social dos trabalhadores.
2. Movimentos Sociais
As várias transformações promovidas pela oligarquia durante a República Velha não levaram em conta a grande massa popular, que em vários momentos manifestou-se contra a situação. Entre os movimentos mais importantes temos:
w A Revolta da Vacina: os projetos modernizantes da elite política brasileira não levavam em conta os interesses populares. Foi o que aconteceu no Rio de Janeiro. A demolição de cortiços do centro da cidade desalojou famílias, afastou trabalhadores das proximidades dos seus locais de trabalho, destruiu tradicionais espaços populares de sociabilidade e provocou uma alta espantosa dos aluguéis. Por tudo isso, o clima era de tensão quando Oswaldo Cruz colocou em prática o seu plano de vacina obrigatória. Some-se a isso a desinformação sobre os reais efeitos da vacina. Juntando tudo isso, teremos a explicação para a revolta que ocorreu na cidade. A principal razão da revolta foram as condições de miséria que as elites dominantes impunham à população.
w A Guerra de Canudos: o processo de modernização nos últimos anos do século XIX atingiu, de forma diferenciada, as diversas regiões do País. A decadência nordestina se acentuou com a crise econômica iniciada na década de 1870. Uma série de anos de seca só piorou a situação. Se até então os pequenos lavradores, trabalhadores livres e vaqueiros encontravam trabalho e proteção dos grandes latifundiários, com a crise eles se viram abandonados. Um dos efeitos da crise foi a formação de bandos de cangaceiros que, numa rebeldia primitiva e violenta, atacavam e saqueavam vilas, cidades e fazendas. O mais famoso bando de cangaceiros foi o do Capitão Virgulino, ou Lampião. Em Canudos, um arraial no interior do estado da Bahia, o líder religioso, Antônio Conselheiro, juntou muitos seguidores, alarmando os fazendeiros, o clero católico e as autoridades. Por isso, foram mobilizadas formidáveis forças repressivas contra o arraial. Conselheiro foi considerado um perigoso monarquista pelos representantes da República recém-instalada. Depois de um ano de resistência e várias derrotas impostas às forças repressivas, a "Aldeia Sagrada" foi varrida do mapa.
w A Guerra do Contestado: no Sul, mais especificamente em uma região reivindicada por Santa Catarina e pelo Paraná, a população pobre sofreu o impacto da modernização com a construção da estrada de ferro da Brazilian Railway e a implantação da Southern Lumber, ambas norte-americanas, que expulsava os pequenos posseiros das terras onde viviam. Os grandes latifundiários aproveitaram-se da situação para aumentar suas propriedades. Da mesma forma que na região nordestina, essa situação de crise social deu origem a um movimento messiânico de trágicas conseqüências: a Guerra do Contestado. Os seguidores do monge João Maria foram tratados com feroz violência pelos poderes constituídos. Foram considerados fanáticos e monarquistas que conspiravam contra a República. Ao final, poucos sobraram.
w A Revolta da Chibata: a Marinha brasileira, dominada pelos setores mais conservadores e reacionários da sociedade, exigia uma disciplina férrea dos marinheiros, quase sempre de origem humilde. A "lei da chibata" era um castigo aplicado aos marinheiros por qualquer atitude considerada indisciplinada. Na noite de 22 de novembro de 1910, marinheiros do navio Minas Gerais, sob a liderança de João Cândido, depois chamado o Almirante Negro, se rebelaram e assumiram o comando da embarcação, matando vários oficiais. Estes marinheiros queriam o fim da "lei da chibata". Os marinheiros rebelados ameaçaram bombardear a cidade do Rio de Janeiro, caso não fossem atendidos. A princípio, as reivindicações foram aceitas e os marinheiros anistiados. Depois de depostas as armas, eles foram duramente castigados. De positivo resultou a abolição da chibata na Marinha, e a prova da capacidade de organização e liderança de um homem do povo.
w O Tenentismo: apesar da agricultura ser ainda dominante, as atividades urbanas, principalmente a industrial, passaram a ter um peso importante. A sociedade se tornava mais complexa, e a política econômica do Governo dos cafeicultores prejudicava não só os operários, mas também as camadas médias urbanas. Foi desta camada que surgiu uma intensa oposição ao poder dos cafeicultores. No início da década de 20, crescia o descontentamento social contra o tradicional sistema oligárquico que dominava a política brasileira. Surgiu, então, o Tenentismo, um movimento político-militar que, pela luta armada, pretendia conquistar o poder e fazer reformas na sociedade. Os tenentes pregavam a moralização da administração pública e o fim da corrupção eleitoral. Queriam o fim do voto de cabresto e a criação de uma justiça eleitoral autônoma e honesta. Defendiam um nacionalismo econômico e uma reforma na educação pública para que o ensino se universalizasse para todos os brasileiros. A primeira revolta tenentista eclodiu no dia 5 de julho de 1922. Foi a Revolta do Forte de Copacabana, liderada por dezoito tenentes que, reunindo uma tropa de aproximadamente trezentos homens, decidiram agir contra o Governo e impedir a posse do presidente Artur Bernardes. Essa revolta provocou a imediata reação das tropas fiéis à oligarquia. Era impossível aos militares revoltosos, ante a superioridade das forças governamentais, tornar seu movimento vitorioso. Fracassada a Revolta do Forte de Copacabana, Artur Bernardes tomou posse da Presidência da República. Teve, porém, de enfrentar uma nova revolta tenentista, a Revolução de 1924. A revolta, liderada pelo general Isidoro Dias Lopes, pelo tenente Juarez Távora e por políticos, como Nilo Peçanha, eclodiu em São Paulo, também no dia 5 de julho. Com uma tropa de aproximadamente mil homens, os revolucionários ocuparam os lugares mais estratégicos da cidade de São Paulo. O governo paulista fugiu da capital, indo para uma localidade próxima, de onde pôde organizar melhor a reação contra os rebeldes. Recebendo reforços militares do Rio de Janeiro, preparou uma violenta ofensiva. O general Isidoro Dias Lopes, percebendo que não tinha mais condições de resistir, decidiu abandonar a cidade de São Paulo. Com uma numerosa e bem armada tropa, formou a Coluna Paulista, que tinha como objetivo continuar a luta contra o Governo, levando a revolução para outros estados do Brasil. A Coluna Paulista seguiu em direção ao sul do País, onde se encontrou com uma outra coluna militar, liderada por um jovem capitão do exército, Luís Carlos Prestes, que ficou conhecido conhecido como Cavaleiro da Esperança.
w Semana de Arte Moderna: na década de 20, a reação contra as estruturas oligárquicas da República Velha atingiu também o campo cultural, manifestando-se no chamado movimento modernista. Um dos objetivos do movimento era reagir criticamente contra os padrões arcaicos e à invasão cultural estrangeira que despersonalizava o Brasil. A reação modernista implicava "abrasileirar" a cultura brasileira. As apresentações das obras e das idéias dos jovens artistas provocaram forte reação dos setores conservadores, mas conseguiram, com o tempo, impor-se dentro da cultura do País.
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Os militares passaram a controlar a vida política brasileira logo nos primeiros dias de abril de 1964. Tinham chegado ao poder para, entre outras coisas, "salvar a democracia", mas acabariam com ela e ficariam no poder por duas décadas.
As tendências conciliadoras dos parlamentares não agradavam aos ministros do governo provisório, Brigadeiro Correia de Mello, Almirante Augusto Rademaker e o General Costa e Silva. Em 9 de abril de 1964, com a autoridade que a si atribuíram de Supremo Comando Revolucionário, publicaram um Ato Institucional, que estabelecia eleições indiretas para Presidente da Repúhlica; dava aos comandantes o poder de decretar estado de sítio e suspender as garantias constitucionais, e suprimir direitos políticos por até dez anos.
Em 11 de abril, o Congresso elegeu presidente o Marechal Castelo Branco. As primeiras medidas anularam os atos do Governo anterior e reprimiam prováveis opositores.
1. Objetivos Econômicos:
Os principais objetivos econômicos dos governos que se seguiram a 1964, foram:
w Fazer o País se desenvolver ;
w Controlar a inflação, sobretudo através da contenção do crédito e dos salários;
w Diminuir as diferenças regionais;
w Diminuir o déficit da balança de pagamentos;
w Incentivar as exportações;
w Atrair capitais estrangeiros, oferecendo possibilidade de bons lucros e de estabilidade política.
Os objetivos, constantes do Plano de Ação Econômica do Governo (PAEG) elaborado durante o Governo de Castelo Branco (1964-1967), foram perseguidos durante os governos militares seguintes: Costa e Silva (1967-1969), Médici (1969-1974), Geisel (1974-1979) e Figueiredo (1979-1985).
O militares fizeram o País crescer mais, incentivaram as exportações e atraíram capitais estrangeiros. Mas não diminuíram o déficit da balança de pagamentos, não diminuíram as diferenças regionais, nem controlaram a inflação.
O milagre econômico foi inegável. Em 16 anos, o Brasil saltou do 50° para o 10° lugar na lista de nações com maior PIB (Produto Interno Bruto); concentrou mais de um quarto do desenvolvimento industrial do chamado Terceiro Mundo; subiu o nível técnico de produção. Além de tudo, cresceram acima da taxa de crescimento da população: o número de matrículas escolares, o de leito em hospitais, de médicos, de casas com água, luz e esgoto. E aumentou a proporção de lares com eletrodomésticos e automóveis.
No período áureo da ditadura militar, entre 1968 e 1973, a economia brasileira cresceu 11 % ao ano. O "milagre" resultou de vários fatores:
w arrocho de salários;
w situação internacional vantajosa: preços altos na venda de produtos brasileiros e baixos na de alguns estrangeiros, como petróleo;
w grandes investimentos estatais;
w taxas de juros internacionais baixas;
w grande endividamento externo, público e particular;
w participação das multinacionais.
Mas, por volta de 1974, começou uma crise mundial, com o aumento do preço do petróleo e outros produtos; e o déficit comercial, entre 1974 e 1977, chegou a 10 bilhões de dólares.
No Brasil, a crise foi duplamente grave, porque:
w o "milagre" feito com financiamento externo, que acarretou enorme dívida, não desenvolveu o mercado interno; concentrou-se em grandes obras, muitas delas desnecessárias, e na produção de bens duráveis inacessíveis ao grosso da população;
w com a crise mundial, os juros subiram e o Brasil passou a receber pelas exportações, menos do que pagava por elas.
Entre 1970 e 1980, cresceu a concentração de renda: os ricos ficaram mais ricos, e os pobres, mais pobres. A concentração impediu a maior parte da população de usufruir do "milagre" e o Governo justificava com a famosa tirada de que era preciso fazer o bolo crescer para depois repartir. O bolo cresceu, mas jamais foi repartido. A crise tornou a situação do povo dramática: desemprego jamais visto e salário real despencando.
O projeto que os militares tinham em mente não poderia sustentar-se, caso não tivessem poderes excepcionais nas mãos. Eles apelaram para a legitimidade revolucionária e se atribuíram tais poderes, mediante Atos Institucionais (Als).
w AI-2 (27.10.1965): mais poderes ao Presidente quanto à apresentação de projetos de lei; Justiça Militar passa a julgar civis incursos em crimes contra a segurança nacional; eleições indiretas para o futuro presidente; autorização para caçar mandatos e suspender direitos políticos por dez anos; extinção dos partidos políticos e autorização para a organização de apenas dois: ARENA (Aliança Renovadora Nacional) e MDB (Movimento Democrático Brasileiro);
w AI-5 (13.12.1968): autorização ao Presidente da República para: decretar o recesso do Congresso, Assembléias Legislativas e Câmaras Municipais; intervir nos estados, municípios e territórios; cassar mandatos por dez anos; decretar estado de sítio; decretar o confisco de bens.
O General Costa e Silva, ao baixar o AI-5, pôs o Congresso em recesso. Este só seria convocado novamente para aprovar a indicação do General Médici para a Presidência. Os poderes discricionários de que a ditadura passaria a dispor com o AI-5 não tinham limites.
Os governos militares resumiram seus grandes objetivos em duas palavras: segurança e desenvolvimento. Tais métodos são contestados, pois o desenvolvimento beneficiou a poucos e promoveu a segurança para o Estado, a custa da insegurança da população.
Em março de 1974, no início de seu Governo, o General Ernesto Geisel apresentou a proposta de um "gradual, mas seguro, aperfeiçoamento democrático". Dez anos depois, os gigantescos comícios por eleições diretas para Presidente da República tornavam clara a intenção do povo brasileiro de voltar a tomar conta do seu próprio destino.
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Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-30478906311360289542016-05-30T22:36:00.004-03:002016-05-30T22:36:46.316-03:00Crise do Regime Militar e Redemocratização
O fracasso do modelo político-econômico, adotado pelo regime militar, ficou evidente durante o Governo Figueiredo. O País tinha mergulhado numa das maiores crises de sua história, que se refletia nas elevadas taxas de inflação, no assombroso endividamento externo e no déficit público.
Diversos setores da sociedade (partidos políticos, Igreja, entidades científicas e sindicatos) reivindicavam uma mudança de rumo para o País.
A crescente onda de descontentamento social foi canalizada, pelas lideranças de oposição, para a campanha em favor das eleições diretas para Presidente da República. O objetivo era conseguir que o Congresso Nacional aprovasse a emenda proposta pelo deputado Dante de Oliveira, que restabelecia eleições diretas para Presidente e acabava com o Colégio Eleitoral, pelo qual se faziam eleições indiretas.
A campanha pelas diretas foi um dos maiores movimentos político-populares. Multidões entusiasmadas proclamavam nas ruas e nas praças o lema "diretas-Já" e cantavam o Hino Nacional.
Entretanto, uma série de manobras da elite dirigente, ligada ao regime militar, impediu a implantação das eleições diretas para Presidente. O principal grupo político que se opôs à emenda das diretas era liderado pelo deputado paulista Paulo Maluf.
Contrariada a vontade popular, teve prosseguimento o processo das eleições indiretas. Essa fase foi dominada por duas candidaturas: a do deputado Paulo Maluf, representante oficial do PDS, embora não contasse com apoio efetivo das forças que estavam no poder; e a do governador de Minas Gerais, Tancredo Neves, apoiado por uma heterogênea aliança política, a Aliança Democrática, composta pelo PMDB e pela Frente Liberal. Através de comícios populares, a candidatura de Tancredo Neves foi se consolidando como alternativa viável para garantir o fim do regime militar.
Em 15 de janeiro de 1985, forças da Aliança Democrática, reunidas no Colégio Eleitoral, conseguiram eleger Tancredo Neves para a Presidência da República.
Tancredo Neves tinha como proposta realizar um governo de transição democrática. Falava na instauração de uma Nova República, cuja missão seria implantar um projeto de conciliação nacional, num clima de ordem e respeito às instituições.
Atingido por grave enfermidade doze horas antes da posse, Tancredo Neves não conseguiu assumir o poder. Foi internado e submetido a cirurgias em Brasília e, posteriormente, em São Paulo. A doença evoluiu, tornando-se fatal. Tancredo morreu em 21 de abril de 1985.
O vice-presidente em exercício, José Sarney, assumiu então, de forma plena, o comando da Nação.
1. O Governo de José Sarney (1985 - 1990)
Durante o governo de José Sarney consolidou-se o processo de redemocratização do País, o qual garantiu à maioria da população brasileira o direito à participação na vida política nacional. Nesse sentido foi restabelecido o direito de voto, a garantia de amplas liberdades sindicais, além da convocação da Assembléia Nacional Constituinte, encarregada de elaborar uma nova Carta Constitucional devolvendo o País à democracia.
Para fazer frente às dificuldades econômicas, o Governo estabeleceu, em fevereiro de 1986, inúmeras medidas que visavam a reverter o quadro inflacionário. O então ministro da Fazenda, Dilson Funaro, criou um plano econômico, o chamado Plano Cruzado, que contou com amplo apoio da sociedade de uma maneira geral e, por algum tempo, apresentou efeitos promissores.
O sucesso inicial do Plano Cruzado garantiu a Sarney e ao partido do Governo, uma estrondosa vitória nas eleições para os governos estaduais e para o Congresso Nacional, em novembro de 1986.
Porém, logo no final de 1986, a situação reverteu-se, e o Plano demonstrou seu fracasso frente à falta de mercadorias, às inúmeras pressões por aumentos e à generalizada cobrança de ágio na compra de produtos.
Outros planos foram postos em prática durante o Governo, que, não sendo eficazes, contribuíram para aprofundar a crise econômica e financeira do País. Ao descontrole financeiro juntavam-se o peso da dívida externa, o descrédito do Brasil no mercado internacional, com ausência de investimentos estrangeiros, e a enorme dívida interna do Governo, pois a arrecadação de tributos não atendia aos compromissos existentes.
No final do mandato de José Sarney, as forças políticas que compunham o Governo estavam muito desacreditadas. A oposição conquistava cada vez mais força. Em fins de 1989, realizaram-se as primeiras eleições diretas presidenciais após o Golpe de 1964. Depois de acirrada disputa entre o candidato do PT (Partido dos Trabalhadores), Luís Inácio Lula da Silva, e Fernando Collor de Mello, candidato do PRN (Partido da Renovação Nacional), apoiado pela direita e pela população mais pobre, Fernando Collor saiu vencedor.
2. O Governo do Fernando Collor (1990 - 1995)
A posse do novo Presidente, em março de 1990, em meio à hiperinflação, foi acompanhada de novas medidas econômicas, organizadas pela ministra Zélia Cardoso de Mello - o Plano Collor.
Depois do curto sucesso dos primeiros meses do seu mandato, Collor passou a viver a reversão econômica. Em 1991, a ministra Zélia demitiu-se do cargo, ao mesmo tempo que emergiam sucessivos escândalos envolvendo membros do Governo. Ainda nesse ano, ganhou força a política recessiva, ampliando o desemprego e a miséria da maioria da população. Já no início de 1992, o presidente Collor experimentava uma crescente impopularidade com uma inflação sempre superior a 20%, com sinais preocupantes de elevação.
Outro destaque econômico do governo Collor foi a abertura do mercado à entrada de produtos estrangeiros, com a redução das tarifas de importação, incluindo a eliminação da reserva de mercado, como o da informática. O Governo justificava que a política de comércio exterior, facilitando as importações, produziria a reestruturação da economia, tornando as indústrias nacionais mais competitivas e estimuladas a igualar-se aos padrões internacionais. Muitos opositores acusavam tal política de sucatear a produção interna, irradiando falências e desemprego.
Embora breve, o governo Collor deu ênfase à privatização, isto é, à transferência de empresas estatais para o setor privado. Alcançou-se, também, uma parcial normalização nas relações com os credores estrangeiros, ampliando a capacidade de pagamento de dívidas do País. Nesse caso, a política econômica foi favorecida pelo superávit na balança comercial e entrada de novos empréstimos e investimentos estrangeiros. No plano interno, entretanto, agravaram-se as condições de vida da maioria da população.
Desde o início do governo Collor emergiram escândalos envolvendo os principais membros do Poder Executivo. Em maio de 1992, Pedro Collor, irmão do Presidente, acusou o ex-caixa da campanha presidencial, Paulo César Farias, de enriquecimento ilícito, obtenção de vantagens no Governo e, principalmente, de profundas ligações comerciais com o Presidente. No mês seguinte foi instalada, no Congresso Nacional, uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as acusações, ao mesmo tempo que novas evidências vinham a público pela ação da imprensa.
O avanço da CPI ganhou impulso com o depoimento do motorista Eriberto França, afirmando que as despesas da Casa da Dinda (residência presidencial) eram pagas por PC, e com o início das manifestações populares em favor do impeachment. O desfecho deu-se em 29 de setembro de 1992, quando a Câmara dos Deputados apresentou 441 votos a favor e 38 contra. No sábado, dia 3 de outubro, Collor foi afastado da presidência, assumindo o vice Itamar Franco.
3. O Governo da Itamar Franco (1995 - 1994)
Refletindo as crescentes dificuldades econômicas nacionais, o governo Itamar Franco conseguiu alianças políticas não muito estáveis, produzindo sucessivas nomeações e demissões de ministros de Estado e de outros cargos do primeiro escalão do Governo. A área da Fazenda, à qual pertence o controle geral da economia nacional, mostrou-se a mais crítica.
Vivia-se mais uma vez, em meio às alterações na equipe governamental, especulações, temores de novos planos econômicos de impacto, anúncio de privatizações, desmentidos oficiais quanto a congelamento de preços, salários, etc.
Segundo o Relatório do Desenvolvimento Humano - 1993, da ONU, com base na combinação de índices como analfabetismo, distribuição de renda e mortalidade infantil, o Brasil caiu da 59° posição para a 70' na classificação mundial das condições de vida. Essa classificação confirma o resultado de décadas de empobrecimento da maioria da população e a crescente concentração de riquezas nas mãos de uma reduzida elite.
À instabilidade política e à fragilidade do País, em 1993, acrescentara-se discussões sobre a forma, sistema e estruturas governamentais. Fez-se um plebiscito para definir a forma de governo (República ou Monarquia) e o sistema de governo (parlamentarismo ou presidencialismo), com uma vitória esmagadora da República presidencialista. Tiveram início, em seguida, as discussões para a reforma da Constituição de 1988, que avançaram durante os primeiros meses de 1994, sem que se chegasse a finalizar os trabalhos da revisão.
Em 1994, o Brasil viveu duas fases distintas na área econômica: depois de uma continuada elevação dos índices inflacionários, houve uma reversão dessa tendência, aos mesmo tempo que continuava o crescimento econômico nacional.
Os índices inflacionários mantiveram a tendência ascendente até junho de 1994, quando surgiram os primeiros efeitos positivos do novo plano de estabilização da economia - o Plano Real - iniciado pelo ministro Fernando Henrique Cardoso e implantado sem choques.
Ao mesmo tempo em que caía a inflação, ocorria também uma valorização da nova moeda nacional frente ao dólar, o que, associado às facilidades de importação criadas pelo Governo, estabeleceu a ampliação do consumo, o que impulsionou a atividade econômica e as vendas no final de 1994.
Impulsionada pelo Plano Real, a candidatura de Fernando Henrique a presidente da República cresceu sem parar. Seu principal adversário, Luís Inácio Lula da Silva, experimentou quedas cada vez maiores nos índices das pesquisas. Fernando Henrique venceu no primeiro turno, realizado em 3 de outubro, com quase 55% dos votos.
4. O Governo de Fernando Henrique
Empossado em 1° de janeiro de 1995, Fernando Henrique destacou a prioridade governamental de consolidar a estabilidade da nova moeda, evitando a todo custo a retomada das altas taxas inflacionárias, de reverter o quadro de miséria e fome que atinge a maioria da população, além de promover a reforma da Constituição.
Durante os seus dois primeiros anos de Governo, Fernando Henrique conseguiu manter a estabilidade econômica. Mas, mesmo com a estabilização, o Governo não conseguiu cumprir a meta de gerar 5,8 milhões de empregos. Com o modelo de abertura econômica adotado, muitas empresas passaram por dificuldades ou fecharam, devido a juros elevados e à concorrência de produtos importados.
Quanto às reformas, o Governo conseguiu que o Congresso aprovasse o fim do monopólio estatal nos setores de telecomunicações e de exploração e refino de petróleo. No início de 1997, a reforma da Previdência havia sido aprovada apenas na Câmara dos Deputados, mas ainda precisava ser votada no Senado. As reformas tributária e administrativa também seriam colocadas na pauta de votação da Câmara e do Senado. Na área da saúde tivemos a aprovação da CPMF, destinada a prover recursos adicionais ao setor. No plano político tivemos a aprovação da emenda constitucional que permite a reeleição, para um segundo mandato do Presidente da República, dos governadores e dos prefeitos.
Um dos mais graves problemas enfrentados pelo Governo tem sido o da terra, sobretudo porque existem cerca de 4,8 milhões de famílias sem terra no País. Após a repercussão dos massacres de Corumbiara (RO), em 1995, e de Eldorado dos Carajás (PA) em 1996, o Governo criou o Ministério Extraordinário da Política Fundiária. Os massacres aconteceram devido a conflitos entre trabalhadores sem-terra e policiais militares ou guardas armados por fazendeiros. Na tentativa de agilizar o processo da reforma agrária, o Governo modificou o ITR (Imposto Territorial Rural), aumentando o imposto sobre as terras improdutivas.
l Planos Econômicos de Eurico Gsspar Dutra a Fernando Henrique Cardoso
- Plano SALTE (Governo Eurico Gaspar Dutra - 1946 / 1951)
Um dos problemas mais sérios, enfrentados pelo governo Dutra, foi as altas taxas de inflação, que se faziam sentir na elevação do custo de vida dos grandes centros urbanos. Procurando elaborar uma estratégia de combate à inflação, Dutra buscou coordenar os gastos públicos dirigindo os investimentos para setores prioritários. Nasceu daí o Plano SALTE, sigla que identificava os objetivos do plano: investir em saúde, alimentação, transporte e energia. Contudo, os mais sacrificados na política de combate à inflação foram os trabalhadores, pois reduziu-se à metade o poder aquisitivo do salário mínimo.
- Plano de Metas (Governo Juscelino Kubitschek – 1956 / 1961)
O Plano de Metas foi um programa minucioso do Governo, que priorizava cinco setores fundamentais: energia, transporte, alimentação, indústria de base e educação. Entre as principais realizações do Governo podemos destacar: a construção de usinas hidrelétricas; a instalação de diversas indústrias; a abertura de rodovias; ampliação de produção de petróleo; a construção de Brasília. O grande número de obras realizadas pelo Governo, fez-se à custa de empréstimos e investimentos estrangeiros. Ou seja, o Governo internacionalizou a economia e aumentou a dívida externa.
- Plano Trienal de Desenvolvimento Econômico e Social (Governo João Goulart - 1961 / 1964)
Organizado pelo ministro do Planejamento, Celso Furtado, esse plano tinha como objetivos: promover uma melhor distribuição das riquezas nacionais, atacando os latifúndios improdutivos para defender interesses sociais; encampar as refinarias particulares de petróleo; reduzir a dívida externa brasileira; diminuir a inflação e manter o crescimento econômico sem sacrificar exclusivamente os trabalhadores. Apavorados com a idéia de perder seus lucros e privilégios, os grandes empresários uniram-se aos militares e começaram a tramar a queda de João Goulart.
- Programa de Ação Econômica do Governo - PAEG (Governo Castelo Branco – 1964 / 1967)
Uma das principais propostas econômicas desse programa econômico era o combate à inflação. Um combate mediante o favorecimento do capital estrangeiro, as restrições ao crédito e a redução dos salários dos trabalhadores. As medidas econômicas tomadas tornaram o Governo cada vez mais impopular. Carlos Lacerda dizia que "o ministro Roberto Campos era um homem imparcial, porque estava matando imparcialmente ricos e pobres".
- Programa Estratégico de Desenvolvimento (Governo Costa e Silva - 1967 / 1969)
Tal programa tinha como objetivos principais: o crescimento da economia, a redução inflacionária e a ampliação dos níveis de emprego. Essas três metas prioritárias foram praticamente atingidas, embora a oferta de empregos só tenha podido se manter na base de uma rígida política de controle salarial.
- Plano Nacional de Desenvolvimento - I PND (Governo Emílio Garrastazu Médici- 1969 / 1974)
Abrangia uma série de investimentos no campo siderúrgico, petroquímico, de transporte e de energia elétrica, além do PIN (Programa de Integração Nacional). Desenvolveu-se, durante o período, um clima de grande euforia, era tanto o entusiasmo que à época ficou conhecida como o período do "milagre brasileiro": a economia cresceu a altas taxas anuais, tendo como base o aumento da produção industrial, o crescimento das exportações e a acentuada utilização de capitais externos. Em contrapartida, o Governo adotou uma rígida política de arrocho salarial. O "milagre brasileiro" durou pouco porque não tinha bases sólidas para permanecer, o resultado foi o aumento da inflação e da dívida externa.
- II Plano Nacional de Desenvolvimento - II PND (Governo Ernesto Geisel- 1974 / 1979)
Enfatizava a necessidade de expansão das indústrias de bens de produção, a fim de conseguir uma sólida infra-estrutura econômica para o progresso econômico-industrial. O Governo assumiu o objetivo de fazer do Brasil uma potência mundial emergente. Nesse período, estimularam-se grandes obras no setor da mineração (exploração do minério de ferro da Serra dos Carajás; extração de bauxita através da ALBRAS e da ALUNORTE), e no setor energético (construção de usinas; ingresso do Brasil na era da energia nuclear marcado pelos acordos feitos com a Alemanha Ocidental para a instalação de oito reatores nucleares no Brasil. Os objetivos do II PND eram audaciosos, e o País não dispunha de condições internas para custear os gigantescos investimentos planejados pelo Governo.
- III Plano Nacional de Desenvolvimento - III PND (Governo João Baptista Figueiredo – 1979 / 1985)
Esse plano estabelecia como metas prioritárias: crescimento de renda e do emprego; equilíbrio do balanço de pagamentos; controle da dívida externa; combate à inflação; e desenvolvimento de novas fontes de energia. Dos vários objetivos planejados, um dos que o Governo levou avante foi a substituição progressiva da energia importada por energia nacional. Contudo, a maioria dos objetivos planejados estiveram longe de ser alcançados. O período foi marcado por grave crise econômica, que se refletia em problemas fundamentais, tais como: dívida externa, inflação, desemprego.
- Plano Cruzado (Governo José Sarney - 1986)
Combina medidas monetárias tradicionais (juros altos) com medidas intervencionistas. O Cruzado combinou medidas de austeridade fiscal com a preocupação de elevar a renda real dos assalariados. Suas medidas de destaque foram: extinção do cruzeiro e criação de uma nova moeda, o cruzado; fim da correção monetária generalizada; congelamento dos preços das mercadorias; reajuste automático dos salários, sempre que a inflação atingisse 20%, mecanismo conhecido como gatilho salarial. Depois de várias tentativas de chegar a algum acordo com os banqueiros internacionais, o Governo decretou a moratória da dívida externa. Durou pouco o entusiasmo com o plano e o congelamento dos preços. O programa de estabilização, apesar da intensa participação popular, fracassou.
- Plano Cruzado II (Governo José Sarney - 1986)
O Governo reajustou os preços das tarifas públicas, do álcool, da gasolina e de uma série de outros produtos. O novo plano não contou com o apoio da população, que se sentia enganada pelo Governo.
- Plano Bresser (Governo José Sarney - 1987)
Este plano estava mais voltado para o saneamento das contas públicas. Entre as principais medidas encontramos: congelamento de preços; extinção do gatilho salarial; elevação das tarifas públicas; vigilância sobre os cartéis e oligopólios para controlar os preços. Em relação à dívida externa manteve-se a moratória. O plano mostrou-se incapaz de conter a inflação, acarretou perdas salariais e retaliação de credores e governos estrangeiros, principalmente dos Estados Unidos.
Luís Carlos Bresser, fracassando ao tentar debelar a crise, saiu do Governo no fim de 1987 e deu lugar a Maílson da Nóbrega, que retomou o pagamento dos juros da dívida externa e as negociações com o FMI. Maílson dizia estar aplicando uma política econômica do feijão-com-arroz, que elevou a inflação a taxas altíssimas, agravou o desemprego e provocou descontentamento geral.
- Plano Verão (Governo José Sarney - 1989)
Tinha como objetivo combater a inflação pelo controle do déficit público e pela contração da demanda por meio da redução do salário real. Teve como principais medidas: substituição do cruzado pelo cruzado novo; nova fórmula para o reajustamento dos salários; extinção da OTN (Obrigação do Tesouro Nacional) como instrumento da correção monetária; desvalorização cambial; anúncio de demissões no funcionalismo público e de privatização de empresas estatais. O ano terminou com forte recessão e a inflação passou dos 50%, em dezembro.
-Plano Collor (Governo Fernando Collor – 1990 / 1992)
Anunciado um dia após a posse do novo Governo (16/3/90), o programa tinha inspiração neoliberal. Collor ambicionava modernizar o Estado e estabelecer plenamente a economia de mercado no País, além de eliminar a inflação. As principais medidas foram: confisco temporário de grande parte do dinheiro depositado nas contas correntes, cadernetas de poupança e outras aplicações financeiras; volta do cruzeiro como moeda nacional; congelamento de preços e salários; reformulação do cálculo mensal da inflação aplicado na correção de salários, aluguéis, aposentadorias, etc. Com objetivos de médio e longo prazo, o Governo iniciou reforma administrativa, recompondo e reduzindo o Ministério, demitindo funcionários e vendendo imóveis; anunciou um programa de privatizações a ser financiado com títulos comprados pelos bancos e um programa de desregulamentação e liberalização da economia, reduzindo ao mínimo a intervenção do Estado na atividade econômica, eliminando as reservas de mercado e facilitando as importações. A reforma administrativa não avançou, a produção estancou e a inflação voltou a subir. Nada se conseguiu nas negociações da dívida externa. O Governo tentou o Plano Collor II em fins de janeiro de 1991, mas a apatia com que a população recebeu as novas medidas mostrou a perda de credibilidade dos choques e planos.
- Plano Real (Governo Itamar Franco – 1992 / 1994)
Em maio de 1993, o sociólogo Fernando Henrique Cardoso assumiu o Ministério da Fazenda e reuniu um grupo de economistas para implantar um novo plano, visando a eliminar a inflação e estabilizar a economia. O plano desenrolou-se em três etapas: na primeira procurou-se controlar as contas do Governo, no sentido de diminuir o déficit público e aumentar as reservas no exterior; na segunda etapa foi criada a Unidade Real de Valor (URV), um indexador que passaria a corrigir diariamente preços, salários e serviços, como uma espécie de moeda. A URV foi implantada em 1 ° de março de 1994; finalmente, em 1° de julho de 1994, foi introduzida uma nova moeda, o real, com o valor de uma URV equivalente a 2.750,00 cruzeiros reais, moeda que desapareceu. Tais medidas elevaram demasiadamente o consumo, o que preocupou o Governo. Em outubro de 1994, o Governo baixou um pacote anticonsumo, contendo as seguintes medidas principais: limitação de três meses no parcelamento de compras financiadas com recursos de instituições financeiras; suspensão de consórcios de eletrodomésticos e eletrônicos; redução para doze meses do prazo dos novos grupos de consórcios para a aquisição de carros; recolhimento compulsório de 15% sobre qualquer tipo de empréstimo feito por qualquer instituição financeira.
Durante os seus dois primeiros anos o Governo Fernando Henrique Cardoso conseguiu manter a estabilidade econômica. Em 1996, a inflação ficou em torno de 10%. Mesmo com a estabilização o Governo não conseguiu cumprir sua meta de gerar 5,8 milhões de empregos. A taxa de desemprego atingiu 6% dos trabalhadores das seis principais regiões metropolitanas do País, em 1996. Com o modelo de abertura econômica adotado, muitas empresas passaram por dificuldades ou fecharam, devido aos juros elevados e à concorrência de produtos importados.
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Nação e Território
Nação é um grupo social, cujos membros desenvolveram, sobre a base de fatores étnicos, culturais e territoriais, a consciência de solidariedade num destino comum. Ou seja, pode significar um conjunto de pessoas que fala a mesma língua, possui o mesmo passado histórico e guarda tradições comuns. Em um sentido mais abrangente, nação é uma sociedade politicamente organizada, que adquiriu consciência de sua própria unidade e controla, soberanamente, um território.
O território é a passagem física de um Estado, abrangendo portanto não apenas a terra, como também rios, lagos, etc., uma porção de água, a determinada distância da costa, e o espaço aéreo. A continuidade física e geográfica do território de um Estado não é obrigatória. Existem Estados que mantêm possessões em outros continentes ou ilhas. Quanto às fronteiras, essas são delimitadas por acidentes geográficos, porém, na ausência deles, são marcadas por tinhas geométricas, assinaladas por marcos divisórios.
Organização do Estado Brasileiro
A organização da República Federativa do Brasil está contida na Constituição, promulgada em 1988.
No seu Título I, a Constituição apresenta a estrutura do Estado brasileiro e os princípios em que ele se fundamenta, como Estado Democrático de Direito:
"A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de direito e tem como fundamentos:
I - a soberania;
II - a cidadania;
III - a dignidade da pessoa humana;
IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
V - o pluralismo político."
De acordo com a Constituição: "Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição."
O Estado brasileiro compõe-se de diferentes entidades: "A organização político-administrativa da República Federativa do Brasil compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos, nos termos desta Constituição."
Fica bem claro nesse texto que o Brasil é um Estado federado. Com efeito cada uma das unidades polítíco-administrativas em que ele se divide goza de autonomia definidos na própria Constituição.
A organização político-administrativa do Brasil adota a tripartição do poder em três áreas (Legislativo, Executivo e Judiciário) e é feita em três níveis, com bases territoriais: federal, estadual e municipal.
l Os Estados
Cada estado, respeitado os limites impostos pela Constituição federal, organiza-se e rege-se pela Constituição e leis que adotar. Baseiam-se as constituições estaduais na federal, mantendo no âmbito regional, a separação entre os poderes Legislativo, Executivo e Judiciário.
l O Distrito Federal
Com a Constituição de 1988, o Distrito Federal ganhou autonomia política, adminisirativa e financeira, passando a ter Lei Orgânica própria, governador e Assembléia Legislativa.
O governador e os deputados do Distrito Federal são eleitos segundo as mesmas regras válidas para os estados. Como a Constituição proíbe a divisão do Distrito Federal em municípios, seu governo acumula as competências reservadas aos estados e aos municípios.
l A capital da União
Brasília é a capital federal, diz a Constituição. Situada no Planalto Central, e construída por iniciativa do presidente Juscelino Kubitschek, Brasília acolhe o Governo Federal desde 21 de abril de 1960.
l Os Territórios Federais
Os territórios federais são criados e organizados pela União. Como não gozam de autonomia político-administrativa, não têm Assembléia Legislativa e são administrados pelo Governo Federal. Podem, se for o caso, ser divididos em municípios.
l Os Municípios
As unidades da Federação, com exceção do Distrito Federal e do território de Fernando de Noronha; são divididas em municípios. Célula da organização político-administrativa, o Município tem sua autonomia regulada pelas constituições federal e estadual. No âmbito municipal há dois poderes: o Legislativo (unicameral) e o Executivo.
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Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-86381152181142272072016-05-30T22:35:00.001-03:002016-05-30T22:35:49.164-03:00História do Brasil
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Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-9283730521630894242014-10-17T22:19:00.001-03:002014-10-17T22:19:25.193-03:00O prof. Marcos Tadeu Cardoso, autor de vários livros e projetos culturais pelo Ministério da Cultura, cria projeto para realização de pesquisas de cidades, estados e regiões.
TENHA A HISTÓRIA DE SUA CIDADE EM UM LIVRO!
O desejo da pesquisa é publicar livros, divulgando sua cidade/estado/região, cultura, sotaques, tradição, festas e etc.
As propostas podem ser tanto de empresas públicas ou privadas, professores universitários, Faculdades, prefeitos ou mesmo instituições.
Os interessados devem entrar em contato com o professor pelo seu e-mail ou mesmo telefone.
E-mail: marcostcj@yahoo.com.br
OBS.: Devido ao grande numero de projetos culturais que o professor acompanha, as reuniões e propostas devem ser agendadas!Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-23212418518531465212014-10-17T21:49:00.001-03:002014-10-17T21:49:44.260-03:00<b> Prof. Marcos Tadeu expande pesquisas a países de Língua portuguesa</b>
O prof. Marcos Tadeu Cardoso, autor de vários livros, cria projeto para realização de pesquisas em países estrangeiros (podendo ser realizado em países de outro idioma, contudo deve oferecer interprete)o projeto prioriza países que falam a língua portuguesa, como Portugal, Ilha da Madeira, Arquipélago dos Açores, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
O desejo da pesquisa é pesquisar e publicar livros (de seu país, estado ou cidade)direcionados tanto ao elemento histórico quanto do comportamento humano ou seja da Linguagem Corporal. As propostas podem ser tanto de empresas públicas ou privadas, professores universitários ou mesmo instituições.
Os interessados devem entrar em contato com o professor pelo seu e-mail ou mesmo telefone.
E-mail: marcostcj@yahoo.com.br
Facebook: https://www.facebook.com/marcostcj
The prof. Marcos Tadeu Cardoso, author of several books, creates project to conduct research in foreign countries (which is done in countries with languages, but must provide interpreter) project prioritizes countries that speak Portuguese as Portugal, Madeira, Azores Archipelago, Mozambique, Angola, Guinea-Bissau, Cape Verde and Sao Tome and Principe.
The desire of the research is to research and publish books (of your country, state or city) directed both the historical element as human behavior ie the Body Language. Proposals may be either public or private companies, university professors or institutions.
Those interested should contact the teacher by e-mail or phone.
E-mail: marcostcj@yahoo.com.br
Facebook: https://www.facebook.com/marcostcj
Gāi jiàoshòu. Mǎ kēsī tǎ dé wū kǎ duō zuǒ, jǐ běnshū de zuòzhě, chuàngjiàn xiàngmù jìnxíng yánjiū, zài guó wài (zhè shì yǔ yǔyán de guójiā jìnxíng, dàn bìxū tígōng fānyì) xiàngmù dì yōuxiān shùnxù shì jiǎng pútáoyá yǔ pútáoyá, mǎ dé lā qúndǎo guójiā, yà sù ěr qúndǎo, mòsāngbǐkè, āngēlā, jǐnèiyǎ bǐ shào, fú dé jiǎo hé shèng duō měihé pǔ lín xī bǐ.
Gāi yánjiū de yùwàng shì yánjiū hé chūbǎn de shūjí (nín suǒzài de guójiā, zhōu huò chéngshì) zhídǎo shuāngfāng de lìshǐ yuánsù, jí rén de shēntǐ yǔyán xíngwéi. Jiànyì kěyǐ shì gōnggòng huò sīyíng gōngsī, dàxué jiàoshòu huò jīgòu.
Yǒu xìngqù zhě yìng tōngguò diànzǐ yóujiàn huò diànhuà liánxì lǎoshī.
Diànzǐ yóuxiāng: Marcostcj@yahoo.Com.Br
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Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Pedro Álvares Cabral
Pedro Álvares Cabral aos 32 ou 33 anos de idade em uma pintura do início do século XX. Não há registros de retratos de Cabral contemporâneos à sua época.1
Outros nomes Pero Álvares Cabral
Pedr'Álváres Cabral
Pedrálvares Cabral
Pedraluarez Cabral
Nascimento 1467 ou 1468
Belmonte, Portugal
Morte 1520 (entre 51 e 53 anos)
Santarém, Portugal
Nacionalidade Portuguesa
Cônjuge Isabel de Castro
Filho(s) Fernão Álvares Cabral
António Cabral
Catarina de Castro
Guiomar de Castro
Isabel
Leonor
Ocupação Navegador e explorador
Comandante da frota do Reino de Portugal
Religião Católica
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Este áudio foi criado a partir da revisão datada de 21/02/2011 e pode não refletir mudanças posteriores ao artigo (ajuda com áudio).
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Pedro Álvares Cabral[A] (Belmonte, 1467 ou 1468 — Santarém, c. 1520) foi um fidalgo, comandante militar, navegador e explorador português, creditado como o descobridor do Brasil. Realizou a primeira exploração significativa da costa nordeste da América do Sul, reivindicando-a para Portugal. Embora os detalhes da vida de Cabral sejam esparsos, sabe-se que veio de uma família nobre colocada na província interior e recebeu uma boa educação formal.
Efígie na moeda de um centavo no Brasl.
Foi nomeado para chefiar uma expedição à Índia em 1500, seguindo a rota recém-inaugurada por Vasco da Gama, contornando a África. O objetivo deste empreendimento era retornar com especiarias valiosas e estabelecer relações comerciais na Índia — contornando o monopólio sobre o comércio de especiarias, então nas mãos de comerciantes árabes, turcos e italianos. Aí sua frota, de 13 navios, afastou-se bastante da costa africana, talvez intencionalmente, desembarcando no que ele inicialmente achou tratar-se de uma grande ilha à qual deu o nome de Vera Cruz (Verdadeira Cruz) e que Pêro Vaz de Caminha faz referência. Explorou o litoral e percebeu que a grande massa de terra era provavelmente um continente, despachando em seguida um navio para notificar o rei Manuel I da descoberta das terras. Como o novo território se encontrava dentro do hemisfério português de acordo com o Tratado de Tordesilhas, reivindicou-o para a Coroa Portuguesa. Havia desembarcado na América do Sul, e as terras que havia reivindicado para o Reino de Portugal mais tarde constituiriam o Brasil. A frota reabasteceu-se e continuou rumo ao leste, com a finalidade de retomar a viagem rumo à Índia.
Nessa mesma expedição uma tempestade no Atlântico Sul provocou a perda de sete navios, as seis embarcações restantes encontraram-se eventualmente no Canal de Moçambique antes de prosseguirem para Calecute, na Índia. Cabral inicialmente obteve sucesso na negociação dos direitos de comercialização das especiarias, mas os comerciantes árabes consideraram o negócio português como uma ameaça ao monopólio deles e provocaram um ataque de muçulmanos e hindus ao entreposto português. Os portugueses sofreram várias baixas e suas instalações foram destruídas. Cabral vingou-se do ataque saqueando e queimando a frota árabe e, em seguida, bombardeou a cidade em represália à incapacidade de seu governante em explicar o ocorrido. De Calecute a expedição rumou para Cochim, outra cidade-estado indiana, onde Cabral fez amizade com seu governante e carregou seus navios com especiarias cobiçadas antes de retornar para a Europa. Apesar da perda de vidas humanas e de navios, a viagem de Cabral foi considerada um sucesso após o seu regresso a Portugal. Os lucros extraordinários resultantes da venda das especiarias reforçaram as finanças da Coroa Portuguesa e ajudaram a lançar as bases de um Império Português, que se estenderia das Américas ao Extremo Oriente.[B]
Cabral foi mais tarde preterido quando uma nova frota foi reunida para estabelecer uma presença mais robusta na Índia, possivelmente como resultado de uma desavença com Manuel I. Tendo perdido a preferência do rei, aposentou-se da vida pública, havendo poucos registros sobre a parte final de sua vida. Suas realizações caíram no esquecimento por mais de 300 anos. Algumas décadas depois da independência do Brasil de Portugal, no século XIX, a reputação de Cabral começou a ser reabilitada pelo Imperador Pedro II do Brasil. Desde então, os historiadores têm discutido se Cabral foi o descobridor do Brasil e se a descoberta foi acidental ou intencional. A primeira dúvida foi resolvida pela observação de que os poucos encontros superficiais feitos por exploradores antes dele mal foram notados e em nada contribuíram para o desenvolvimento e a história futuros da terra que se tornaria o Brasil, única nação das Américas onde a língua oficial é o português. Quanto à segunda questão, nenhum consenso definitivo foi formado e a hipótese de descoberta intencional carece de provas sólidas. Não obstante, embora seu prestígio tenha sido ofuscado pela fama de outros exploradores da época, Cabral é hoje considerado uma das personalidades mais importantes da Era dos Descobrimentos.
Índice [esconder]
1 Biografia
1.1 Primeiros anos
1.2 Descobrimento do Brasil
1.2.1 Capitão-mor
1.2.2 Partida e chegada numa nova terra
1.3 Viagem à Índia
1.3.1 Tragédia ao largo do sul da África
1.3.2 Massacre em Calecute
1.4 Retorno a Portugal
1.5 Últimos anos
2 Legado
2.1 Reabilitação póstuma
2.2 Hipótese da descoberta intencional
2.3 Precursores
3 Homenagens
4 Títulos e honrarias
5 Dados genealógicos e heráldicos
6 Ver também
7 Notas de rodapé
8 Referências
9 Bibliografia
10 Ligações externas
Biografia
Primeiros anos
Criado como membro da nobreza portuguesa,2 3 Cabral foi enviado à corte do rei D. Afonso V em 1479, quando tinha cerca de 12 anos. Educou-se em humanidades e foi treinado para lutar e pegar em armas4 . Tinha cerca de 17 anos de idade em 30 junho de 1484, quando foi nomeado moço fidalgo (um título de menor importância normalmente concedido a jovens nobres) pelo rei D. João II4 .
Os registros de suas ações antes de 1500 são extremamente incompletos, mas Cabral pode ter excursionado pelo norte da África, tal como haviam feito seus antepassados e era comumente feito por outros jovens nobres de sua época5 6 . O rei D. Manuel I, que tinha ascendido ao trono dois anos antes, concedeu-lhe um subsídio anual no valor de 30 mil reais em 12 de abril de 14977 8 . Na mesma época, recebeu o título de fidalgo do Conselho do Rei e foi nomeado Cavaleiro da Ordem de Cristo8 . Não há nenhuma imagem ou descrição física detalhada de Cabral contemporâneas à sua época. Sabe-se que era forte9 e igualava seu pai em altura (1,90 metros)10 11 12 . O caráter de Cabral tem sido descrito como culto, cortês,12 prudente,13 generoso, tolerante com os inimigos,14 humilde,9 mas também vaidoso12 e muito preocupado com o respeito que sentia que sua nobreza e posição exigiam15 .
Descobrimento do Brasil
Ver artigo principal: Descoberta do Brasil
Capitão-mor
Rota seguida por Cabral de Portugal para a Índia em 1500 (em vermelho) e a rota de retorno (em azul).
Em 15 de fevereiro de 1500, Cabral foi nomeado capitão-mor de uma expedição à Índia.14 16 17 Era costume da época a Coroa Portuguesa nomear nobres para comandar expedições navais e militares, independentemente da experiência ou competência profissional deles.18 Este foi o caso dos capitães dos navios comandados por Cabral — a maioria era nobre como ele.19 Esta prática era arriscada, uma vez que a autoridade poderia cair nas mãos de pessoas altamente incompetentes e incapacitadas como poderia também cair nas mãos de líderes talentosos como Afonso de Albuquerque ou João de Castro.20
Poucos detalhes a respeito dos critérios utilizados pelo governo português para escolher Cabral como chefe da expedição à Índia sobreviveram ao tempo. No decreto real que o nomeou capitão-mor, as razões dadas são "méritos e serviços". Nada mais se sabe sobre estas qualificações.21 De acordo com o historiador William Greenlee, o rei D. Manuel I "sem dúvida o conhecia bem na corte". Isso, junto com "o papel da família Cabral, a lealdade inquestionável deles à Coroa, a aparência pessoal de Cabral e a capacidade que ele tinha demonstrado na corte e no conselho foram fatores importantes".22 Também a seu favor pode ter estado a influência de dois de seus irmãos, que faziam parte do conselho do rei.22 Dado o nível de intriga política presente na corte, Cabral pode ter sido parte de uma facção que favoreceu sua nomeação.22 O historiador Malyn Newitt subscreve a ideia de algum tipo de manobra oculta, dizendo que a escolha de Cabral "foi uma tentativa deliberada de equilibrar os interesses de facções rivais das famílias nobres, pois parece que ele não possuía qualquer outra qualidade para a recomendação e nenhuma experiência em comandar grandes expedições".23
Nau de Pedro Álvares Cabral conforme retratada no Livro das Armadas, atualmente na Academia das Ciências de Lisboa.
Cabral tornou-se o chefe militar da expedição, enquanto navegadores mais experientes foram destacados para a expedição para ajudá-lo em assuntos navais.24 Os mais importantes deles foram Bartolomeu Dias, Diogo Dias e Nicolau Coelho.23 25 26 Tais navegadores comandariam, junto com os outros capitães, 13 navios5 23 27 e 1500 homens.5 28 29 30 Desse contingente, 700 eram soldados, embora a maioria fosse composta por plebeus comuns que não tinham nenhum treinamento ou experiência em combate anterior.31
A frota tinha duas divisões. A primeira era composta por nove naus e duas caravelas e dirigiu-se rumo a Calecute, na Índia, com o objetivo de estabelecer relações comerciais e uma feitoria. A segunda divisão, constituída por uma nau e uma caravela, zarpou do porto de Sofala, no atual Moçambique.32 Como recompensa por liderar a frota, Cabral tinha direito a 10 mil cruzados (antiga moeda portuguesa equivalente a aproximadamente 35 kg de ouro) e a comprar 30 toneladas de pimenta, às suas próprias custas, para transportar de volta à Europa. A pimenta poderia então ser revendida à Coroa Portuguesa, livre de impostos.33 Ele também foi autorizado a importar 10 caixas de qualquer outro tipo de especiaria, livre de impostos.33 Embora a viagem fosse extremamente perigosa, Cabral tinha a perspectiva de se tornar um homem muito rico caso retornasse com segurança para Portugal com o carregamento. As especiarias eram raras na Europa de então e intensamente solicitadas.33
Desembarque de Cabral em Porto Seguro, óleo sobre tela de Oscar Pereira da Silva, 192234 . Acervo do Museu Histórico Nacional (Rio de Janeiro).
Uma frota anterior tinha sido a primeira a chegar à Índia contornando a África. Essa expedição foi liderada por Vasco da Gama e regressou a Portugal em 1499.35 Durante décadas Portugal buscara uma rota alternativa para o Oriente que excluísse o Mar Mediterrâneo, então sob controle das repúblicas marítimas italianas e do Império Otomano. O expansionismo de Portugal levaria, primeiramente a uma rota para a Índia e, posteriormente, à colonização um pouco por todo o mundo. O desejo de difundir o cristianismo católico em terras pagãs foi outro fator que motivou a exploração. Havia também uma longa tradição de guerrear contra os muçulmanos, derivada da luta contra os mouros durante a construção da nação portuguesa. A luta expandiu-se primeiramente para o norte da África e, eventualmente, para o subcontinente indiano. Uma ambição adicional que motivava os exploradores era a busca do mítico Preste João — um poderoso rei cristão com o qual se poderia forjar uma aliança contra o Islã. Por fim, a Coroa Portuguesa procurava obter um quinhão no lucrativo comércio de escravos e de ouro no oeste Africano e no comércio das especiarias oriundas da Índia.36
Partida e chegada numa nova terra
A frota, sob o comando de Cabral, então com 32–33 anos de idade, partiu de Lisboa em 9 de março de 1500 ao meio-dia. No dia anterior, a tripulação tinha recebido uma despedida pública que incluíra uma missa e comemorações com a presença do rei, da corte e de uma enorme multidão.29 37 38 39 40 41 Na manhã de 14 de março, a frota passou por Grã Canária, a maior das Ilhas Canárias.39 42 Em seguida, partiu rumo a Cabo Verde, uma colônia portuguesa situada na costa oeste da África, que foi alcançada em 22 de março.39 43 No dia seguinte, uma nau com 150 homens, comandada por Vasco de Ataíde, desapareceu sem deixar vestígios.37 39 43 A frota cruzou a Linha do Equador em 9 de abril e navegou rumo a oeste afastando-se o mais possível do continente africano, utilizando uma técnica de navegação conhecida como a volta do mar.37 44 Os marujos avistaram algas-marinhas no dia 21 de abril, o que os levou a acreditar que estavam próximos da costa. Provou-se estarem certos na tarde do dia seguinte, quarta-feira, 22 de abril de 1500, quando a frota ancorou perto do que Cabral batizou de Monte Pascoal (uma vez que aquela era a semana da Páscoa). O monte localiza-se no que hoje é a costa nordestina do Brasil.39 44 45 46
Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei D. Manuel I, comunicando sobre o descobrimento da Ilha de Vera Cruz.
Os portugueses detectaram a presença de habitantes na costa, e os capitães de todos os navios reuniram-se a bordo do navio de Cabral no dia 23 de abril.47 Cabral mandou Nicolau Coelho, capitão que havia viajado com Vasco da Gama à Índia, para desembarcar e estabelecer contato. Ele pisou na terra e trocou presentes com os indígenas.48 Após Coelho voltar, Cabral ordenou que a frota rumasse ao norte, onde, após 65 km de viagem, ancorou em 24 de abril no local que o capitão-mor chamou de Porto Seguro.49 O lugar era um porto natural, e Afonso Lopes (piloto do navio principal) trouxe dois índios a bordo para conversarem com Cabral.50
Assim como no primeiro contato, o encontro foi amistoso e Cabral ofereceu presentes aos nativos.51 Os habitantes eram caçadores-coletores da idade da pedra, a quem os europeus atribuiriam o rótulo genérico de "índios". Os homens coletavam alimento por meio da caça e da pesca, enquanto as mulheres se dedicavam à agricultura em pequena escala. Eles se dividiam em inúmeras tribos rivais. A tribo que Cabral encontrou foi a tupiniquim.52 Alguns deles eram nômades e outros sedentários — tendo conhecimento do fogo, mas não dos metais. Algumas poucas tribos praticavam o canibalismo.53 Em 26 de abril (domingo de Páscoa), conforme cada vez mais nativos curiosos apareciam, Cabral ordenou aos seus homens a construção de um altar em terra, onde uma missa católica foi celebrada por Henrique de Coimbra — a primeira a sê-lo no solo do que mais tarde viria a ser o Brasil.54
Foi oferecido vinho aos índios, que não gostaram da bebida. Os portugueses mal sabiam que estavam lidando com um povo que ostentava vasto conhecimento de bebidas alcoólicas fermentadas, obtendo-as de raízes, tubérculos, cascas, sementes e frutos, perfazendo mais de oitenta tipos.55
Os dias seguintes foram gastos armazenando água, alimentos, madeira e outros suprimentos. Os portugueses também construíram uma enorme cruz de madeira — talvez com sete metros de altura. Cabral constatou que a nova terra estava a leste da linha de demarcação entre Portugal e Espanha que tinha sido estabelecida no Tratado de Tordesilhas. O território estava, portanto, dentro do hemisfério atribuído a Portugal. Para solenizar a reivindicação de Portugal sobre aquelas terras, ergueu-se a cruz de madeira e uma segunda missa foi celebrada em 1 de maio.49 56 Em honra à cruz, Cabral nomeou a terra recém-descoberta de Ilha de Vera Cruz.57 No dia seguinte, um navio de suprimentos sob o comando de Gaspar de Lemos58 59 ou André Gonçalves60 (há um conflito entre as fontes sobre quem foi enviado),61 retornou para Portugal para informar o rei da descoberta, por meio da carta escrita por Pero Vaz de Caminha.
Viagem à Índia
Tragédia ao largo do sul da África
Réplica da caravela Anunciação, comandada por Nuno Leitão da Cunha, em Campinas, São Paulo.
A frota retomou sua viagem em 262 ou 360 de maio de 1500, navegando ao longo da costa leste da América do Sul. Ao fazê-lo, Cabral convenceu-se de que tinha encontrado um continente inteiro, ao invés de uma ilha.63 Por volta do dia 5 de maio, a esquadra virou para leste em direção à África.63 Em 2363 ou 2459 de maio, os navios encontraram uma tempestade na zona de alta pressão do Atlântico Sul, resultando na perda de quatro navios. O local exato do desastre é desconhecido — as especulações variam desde perto do Cabo da Boa Esperança, no extremo sul do continente africano63 até um local "à vista da costa sul-americana".64 Três naus e a caravela comandada por Bartolomeu Dias — o primeiro europeu a dobrar o Cabo da Boa Esperança em 1488 — naufragaram, perdendo-se 380 homens.65
Os navios restantes, prejudicados pelo mau tempo e com seus aparelhos danificados, separaram-se. Um dos navios que se havia separado, comandado por Diogo Dias, vagou sozinho adiante,66 enquanto os outros seis lograram reagrupar-se. Reuniram-se em duas formações de três navios cada, e o grupo de Cabral navegou rumo ao leste, passando pelo Cabo da Boa Esperança. Determinada a sua posição e avistando terra, viraram para o norte e desembarcaram em algum lugar no arquipélago das Ilhas Primeiras e Segundas, ao largo da África oriental e ao norte de Sofala.66 67 A frota principal permaneceu perto de Sofala por dez dias enquanto era reparada.66 68 A expedição, em seguida, rumou ao norte, chegando a Quíloa em 26 de maio, onde Cabral fez uma tentativa fracassada de negociar um tratado comercial com o rei local.69
De Quíloa, a frota partiu para Melinde, onde desembarcou em 2 de agosto. Cabral reuniu-se com o rei local, com quem estabeleceu relações de amizade e trocou presentes. Também em Melinde foram recrutados pilotos para a última etapa da viagem à Índia. Antes do destino final, desembarcaram em Angediva, uma ilha onde os navios a caminho de Calecute se abasteciam. Ali, os navios foram puxados para a praia, calafetados e pintados. Foram feitos os últimos preparativos para o encontro com o governante de Calecute.70 71 72
Massacre em Calecute
Tradicional retrato de Pedro Álvares Cabral. Ele estampou a cédula brasileira de mil cruzeiros entre 1942 e 1967.
A frota partiu de Angediva e chegou a Calecute em 13 de setembro.62 70 72 Cabral obteve êxito nas negociações com o samorim (título dado ao governante de Calecute) e obteve autorização para instalar uma feitoria e um armazém na cidade-estado.71 Na esperança de melhorar ainda mais as relações, Cabral despachou seus homens em várias missões militares a pedido do Samorim.73 No entanto, em 1674 ou 1775 de dezembro, a feitoria sofreu um ataque de surpresa por cerca de 30074 (de acordo com outros relatos, talvez até milhares)71 árabes muçulmanos e indianos hindus. Apesar da defesa desesperada dos besteiros, mais de 50 portugueses foram mortos.[D]73 74 Os defensores restantes se retiraram para os navios, alguns a nado. Pensando que o ataque fora resultado de incitação não-autorizada de comerciantes árabes invejosos, Cabral esperou 24 horas para obter uma explicação do governante de Calecute, mas nenhum pedido de desculpas foi apresentado.73 75 76
Os portugueses ficaram indignados com o ataque à feitoria e com a morte de seus companheiros e atacaram 10 navios mercantes dos árabes ancorados no porto. Mataram cerca de 600 tripulantes73 e confiscaram o carregamento antes de incendiar os navios.75 76 Cabral também ordenou que seus navios bombardeassem Calecute por um dia inteiro em represália à violação do acordo.75 76 O massacre foi atribuído, em parte, à animosidade portuguesa em relação aos muçulmanos, resultante de séculos de conflitos com os mouros na Península Ibérica e no norte da África.77 Além disso, os portugueses estavam determinados a dominar o comércio de especiarias e não tinham a intenção de permitir que a concorrência florescesse. Os árabes também não tinham interesse em permitir que os portugueses quebrassem seu monopólio sobre as especiarias. Os portugueses haviam começado por insistir em que lhes fosse dado tratamento preferencial em todos os aspectos do comércio. A carta de D. Manuel I entregue por Cabral ao governante de Calecute — traduzida pelos intérpretes árabes deste — pedia a exclusão dos comerciantes árabes. Os comerciantes muçulmanos, acreditando que estavam prestes a perder suas oportunidades comerciais e sua forma de subsistência,78 teriam tentado colocar o governante hindu contra os portugueses. Portugueses e árabes eram muito desconfiados uns dos outros, em cada ação.79
Para o historiador William Greenlee, os portugueses perceberam que "eram poucos em número e que aqueles que viriam à Índia nas frotas futuras também estariam sempre em desvantagem numérica; então esta traição deveria ser punida de forma tão decisiva que os portugueses fossem temidos e respeitados no futuro. Era a sua artilharia superior que lhes permitiria realizar esse objetivo". Assim sendo, os portugueses estabeleceram um precedente para o comportamento dos exploradores europeus na Ásia durante os séculos seguintes.80
Retorno a Portugal
Manuel I de Portugal.
Avisos nos relatos da viagem de Vasco da Gama à Índia levaram o rei D. Manuel I a informar Cabral a respeito de outro porto, ao sul de Calecute, onde também se poderiam estabelecer relações comerciais. A cidade em questão era Cochim, onde a frota desembarcou em 24 de dezembro.81 Cochim era nominalmente um território vassalo de Calecute, assim como também era dominado por outras cidades-estados indianas. O governante de Cochim estava ansioso para conseguir a independência da cidade, e os portugueses estavam dispostos a explorar a desunião indiana — como os britânicos também fariam 300 anos mais tarde. A tática acabaria por assegurar a hegemonia portuguesa sobre a região.81 Cabral forjou uma aliança com o governante de Cochim, e com líderes de outras cidades-estados, sendo capaz de estabelecer uma feitoria. Por fim, carregada de especiarias preciosas, a frota foi para Cananor, a fim de comerciar uma vez mais antes de partir em sua viagem de retorno a Portugal em 16 de janeiro de 1501.74 75 81
A expedição dirigiu-se para a costa leste da África. Um dos navios encalhou em um banco de areia e começou a afundar. Como não havia espaço nos demais navios, a carga foi abandonada e Cabral ordenou que a nau fosse incendiada.82 83 84 Em seguida, a frota prosseguiu em direção à Ilha de Moçambique (a nordeste de Sofala), a fim de se prover de mantimentos para que os navios estivessem prontos para a agitada passagem em torno do Cabo da Boa Esperança.85 Uma caravela foi enviada para Sofala — outro dos objetivos da expedição. Uma segunda caravela, considerada o navio mais veloz da frota e capitaneada por Nicolau Coelho, foi enviada à frente das demais para dar ao rei o aviso prévio sobre o sucesso da viagem. Um terceiro navio, comandado por Pedro de Ataíde, separou-se da frota após partir de Moçambique.85
Em 22 de maio, a frota — agora reduzida a apenas dois navios — passou pelo Cabo da Boa Esperança.86 Chegaram em Bezeguiche (atual cidade de Dakar, localizada perto de Cabo Verde), em 2 de junho. Ali, encontraram não só a caravela de Nicolau Coelho como também a nau comandada por Diogo Dias — que se encontrava perdida por mais de um ano após o desastre no Atlântico Sul. A nau havia passado por várias aventuras[E] e estava em péssimas condições, sendo que apenas sete homens doentes e mal-nutridos estavam a bordo — um dos quais estava tão fraco que morreu de felicidade ao ver seus companheiros novamente.83 Outra frota portuguesa também foi encontrada ancorada em Bezeguiche. Após D. Manuel I ter sido informado da descoberta do Brasil, enviou uma frota menor para explorá-lo. Um de seus navegadores era Américo Vespúcio (explorador italiano cujo nome designaria a América), que contou a Cabral detalhes de sua exploração, confirmando-lhe que havia de fato desembarcado num continente inteiro e não apenas numa ilha.87
A caravela de Nicolau Coelho partiu primeiro de Bezeguiche e chegou a Portugal em 23 de junho de 1501.88 O navio de Cabral ficou para trás, à espera do navio desaparecido de Pedro de Ataíde e da caravela que havia sido enviada para Sofala. Ambos os navios acabaram por aparecer e Cabral chegou a Portugal em 21 de julho de 1501, com os outros navios chegando durante os dias seguintes.89 Ao todo, dois navios voltaram vazios, cinco estavam completamente carregados e seis foram perdidos. No entanto, as cargas transportadas pela frota geraram lucros de até 800% para a Coroa Portuguesa.90 Após as especiarias serem vendidas, as receitas cobriram os custos de equipamento da frota e dos navios que foram perdidos, gerando um lucro que por si só excedia a soma total desses custos.91 "Sem desanimar pelas perdas sem precedentes que havia sofrido, quando chegou à costa do leste africano, Cabral seguiu adiante com a realização da tarefa que lhe tinha sido atribuída e foi capaz de inspirar os oficiais e homens sobreviventes com coragem igual", afirma o historiador James McClymont.86 "Poucas viagens para o Brasil e Índia foram tão bem executadas como a de Cabral", afirmou o historiador Bailey Diffie,46 para quem a viagem estabeleceu um caminho entre a abertura imediata "de um império marítimo português da África ao Extremo Oriente", e mais tarde a um "império terrestre no Brasil".62
Últimos anos
Túmulo de Pedro Álvares Cabral em Santarém, Portugal.
Após o retorno de Cabral, D. Manuel I começou a planejar outra frota para fazer a viagem à Índia e para vingar as perdas portuguesas em Calecute. Cabral foi escolhido para comandar essa "Frota da Vingança", como era chamada. Durante oito meses Cabral fez todos os preparativos para a viagem,92 mas por razões que permanecem incertas, foi afastado do comando.93 Aparentemente, havia sido proposto dar a um outro navegador, Vicente Sodré, o comando independente sobre uma parte da frota – e Cabral se opôs fortemente contra isso.93 94 95 96 Não se sabe se foi demitido95 ou se pediu para ser liberado do cargo,94 de qualquer maneira, quando a frota partiu em março de 1502, seu comandante era Vasco da Gama, um sobrinho materno de Vicente Sodré, e não Cabral.11 95 96 Sabe-se, no entanto, que surgiu hostilidade entre as facções que apoiavam Vasco da Gama e Cabral. Em algum momento, Cabral deixou a corte permanentemente.92 O rei ficou muito irritado com a briga, a tal ponto que simplesmente mencionar o assunto em sua presença poderia resultar no banimento da corte, como ocorreu com um dos apoiantes de Vasco da Gama.97
Apesar da perda dos favores do rei,93 96 Cabral conseguiu um vantajoso casamento em 150397 98 com D. Isabel de Castro, uma nobre mulher rica e descendente do rei D. Fernando I.97 Sua mãe era irmã de Afonso de Albuquerque, um dos maiores líderes militares de Portugal durante a Era dos Descobrimentos.2 10 97 O casal teve pelo menos quatro filhos: dois meninos (Fernão Álvares Cabral e António Cabral) e duas meninas (Catarina de Castro e Guiomar de Castro).99 Também teriam tido outras duas filhas, chamadas Isabel e Leonor, de acordo com outras fontes, que dizem também que Guiomar, Isabel e Leonor foram admitidas em ordens religiosas. O primogênito Fernão teria sido o único dos filhos de Cabral a lhe dar herdeiros, uma vez que António morreu em 1521 sem se casar.100 Afonso de Albuquerque tentou interceder a favor de Cabral e, em 2 de dezembro de 1514, pediu para D. Manuel I perdoá-lo e permitir seu retorno à corte, mas não obteve êxito.2 97 101
Sofrendo de febre recorrente e um tremor (possivelmente resultado de malária) desde sua viagem,11 Cabral se retirou para Santarém em 1509. Passou seus últimos anos por lá.2 96 Somente informações esparsas estão disponíveis sobre suas atividades durante aquele tempo. Segundo uma carta régia datada de 17 de dezembro de 1509, Cabral tornou-se parte envolvida numa disputa por uma transação de terras envolvendo parte da propriedade que lhe pertencia.97 102 Outra carta do mesmo ano informa que ele iria receber certos privilégios por um serviço militar não divulgado.7 97 Em 1518, ou talvez antes, foi elevado de fidalgo a cavaleiro no Conselho do Rei, tendo direito a um subsídio mensal de 2 437 reais.7 97 101 Isto se somava à pensão anual concedida a ele em 1497, que ainda estava sendo paga.7 Cabral morreu de causas não especificadas, provavelmente em 1520,11 90 100 101 e foi enterrado no interior da Capela de São João Evangelista na Igreja do Antigo Convento da Graça de Santarém.103
Legado
Reabilitação póstuma
Planisfério de Cantino (1502), um dos primeiros mapas ainda existentes mostrando o território do Brasil. A linha do Tratado de Tordesilhas também está representada.
O primeiro assentamento permanente português na terra que viria a se tornar o Brasil foi São Vicente, estabelecido em 1532 por Martim Afonso de Sousa. Conforme os anos se passaram, os portugueses foram lentamente expandindo as fronteiras de sua colônia para o oeste, conquistando as terras tanto de ameríndios quanto de espanhóis. O Brasil havia assegurado grande parte de suas fronteiras atuais por volta de 1750, sendo considerado por Portugal como a parte mais importante de seu vasto império marítimo. Em 7 de setembro de 1822, o herdeiro de D. João VI, o Príncipe Pedro, garantiu a independência do Brasil de Portugal e tornou-se seu primeiro imperador.104 105
As descobertas de Cabral, e até mesmo o local onde foi enterrado, ficaram esquecidos por quase 300 anos desde sua expedição.104 105 Esta situação começou a mudar no início da década de 1840, quando o Imperador D. Pedro II, sucessor e filho de Pedro I, patrocinou pesquisas e publicações sobre a vida e a expedição de Cabral através do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Isso fazia parte do ambicioso plano do Imperador para incentivar e reforçar um sentimento de nacionalismo na diversificada sociedade brasileira — dando aos cidadãos uma identidade e história comuns como residentes do único país de língua portuguesa das Américas.106 O início do ressurgimento do interesse em Cabral havia resultado da descoberta de seu túmulo pelo historiador brasileiro Francisco Adolfo de Varnhagen (mais tarde nomeado Visconde de Porto Seguro) em 1839.11 107 O estado completamente negligenciado em que o túmulo de Cabral foi encontrado quase provocou uma crise diplomática entre Brasil e Portugal — este último era então governado pela irmã mais velha de D. Pedro II, D. Maria II.108
Parte dos restos mortais de Cabral se encontra em exposição na Antiga Sé, no Rio de Janeiro.
Em 1871, o imperador brasileiro — então em visita oficial à Europa — visitou o túmulo de Cabral e propôs uma exumação para fins científicos, a qual foi realizada em 1882.107 Numa segunda exumação, em 1896, foi autorizada a remoção de uma urna contendo terra e fragmentos de ossos. Apesar de seus restos mortais ainda estarem em Portugal, a urna foi eventualmente trazida à Antiga Sé do Rio de Janeiro em 30 de dezembro de 1903.107 Desde então, Cabral tornou-se um herói nacional do Brasil.109 Em Portugal, porém, os autores afirmam que seu prestígio é ofuscado pela fama de Vasco da Gama.110 111 Para o historiador William Greenlee, a viagem de Cabral é importante "não só devido à sua posição na história da geografia, mas por causa de sua influência na história e economia da época". Embora este autor reconheça que poucas viagens "tiveram maior importância para a posteridade", diz também que "poucas foram menos apreciadas em seu tempo".112 No entanto, o historiador James McClymont afirmou que "a posição de Cabral na história das conquistas e descobertas portuguesas é inexpugnável apesar da supremacia de homens maiores ou mais afortunados".113 Segundo ele, Cabral "será sempre lembrado na história como o principal, se não o primeiro, descobridor do Brasil".113
Hipótese da descoberta intencional
Monumento a Pedro Álvares Cabral em Lisboa.
Uma controvérsia que ocupa os estudiosos há mais de um século é se a descoberta de Cabral foi por acaso ou intencional. Neste último caso, isso significaria que os portugueses tinham pelo menos algum indício de que existia uma terra a oeste. A questão foi levantada pela primeira vez pelo imperador Pedro II em 1854 durante uma sessão do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro quando indagou aos pesquisadores se a descoberta poderia ter sido intencional.114
Até a conferência de 1854, a presunção generalizada era de que a descoberta tinha sido um acidente. Obras iniciais sobre o assunto defendiam esta visão, tais como História do Descobrimento e Conquista da Índia (publicado em 1541) de Fernão Lopes de Castanheda, Décadas da Ásia (1552) de João de Barros, Crônicas do Felicíssimo Rei D. Manuel (1558) de Damião de Góis, Lendas da Índia (1561) de Gaspar Correia,115 História do Brasil (1627) de frei Vicente do Salvador e História da América Portuguesa (1730) de Sebastião da Rocha Pita.116
A primeira obra a defender a ideia de descoberta intencional foi publicada em 1854 por Joaquim Noberto de Sousa e Silva, depois que D. Pedro II iniciou o debate.117 Desde então, vários estudiosos apoiaram a ideia, tais como Francisco Adolfo de Varnhagen,108 Capistrano de Abreu,108 Pedro Calmon,118 Fábio Pestana Ramos119 e Mário Barata.120 Para o historiador Hélio Vianna, "embora haja sinais da intencionalidade" da descoberta de Cabral, "baseados principalmente no conhecimento ou nas suspeitas anteriores da existência de terras à beira do Atlântico Sul", não existem provas irrefutáveis que a comprovem.121 Esta opinião também é compartilhada pelo historiador Thomas Skidmore.122 O debate sobre se a descoberta foi deliberada ou não é considerado "irrelevante" pelo historiador Charles R. Boxer.53 Para o historiador Anthony Smith, as alegações conflitantes "provavelmente nunca serão resolvidas".123
Precursores
O Mapa de Juan de la Cosa, datado de 1500, menciona a viagem ao nordeste brasileiro feita por Vicente Yáñez Pinzón.
Cabral não teria sido o primeiro europeu a pisar em terras brasileiras, para não mencionar outras partes da América do Sul. Moedas romanas foram encontradas na atual Venezuela, a noroeste do Brasil, provavelmente originárias de navios que foram levados para lá por tempestades na Idade Antiga.124 Os escandinavos chegaram à América do Norte e estabeleceram até mesmo assentamentos, embora estes tenham fracassado em algum momento antes do final do século XV.124 Cristóvão Colombo, em sua terceira viagem ao Novo Mundo, em 1498, percorreu parte do que viria a ser a Venezuela.120
No caso do Brasil, já foi considerado provável que o navegador português Duarte Pacheco Pereira teria feito uma viagem à costa brasileira em 1498. Essa crença foi entretanto descartada e atualmente se considera a possibilidade de que ele tenha viajado para a América do Norte em vez disso.9 125 126 Há mais evidências concretas de que dois espanhóis, Vicente Yáñez Pinzón e Diego de Lepe, teriam viajado ao longo da costa norte do Brasil entre janeiro e março de 1500. Pinzón foi do que hoje é Fortaleza até a foz do rio Amazonas. Ali, encontrou uma outra expedição espanhola, liderada por Lepe, que chegaria ao rio Oiapoque em março. A razão pela qual Cabral é considerado descobridor do Brasil, ao invés dos exploradores espanhóis, deve-se ao fato de que as viagens de Pinzón e Lepe foram breves e não tiveram qualquer impacto duradouro. Os historiadores Capistrano de Abreu,127 Francisco Adolfo de Varnhagen,128 Mário Barata129 e Hélio Vianna130 concordam que as expedições espanholas não influenciaram em nada o desenvolvimento do que viria a ser a única nação de língua portuguesa das Américas — com história, cultura e sociedade únicas, diferenciando-a das sociedades hispano-americanas que dominam o resto do continente.
Homenagens
Cabral é um dos heróis nacionais brasileiros, sendo homenageado anualmente no dia 22 de abril. No entanto, a data não é um feriado nacional.131 Em 22 de abril de 2000, uma série de eventos promovidos pelo governo brasileiro marcaram as comemorações dos 500 anos do descobrimento do Brasil, o que gerou fortes protestos dos povos indígenas, além do pedido de demissão do então presidente da Fundação Nacional do Índio, Carlos Frederico Marés de Souza Filho.132
Em 1900, como parte das comemorações dos 400 anos do descobrimento do Brasil, foi inaugurado no largo da Glória, no Rio de Janeiro, um monumento de Rodolfo Bernardelli em homenagem a Cabral.133 Outras cidades brasileiras também homenagearam o explorador dando seu nome a vias públicas — a mais notável delas é a Avenida Álvares Cabral em Belo Horizonte. Existem também várias escolas públicas e outros estabelecimentos privados que carregam o nome de Pedro Álvares Cabral.
Em Lisboa, foi erguido um monumento em homenagem a Cabral na avenida que recebeu o nome do explorador na freguesia de Santa Isabel. A estátua, inaugurada em 1940, é uma réplica da estátua de Bernardelli e foi um presente do governo Vargas ao povo português.134 Do mesmo modo, sua terra natal homenageou-o com uma estátua, assim como a cidade onde se encontra sepultado.
A antiga nota brasileira de 1 000 cruzeiros novos (1967–1970),135 tinha a efígie de Pedro Álvares Cabral, assim como a cédula comemorativa de dez reais (2000) e a moeda de um centavo, que atualmente possui circulação limitada.136 Em Portugal, a antiga nota de 100 escudos dos anos 50 bem como a de 1 000 escudos de 1996 apresentavam igualmente a efígie de Álvares Cabral, no caso da primeira acompanhada de uma imagem representativa da descoberta do Brasil.137
Títulos e honrarias
Nobreza
Moço fidalgo em 30 de junho de 1484.
Fidalgo do Conselho do Rei em 1497.
Cavaleiro do Conselho do Rei em torno de 1518.
Honras
Cavaleiro da Ordem de Cristo, concedido em 1497.
Dados genealógicos e heráldicos
Miniatura de Cabral encimado com brasão de Armas de Portugal e em baixo com o brasão familiar dos Cabrais.
Pouco se sabe ao certo a respeito da vida de Pedro Álvares Cabral antes ou depois da viagem que o levou a chegar no Brasil. Acredita-se que tenha nascido em 1467 ou 1468 — o ano anterior é o mais provável138 139 — em Belmonte, a cerca de 30 km de distância da cidade atual da Covilhã no centro de Portugal1 138 4 13 .
Foi batizado como Pedro Álvares de Gouveia e, só anos mais tarde, supostamente após a morte de seu irmão mais velho em 1503,4 140 141 começou a usar o sobrenome do pai[C]5 14 .
Foi um dos cinco filhos e seis filhas 138 4 5 de:
Fernão Cabral, Fidalgo do conselho, 1 º regedor das justiças da Beira (1464), adiantado-mor da Beira (1464), Coudel-mor do Reino, alcaide-mor de Belmonte. Senhor de juro e herdade de Belmonte, de Azurara da Beira e de Manteigas.
e de Isabel Gouveia, filha de João, senhor de Gouveia142 .
De acordo com a tradição familiar, os Cabrais eram descendentes de Carano, o lendário primeiro rei da Macedônia. Carano era, por sua vez, um suposto descendente de sétima geração do semideus grego Hércules.143 Mitos à parte, o historiador James McClymont acredita que outro conto familiar pode conter pistas para a verdadeira origem da família Cabral. Segundo essa tradição, os Cabrais derivam de um clã castelhano chamado Cabreiras que possuía um brasão similar.144 A família Cabral ganhou destaque durante o século XIV. Álvaro Gil Cabral (trisavô de Cabral e um comandante militar de fronteira), foi um dos poucos nobres portugueses a permanecer fiel ao rei D. João I durante a guerra contra o rei de Castela. Como recompensa, D. João I presenteou Álvaro Gil com a propriedade do feudo hereditário de Belmonte.1 138 99
O brasão de armas de sua família foi elaborado com duas cabras roxas em um campo de prata. Roxo representa fidelidade e as cabras derivam do nome de família.138 No entanto, apenas seu irmão mais velho tinha o direito de fazer uso do brasão da família145 .
Ver também
O Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre Pedro Álvares Cabral
Cronologia dos descobrimentos portugueses
Descobrimentos portugueses
História do Brasil
História de Portugal
Pero Vaz de Caminha
Vasco da Gama
Vicente Yáñez Pinzón
Notas de rodapé
^ Seu nome foi escrito durante sua vida como "Pedro Álvares Cabral", "Pero Álvares Cabral", "Pedr'Álváres Cabral", "Pedrálvares Cabral", "Pedraluarez Cabral", entre outros. Estas variações ortográficas continuam a ser utilizadas. Este artigo usa a grafia mais comum.143 146 147 148 149
^ As origens mais remotas do Império Português datam da acessão ao trono de D. João I em 1385 e às subsequentes guerras de conquista ao norte da África lideradas por ele e às expedições feitas por seu filho, D. Henrique. A fundação do Império Português, no entanto, esteve firmemente conectada com a reivindicação mais substancial do território que viria a se tornar o Brasil e com o estabelecimento de relações comerciais na Índia.150
^ "O nome usado na sua nomeação como comandante-chefe da frota para a Índia também é Pedralvares de Gouveia". —William Brooks Greenlee8
^ Outras fontes fornecem números que variam entre 20 e 70 portugueses feridos ou assassinados.76
^ Ao seguir uma rota muito à leste daquela de seus companheiros, Dias se tornou o primeiro europeu a avistar a ilha de Madagascar. Fez amizade com seus habitantes e embarcou de volta para o litoral africano. As tentativas subsequentes de Dias em encontrar a frota principal culminaram em sua navegação pelo Cabo Guardafui e pelo Golfo de Áden, águas até então inatingíveis por navios portugueses. Preso por ventos contrários, Dias passou vários meses devastadores na região, tendo sido atingido por tempestades, atacado por piratas e, finalmente, desembarcado na costa da Eritreia, numa busca desesperada por água e comida para a sua tripulação, que morria rapidamente. Dias finalmente conseguiu fazer a difícil viagem rumo ao sul, contornando a costa leste da África, ao redor do Chifre da África e de volta ao noroeste do continente, onde reencontrou novamente a frota de Cabral, após mais de um ano de separação.151 152 153
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Ligações externas
Pedro Álvares Cabral - Biografia no UOL
Julho de 1501: Descobrimento - O Capitão Pedro Álvares Cabral Veja Na História, edição online especial.
Pedro Alvares Cabral (Portuguese explorer) (em inglês) Britannica Online
Cabral, Pedro Álvares Biografia no Navegações Portuguesas
A Expedição de Pedro Alvares Cabral e o Descobrimento do Brasil (em português) California Digital LibraryMarcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-66741185945507754962011-06-03T22:08:00.001-03:002011-06-03T22:08:34.121-03:00Entrevista que o prof. Marcos Tadeu C. deu ao site da NATURA<br />Não é preciso ser um grande estudioso da linguagem para reparar que nós, latinos, falamos - e muito - com nosso corpo. Gesticulações, expressões faciais, olhares...Sim, todo latino é um drama em potencial! E é por isso que conhecer bem os sinais corporais pode abrir as portas para um mundo paralelo da linguagem. Nas linhas abaixo, o Bom de Humor te ajuda a desvendar as mensagens que você transmite com o próprio corpo - e aquelas que você recebe sem nem se dar conta!<br /><br />Mas atenção: não é porque uma pessoa está de braços cruzados que ela necessariamente está retraída. Aliás, o assunto é bem mais complexo do que simples associações diretas, como alerta o especialista em linguagem corporal Marcos Cardoso: “Para interpretar um gesto de forma coerente, uma das melhores formas é analisar o conjunto de gestos. Analisar as mãos, mas também os pés; o olhar, o sorriso, a posição do corpo”, afirma. Tudo isso, segundo ele, ajuda a definir o nível de interesse da pessoa.Herança expressiva<br /><br />Ainda segundo Marcos Cardoso, a linguagem corporal, muito mais do que um simples reforço à linguagem falada, era uma das principais formas de comunicação na antiguidade. É só imaginar que lá atrás, num passado nem tão remoto, não existiam microfones, alto-falantes, muito menos escolas de idiomas em cada esquina. Portanto, ao falar em público ou se comunicar com um estrangeiro, os gestos tinham que dar conta do recado!<br /><br />É por isso que até hoje grandes oradores são geralmente grandes gesticuladores, que o diga o líder cubano Fidel Castro, que adora um discurso cheio de trejeitos: 6 funções<br /><br />No vídeo de Fidel podemos ver claramente pelo menos três das seis funções que a comunicação não-verbal exerce em relação às mensagens que desejamos transmitir: (a) repetição e ênfase da mensagem verbal; (b) complementação; (c) contradição do que foi verbalizado; (d) substituição; (e) regulação do fluxo verbal; (f) sinalização das relações de poder no espaço físico.<br /><br />Veja detalhes sobre cada uma dessas funções analisados pelo pesquisador Sergio Senna Pires:<br /><br />a) Para repetir uma mensagem, utiliza-se um gesto ilustrador afirmativo. O polegar para cima, por exemplo, logo em seguida da mensagem verbal.<br /><br />b) Agora, para enfatizar uma mensagem, basta apresentar esse mesmo gesto simultaneamente àquilo que a se dizer.<br /><br />c) Já a contradição da mensagem verbal consistiria em afirmar algo, mas expressando o seu contrário. Como exemplo, Senna cita a entonação, o volume de voz e gestos enfáticos numa pessoa que diz não estar nervosa.<br /><br />d) Por outro lado, gestos e expressões faciais podem substituir a verbalização. Uma pessoa que chega em casa com uma expressão abatida, por exemplo, pode comunicar que teve “um dia e tanto” sem, no entanto, dizer uma palavra. Quem nunca comentou com alguém “sua cara já diz tudo!”?<br /><br />e) A regulação é basicamente o controle do ritmo e a harmonia do que está sendo dito. Lembre do maestro com sua orquestra! Ele precisa sinalizar e acenar com precisão para seus músicos, a fim de dar ordem à música. Da mesma forma, uma pessoa acena para outra com o intuito de fazê-la esperar para falar.<br /><br />f) Segundo o pesquisador, a comunicação não-verbal se estende para outras fronteiras significativamente importante no contexto do trabalho. Trata-se de como as relações de poder se manifestam nos ambientes, na forma como organizamos nossa mobília e em como nos dispomos nesses espaços. Um exemplo muito comum, ele afirma, consiste na posição que ocupamos na mesa de reuniões. “Há uma hierarquia de lugares a serem ocupados e todos sabem disso”. Saiba mais!<br /><br />Para saber ainda mais no assunto, você pode acessar os sites dos especialistas Marcos Cardoso.<br /><br />fonte:<br />http://www.bomdehumor.com.br/materia/3307-Linguagem_corporal.htmMarcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-35245157732495035002011-03-24T15:06:00.001-03:002011-03-24T15:06:40.419-03:00Prof. Marcos Tadeu expande pesquisas a países de Língua portuguesaO prof. Marcos Tadeu Cardoso, autor de três livros, cria projeto para realização de pesquisas em países estrangeiros, preferêncialmente os que falam a língua portuguesa, como Portugal, Ilha da Madeira, Arquipélago dos Açores, Moçambique, Angola, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe. O desejo da pesquisa é levantar materiais para que possam ser publicados mais dois livros direcionados tanto ao elemento histórico quanto do comportamento humano ou seja da Linguagem Corporal. As propostas podem ser tanto de empresas públicas ou privadas, professores universitários ou mesmo instituições.<br />Os interessados devem entrar em contato com o professor pelo seu e-mail ou mesmo telefone.<br />0xx5538 3223-5534<br />0xx5538 9804-6580<br /><br />marcostcj@yahoo.com.br (e-mail)<br />mar.cj@hotmail.com (msn)Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-8777609884933822192010-12-01T15:13:00.001-02:002010-12-01T15:16:47.137-02:00História de Roma Antiga e o Império Romano<br />República Romana, expansionismo da Roma Antiga, crise na República , Império Romano<br /> Guerras Púnicas, gladiadores, decadência do Império Romano, mitologia romana<br /><br />história da fundação de Roma<br />Mito da fundação de Roma: loba amamentando Rômulo e Remo<br /><br />Introdução<br />A história de Roma Antiga é fascinante em função da cultura desenvolvida e dos avanços conseguidos por esta civilização. De uma pequena cidade, tornou-se um dos maiores impérios da antiguidade. Dos romanos, herdamos uma série de características culturais. O direito romano, até os dias de hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola.<br /><br />Origem de Roma : explicação mitológica<br />Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de Rômulo e Remo. Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre, na Itália. Resgatados por uma loba, que os amamentou, foram criados posteriormente por um casal de pastores. Adultos, retornam a cidade natal de Alba Longa e ganham terras para fundar uma nova cidade que seria Roma.<br /><br />Origens de Roma : explicação histórica e Monarquia Romana (753 a.C a 509 a.C)<br />De acordo com os historiadores, a fundação de Roma resulta da mistura de três povos que foram habitar a região da Península Itálica: gregos, etruscos e italiotas. Desenvolveram na região uma economia baseada na agricultura e nas atividades pastoris. A sociedade, nesta época, era formada por patrícios ( nobres proprietários de terras ) e plebeus ( comerciantes, artesãos e pequenos proprietários ). O sistema político era a monarquia, já que a cidade era governada por um rei de origem patrícia.<br />A religião neste período era politeísta, adotando deuses semelhantes aos dos gregos, porém com nomes diferentes. Nas artes destacava-se a pintura de afrescos, murais decorativos e esculturas com influências gregas.<br /><br />República Romana (509 a.C. a 27 a.C)<br />Durante o período republicano, o senado Romano ganhou grande poder político. Os senadores, de origem patrícia, cuidavam das finanças públicas, da administração e da política externa. As atividades executivas eram exercidas pelos cônsules e pelos tribunos da plebe. <br />A criação dos tribunos da plebe está ligada às lutas dos plebeus por uma maior participação política e melhores condições de vida. <br />Em 367 a.C, foi aprovada a Lei Licínia, que garantia a participação dos plebeus no Consulado (dois cônsules eram eleitos: um patrício e um plebeu). Esta lei também acabou com a escravidão por dívidas (válida somente para cidadãos romanos).<br /><br />Formação e Expansão do Império Romano<br />Após dominar toda a península itálica, os romanos partiram para as conquistas de outros territórios. Com um exército bem preparado e muitos recursos, venceram os cartagineses, liderados pelo general Anibal, nas Guerras Púnicas (século III a.C). Esta vitória foi muito importante, pois garantiu a supremacia romana no Mar Mediterrâneo. Os romanos passaram a chamar o Mediterrâneo de Mare Nostrum.<br />Após dominar Cartago, Roma ampliou suas conquistas, dominando a Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Trácia, a Síria e a Palestina.<br /><br />Com as conquistas, a vida e a estrutura de Roma passaram por significativas mudanças. O império romano passou a ser muito mais comercial do que agrário. Povos conquistados foram escravizados ou passaram a pagar impostos para o império. As províncias (regiões controladas por Roma) renderam grandes recursos para Roma. A capital do Império Romano enriqueceu e a vida dos romanos mudou.<br /><br />Principais imperadores romanos : Augusto (27 a.C. - 14 d.C), Tibério (14-37), Caligula (37-41), Nero (54-68), Marco Aurelio (161-180), Comodus (180-192).<br /><br />gladiadores lutando - história de Roma<br />Luta de gladiadores: <br />pão e circo<br /> <br /><br />Pão e Circo <br />Com o crescimento urbano vieram também os problemas sociais para Roma. A escravidão gerou muito desemprego na zona rural, pois muitos camponeses perderam seus empregos. Esta massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca de empregos e melhores condições de vida. Receoso de que pudesse acontecer alguma revolta de desempregados, o imperador criou a política do Pão e Circo. Esta consistia em oferecer aos romanos alimentação e diversão. Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores nos estádios ( o mais famoso foi o Coliseu de Roma ), onde eram distribuídos alimentos. Desta forma, a população carente acabava esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de revolta.<br /><br />Cultura Romana<br />A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos "copiaram" muitos aspectos da arte, pintura e arquitetura grega.<br />Os balneários romanos espalharam-se pelas grandes cidades. Eram locais onde os senadores e membros da aristocracia romana iam para discutirem política e ampliar seus relacionamentos pessoais.<br />A língua romana era o latim, que depois de um tempo espalhou-se pelos quatro cantos do império, dando origem na Idade Média, ao português, francês, italiano e espanhol.<br />A mitologia romana representava formas de explicação da realidade que os romanos não conseguiam explicar de forma científica. Trata também da origem de seu povo e da cidade que deu origem ao império. Entre os principais mitos romanos, podemos destacar: Rômulo e Remo e O rapto de Proserpina.<br /><br />Religião Romana <br />Os romanos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. A grande parte dos deuses romanos foram retirados do panteão grego, porém os nomes originais foram mudados. Muitos deuses de regiões conquistadas também foram incorporados aos cultos romanos. Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam características ( qualidades e defeitos ) de seres humanos, além de serem representados em forma humana. Além dos deuses principais, os romanos cultuavam também os deuses lares e penates. Estes deuses eram cultuados dentro das casas e protegiam a família.<br />Principais deuses romanos : Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco.<br /><br />Crise e decadência do Império Romano<br />Por volta do século III, o império romano passava por uma enorme crise econômica e política. A corrupção dentro do governo e os gastos com luxo retiraram recursos para o investimento no exército romano. Com o fim das conquistas territoriais, diminuiu o número de escravos, provocando uma queda na produção agrícola. Na mesma proporção, caia o pagamento de tributos originados das províncias.<br />Em crise e com o exército enfraquecido, as fronteiras ficavam a cada dia mais desprotegidas. Muitos soldados, sem receber salário, deixavam suas obrigações militares. <br /><br />Os povos germânicos, tratados como bárbaros pelos romanos, estavam forçando a penetração pelas fronteiras do norte do império. No ano de 395, o imperador Teodósio resolve dividir o império em: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e Império Romano do Oriente (Império Bizantino), com capital em Constantinopla.<br />Em 476, chega ao fim o Império Romano do Ocidente, após a invasão de diversos povos bárbaros, entre eles, visigodos, vândalos, burgúndios, suevos, saxões, ostrogodos, hunos etc. Era o fim da Antiguidade e início de uma nova época chamada de Idade Média.<br /><br />Resumo: Roma Antiga<br />esumo sobre a Civilização Romana<br /><br />1. Características Gerais I<br />* Os romanos deixaram uma herança rica na literatura, arquitetura, direito, escultura, na atividade militar, entre outras.<br />* A cultura romana teve forte influência dos gregos, em especial na arte, na literatura, na ciência, na filosofia, além dos aspectos religiosos.<br />* Há várias versões sobre a origem de Roma, que, a partir de uma aldeia se transformou em um grande império.<br /><br />>>> Não deixe de conferir:<br />Questão (Enem-2000): Roma Clássica<br /><br />2. Características Gerais II<br />* Um destas versões, considerada lendária, conta que a cidade foi fundada pelos gêmeos Rômulo e Remo , provenientes das tribos latinas da Europa Central.<br />* Outra versão, embasada em documentos e arqueologia, diz que a região foi povoada por várias tribos, como úmbrios, samnitas, sabinos e, posteriormente, dominada pelos etruscos .<br />* A história da Roma Antiga se divide em três períodos: Monarquia, República e Império.<br /><br />>>> Não deixe de conferir:<br />- Atlas Histórico: Itália Antiga<br />- Atlas Histórico: Colonização Grega, Fenícia e Etrusca<br /><br />3. Período Monárquico<br />* O Período Monárquico ocorreu entre 753 a.C. e 509 a.C., aproximadamente.<br />* Durante este período, Roma foi dominada pelos etruscos. Sob os reis etruscos, foram realizadas obras públicas, como drenagem de pântanos, construção de esgotos, templos, etc.<br />* Em 509 a.C., os romanos derrubaram o rei etrusco Tarquínio, o Soberbo, e fundaram uma república.<br /><br />>>> Não deixe de conferir:<br />Vídeo: O mundo Romano-da monarquia a República<br /><br />4. Sociedade<br />* A sociedade , neste período, se dividia em classes:<br />o Patrícios: grandes proprietários de terras.<br />o Clientes: grupo de pessoas, geralmente plebeus ou estrangeiros, que estavam ligados aos patrícios.<br />o Plebeus: formavam a maioria da população, constituindo-se de pequenos agricultores, comerciantes, pastores e artesãos.<br />o Escravos: não tinham direitos políticos, não sendo considerados cidadãos. Muitos escravos se tornavam gladiadores em Roma.<br /><br />5. Os Gladiadores<br />* Gladiadores eram guerreiros que lutavam em arenas. Seu nome deriva do gládio, espada utilizada por soldados. Sua função era entreter o público. Costuma ser dito que a estratégia das elites em desviar a atenção do povo através de comida e diversão era denominada “ Política do Pão e Circo ”<br />* Entre os principais tipos de gladiadores, estavam o trácio, o murmillo, o hoplomaco, o retiário, entre outros. Cada um utilizava armas e armaduras específicas.<br />* Haviam vários tipos de lutas nas arenas romanas, como Ludus Magnus, lutas de gladiadores contra gladiadores; Venatium : lutas envolvendo animais; Naumachias : lutas com embarcações de grande ou pequeno porte; Equitarium : lutas envolvendo corridas de cavalo ou desafios de bigas.<br />* Algumas destas lutas deixavam evidente a tecnologia de arenas como o Coliseu, que foi construído entre os anos 70 e 90. Esta arena tinha uma aprimorada estrutura interna, engrenagens que permitiam inundações em lutas aquáticas, assim como cobertura externa.<br /><br />>>> Não deixe de conferir:<br />- Game: Gladiadores Romanos<br />- Top 5 gladiadores que lutavam nas arenas romanas<br /><br />6. Período Republicano I<br />* O Período Republicano ocorreu entre 509 a.C. e 23 a.C., aproximadamente.<br />* Neste período, Roma foi governada por dois cônsules. Estes eram auxiliados por senadores, responsáveis pelas finanças, assuntos externos e criação de leis.<br />* Durante períodos de guerras, a cidade podia ser governada por um ditador.<br />* República é uma palavra de origem latina que significa “coisa do povo”.Porém, as instituições eram comandadas pelos patrícios, tendo os plebeus pouca ou nenhuma participação política.<br /><br />7. Período Republicano II<br />* Esta situação se inverteu com uma luta entre patrícios e plebeus, que se estendeu por quase dois séculos, e que resultou na conquista de alguns direitos por parte da plebe.<br />* Dentre estes direitos , podemos destacar a Lei das Doze Tábuas, que definia direitos e deveres dos plebeus. Estas leis viraram referência no estudo do Direito.<br />* Foi criada a Lei da Canuléia, que permitia o casamento entre patrícios e plebeus. Estes conquistaram, também, o direito de exercer cargos sacerdotais e políticos.<br />* Além disso, surgiram os Tribunos da Plebe, que representavam os interesses dos plebeus no senado.<br /><br />8. Expansão Romana<br />* A partir da República, Roma iniciou o processo de maior expansão territorial, conquistando toda a península itálica. A ambição dos romanos, porém, estava no além-mar.<br />* Na disputa pelo Mar Mediterrâneo, Roma entrou em conflito com Cartago, nas chamadas Guerras Púnicas , de 264 a.C. a 146 a.C. Puni era o nome latino dado a Cartago, antiga colônia fenícia.<br />* Houve três guerras, todas com vitória romana. Na primeira Guerra Púnica, Roma conquistou a ilha de Sicília, ao sul da Itália. Na segunda Guerra Púnica, um dos generais cartagineses, Aníbal, tentou atacar Roma por terra, com um grande exército. Foi derrotado em 202 a.C.<br />* Na terceira Guerra Púnica, Cartago foi completamente destruída. Assim, o Mar Mediterrâneo passou a ser controlado pelos romanos.<br />* A partir de então, outras conquistas posteriores consolidaram Roma como um dos maiores impérios da antiguidade. Estas conquistas refletiram em crescimento econômico, maior número de escravos e forte concentração de terras.<br /><br />>>> Não deixe de conferir:<br />Atlas Histórico: Império Romano<br /><br />9. Crise na República<br />* A abundância de escravos, nas mãos de grandes proprietários de terras, gerou um desequilíbrio econômico e social.<br />* As lutas políticas fez surgir dois partidos rivais: o partido aristocrático, que defendia o interesse dos mais ricos; e o popular, que desejava redistribuição de terras.<br />* Nesta luta política se destacaram Tibério e Caio Graco, irmãos que tentaram um projeto de reforma agrária entre 133 a.C. e 121 a.C. Ambos foram assassinados.<br />* Algumas guerras civis deram origens a ditaduras militares, cujos governantes utilizavam o exército para se manter no poder. De 107 a.C. a 79 a.C. Mário e Sila assumiram o governo.<br />* Por volta de 72 a.C., o gladiador Espártaco comandou uma revolta de 70 mil escravos. Após algumas vitórias, Espártaco e seus seguidores foram esmagados pelo general Pompeu.<br /><br />>>> Não deixe de conferir:<br />Vídeo: Da Crise da República ao Fim do Império Romano<br /><br />10. Os Triunviratos<br />* Os Triunviratos foram governos de três pessoas. Porém, desde o início o sistema mostrou-se falho, havendo disputas internas pelo poder. Por volta de 60 a.C., foi criado o Primeiro Triunvirato, composto por Crasso, Pompeu e Júlio César.<br />* Com a morte de Crasso, Pompeu e Júlio César disputaram o poder. Com a vitória de César, este se tornou ditador perpétuo de Roma, realizando reformas e diminuindo o poder do senado.<br />* Em 44 a.C., Júlio César foi assassinado em um conspiração no senado, encabeçada por Bruto, que César considerava um filho.<br />* Com a morte de César, foi criado o Segundo Triunvirato, composto por Lépido, Otávio e Marco Antônio. Na luta que se seguiu, Lépido foi afastado e Otávio venceu Marco Antônio.<br />* Com o poder nas mãos, Otávio foi proclamado imperador de Roma. Acaba, assim, a República e inicia o Império,que ocorreu entre 27 a.C. e 476 d.C. O Período Imperial , por sua vez, se divide em Alto Império e Baixo Império.<br /><br />11. Alto Império<br />* O Alto Império ocorreu entre 27 a.C. e estendeu-se até o século III, aproximadamente. Os imperadores tinham poder quase total e geralmente eram considerados divinos.<br />* O primeiro imperador foi Otávio, denominado Augusto, que governou durante 41 anos. Este período ficou caracterizado pela hegemonia e prosperidade, denominado Pax Romana, que durou até o século III.<br />* Outros imperadores, que se destacaram, por bem ou por mal, foram Calígula, Nero, Tito, Marco Aurélio, Sétimo Severo, entre outros.<br />* Os cristãos, grupo de seguidores das idéias de Jesus Cristo, foram fortemente perseguidos em Roma, em parte porque recusavam-se a adorar os deuses oficiais, assim como não prestavam culto ao imperador, por serem monoteístas.<br />* Apesar das perseguições, em 313, através do Édito de Milão, o imperador Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos. Mais tarde, o então imperador Teodósio proibiu cultos pagãos, medida que tornaria o cristianismo a religião oficial de Roma.<br /><br />>>> Não deixe de conferir:<br />- O novo olhar de Constantino<br />- Top 5 imperadores mais loucos de Roma<br /><br />12. Baixo Império<br />* O Baixo Império ocorreu do século III até 476, aproximadamente. Este período representou o declínio do Império Romano.<br />* Sufocado por uma crise militar e econômica, o Império foi dividido em dois: Ocidental, com sede em Roma; e Oriental, com sede em Constantinopla.<br />* Entre os fatores que causaram a queda da parte ocidental, podemos destacar o custo em manter os exércitos nas fronteiras; a perda de controle de regiões, devido ao tamanho do império; aumento dos impostos e corrupção, entre outros.<br />* A dificuldade em sustentar o exército, possibilitou o recrutamento de povos além das fronteiras de Roma, denominados bárbaros. A perda de controle das fronteiras também permitiu a migração cada vez maior destes povos.<br />* Assim, em 476, invasões violentas de povos bárbaros consolidaram a queda do Império Romano do Ocidente. O Império Romano do Oriente, porém, sobreviveu por mais alguns séculos.<br /><br />Você que estuda história, já teve dificuldades em visualizar os territórios ou regiões descritas por seu incansável professor? Se você é professor de história, já teve o desejo de poder usar mapas históricos em sala para não precisar ficar fazendo aqueles desenhos ridículos no quadro? ;)<br /><br />Se a resposta é sim, os artigos que estou desenvolvendo podem resolver estes problemas. Isto porque estou postando uma série de mapas históricos que vão ajudar você a entender melhor os fatos.<br /><br /><br />Para não haver problemas com direitos autorais, eu retirei as imagens do Atlas Histórico Escolar, produzido pelo MEC, e que está a disponível para download no portal Domínio Público.<br /><br />Vou inserir o mapa histórico e a explicação do mapa, em destaque. Ambos extraídos da obra citada acima e não refletem, necessariamente, a opinião deste servo. =D<br /><br /><br />Clique pra ampliar (muito) a imagem!<br /><br />>>> Não deixe de conferir:<br />Resumo: Roma Antiga<br /><br /> Migrações e Invasões dos Povos Bárbaros<br /><br /> Em 395, com a morte de Teodósio, o Império Romano foi dividido em dois: o Império do Ocidente, com capital em Roma, e o Império do Oriente, com capital em Constantinópolis (atual Constantinopla).<br /><br /> Já então estava o Império Romano do Ocidente em plena decadência.<br /><br /> É nesta situação que as primeiras ondas migratórias de bárbaros o vão encontrar. Roma não pôde resistir ás invasões sucessivas e, em 476, cai em poder do bárbaro Odoacro.<br /><br /> 0 Império do Oriente conseguiu sobreviver ao do Ocidente de um milênio, como unidade política.<br /><br /> Separado do mundo bárbaro, o também chamado Estado Bizantino, apesar de considerar-se como o legitimo herdeiro de Roma, tornou-se profundamente helenizado.<br /><br /> Evoluiu depois para estado semi-oriental, por sua aproximação com os problemas orientais.<br /><br /> A expansão do Islamismo alcançou o Império Bizantino. Coube aos turcos tomar Constantinopla, o que conseguiram em 1453, no tempo de Maomé II.Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-9093156112033316262010-12-01T15:12:00.000-02:002010-12-01T15:13:50.822-02:00[fechar]<br />Por favor leia:<br />Um apelo pessoal de<br />Jimmy Wales, fundador da Wikipédia<br />Close<br />História dos Estados Unidos<br />Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.<br />Ir para: navegação, pesquisa<br />Text document with red question mark.svg<br /> Este artigo ou secção contém uma lista de fontes ou uma única fonte no fim do texto, mas estas não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a verificabilidade. (desde setembro de 2010)<br />Por favor, melhore este artigo introduzindo notas de rodapé citando as fontes, inserindo-as no corpo do texto quando necessário. <br />Flag of the United States.svg<br />Este artigo faz parte da série<br />História dos Estados Unidos<br />Até 1754<br />1754 até 1789<br />1783 até 1815<br />1815 até 1865<br />1865 até 1918<br />1918 até 1945<br />1945 até 1964<br />1964 até 1991<br />1991 - presente<br />Cronologia<br /><br />A História dos Estados Unidos é a história de um país relativamente jovem, tendo declarado sua independência em 4 de julho de 1776, da Inglaterra. Esta independência seria reconhecida pelos britânicos em 1783, no Tratado de Paris. O território que atualmente constitui os Estados Unidos fora habitado por dezenas de tribos nativos americanas, anteriormente à chegada dos primeiros exploradores europeus na região. Durante o século XVI e o século XVII, estes territórios passaram a ser colonizados por diversos países europeus.<br /><br />Os britânicos colonizaram a região da costa atlântica, onde eventualmente foram fundadas um total de Treze Colônias. Estas colônias, inicialmente muito diferentes e afastadas politicamente e culturalmente entre si, uniram-se e declararam sua independência em 4 de julho de 1776, tendo esta independência reconhecida pelo Reino Unido após o fim da Revolução Americana de 1776, em 1783, sob os termos do Tratado de Paris. Desde então, os Estados Unidos gradualmente evoluiriam em uma superpotência, passando a exercer crescente influência política, econômica, militar e cultural no panorama mundial.<br />Índice<br />[esconder]<br /><br /> * 1 Até 1754<br /> * 2 1754 - 1783<br /> * 3 1783 - 1815<br /> * 4 1815 - 1865<br /> * 5 1865 - 1918<br /> * 6 1918 - 1945<br /> * 7 1945 - 1964<br /> * 8 1964 - 1991<br /> * 9 1991 - Tempos atuais<br /> * 10 Ver também<br /> * 11 Bibliografia<br /> * 12 Ligações externas<br /><br />[editar] Até 1754<br /><br /> Ver artigo principal: Período colonial dos Estados Unidos<br /><br />Diversas tribos nativos americanas viviam na região que atualmente constitui os Estados Unidos muito tempo antes da chegada dos primeiros europeus. Cada um destes grupos indígenas era composto por diversas tribos com culturas e idiomas semelhantes, que eram aliados ou neutros entre si. Entre os grupos indígenas dos Estados Unidos, destacam-se os iroqueses, os algonquinos, os hurões, os sioux, os apaches, os uto-astecas, os havaianos e os esquimós. Estas famílias indígenas estavam, por sua vez, divididas em várias tribos menores. Não se sabe ao certo o número total de nativos indígenas que viviam no atual Estados Unidos nos anos que precederam à chegada dos primeiros europeus. Estima-se este número entre um a quinze milhões de índios. Estes números também incluem astecas que viviam no sul do atual Estados Unidos.<br />Os primeiros colonos.<br /><br />Os primeiros europeus chegaram ao longo do século XVI. Diferentes nações exploraram e reivindicaram diferentes partes dos Estados Unidos. Os espanhóis foram os primeiros a explorarem as atuais regiões de Flórida, Texas, Novo México, Arizona e Califórnia. Tais regiões continuariam sobre controle hispânico até meados do século XIX. Os espanhóis fundaram o primeiro assentamento permanente em atual território americano, St. Augustine, em 28 de agosto de 1565. Os franceses instalaram-se ao longo da região central do atual Estados Unidos, e neerlandeses e suecos no nordeste. Durante a década de 1640 os neerlandeses expulsaram os suecos da região.<br /><br />A Virgínia foi a primeira colônia britânica nas Américas. A colônia britânica de Virgínia foi fundada em 1606. Jamestown foi o primeiro assentamento britânico fundado no continente americano. Os colonos britânicos esperavam encontrar ouro ou outros metais preciosos, mas nada encontraram. Ao invés disso, a Virgínia eventualmente tornou-se uma colônia agrária, passando a exportar tabaco para o Reino Unido a partir de 1612. A Virgínia também destaca-se por ter sido a primeira colônia a criar um sistema de governo, a Casa de Burgess, uma câmara legislativa.<br /><br />Outras províncias coloniais britânicas logo foram fundadas pelo Reino Unido, ao longo do Oceano Atlântico. Massachusetts foi fundada em 1620, e Nova Hampshire, em 1623. A colônia de Nova Iorque foi fundada em 1624. Esta última colônia duplicaria após os britânicos terem expulsado os neerlandeses do nordeste do atual Estados Unidos. Os neerlandeses estavam instalados no que atualmente constitui o sul do Estado de Nova Iorque, em uma colônia chamada Novos Países Baixos, cuja capital era Nova Amsterdam. Os Novos Países Baixos foram capturados em 1664 pelos britânicos, e Nova Amsterdam foi renomeada como Nova Iorque.<br /><br />O primeiro assentamento permanente em Connecticut foi fundado em 1633, Maryland em 1632, Rhode Island em 1636, Delaware em 1638, Pensilvânia em 1643, Carolina do Norte em 1653, Nova Jérsei em 1660, e a Carolina do Sul, em 1670. Maryland destaca-se por ter sido a primeira colônia a permitir a livre prática de qualquer religião.<br /><br />O Massachusetts destacou-se em seu pioneirismo na educação, tendo fundado a Faculdade de Harvard - atual Universidade de Harvard - em 1636 - a primeira instituição de educação superior nos atuais Estados Unidos - e o primeiro sistema de educação pública, em 1647. Entre a década de 1650 e a 1660, os britânicos gradualmente conquistaram os Novos Países Baixos, tendo anexado estas colônias neerlandesas definitivamente em 1664. Nova Amsterdão, capital e maior cidade destas colônias, foi renomeada como Nova Iorque. Em 1672, a primeira estrada de maior importância foi fundada nos Estados Unidos, conectando Boston com Nova Iorque. O primeiro jornal foi fundado em 1704, em Boston, sob o nome de Boston News-Letter.<br /><br />Em 1663, o Rei Carlos I de Inglaterra cedeu a região localizada entre a colônia britânica de Virgínia e a então colônia espanhola de Flórida para oito diferentes proprietários. Esta região era então chamada de Carolina. Em 1712, a Carolina foi dividida em três regiões. A região setentrional tornou-se a Carolina do Norte, e a região central tornou-se a Carolina do Sul. A região sul continuou escassamente habitado, e somente tornou-se oficialmente colônia britânica em 1733, sob o nome de Geórgia.<br /><br />Em 1753, a população dos Estados Unidos era de um 1,3 milhão de habitantes. A economia do país então era baseada primariamente na agricultura e na exportação de produtos agropecuários a outros países. Então, as Treze Colônias já atraíam milhares de imigrantes anualmente, tornando-se uma sociedade multicultural.<br />[editar] 1754 - 1783<br /><br /> Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1754-1783)<br /><br />O período da história dos Estados Unidos da América que estende-se de 1754 até 1783 é marcado pelo crescente movimento da população das Treze Colônias americanas pela independência. As relações entre os colonos americanos e os britânicos passaram a deteriorar-se rapidamente.<br /><br />Desde meados do século XVIII, tanto as colônias francesas quanto as colônias britânicas na América do Norte expandiram-se. Eventualmente, tanto a França quanto o Reino Unido reivindicaram o território que estendia-se dos Apalaches até o Rio Mississippi. Em 1754, a Guerra Franco-Indígena teve início, entre a colônia francesa de Nova França e as Treze Colônias britânicas. Esta guerra, por sua vez, é considerada parte de um conflito mundial, a Guerra dos Sete Anos. Diferentes tribos indígenas participaram na guerra, algumas ao lado dos britânicos, e outras ao lado dos franceses. Em 1763, o Reino Unido saiu-se vencedor. Segundo os termos do Tratado de Paris, o Reino Unido anexou todos os territórios franceses a oeste do Rio Mississippi - com exceção de New Orleans. Territórios franceses a oeste do Rio Mississippi, bem como New Orleans, tornaram-se colônias espanholas.<br />Revolução Americana de 1776.<br /><br />A Guerra dos Sete Anos endividou pesadamente o Reino Unido. Além disso, o Reino Unido, por passar a controlar um território muito maior, foi obrigada a aumentar seus custos em relação à defesa e manutenção da ordem em suas colônias. Como consequência, o governo britânico criou ou aumentou uma série de impostos em todo o Império Britânico, fato que desagradou muito a população americana. Como os colonos americanos não tinham representação no Parlamento do Reino Unido, estes colonos acreditaram que estes impostos eram injustos. Não aos impostos sem representação tornou-se um grito de guerra de vários colonos americanos. Como consequência, muitos colonos americanos passaram a boicotar produtos britânicos vendidos nas Treze Colônias. Em 1765, um grupo de representantes de nove das Treze Colônias juntaram-se em Massachusetts, e passaram a considerar a criação de uma ação conjunta contra o Reino Unido.<br /><br />À medida que as tensões entre britânicos e os americanos cresciam, os britânicos mandaram tropas no final da década de 1770, que ocuparam as duas maiores cidades americanas à época, Boston e Nova Iorque. Tensões entre colonos americanos e soldados britânicos resultaram no extermínio de cinco colonos americanos, em 5 de março de 1770. Em 1774, os britânicos aprovaram os Atos Intoleráveis, que fechava o porto de Boston e aumentava os poderes dos britânicos sobre as Treze Colônias, entre outras medidas. Os Atos Intoleráveis revoltaram a população americana. Em 5 de setembro de 1774, representantes de 12 das 13 colônias britânicas juntaram-se no Primeiro Congresso Continental, em Filadélfia, e decidiram paralisar todas as relações comerciais entre as colônias e o Reino Unido.<br /><br />A Revolução Americana de 1776 teve início em 19 de abril de 1775, quando tropas britânicas tentaram apreender armas e suprimentos militares do estado de Massachusetts. Porém, colonos derrotaram estas tropas britânicas. Representantes das Treze Colônias britânicas juntaram-se em Filadélfia, no Segundo Congresso Continental, em 10 de maio de 1775. Em 15 de junho, George Washington foi escolhido líder das forças rebeldes americanas. Em 23 de agosto, o Reino Unido oficialmente declarou guerra contra os rebeldes.<br />Declaração da Independência dos EUA.<br /><br />Em 4 de julho de 1776, o Segundo Congresso Continental declarou oficialmente a independência das Treze Colônias. A guerra pela independência estendeu-se entre 1776 e 1783. Inicialmente, os rebeldes americanos dispunham de uma pequena força armada, mal treinada, mal equipada, bem como faltavam líderes e comandantes. Além disso, faltavam armas, suprimentos e fundos econômicos. Apesar disso, a causa da independência era mais importante, e os rebeldes tinham a vantagem em lutar em um enorme e bem conhecido território, que era desconhecido pelas tropas britânicas enviadas às Treze Colônias. Inicialmente, os rebeldes sofreram diversas derrotas. Com o passar do tempo, porém, os rebeldes passaram a dominar a guerra. Os rebeldes americanos também receberam ajuda militar e econômica substancial da França e da Espanha.<br /><br />Em 3 de setembro de 1783, o Reino Unido reconheceu oficialmente sua derrota, através do Tratado de Paris, terminando oficialmente a guerra pela independência americana. Os Estados Unidos receberam todos os territórios britânicos ao sul dos Grandes Lagos e do Rio São Lourenço, a leste do Rio Mississippi, e ao norte da Flórida, ainda colônia espanhola.<br />[editar] 1783 - 1815<br /><br /> Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1783-1815)<br /><br />Em 1787, líderes e representantes dos treze Estados americanos escreveram a Constituição dos Estados Unidos da América, que tornou-se o pilar central do sistema político dos Estados Unidos da América, e centralizou o governo do recém-criado país. Todos os Estados americanos ratificaram a Constituição americana por volta de 1789, tornando-se assim oficialmente Estados dos Estados Unidos da América.<br /><br />A Constituição Americana instituiu um sistema de colégios eleitorais no país. Em 1789, George Washington, que fora o líder das forças rebeldes americanas na Revolução Americana de 1776, foi escolhido por unanimidade pelos membros do colégio eleitoral como o primeiro Presidente dos Estados Unidos da América. O governo dos Estados Unidos passou a operar de maneira centralizada ainda em 1789, com capital em Nova Iorque. Um ano depois, a capital mudou-se para Filadélfia.<br /><br />Os Estados Unidos então sofria de diversos problemas, como a falta de infra-estrutura e uma gigantesca dívida pública. Os problemas econômicos do país eram enormes. O país também estava dividido em dois: em um Norte cuja economia baseava-se primariamente no comércio doméstico e na indústria de manufaturação, e cuja população era primariamente contra o trabalho escravo, e em um Sul cuja economia dependia pesadamente da agricultura, cujos produtos - primariamente algodão - eram primariamente vendidos em outros países, e utilizava mão-de-obra escrava. Outro problema foi o início de uma nova guerra, entre a França e o Reino Unido e a Espanha. A França esperava ajuda militar dos americanos. Porém, alguns grupos políticos eram a favor, e outros eram contra. George Washington decidiu-se pela neutralidade, causando atritos políticos e militares entre a França e os Estados Unidos da América. Divergências entre diferentes grupos políticos levaram à criação de dois partidos políticos - o Partido Federalista e o Partido Democrata-Republicano.<br />Guerra de 1812.<br /><br />Diversos políticos queriam que o governo controlasse ativamente a economia do país. Outros eram contra a qualquer tipo de interveção do Estado na economia dos Estados Unidos. O Secretário de Estado americano Alexander Hamilton, que era a favor da intervenção do governo dentro da economia nacional, sugeriu aumentar impostos em certos produtos agropecuários, para a arrecadação de mais fundos, que seriam utilizados para o pagamento da dívida. Thomas Jefferson, um dos líderes do grupo contra a intervenção governamental na economia do país, foi contra inicialmente. Porém, Jefferson concordou em apoiar Hamilton, caso este decidisse suportar a mudança da capital americana para o sul. O Congresso americano aprovou o plano financeiro de Hamilton, e também em mudar a capital americana, que mudou-se definitivamente para Washington, Distrito de Columbia, em 1800.<br /><br />Em 1800, Thomas Jefferson foi eleito Presidente dos Estados Unidos, tendo sido reeleito em 1804. A ideologia político-social de Jefferson era um fraco governo centralizado, e politicamente democrático e balanceado, bem como ampla liberdade aos habitantes do país. Este ideal ficou conhecido como democracia jeffersoniana. Em 1803, Jefferson autorizou a compra de um enorme território, a Louisiana, que dobrou a extensão territorial do país. A Constituição americana não autorizava a compra de territórios estrangeiros, e diversos grupos políticos questionaram a validade da compra. Outros destaque durante o governo de Jefferson foi a ascensão da Suprema Corte.<br /><br />Em 1803, a França e o Reino Unido novamente entraram em guerra. Ambos os países atacaram navios mercantes americanos. Os Estados Unidos instituíram um embargo contra os dois países, em 1807. O embargo causou grande recessão econômica nos Estados Unidos, e tiveram pouco efeito tanto nos ataques quanto na economia britânica e francesa. James Madison tornou-se Presidente em 1809, e a França concordou em parar de atacar navios mercantes americanos. O Reino Unido, porém, continuou ativamente com estes ataques. Isto, aliado com rumores que constantes ataques indígenas no norte do país estavam sendo incentivados pelos britânicos, desencadearam a Guerra de 1812. Os Estados Unidos declararam guerra oficialmente em 12 de junho de 1812. Tropas americanas atacaram o sul do atual Canadá, mas eventualmente, contra-ataques britânicos forçaram os americanos a recuarem. Os britânicos capturaram e incendiaram prédios governamentais importantes de Washington, DC, em 1814. Eventualmente, porém, os americanos e os britânicos chegaram a um acordo. A guerra terminou em 1815, e nenhum lado oficialmente venceu a guerra. A Guerra de 1812, porém, criou um grande senso de orgulho e de nacionalismo americano, entre a população do país.<br />[editar] 1815 - 1865<br /><br /> Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1815-1865)<br /><br />Expansão americana rumo ao oeste.<br /><br />Após o término da Guerra de 1812, da derrota de Napoleão Bonaparte na Batalha de Waterloo e do Congresso de Viena, todos eventos ocorridos em 1815, uma era de relativa estabilidade iniciou-se na Europa. Líderes americanos passaram a prestar menos atenção a conflitos europeus, bem como o comércio com a Europa, e passaram a dedicar-se mais ao desenvolvimento doméstico do país. Em 1823, o Presidente americano James Monroe instituiu a Doutrina Monroe, onde Monroe avisava às potências européias a não interferirem com nenhuma nação livre no continente americano.<br /><br />Com o fim da aliança dos britânicos com os nativos americanos, colonos americanos passaram a colonizar áreas, habitadas primariamente por indígenas - muitos dos quais haviam sido movidos à força para a região, da costa atlântica, por ordem do governo americano. Durante a década de 1830, o governo federal deportou forçadamente tribos indígenas do sudeste do país para territórios menos férteis no oeste. Este caso foi parar na Suprema Corte americana, que julgou o caso a favor dos indígenas. Mesmo assim, o Presidente americano à época, Andrew Jackson, ignorou o mandato da Suprema Corte.<br /><br />Ao longo das primeiras décadas do século XIX, milhares de americanos e imigrantes recém-chegados no país passaram a mover-se em direção ao oeste. Foi o início da expansão americana em direção ao Oceano Pacífico. Muitos destes assentadores instalaram-se até mesmo em áreas não controladas pelos americanos à época, especialmente no Texas e na Califórnia. À medida que a população de regiões e territórios na região central e oeste dos Estados Unidos gradualmente aumentaram, novos territórios e estados foram criados. Este movimento em direção ao oeste foi em parte estimulado pelo Destino Manifesto, criado em 1823.<br /><br />Então, milhares de colonos viviam em território não-americano, ou em regiões disputadas por outros países. As pessoas que apoiavam o Destino Manifesto acreditavam que os Estados Unidos deveriam controlar toda a América do Norte. Os habitantes americanos que viviam nestas regiões passaram a exigir a anexação destas regiões por parte do governo americano. Estas regiões incluem o norte do México e o Oregon Country, uma região localizada no noroeste dos atuais Estados Unidos e no sudoeste do Canadá, e disputada com o Reino Unido.<br /><br />Em 1839, o Texas tornou-se independente, tornando-se uma república. O Texas foi anexado pelos Estados Unidos em 1845. Em 1846, o Reino Unido cedeu a região sul do Território de Oregon para os Estados Unidos. Ainda no mesmo ano, a Guerra Mexicano-Americana teve início. A guerra teve fim em 1848, terminando com vitória americana. No Tratado de Guadalupe Hidalgo, assinado em 2 de fevereiro de 1848, o México oficialmente cedia toda a região norte do país para os Estados Unidos. Em 1853, os Estados Unidos compraram uma pequena região, na Compra de Gadsden, que constitui o sul dos atuais Estados de Arizona e Novo México.<br /><br />Os Estados Unidos já eram então na década de 1850 uma grande potência econômica e militar. Milhares de imigrantes vindos de países europeus instalavam-se anualmente nos Estados Unidos. Porém, as diferenças políticas, sociais e econômicas entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos haviam crescido drasticamente desde que o país tornara-se independente em 1783. A população do Norte havia crescido drasticamente, e tinha o quase o triplo da população do Sul. A maior parte dos imigrantes instalavam-se no Norte, cuja economia era pesadamente industrializada, e cuja população era contra o uso do trabalho escravo. O Sul, por sua vez, continuava dependente das exportações de algodão para países europeus.<br />Guerra Civil Americana.<br /><br />A maior população dos estados do Norte fez com que esta passasse a dominar a Câmara de Representantes. O equilíbrio político então era somente mantido pelo igual número de estados pró-escravidão e pró-abolicionismo no Senado. Porém, a expansão do país em direção ao oeste criou grande controvérsia. Nortistas acreditavam que a escravidão deveria ser efetivamente proibida nos novos estados que seriam fundados no oeste do país. Já os sulistas eram contra esta proposta. O equilíbrio político no Senado foi mantido até o início da década de 1860, com Estados pró-abolicionistas somente sendo criados quando um segundo Estado, pró-escravista, também era criado. O equilíbrio foi quebrado em 1861, quando o Kansas foi admitido à União como Estado pró-abolicionista. O domínio dos pró-abolicionistas no Congresso americano e a eleição do pró-abolicionista republicano Abraham Lincoln em 1860 fizeram com que 11 Estados pró-escravistas anunciassem secessão dos Estados Unidos, e a fundação dos Estados Confederados da América.<br /><br />A Guerra Civil Americana teve início em 12 de abril de 1861, quando tropas confederadas atacaram tropas da União em Charleston. A União, ou os Estados Unidos propriamente ditos, dispunha de maior força industrial, econômica e militar, bem como maior população. Os confederados, porém, estavam dispostos a lutar por sua causa. Durante o início da guerra, os confederados venceram diversas batalhas. Porém, a União gradualmente passou a controlar a guerra. Em 1 de janeiro de 1863, Lincoln proclamou, em um gesto simbólico, a Proclamação de Emancipação, que dava liberdade a todo escravo em território confederado. A rendição da principal força confederada, controlada por Robert E. Lee, em 9 de abril de 1865, marca em prática o fim da Guerra Civil, que terminaria oficialmente em 28 de junho, com a rendição das últimas tropas confederadas.<br />[editar] 1865 - 1918<br /><br /> Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1865-1918)<br /><br />Ascensão do imperialismo americano.<br /><br />A Guerra Civil Americana causou grande destruição nos Estados Unidos - especialmente no sul do país. Nenhum conflito causou a morte de mais americanos do que a Guerra Civil Americana. Entre 600 a 700 mil americanos perderam suas vidas nesta guerra civil, mais do que as baixas americanas em todas as guerras que os Estados Unidos estiveram envolvidos desde a Revolução Americana de 1776 até os dias atuais. O Sul, após o final da guerra, foi ocupada por forças americanas. A economia da região então estava completamente destruída. O período que estende-se do final da guerra até 1877, quando as últimas forças americanas desocuparam o Sul, é conhecido como Reconstrução.<br /><br />Conflitos entre políticos nortistas apareceram quanto ao processo de readmissão dos Estados do Sul para os Estados Unidos da América. Estes políticos dividiam-se em dois grupos: os moderados e os radicais. Os moderados, liderados ao longo da guerra por Abraham Lincoln e posteriomente pelo Vice-Presidente Andrew Jackson (que assumiu o posto de Presidente), queriam por um fim definitivo às diferenças políticas, culturais, econômicas e sociais entre o Sul e o Norte, e eram contra a imposição de punições. Já os radicais exigiam grandes punições contra o Sul. Os radicais, após a guerra, conseguiram aprovar no Congresso americano pesadas punições contra o Sul, e mesmo iniciaram um processo de impeachment contra Jackson. O Senado americano rejeitou este processo por apenas um voto, em 1868.<br /><br />Os nortistas instalaram nos Estados e nas principais cidades e condados do Sul governos comandados por republicanos, protegidos pelas tropas nortistas. A população do Sul ressentia a presença tanto dos republicanos quanto das tropas. Entre os políticos instalados no poder nestas subdivisões, estiveram diversos afro-americanos, colocados no poder pelo governo americano primariamente com o propósito de humilhar a população branca sulista. O governo americano proibiu o uso do trabalho escravo ainda em 1865, confirmou a cidadania de todos os afro-americanos no país em 1868, e permitiu que qualquer pessoa afro-americana do sexo masculino também tivesse o direito de voto. Apesar disto, a discriminação contra afro-americanos continuaria abertamente em todo o país durante o próximo século no país.<br /><br />A Reconstrução terminou em 1877. A economia dos Estados Unidos desenvolveu-se rapidamente, grandes malhas ferroviárias foram construídas ao longo do país. Este crescimento estava centralizado primariamente nas cidades. Como consequência, grande migração dos campos para as cidades ocorreram. Os Estados Unidos expandiram seu território em 1867, com a adquisição do Alasca, da Rússia. Em 1898, o Havaí foi anexado pelos Estados Unidos. No mesmo ano, os Estados Unidos entraram em guerra contra a Espanha, na Guerra Hispano-Americana, saindo-se vencedora, e adquirindo Cuba e o Porto Rico. Os americanos conquistaram as Filipinas - então colônia espanhola - em 1903.<br />Tio Sam e a Primeira Guerra Mundial.<br /><br />Mais de 25 milhões de imigrantes instalaram-se nos Estados Unidos, entre 1870 e 1916, causando grande crescimento populacional - de 40 milhões de habitantes em 1870 para mais de 100 milhões em 1916. Os principais motivos foram a rápida industrialização dos estados do Norte, a substituição de mão-de-obra escrava por mão-de-obra imigrante nos estados do Sul, e primariamente por causa do Ato Homestead, que dava lotes de terra no oeste americano a baixo ou nenhum custo, incentivando assim o povoamento do oeste americano. Este povoamento, porém, assinalou o fim do estilo de vida das tribos indígenas nos Estados Unidos. Em ordem para dar espaço à cidades e fazendas, os americanos forçaram os indígenas a moverem-se para reservas indígenas. Estes resistiram inicialmente, atacando fazendas e cidades americanas, mas todos os movimentos de resistência por parte dos indígenas acabaram em 1900.<br /><br />Em 1914, a Primeira Guerra Mundial teve início. Os Estados Unidos não entraram inicialmente na guerra, mas cedeu empréstimos e suprimentos às duas principais potências da Tríplice Entente - Reino Unido e a França. Em 1917, os Estados Unidos entraram na guerra, ao lado da Tríplice Entente, por causa do afundamento de diversos navios americanos por submarinos alemães. Após o final da guerra, as potências Aliadas impuseram pesadas punições contra a Alemanha, sob os termos do Tratado de Versalhes, apesar da insistência do Presidente americano Woodrow Wilson por termos razoáveis de punição. O impacto econômico do tratado na Alemanha foi severo, e a humilhação imposta por este tratado foi uma das razões primárias para que Adolf Hitler assumisse o poder da Alemanha em 1933. Os Estados Unidos não ratificaram o tratado, e ao invés disso, assinaram tratados de paz diferentes com a Alemanha e suas aliadas. A guerra não alcançou os ideais que Wilson prometera, e os americanos decidiram isolar-se do resto do mundo, passando a dar mais atenção a problemas domésticos, longe de relações internacionais.<br />[editar] 1918 - 1945<br /><br /> Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1918-1945)<br /><br />Grande Depressão.<br /><br />Os Estados Unidos até então prosperaram de uma forma muito balanceada. Durante a maior parte da década de 1920, os Estados Unidos passaram por um período de prosperidade não balanceada. Enquanto a indústria de manufatura e a venda de novos produtos recém-inventados, como rádio, filmes e automóveis, crescia, os preços para produtos agropecuários e os salários dos trabalhadores caíram em todo o país. A qualidade de vida nas áreas urbanas crescia gradualmente, e dramáticas melhorias no sistema de planejamento urbano destas áreas urbanas ocorreram, a qualidade de vida caiu nas áreas rurais. Uma das razões da prosperidade econômica em geral dos Estados Unidos durante a década de 1920 foi a extensão de crédito a níveis perigosos, incluindo nas bolsas de valores, que cresceram para níveis perigosamente inflados.<br /><br />Em 1920, o Congresso americano aprovou a proibição da fabricação, venda, importação e exportação de bebidas alcoólicas em todo os Estados Unidos, em uma tentativa de minimizar diversos problemas sociais. Este ato do Congresso americano ficou conhecido como Prohibition, que terminou em 1933, não tendo sucedido em reduzir o consumo de álcool, e fortalecendo o crime organizado no país. A Proibição, de qualquer maneira, foi a primeira emenda à Constituição americana que regulava diretamente a atividade social, representando o crescente fortalecimento do Estado no país durante as primeiras décadas do século XX.<br /><br />A quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, ocorrida em 1929, marca o início de um período de uma década conhecido como Grande Depressão, caracterizada por grande recessão econômica no país. As causas da quebra da bolsa de valores e da Grande Depressão em si são assunto de grande controvérsia até os dias atuais. A quantidade limitada de informações da economia da época sugerem que a indústria de construção e o setor imobiliário estagnaram em 1926, juntando-se ao declínio das indústrias da agricultura, pecuária, mineração e do petróleo. Em todos estes setores, a superprodução e a competição de produtos de outros países baixaram preços e lucros. Os salários não cresceram rápido o suficiente para permitir a possíveis consumidores a compra de novas residências e de outros produtos à venda à época. A exportação de produtos industrializados gradualmente caía, por causa da ascensão do protecionismo no mundo industrializado. A quebra da bolsa de valores drenou a confiança de possíveis consumidores e, mais importante, a confiança de instituições financeiras. Estas tornaram-se extremamente relutantes em investir. Por isto, a economia americana caiu em uma severa depressão econômica. A Grande Depressão foi marcada por níveis muito altos de desemprego, investimentos negligíveis e grande deflação.<br /><br />Em resposta à recessão, o Congresso e o então Presidente americano Hebert Hoover aprovaram uma tarifa alfandegária, o Ato Tarifário Smoot-Hawley, e, juntamente com outros atos públicos, tentou fixar preços a fazendeiros, e criou um programa de ajuda social, que passou a empregar centenas de pessoas, acreditando que o governo americano era obrigado a manter os níveis de emprego em alta, mas que deveria intrometer-se diretamente o menos possível na economia do país. Estes esforços não tiveram precedentes, e economistas atualmente ainda não chegaram a um consenso sobre a devida precaução destas políticas. Enquanto alguns acreditam que estas medidas pouco serviriam a curto prazo, e foram insuficientes, dado a magnitude da depressão, outros acreditam que estas políticas foram destrutivas, e contribuíram para a agravação da Grande Depressão.<br />Desembarque da Normandia em 1944.<br /><br />Com milhões de pessoas desempregadas, grande descontentamento entre a população americana começou a surgir entre as classes trabalhadoras dos Estados Unidos. Uma resposta repressiva do governo americano poderia causar uma revolução socialista a qualquer momento, mas o Presidente Franklin Delano Roosevelt, eleito em 1932, implementou o New Deal, que aumentava a participação e a intervenção do governo americano na economia do país, instituía novas regulações em instituições de comércio - especialmente bancos - para maior estabilidade da economia do país, e criavam um número de programas de ajuda social e econômica aos pobres e desempregados. O ápice da Grande Depressão ocorreu em 1933, e gradualmente desde então, a economia do país gradualmente recuperou-se, embora muito lentamente, apresentando poucas melhorias até o fim da década, e somente terminando com o início da Segunda Guerra Mundial.<br /><br />O sentimento isolacionista americano caíra, mas tanto a população americana quanto o governo inicialmente eram contra o envolvimento do país na guerra, limitando-se a fornecer suprimentos para o Reino Unido, a China e a União Soviética. Porém, este sentimento mudou drasticamente após o Ataque a Pearl Harbor pela força aérea japonesa, em 7 de dezembro de 1941, e os Estados Unidos rapidamente aliaram-se com os britânicos e os soviéticos, contra o Japão, a Itália e a Alemanha nazi. Mesmo com o envolvimento americano, quase quatro anos foram necessários para a derrota final da Alemanha e do Japão. Em agosto de 1945, bombadeiros americanos realizaram ataques nucleares com bombas atómicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Estes ataques causaram cerca de 300 mil mortos instantaneamente, e um número indeterminado de vítimas posteriormente, devido à contaminação pela radiação. A participação dos Estados Unidos foi essencial na prevenção de uma eventual vitória total das potências do Eixo na Europa e na Ásia.<br />[editar] 1945 - 1964<br /><br /> Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1945-1964)<br /><br />Movimento dos direitos civis.<br /><br />Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos experimentaram um período de grande crescimento econômico. As potências Aliadas (que incluíam os Estados Unidos) financiaram a reconstrução da Alemanha e do Japão, e eventualmente transformaram estes países de ex-inimigos em aliados.<br /><br />A era pós-guerra nos Estados Unidos foi marcado internacionalmente pelo início da Guerra Fria, onde os Estados Unidos e a União Soviética tentaram expandir sua influência no resto do mundo, à custa de outros países. Esta guerra foi balanceada pelos massivos arsenais nucleares destes países. O resultado foi uma série de conflitos durante este período, incluíndo a Guerra da Coréia em 1950 a 1953 (que resultou em status quo) e a tensa Crise dos mísseis de Cuba de 1962. Dentro dos Estados Unidos, a Guerra Fria gerou preocupações sobre a influência comunista, e também resultou em tentativas do governo americano em encorajar matemática e ciências nos esforços em vencer a corrida espacial.<br /><br />Este período da história americana caracteriza-se pela explosão populacional do país. Foi o período da explosão populacional americana. Enquanto isto, a migração rural, que foi intensa desde o final da Guerra Civil Americana, começou a cair gradualmente, e o país experienciou um período de expansão econômica sustentável. Ao mesmo tempo, o racismo ao longo do país - especialmente no sul - começou a ser combatido com o crescente movimento dos direitos civis, e por líderes afro-americanos tais como Martin Luther King. Ao longo da década de 1950 e do início da década de 1960, todas as leis de segregação social nos Estados Unidos foram removidas do governo americano, e todos os estados do país foram obrigados a fazer o mesmo. Destacam-se também o início do movimento feminista, do movimento jovem e da criação da geração gap.<br /><br />O final deste período caracteriza-se pelo início da escalação da Guerra do Vietnã, que teve início em 1957, e duraria até 1975, pelo clímax das tensões entre as os Estados Unidos e a União Soviética, e pelo termo de ofício do Presidente John F. Kennedy, que seria assassinado em 22 de novembro de 1963.<br />[editar] 1964 - 1991<br /><br /> Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1964-1991)<br /><br />Guerra do Vietnã.<br /><br />A crescente impopularidade da Guerra do Vietnã alimentou movimentos sociais já existentes, incluindo o movimento feminismo, minorias étnicas e os jovens. A "Grande Sociedade" do Presidente Lyndon Johnson foi um programa governamental extensivo que incluía a implementação de programas sociais. Durante a década de 1970, o sucessor de Johnson, Richard Nixon, trouxe a Guerra do Vietnã ao fim, à medida que o governo do Vietnã do Sul gradualmente entrava em colapso. A guerra custou aos Estados Unidos 58 mil vidas americanas. O próprio Nixon foi obrigado a renunciar, com o escândalo político de Watergate. O embargo do petróleo da OPEP em 1973 causou a diminuição do crescimento econômico do país, e levou a um período de estagnação econômica, sob o termo de ofício do Presidente Jimmy Carter, durante o final da década de 1970. Então, estações espaciais já haviam sido lançadas, em 1971, e grandes avanços na indústria aeroespacial ocorreram nos Estados Unidos, juntamente com seu oponente, a União Soviética.<br /><br />O crescente intervencionismo americano em assuntos de outros países, como a aliança e o suposto apoio financeiro e político à política da conquista de territórios árabes (em especial, a Palestina) por parte de Israel fez dos Estados Unidos, cidadãos americanos e instalações militares americanas em outros países, alvo de ataques. Estes ataques passaram a ter início durante a década de 1970. A presença cada vez maior das multinacionais americanas mundo afora fez com que muitos acusassem os Estados Unidos de imperialismo.<br /><br />Durante a década de 1980, o Presidente Ronald Reagan foi eleito, e instituiu um programa doméstico de cortes em impostos, e um programa internacional agressivo anti-soviético. Embora o déficit dos Estados Unidos expandiu-se rapidamente, o Bloco Socialista começou a entrar em colapso. O colapso ocorreu em 1991, durante o termo do Presidente George H. W. Bush.<br />[editar] 1991 - Tempos atuais<br /><br /> Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1991-presente)<br /><br />Ataques de 11 de Setembro de 2001.<br /><br />Apesar da queda da União Soviética, os Estados Unidos viram-se envolvidos noutra ação militar, a Guerra do Golfo, ocorrida em 1990. Essa ação militar foi necessária depois do exército de Saddam Hussein invadir o Kuwait. O Conselho de Segurança da ONU votou a favor do ataque contra o Iraque e pela expulsão das tropas iraquianas do Kuwait. Essa campanha militar bem sucedida foi empreendida pelo governo americano do Presidente George H. W. Bush que foi sucedido pelo democrata Bill Clinton, em 1992. Clinton liderou os Estados Unidos durante o mais longo período de expansão econômica da história americana, um efeito colateral da revolução digital e de novas oportunidades de negócios criadas pela Internet.<br /><br />Em 11 de setembro de 2001, já sob a liderança do Presidente George W. Bush, os Estados Unidos sofreram o pior atentado terrorista da história do país e do mundo, que culminou na destruição do World Trade Center, na parcial destruição do Pentágono e na morte de cerca de 3 mil pessoas. Este ataque terrorista, conhecido como Ataques de 11 de Setembro, foi orquestrado pela Al Qaeda, comandada por Osama Bin Laden. Em resposta aos ataques de 11 de setembro, sob a administração do Presidente George W. Bush, os Estados Unidos, com suporte da OTAN e o apoio da ONU, invadiu o Afeganistão e derrubou os Taliban do poder do país com a ajuda da Aliança do Norte, apresentando como justificativa o suposto suporte financeiro, treinamento militar dado pelo país a terroristas, inclusivamente a Al Qaeda.<br /><br />No entanto, a não captura de Bin-Laden, possibilitou ao Presidente George W. Bush continuar o que ficou conhecido como Guerra Contra o Terror. O primeiro evento significativo desta empreitada foi a invasão do Iraque em 2003, depois que polêmicas em torno da posição do ditador iraquiano, Saddam Hussein, com respeito a inspeções de supostas armas de destruição em massa, levaram o governo de George W Bush a tentar aprovar no Conselho de Segurança da ONU, sem sucesso, a invasão do Iraque e a deposição de Saddam Hussein.<br /><br />Mesmo sem o aval do Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos invadiram o Iraque, juntamente como outros países aliados tais como o Reino Unido, a Itália e a Espanha, levando rapidamente à deposição e à prisão de Saddam Hussein. Esta segunda invasão mostrou-se contrária a alguns interesses da comunidade internacional, entre países como a França, a Alemanha e a Rússia.<br /><br />Em 16 de dezembro de 2005, a lei H.R. 4437 foi aprovada pela Câmara dos Representantes. A lei possui o alvo de reforçar o controle americano contra a imigração ilegal, tornando mais rigorosa as medidas contra imigrantes ilegais, e tornando um ato criminoso ajudar um imigrante ilegal permanecer no país. A lei, que está atualmente sendo discutida no Congresso, gerou grandes manifestações populares em diversas cidades do país.<br />[editar] Ver também<br /><br /> * Cronologia da História dos Estados Unidos<br /><br />[editar] Bibliografia<br /><br /> * Johnson, Paul M. A History of the American People. [S.l.]: Harper Perennial, 1999. ISBN 0-06-093034-9<br /> * Karnal, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao século XX. [S.l.]: Contexto, 2007. ISBN 978-85-7244-361-6<br /> * Purvis, Thomas L. A Dictionary of American History. [S.l.]: Blackwell Publishers, 1997. ISBN 1-57718-099-2<br /><br />[editar] Ligações externas<br />O Wikimedia Commons possui uma categoria contendo imagens e outros ficheiros sobre História dos Estados Unidos<br /><br /> * Political institutions History (em inglês)<br /><br />[Expandir]<br />v • e<br />Tópicos sobre os Estados Unidos<br />História Até 1754 · 1754 até 1789 · 1783 até 1815 · 1815 até 1865 · 1865 até 1918 · 1918 até 1945 · 1945 até 1964 · 1964 até 1991 · 1991 - presente USA Flag Map.png<br />Política Missões diplomáticas<br />Subdivisões Estados · Condados · Territórios<br />Geografia <br />Economia Turismo<br />Demografia · Imigração nos Estados Unidos da América · Afro-americano · Anglo-americano · Povos nativos dos Estados Unidos · Problemas sociais<br />Infra-estrutura Transportes dos Estados Unidos · Comunicações dos Estados Unidos<br />Cultura Cinema dos Estados Unidos · Literatura dos Estados Unidos da América · Teatro nos Estados Unidos da América · Pintura nos Estados Unidos da América · Culinária dos Estados Unidos<br />Símbolos nacionais Bandeira<br />Outros tópicos Forças Armadas · Rankings internacionais · Homossexualidade<br />Portal · WikiProjeto<br />[Expandir]<br />v • e<br />História da América do Norte<br />Países: Canadá • Estados Unidos • México Territórios: Gronelândia • Saint-Pierre e Miquelon • Bermudas História da América do Norte<br /><br /> * Portal da história<br /> * Portal dos Estados Unidos<br /><br />Obtida de "http://pt.wikipedia.org/wiki/Hist%C3%B3ria_dos_Estados_Unidos"<br />Categoria: História dos Estados Unidos<br />Categorias ocultas: !Artigos que carecem de notas de rodapé desde Setembro de 2010 | !Artigos destacados na Wikipédia em italiano<br />Ferramentas pessoais<br /><br /> * Entrar / criar conta<br /><br />Espaços nominais<br /><br /> * Artigo<br /> * Discussão<br /><br />Variantes<br /><br />Vistas<br /><br /> * Ler<br /> * Editar<br /> * Ver histórico<br /><br />Ações<br /><br />Busca<br />Pesquisar<br />Navegação<br /><br /> * Página principal<br /> * Conteúdo destacado<br /> * Eventos atuais<br /> * Esplanada<br /> * Página aleatória<br /> * Portais<br /><br />Colaboração<br /><br /> * Boas-vindas<br /> * Ajuda<br /> * Página de testes<br /> * Portal comunitário<br /> * Mudanças recentes<br /> * Estaleiro<br /> * Criar página<br /> * Páginas novas<br /> * Contato<br /> * Donativos<br /><br />Imprimir/exportar<br /><br /> * Criar um livro<br /> * Descarregar como PDF<br /> * Versão para impressão<br /><br />Ferramentas<br /><br /> * Páginas afluentes<br /> * Alterações relacionadas<br /> * Carregar ficheiro<br /> * Páginas especiais<br /> * Link permanente<br /> * Citar esta página<br /><br />Noutras línguas<br /><br /> * Afrikaans<br /> * العربية<br /> * Български<br /> * Bosanski<br /> * Català<br /> * Česky<br /> * Cymraeg<br /> * Dansk<br /> * Deutsch<br /> * English<br /> * Esperanto<br /> * Español<br /> * Euskara<br /> * فارسی<br /> * Suomi<br /> * Français<br /> * Galego<br /> * עברית<br /> * Hrvatski<br /> * Magyar<br /> * Bahasa Indonesia<br /> * Italiano<br /> * 日本語<br /> * ქართული<br /> * 한국어<br /> * Lietuvių<br /> * Latviešu<br /> * Македонски<br /> * Bahasa Melayu<br /> * Mirandés<br /> * Nederlands<br /> * Norsk (bokmål)<br /> * Polski<br /> * Română<br /> * Русский<br /> * Srpskohrvatski / Српскохрватски<br /> * Simple English<br /> * Slovenčina<br /> * Slovenščina<br /> * Shqip<br /> * Српски / Srpski<br /> * Svenska<br /> * ไทย<br /> * Türkçe<br /> * Українська<br /> * Tiếng Việt<br /> * 中文<br /><br /> * Esta página foi modificada pela última vez às 19h48min de 19 de novembro de 2010.<br /> * Este texto é disponibilizado nos termos da licença Atribuição-Compartilhamento pela mesma Licença 3.0 Unported (CC-BY-SA); pode estar sujeito a condições adicionais. 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Cardoso<br />1º.01.1995 a<br />1º.01.1999<br /> <br /><br />Itamar Franco<br />02.10.1992 a<br />1º.01.1995<br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br />Fernando Collor<br />15.03.1990 a<br />02.10.1992<br /> <br /><br />José Sarney<br />15.03.1985 a<br />15.03.1990<br /> <br /><br />Tancredo Neves<br /> <br /><br />João B. Figueiredo<br />15.03.1979 a<br />15.03.1985<br /> <br /><br />Ernesto Geisel<br />15.03.1974 a<br />15.03.1979<br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br />Emílio G. Médici<br />30.10.1969 a<br />15.03.1974<br /> <br /><br />Márcio Melo<br />31.08.1969 a<br />30.10.1969<br /> <br /><br />Augusto Radamaker<br />31.08.1969 a<br />30.10.1969<br /> <br /><br />Aurélio Lyra<br />31.08.1969 a<br />30.10.1969<br /> <br /><br />Costa e Silva<br />15.03.1967 a<br />31.08.1969<br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br />Castello Branco<br />15.04.1964 a<br />15.03.1967<br /> <br /><br />Paschoal R. Mazzilli<br />02.04.1964 a<br />15.04.1964<br /> <br /><br />João Goulart<br />24.01.1963 a<br />1º.04.1964<br /> <br /><br />João Goulart<br />08.09.1961 a<br />24.01.1963<br /> <br /><br />Paschoal R. Mazzilli<br />25.08.1961 a<br />08.09.1961<br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br />Jânio Quadros<br />31.01.1961 a<br />25.08.1961<br /> <br /><br />Juscelino Kubitschek<br />31.01.1956 a<br />31.01.1961<br /> <br /><br />Nereu de O. Ramos<br />11.11.1955 a<br />31.01.1956<br /> <br /><br />Carlos Luz<br />08.11.1955 a<br />11.11.1955<br /> <br /><br />Café Filho<br />24.08.1954 a<br />08.11.1955<br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br />Getúlio Vargas<br />31.01.1951 a<br />24.08.1954<br /> <br /><br />Gaspar Dutra<br />31.01.1946 a<br />31.01.1951<br /> <br /><br />José Linhares<br />29.10.1945 a<br />31.01.1946<br /> <br /><br />Getúlio Vargas<br />10.11.1937 a<br />29.10.1945<br /> <br /><br />Getúlio Vargas<br />20.07.1934 a<br />10.11.1937<br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br /> <br /><br />Getúlio Vargas<br />03.11.1930 a<br />20.07.1934<br /> <br /><br />Augusto Fragoso<br />24.10.1930 a<br />03.11.1930<br /> <br /><br />Isaías de Noronha<br />24.10.1930 a<br />03.11.1930<br /> <br /><br />Menna Barreto<br />24.10.1930 a<br />03.11.1930<br /> <br /><br />Júlio Prestes<br /> <br /><br /> <br /><br />Washington Luís<br />15.11.1926 a<br />24.10.1930<br /> <br /><br />Arthur Bernardes<br />15.11.1922 a<br />15.11.1926<br /> <br /><br />Epitácio Pessoa<br />28.07.1919 a<br />15.11.1922<br /> <br /><br />Delfim Moreira<br />15.11.1918 a<br />28.07.1919<br /> <br /><br />Rodrigues Alves<br /> <br /><br />Wenceslau Braz<br />15.11.1914 a<br />15.11.1918<br /> <br /><br />Hermes Fonseca<br />15.11.1910 a<br />15.11.1914<br /> <br /><br />Nilo Peçanha<br />14.06.1909 a<br />15.11.1910<br /> <br /><br />Affonso Penna<br />15.11.1906 a<br />14.06.1909<br /> <br /><br />Rodrigues<br />Alves<br />15.11.1902 a<br />15.11.1906<br /> <br /><br /> <br /><br />Campos Salles<br />15.11.1898 a 15.11.1902<br /> <br /><br />Prudente de Moraes<br />15.11.1894 a 15.11.1898<br /> <br /><br />Floriano Peixoto<br />23.11.1891 a 15.11.1894<br /> <br /><br />Deodoro da Fonseca<br />25.02.1891 a<br />23.11.1891<br /> <br /><br />Deodoro da Fonseca<br />15.11.1889 a<br />25.02.1891<br /><br />Publicado em Imagens & Gestos<br />Brasil – Presidentes<br />•26, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />1) Marechal Deodoro da Fonseca (15/11/1889-25/02/1891)<br /><br />Nascido em Alagoas, em 1827. Assumiu a chefia do governo provisório em 15 de novembro de 1889, na qualidade de comandante do movimento armado, do qual resultou a proclamação da República. Foi eleito presidente pelo Congresso Nacional a 25 de fevereiro de 1891.<br /><br />2) Marechal Floriano Peixoto (23/11/1891-15/11/1894)<br />Nascido em Maceió (Alagoas), em 1839. Na qualidade de vice-presidente, exerceu a Presidência até o fim do quadriênio, autorizado pelo Congresso Nacional, após a renúncia do titular, Deodoro da Fonseca.<br /><br />3) Prudente de Moraes (15/11/1894-15/11/1898)<br />Nascido em Itú (São Paulo), em 1841. Eleito diretamente.<br /><br />4) Campos Sales (15/11/1892-15/11/1902)<br />Nascido em Campinas (São Paulo), em 1841. Eleito diretamente.<br /><br />5) Rodrigues Alves (15/11/1902-15/11/1906)<br />Nascido em Guaratinguetá (São Paulo), em 1848. Eleito diretamente.<br /><br />6) Afonso Pena (15/11/1906-14/06/1909)<br />Nascido em Santa Bárbara (Minas Gerais), em 1847. Eleito diretamente.<br /><br />7) Nilo Peçanha (14/06/1909-15/11/1910)<br />Nascido em Campos (Rio de Janeiro), em1867. Como vice-presidente, assumiu o governo em virtude do falecimento do titular, Afonso Pena.<br /><br />8) Marechal Hermes da Fonseca (15/11/1910-15/11/1914)<br />Nascido em São Gabriel (Rio Grande do Sul), em 1855. Eleito diretamente.<br /><br />9) Venceslau Brás (15/11/1914-15/11/1918)<br />Nascido em São Caetano da Vargem Grande (Minas Gerais), em 1868. Eleito diretamente.<br /><br />10) Delfim Moreira (15/11/1918-28/07/1919)<br />Nascido em Cristina (Minas Gerais), em 1868. Eleito vice-presidente diretamente. Exerceu a Presidência em substituição ao titular, Rodrigues Alves, que não chegou a tomar posse por motivo de saúde.<br /><br />11) Epitácio Pessoa (28/07/1919-15/11/1922)<br />Nascido em Umbuzeiro (Paraíba), em 1865. Eleito diretamente.<br /><br />12) Artur Bernardes (15/11/1922-15/11/1926)<br />Nascido em Viçosa (Minas Gerais), em 1875. Eleito diretamente.<br /><br />13) Washington Luís (15/11/1926-24/10/1930)<br />Nascido em Macaé (Rio de Janeiro), em 1869. Eleito diretamente.<br /><br />14) Governo Provisório: General Menna Barreto, General Tasso Fragoso e Almirante Isaías de Noronha (24/10/1930-03/11/1930).<br />Menna Barreto, nascido em Porto Alegre (Rio Grande do Sul), em 1874; Tasso Fragoso, nascido em São Luís (Maranhão), em 1869; Isaías de Noronha, nascido no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1873. Esta junta governativa assumiu provisoriamente porque o presidente eleito, Júlio Prestes de Albuquerque, não chegou a tomar posse, tendo em vista a eclosão do movimento revolucionário de 24 de outubro de 1930.<br /><br />15) Getúlio Vargas (03/11/1930-29/10/1945)<br /><br />16) José Linhares (29/10/1945-31/01/1946)<br />Nascido em Baturité (Ceará), em 1886. Exerceu a Presidência por convocação das Forças Armadas, como presidente do Supremo Tribunal Federal, tendo em vista a deposição de Getúlio Vargas.<br /><br />17) Marechal Eurico Dutra (31/01/1946-31/01/1951)<br />Nascido em Cuiabá (Mato Grosso), em 1885. Eleito diretamente.<br /><br />18) Getúlio Vargas (31/01/1951-24/08/1954).<br /><br />19) Café Filho (24/08/1954-08/11/1955)<br />Nascido em Natal (Rio Grande do Norte), em 1899. Como vice-presidente, exerceu o cargo de presidente em virtude do falecimento de Getúlio Vargas.<br /><br />20) Carlos Luz (08/11/1955-11/11/1955)<br />Nascido em Três Corações (Minas Gerais), em 1894. Como presidente da Câmara dos Deputados, exerceu a Presidência da República por motivo de enfermidade do titular, Café Filho, quando foi deposto.<br /><br />21) Nereu Ramos (11/11/1955-31/01/1956)<br />Nascido em Lages (Santa Catarina), em 1888. Como vice-presidente do Senado Federal, assumiu a Presidência em virtude do impedimento do presidente Café Filho e do presidente da Câmara, Carlos Luz, conforme deliberação do Senado e da Câmara dos Deputados.<br /><br />22) Juscelino Kubitschek (31/01/1956-31/01/1961)<br />Nascido em Diamantina (Minas Gerais), em 1902. Eleito diretamente.<br /><br />23) Jânio Quadros (31/01/1961-25/08/1961)<br />Nascido em Campo Grande (Mato Grosso), em 1917. Eleito diretamente.<br /><br />24) Ranieri Mazzilli (25/08/1961-08/09/1961)<br />Nascido em Caconde (São Paulo), em 1910. Como presidente da Câmara de Deputados, assumiu a Presidência em virtude da renúncia de Jânio Quadros e ausência do vice-presidente, João Goulart, em viagem à China.<br /><br />25) João Goulart (08/09/1961-01/04/1964)<br />Nascido em São Borja (Rio Grande do Sul), em 1918. Foi eleito vice-presidente diretamente em 1960. Assumiu a Presidência por força da Emenda Constitucional nº 4, de 22 de setembro de 1961, que instituiu o sistema parlamentar de governo. Continuou no exercício da Presidência depois de restabelecido o sistema presidencial de governo pelo plebiscito de 6 de janeiro de 1963, até ser deposto pelo golpe de março de 1964.<br /><br />26) Governo Provisório: Ranieri Mazzilli (02/04/1964-15/04/1964)<br />Nascido em Caconde (São Paulo), em 1910. Como presidente da Câmara de Deputados, assumiu a chefia do governo por convocação do Congresso Nacional, que anunciou a vacância da Presidência da República, após a vitória do golpe militar de 31 de março de 1964.<br /><br />27) Marechal Castello Branco (15/04/1964-15/03/1967)<br />Nascido em Mecejana (Ceará), em 1900. Eleito indiretamente. Seu mandato foi prorrogado até 15 de março de 1967.<br /><br />28) General Costa e Silva (15/03/1967-31/08/1969)<br />Nascido em Taquari (Rio Grande do Sul), em 1902. Eleito indiretamente.<br /><br />29) Governo Provisório: Almirante Augusto Rademaker, General Lyra Tavares e Brigadeiro Márcio de Souza e Mello.<br />Almirante Rademaker, nascido no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1905; General Lyra Tavares, nascido em João Pessoa (Paraíba), em 1905; Brigadeiro Souza e Mello, nascido em Florianópolis (Santa Catarina), em 1906. Os ministros militares assumiram a chefia do governo por força do Ato Institucional nº 12, durante o impedimento do presidente Costa e Silva, por motivo de doença.<br /><br />30) General Emílio Garrastazu Médici (30/10/1969-15/03/1974)<br />Nascido em Bagé (Rio Grande do Sul), em 1905. Eleito indiretamente.<br /><br />31) General Ernesto Geisel (15/03/1974-15/03/1979)<br />Nascido em Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul), em 1908. Eleito indiretamente.<br /><br />32) João Baptista de Oliveira Figueiredo (15/03/1979-15/03/1985)<br />Nascido no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1918. Eleito indiretamente.<br /><br />33) Tancredo Neves<br />Nascido em São João del-Rei (Minas Gerais), em 1910. Eleito indiretamente. Deixou de assumir o cargo em virtude de enfermidade, vindo a falecer a 21 de abril de 1985.<br /><br />34) José Sarney (15/03/1985-15/03/1990)<br />Nascido em Pinheiro (Maranhão), em 1930. Eleito indiretamente vice-presidente. Até 21 de abril de 1985, exerceu a Presidência como vice-presidente, por motivo de enfermidade do titular. A partir daquela data, exerceu a Presidência por sucessão, em virtude do falecimento do presidente Tancredo Neves.<br /><br />35) Fernando Collor de Mello (15/03/1990-02/10/1992)<br />Nascido no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1949. Eleito diretamente.<br /><br />36) Itamar Franco (02/10/1992-01/01/1995)<br />Nascido em Salvador (Bahia), em 1931. Eleito diretamente vice-presidente. Exerceu a Presidência como vice-presidente entre 2 de outubro de 1992 e 29 de dezembro do mesmo ano, período durante o qual o titular, Fernando Collor de Mello, esteve afastado por força da aprovação de pedido de impeachment pela Câmara de Deputados. A partir da última data, exerceu a Presidência por sucessão, em virtude da renúncia de Fernando Collor.<br /><br />37) Fernando Henrique Cardoso (01/01/1995-01/01/99)<br />Nascido no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1931. Eleito diretamente.<br /><br />38) Fernando Henrique Cardoso (01/01/99-01/01/2003)<br />Nascido no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1931. Reeleito diretamente.<br /><br />39) Luiz Inácio Lula da Silva (01/01/03, com mandato até 01/01/2007)<br />Nascido em Garanhuns (Pernambuco), em 1945. Eleito diretamente.<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />Brasil – Sinopse dos Presidentes<br />•26, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />REPÚBLICA VELHA OU OLIGÁRQUICA (1894-1930)<br /><br />PRUDENTE DE MORAES (1894/1898)<br /><br /> *<br /><br /> CHAMADO DE “PACIFICADOR”;<br /> *<br /><br /> ANISTIA AOS REVOLTOSOS DO RS E RJ;<br /> *<br /><br /> QUEDA NOS PREÇOS DO CAFÉ (SUPERPRODUÇÃO);<br /> *<br /><br /> GUERRA DE CANUDOS (1896/97) – GRANDE CONFLITO QUE ENVOLVEU A POPULAÇÃO SERTANEJA DO NORDESTE, PRINCIPALMENTE DA BAHIA. LIDERANÇA DE ANTÔNIO CONSELHEIRO;<br /> *<br /><br /> RESOLVEU QUESTÃO DE FRONTEIRAS COM A ARGENTINA;<br /><br />CAMPOS SALES (1898/1902)<br /><br /> *<br /><br /> PRP (PARTIDO PAULISTA) + PRM (PARTIDO MINEIRO) – SURGE A POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE;<br /> *<br /><br /> 1899 – FUNDING LOAN: ACORDO PARA UMA SUSPENSÃO TEMPORÁRIA NO PAGAMENTO DA DÍVIDA EXTERNA. EM TROCA, CONCORDAVA-SE NO AUMENTO E AMPLIAÇÃO DOS PRAZOS PARA PAGÁ-LA;<br /> *<br /><br /> 1900 – POLÍTICA DOS GOVERNADORES: GOVERNO DÁ MAIS LIBERDADE AOS REPRESENTANTES DE CADA ESTADO EM TROCA DE VOTOS;<br /> *<br /><br /> REDUÇÃO DO MEIO CIRCULANTE. ISSO FEZ A INFLAÇÃO CAIR ACENTUADAMENTE, MAS CAUSOU UMA QUEDA DA ATIVIDADE ECONÔMICA EM TODO PAÍS;<br /> *<br /><br /> RECESSÃO E AUMENTO DE DESEMPREGADOS.<br /> *<br /><br />RODRIGUES ALVES (1902/06)<br /><br /> *<br /><br /> COMPRA DO ACRE, QUE ANTES ERA TERRITÓRIO BOLIVIANO. ENVOLVIMENTO DE PLÁCITO DE CASTRO, E TRATADO DE PETRÓPOLES (PAGAMENTO DE 2 MILHÕES DE LIBRAS ESTERLINAS PELO ACRE, FINALIZAR A FERROVIA MADEIRA-MAMORÉ, E ENTRADA PARA OS BOLIVIANOS AO RIO MADEIRA);<br /> *<br /><br /> CAMPANHA DE SANEAMENTO (RJ);<br /> *<br /><br /> REVOLTA DA VACINA;<br /> *<br /><br /> CONVÊNIO DE TAUBATÉ: GOVERNO COMPRA O EXCEDENTE DE CAFÉ, QUE OS CAFEICULTORES NÃO CONSEGUIAM VENDER, E TENTA PROMOVER A ELEVAÇÃO DOS PREÇOS DO PRODUTO PARA ASSEGURAR O LUCRO DOS PRODUTORES;<br /> *<br /><br /> A POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DO CAFÉ, COM O AUMENTO DOS PREÇOS NO MERCADO INTERNACIONAL, ESTIMULOU OUTROS PAÍSES A PRODUZIREM O TAL PRODUTO.<br /><br />AFONSO PENA (1906/09)<br /><br /> *<br /><br /> SURGIMENTO DO COB (CONFEDERAÇÃO OPERÁRIA DO BRASIL);<br /> *<br /><br /> CHEGA MÃO-DE-OBRA IMIGRANTE. ITALIANOS ORGANIZAM A CLASSE TRABALHADORA PAULISTA.<br /><br />NILO PEÇANHA (vice) (1909/10)<br /><br /> *<br /><br /> CAMPANHA CIVILISTA: CAMPANHA PRESIDENCIAL MODERNA, EM QUE O CANDIDATO PERCORRIA O PAÍS, FAZIA DISCURSOS E COMÍCIOS PARA TENTAR SEDUZIR O ELEITORADO;<br /> *<br /><br /> SURGE O SPI (SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO ÍNDIO).<br /><br />HERMES DA FONSECA (1910/14)<br /><br /> *<br /><br /> SALVACIONISMO (PE/BA/CE/AL/PI). ELE QUIS MEXER NAS OLIGARQUIAS TRADICIONAIS DO PAÍS;<br /> *<br /><br /> REVOLTA DA CHIBATA (1910) – COMANDO DE JOÃO CÂNDIDO. QUERIAM O FIM DOS CASTIGOS COM A CHIBATA NA MARINHA;<br /> *<br /><br /> INÍCIO DA REVOLTA DO CONTESTADO (1912) – OCORREU EM UMA ÁREA SITUADA ENTRE OS ESTADOS DO PR E SC. POPULAÇÃO SEGUIA O LÍDER MESSIÂNICO JOSÉ MARIA. ASSEMELHOU-SE AO EPISÓDIO DE CANUDOS;<br /> *<br /><br /> REVOLTA DE JUAZEIRO (1912/14) – ACONTECE POR CAUSA DA POLÍTICA DE SALVAÇÕES. NOGUEIRA ACIOLI X FRANCO RABELO. RABELO ASSUME O GOVERNO DO CEARÁ, MAS O PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA DERRUBA O GOVERNO E PROMOVE O RETORNE DE ACIOLI.<br /><br />VENCESLAU BRÁS (1914/18)<br /><br /> *<br /><br /> FIM DA REVOLTA DO CONTESTADO (1916);<br /> *<br /><br /> INÍCIO DA 1ª GREVE GERAL, EM SP (1917);<br /> *<br /><br /> PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA 1ª GUERRA MUNDIAL COM ENFERMEIRAS, REMÉDIOS E COISAS DO TIPO;<br /> *<br /><br /> DEVIDO A GUERRA HOUVE CRISE DE ABASTECIMENTO, ENTÃO O BRASIL TEVE DE PASSAR A PRODUZIR PARTE DOS PRODUTOS CONSUMIDOS AQUI, SUBSTITUINDO IMPORTAÇÕES.<br /><br />RODRIGUES ALVES/DELFIM MOREIRA (18/19)<br /><br /> *<br /><br /> ANTES DO TÉRMINO DO MANDATO, VENCESLAU BRÁS MORRE E QUEM ASSUME É RODRIGUES ALVES, QUE TAMBÉM ACABA MORRENDO E ENTÃO DELFIM MOREIRA ENTRA PARA TERMINAR O MANDATO.<br /><br />EPITÁCIO PESSOA (1919/22)<br /><br /> *<br /><br /> ELE ESTÁ NA FRANÇA COMO SENADOR QUANDO É ELEITO PRESIDENTE;<br /> *<br /><br /> INÍCIO DO MOVIMENTO TENENTISTA (PROPUNHAM A MORALIZAÇÃO DO PAÍS, POR MEIO DO VOTO SECRETO E DE MAIOR CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA);<br /> *<br /><br /> SURGIMENTO DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO<br /> *<br /><br /> 18 DO FORTE DE COPACABANA (5 DE JULHO DE 1922). TENENTES TENTAM IMPEDIR A POSSE DE ARTUR BERNARDES;<br /> *<br /><br /> REAÇÃO REPUBLICANA (NILO PEÇANHA [RS] X ARTUR BERNARDES [SP e MG]);<br /> *<br /><br /> SEMANA DE ARTE MODERNA (FEV. DE 1922).<br /><br />ARTUR BERNARDES (1922/26)<br /><br /> *<br /><br /> REVOLTA DE ISIDORO (5 DE JULHO DE 1924) – MAIS UMA REVOLTA TENENTISTA, NO COMANDO DE ISIDORO DIAS LOPES;<br /> *<br /><br /> REVOLUÇÃO GAÚCHA (1923) – RIVAIS DE BORGES DE MEDEIROS SE REVOLTARAM CONTRA A SUA REELEIÇÃO (ERA A QUINTA VEZ CONSECUTIVA). A SOLUÇÃO PARA O CONFLITO FOI A PROIBIÇÃO DAS REELEIÇÕES PARA GOVERNADOR NO ESTADO;<br /> *<br /><br /> COLUNA PRESTES (5 DE JULHO DE 1925) – LIDERANÇA DE LUÍS CARLOS PRESTES, CONHECIDO COMO “CAVALEIRO DA ESPERANÇA”. DURANTE QUASE 2 ANOS, A COLUNA PERCORREU EM TORNO DE 25 MIL Km, E ESTA SE MANTEVE ATIVA E INVENCÍVEL DIANTE DAS TROPAS GOVERNAMENTAIS.<br /><br />WASHINGTON LUÍS (1926/30)<br /><br /> *<br /><br /> FIM DA COLUNA PRESTES (1927);<br /> *<br /><br /> QUEBRA DA BOLSA DE NOVA YORK (1929);<br /> *<br /><br /> LANÇOU UM PLANO NACIONAL DE CONSTRUÇÃO DE ESTRADAS DE RODAGEM: “GOVERNAR É ABRIR ESTRADAS” ERA SEU LEMA;<br /> *<br /><br /> O PRESIDENTE REJEITOU QUALQUER AUXÍLIO AOS CAFEICULTORES DEPOIS DA QUEBRA DA BOLSA, E ISSO LHES CAUSOU GRANDE INSATISFAÇÃO, FAZENDO COM QUE WASHINGTON PERDE-SE SUA PRINCIPAL BASE DE SUSTENTAÇÃO;<br /> *<br /><br /> QUEBRA DA POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE. APÓS O GOVERNO DE WASHINGTON LUÍS DEVERIA SER UMA INDICAÇÃO MINEIRA, MAS SP INDICA JÚLIO PRESTES;<br /> *<br /><br /> GETÚLIO VARGAS CONCORRE CONTRA JÚLIO PRESTES, MAS PERDE. É QUANDO OCORRE A REVOLUÇÃO DE 30, GOLPE EM QUE GETÚLIO ASSUME O GOVERNO. UM DOS PRETEXTOS FOI O ASSASSINATO DE JOÃO PESSOA, VICE DE GETÚLIO NA CAMPANHA ELEITORAL;<br /><br />PERÍODO INTERVENCIONISTA – GOVERNO PROVISÓRIO (1930-34)<br /><br />GETÚLIO VARGAS (1930/34)<br /><br /> *<br /><br /> INTERVENÇÃO NOS ESTADOS E EM SINDICATOS DOS TRABALHADORES;<br /> *<br /><br /> CRIA UMA SÉRIE DE LEIS TRABALHISTAS (13º SALÁRIO, FÉRIAS, ETC);<br /> *<br /><br /> CRIA O MINISTÉRIO DO TRABALHO;<br /> *<br /><br /> DECRETO LEI SOBRE O VOTO FEMININO (1932);<br /> *<br /><br /> MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA (1932);<br /> *<br /><br /> MOVIMENTO CÍVICO MMDC – MARTINS, MIRAGAIA, DRÁUSIO E CAMARGO (1932);<br /> *<br /><br /> ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE (1933/34);<br /> *<br /><br /> 1934 – PROMULGAÇÃO DA 3ª CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA (COM O CÓDIGO ELEITORAL, VOTO SECRETO, JUSTIÇA ELEITORAL, NACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ESTRANGEIRAS, ETC);<br /> *<br /><br /> VARGAS É ELEITO PRESIDENTE, VOTO INDIRETO;<br /> *<br /><br /> SURGIMENTO DA AIB (AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA) QUE DEU INÍCIO AO FASCISMO NO BRASIL E TINHA COMO LÍDER PLÍNIO SALGADO. E SURGIMENTO DA ANL (ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA), UMA FRENTE AMPLA DE OPOSIÇÃO AO FASCISMO E AO AUTORITARISMO, COM COMANDO DE LUÍS CARLOS PRESTES;<br /><br />OBS: AIB – VERDE-AMARELISMO, O SÍMBOLO QUE OS IDENTIFICAVA ERA O SIGMA (), USAVAM UNIFORMES VERDES E SAUDAVAM-SE COM “ANAUÊ!”;<br /><br />GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-37)<br /><br />GETÚLIO VARGAS (1934/37)<br /><br /> *<br /><br /> INTENTONA COMUNISTA (1935) – REVOLUÇÃO QUE FOI PLANEJADA PARA SER INICIADA DENTRO DOS QUARTÉIS AO MESMO TEMPO, MAS A FALTA DE COORDENAÇÃO ENTRE OS DIVERSOS NÚCLEOS COMUNISTAS FEZ COM QUE SE INICIASSE EM DIAS DIFERENTES, O QUE TORNOU O GOLPE UM FRACASSO;<br /> *<br /><br /> ESTADO DE SÍTIO;<br /> *<br /><br /> O LEGISLATIVO PERDE AUTONOMIA, E O PODER DO PRESIDENTE, ANULA, NA PRÁTICA, A DEMOCRACIA LIBERAL E O REGIME CONSTITUCIONAL;<br /> *<br /><br /> 30 DE SETEMBRO DE 37, O GOVERNO DIVULGA UM FALSO PLANO COMUNISTA PARA QUE VARGAS CONTINUASSE NO PODER: O PLANO COHEN, FOI REDIGIDO POR OLYMPIO DE MOURÃO E IDÉIA DO PRÓPRIO PRESIDENTE;<br /> *<br /><br /> ISSO FOI O PRETEXTO PARA VARGAS MANDAR FECHAR O CONGRESSO, EXTINGUIR OS PARTIDOS POLÍTICOS, SUSPENDER CAMPANHAS PRESIDENCIAIS E SUSPENDER A CONSTITUIÇÃO;<br /><br />DITADURA DO ESTADO NOVO (1937-45)<br /><br />GETÚLIO VARGAS (1937/45)<br /><br /> *<br /><br /> NOVA CONSTITUIÇÃO: POLACA, QUE FOI OUTORGADA. ESSA CONSTITUIÇÃO JÁ HAVIA SIDO CRIADA EM 36. ERAM CARACTERÍSTICAS DA NOVA CONSTITUIÇÃO: CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA COM FORTALECIMENTO DO PRESIDENTE, EXTINÇÃO DO LEGISLATIVO, INDICAÇÃO DOS GOVERNADORES (INTERVENTORES) PELO PRESIDENTE, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, ETC;<br /> *<br /><br /> GOVERNO DE VARGAS PASSA A SE CARACTERIZAR FASCISTA;<br /> *<br /><br /> A MAIS SÉRIA TENTATIVA DE DERRUBAR O ESTADO NOVO FOI A INTENTONA INTEGRALISTA, COM GRUPOS SIMPATIZANTES DO FASCISMO (1938);<br /> *<br /><br /> DISSOLVIMENTO DA AIB (1938);<br /> *<br /><br /> CRIAÇÃO DO DIP (DEPARTAMENTO DE IMPRENSA E PROPAGANDA), BUSCANDO EXALTAR A IMAGEM DO PRESIDENTE;<br /> *<br /><br /> ENTRADA DO BRASIL NA 2ª GUERRA MUNDIAL. ANTES VARGAS APOIAVA MUSSOLINI E HITLER, MAS UM EMPRÉSTIMO DOS EUA PARA MONTAR UMA SIDERÚRGICA AQUI NO PAÍS, E ENTÃO ELE PASSOU A SER A FAVOR DOS ALIADOS;<br /> *<br /><br /> 1942, O BRASIL ROMPE RELAÇÕES COM OS PAÍSES DO EIXO (ALEMANHA, ITÁLIA E JAPÃO), APÓS O ATAQUE AOS NAVIOS BRASILEIROS POR PARTE DE SUBMARINOS ALEMÃES;<br /> *<br /><br /> 2º BOOM DA BORRACHA. A REGIÃO DA MALÁSIA ESTAVA BLOQUEADA PELOS JAPONESES, E A BORRACHA ERA NECESSÁRIA EM ARMAMENTOS E TRANSPORTES NA GUERRA. POR ISSO, AQUI NO BRASIL FORAM RECRUTADOS 60 MIL HOMENS PARA A EXTRAÇÃO DA BORRACHA;<br /> *<br /><br /> 1943 – VARGAS PERMITE A ABERTURA DE PARTIDOS POLÍTICOS NOVAMENTE. E CRIA O PTB E PSD. A OPOSIÇÃO CRIA UDN;<br /> *<br /><br /> QUEREMISMO: MOVIMENTO QUE TENTA MANTER VARGAS, MAS ESTE TOMA UM GOLPE E É DESTITUÍDO DO PODER.<br /><br />EURICO GASPAR DUTRA (1346/51)<br /><br /> *<br /><br /> LIBERALISMO ECONÔMICO E ABERTURA DO PAÍS ÀS IMPORTAÇÕES;<br /> *<br /><br /> PLANO ECONÔMICO SALTE (SAÚDE, ALIMENTAÇÃO, TRANSPORTE E ENERGIA);<br /> *<br /><br /> IMPORTAÇÕES DE PRODUTOS SUPÉRFLUOS OU DE MERCADORIAS QUE JÁ ERAM PRODUZIDAS NO BRASIL, O QUE AFETOU NO RITMO DE CRESCIMENTO DAS INDÚSTRIAS, E FEZ CRESCER NOVAMENTE A DÍVIDA EXTERNA;<br /><br />GETÚLIO VARGAS (1951/54)<br /><br /> *<br /><br /> POLÍTICA NACIONALISTA;<br /> *<br /><br /> CRIAÇÃO DA PETROBRÁS, QUE FAZ COM QUE OS EUA PASSEM A TENTAR TIRAR O GETÚLIO DO PODER;<br /> *<br /><br /> CARLOS LACERDA É FERIDO E É COMPROVADO QUE O MANDANTE FOI GREGÓRIO FORTUNADO, CHEFE DA GUARDA PESSOAL DE VARGAS;<br /> *<br /><br /> MILITARES PLANEJAM DAR O GOLPE, MAS VARGAS SE SUICIDA EM 24 DE AGOSTO DE 1954, E ISSO IMPEDE O GOLPE.<br /><br />CAFÉ FILHO (vice) (1954/55)<br /><br /> *<br /><br /> BUSCOU COMBATER A INFLAÇÃO COM MEDIDAS ORTODOXAS, LEVANDO À RECESSÃO E A UMA AGUDA CRISE BANCÁRIA;<br /> *<br /><br /> VAI ABRIR A ECONOMIA;<br /> *<br /><br /> PROMOVE AS ELEIÇÕES: PELO PSD (JUSCELINO KUBITSCHEK), PELO PTB (JOÃO GOULART) E PELA UDN (JUAREZ TÁVORA). JUSCELINO GANHA.<br /><br />JUSCELINO KUBITSCHEK (1956/61)<br /><br /> *<br /><br /> GOVERNO DE GRANDE TRANQÜILIDADE POLÍTICA E PROSPERIDADE ECONÔMICA;<br /> *<br /><br /> CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA (IDÉIA DE D. PEDRO I);<br /> *<br /><br /> CONSTRUÇÃO DE ESTRADAS. ESTRADA BELÉM-BRASÍLIA;<br /> *<br /><br /> DESENVOLVIMENTO DE INDÚSTRIAS DE BENS DE CONSUMO DURÁVEIS (ELETRODOMÉSTICOS, AUTOMÓVEIS, ETC)<br /> *<br /><br /> A DÍVIDA EXTERNA CRESCEU ENORMEMENTE;<br /> *<br /><br /> PLANO DE METAS (O PLANO ECONÔMICO DE JK).<br /><br />JÂNIO QUADROS (1961)<br /><br /> *<br /><br /> REATA RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS COM A URSS;<br /> *<br /><br /> GOLPE DA RENÚNCIA. RENUNCIA EM AGOSTO DO MESMO ANO IMAGINANDO QUE O POVO IRIA SE MOBILIZAR PELA SUA PERMANÊNCIA E, ASSIM, RETORNARIA AO PODER FORTALECIDO, MAS O GOLPE NÃO FUNCIONOU E O CONGRESSO ACEITOU CALMAMENTE O PEDIDO DE RENÚNCIA;<br /> *<br /><br /> O CARA SIMPLES QUE ADOTOU COMO SÍMBOLO UMA VASSOURA (“VARRERIA A CORRUPÇÃO DO PAÍS”), COMIA SANDUÍCHES DE MORTADELA DURANTE OS DISCURSOS, USAVA TERNOS SEMPRE AMASSADOS, DE FORMA A PARECER UM DO POVO. TRABALHOU SUA IMAGEM COMO NENHUM OUTRO DA ÉPOCA.<br /><br />JOÃO GOULART – “JANGO” (vice) (1961/64)<br /><br /> *<br /><br /> JANGO ASSUME DEPOIS DAS FORÇAS ARMADAS TENTAREM VETAR A SUA POSSE. MAS SEU GOVERNO É SÓ FAIXADA, O PODER FICA NAS MÃOS DOS PARLAMENTARES;<br /> *<br /><br /> PARLAMENTARISMO X PRESIDENCIALISMO. OS ELEITORES SE EXPRESSAM ATRAVÉS DE UM PLEBISCITO, ONDE SE MOSTRAM FAVORÁVEIS AO RETORNO DO PRESIDENCIALISMO;<br /> *<br /><br /> PLANO TRIENAL. TENTATIVA DE COMBATER A INFLAÇÃO E REFORMAR AS BASES PARA A RETOMADA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO;<br /> *<br /><br /> LIGAS CAMPONESAS – LÍDER FRANCISCO JULIÃO. QUERIAM REFORMA AGRÁRIA.<br /><br />DITADURA MILITAR (1964/85)<br /><br /> *<br /><br /> MILITARES DÃO O GOLPE EM 31/03. REVOLUÇÃO GLORIOSA;<br /> *<br /><br /> DIA 9 DE ABRIL DE 64, O ALTO COMANDO MILITAR APRESENTOU AO CONGRESSO O PRIMEIRO ATO INSTITUCIONAL (AI-1), QUE DEFINIA AS NOVAS REGRAS P/ O ESTADO BRASILEIRO: REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES INDIRETAS PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA NUM PRAZO DE 2 DIAS A PARTIR DA PUBLICAÇÃO DO ATO E DE ELEIÇÕES DIRETAS EM OUTUBRO DE 1965, FORTALECIMENTO DOS PODERES DO PRESIDENTE, QUE PODERIA COLOCAR EMENDAS CONSTITUCIONAIS AO CONGRESSO E APROVÁ-LAS POR MAIORIA SIMPLES, SUSPENDER TEMPORARIAMENTE OS DIREITOS POLÍTICOS DE QUALQUER CIDADÃO POR 10 ANOS E DECRETAR ESTADO DE SÍTIO SEM A AUTORIZAÇÃO DO CONGRESSO.<br /><br />CASTELO BRANCO (1964/67)<br /><br /> *<br /><br /> DISSE QUE CUMPRIRIA AS PROMESSAS REALIZADAS PELOS MILITARES: “LIMPEZA” E ELEIÇÕES EM 65;<br /> *<br /><br /> ERA LINHA MODERADA;<br /> *<br /><br /> PLANO DE AÇÃO ECONÔMICA DO GOVERNO (PAEG) – UMA TENTATIVA DE ESTABILIZAR A ECONOMIA E LANÇAR AS BASES PARA A RETOMADA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO. COM ARROCHO SALARIAL;<br /> *<br /><br /> 1965 – ELEIÇÕES PARA GOVERNADORES ESTADUAIS, COM VITÓRIA DA OPOSIÇÃO. O QUE PROVOCOU “ENDURECIMENTO” DO REGIME E, EM OUTUBRO DO MSM ANO, FOI DECRETADO O AI-2.<br /> *<br /><br /> AI-2: DETERMINAVA QUE AS ELEIÇÕES PARA PRESIDENTE PASSARIAM A SER INDIRETAS; EXTINGUIA OS PARTIDOS POLÍTICOS, CRIANDO EM SEU LUGAR A ALIANÇA RENOVADORA NACIONAL (ARENA) E O MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO (MDB). O PRIMEIRO SERIA FORMADO POR POLÍTICOS QUE APOIAVAM O GOVERNO MILITAR E O SEGUNDO CORRESPONDIA A UMA OPOSIÇÃO CONSENTIDA;<br /> *<br /><br /> AI-3, EM 1966 – ESTENDIA AS ELEIÇÕES INDIRETAS P/ GOVERNADORES E PREFEITOS DE CIDADES IMPORTANTES, CONGRESSO FECHADO.<br /><br />ARTUR DA COSTA E SILVA (1967/1968)<br /><br /> *<br /><br /> AI-4, EM 1967 – REABERTURA DO CONGRESSO PARA APROVAR NOVA CONSTITUIÇÃO. TAMBÉM DIMINUÍA O PODER DO LEGISLATIVO E AUTONOMIA DOS ESTADOS;<br /> *<br /><br /> POR SÉRIAS DIFICULDADES, MDB NÃO CONSEGUE EXERCER REAL OPOSIÇÃO AO GOVERNO;<br /> *<br /><br /> CARLOS LACERDA, QUE HAVIA APOIADO O GOLPE, AGORA SE LEVANTAVA CONTRA A POLÍTICA MILITAR, POIS VIU SUAS PRETENSÕES (CANDIDATURA À PRESIDÊNCIA) FRUSTRADAS COM O PROGRESSIVO ENDURECIMENTO DO REGIME. VAI BUSCAR APROXIMAÇÃO DE JK E JANGO. JUNTOS FORMARAM A FRENTE AMPLA DE OPOSIÇÃO, MAS LOGO FORAM PERSEGUIDOS;<br /> *<br /><br /> MAIOR MOBILIZAÇÃO POPULAR, PRINCIPALMENTE ESTUDANTIL, CONTRA O GOVERNO. A UNE INSISTIA NAS REFORMAS DE BASE DE JANGO. O PONTO MAIS ALTO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL FOI A PASSEATA DOS CEM MIL, NO RJ, EM 68;<br /><br /> *<br /><br /> HOUVE PROTESTOS INCLUSIVE NO MEIO ARTÍSTICO E CULTURAL;<br /> *<br /><br /> MÁRCIO MOREIRA ALVES QUERIA BOICOTAR O 7 DE SETEMBRO, ISSO ENFURECEU OS MILITARES;<br /> *<br /><br /> EM DEZ. DE 1968 – AI-5, O MAIS VIOLENTO DE TODOS OS ATOS INSTITUCIONAIS ATÉ ENTÃO OUTORGADOS: FECHAMENTO DO LEGISLATIVO, INTERVENÇÃO FEDERAL COM NOMEAÇÃO DE GOVERNADORES E PREFEITOS, TOQUE DE RECOLHER E RETIRADA DO Hábeas-Corpus.<br /> *<br /><br /> AO CONTRÁRIO DO CARÁTER PROVISÓRIO DOS DEMAIS ATOS, O AI-5 SE APRESENTAVA COMO UMA MEDIDA PERMANENTE.<br /><br />EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI (1969/1974)<br /><br /> *<br /><br /> NESSE PERÍODO, A REPRESSÃO E A TORTURA ATINGIRAM EXTREMOS;<br /> *<br /><br /> INSTAURAÇÃO DE FORTE CENSURA AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO;<br /> *<br /><br /> COM ISSO HOUVE UMA INTENSIFICAÇÃO NA LUTA ARMADA CONTRA O REGIME. ASSUMIU A FORMA DE GUERRA DE GUERRILHAS.<br /> *<br /><br /> ALN (ALIANÇA LIBERTADORA NACIONAL); MR-8 (MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO 8 DE OUTUBRO); VPR (VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA). GRUPOS DE ESQUERDA;<br /> *<br /><br /> 09/69: SEQÜESTRO DO EMBAIXADOR NORTE-AMERICANO (ALN E MR-8), TROCADO POR 15 PRISIONEIROS POLÍTICOS DOS MILITARES;<br /> *<br /><br /> ÓRGÃOS DE REPRESSÃO: DOPS (DEPARTAMENTO DE ORDEM POLÍTICA E SOCIAL); Doi.Codi (DEP. DE OPERAÇÕES INTERNAS E CENTRO DE OPERAÇÃO DE DEFESA INTERNA). FORAM RESPONSÁVEIS POR TORTURAS, PRISÕES, DESAPARECIMENTOS E MORTES;<br /><br /> *<br /><br /> AO FINAL DO GOVERNO SOBRARAM POUCOS NÚCLEOS DE RESISTÊNCIA DAS GUERRILHAS (NO ARAGUAIA – PA);<br /> *<br /><br /> “MILAGRE ECONÔMICO”: CRESCIMENTO DA ECONOMIA EM RITMO MUITO ACELERADO (PIB: TAXA DE 10% AO ANO). O MILAGRE DEVEU-SE AO INGRESSO MACIÇO DE CAPITAL ESTRANGEIRO. O MINISTRO DA FAZENDA, DELFIM NETTO, FOI O PRINCIPAL IDEÓLOGO DESSE “MILAGRE”;<br /> *<br /><br /> CRESCIMENTO NAS INDÚSTRIAS DE BENS DE CONSUMO DURÁVEIS;<br /> *<br /><br /> CONSTRUÇÃO DE GRANDES OBRAS: A PONTE RIO-NITERÓI, TRANSAMAZÔNICA E A HIDRELÉTRICA DE ITAIPU (PARA INTIMIDAR A ARGENTINA);<br /> *<br /><br /> O DECLÍNIO DO MILAGRE SE INICIOU A PARTIR DE 73 COM A CRISE INTERNACIONAL DO PETRÓLEO;<br /> *<br /><br /> NESSE PERÍODO A DÍVIDA EXTERNA CRESCEU BASTANTE. DESIGUALDADE NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA.<br /><br />ERNESTO GEISEL (1974/1979)<br /><br /> *<br /><br /> SEU GRANDE ALIADO FOI GOLBERY;<br /> *<br /><br /> PRINCIPAL PROJETO DO GOVERNO FOI REALIZAR A “ABERTURA POLÍTICA” – “LENTA, GRADUAL E SEGURA”. PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO DO PAÍS;<br /> *<br /><br /> DESMONTAGEM DO APARELHO REPRESSIVO;<br /><br /> *<br /><br /> ACORDO NUCLEAR ENTRE BRASIL E ALEMANHA PARA CONSTRUÇÃO DAS CARÍSSIMAS E INEFICIENTES USINAS DE ANGRA DOS REIS (INTIMIDAR ARGENTINA);<br /> *<br /><br /> PROBLEMAS COM ENERGIA DEVIDO A CRISE DE 73. CAMPANHA PROÁLCOOL.<br /> *<br /><br /> 2 CASOS DUVIDOSOS DE “SUICÍDIO” EM SP: O 1º, EM OUT. DE 75 COM WLADIMIR HERZOG, QUE FOI CHAMADO PARA PRESTAR DEPOIMENTO JUNTO AO Doi.Codi E ACABOU MORRENDO NUM DOS QUARTÉIS. O 2º, EM JAN. DE 76, EM CIRCUNSTÂNCIAS SEMELHANTES, O OPERÁRIO MANOEL FIEL FILHO MORREU DURANTE INTERROGATÓRIO;<br /><br /> *<br /><br /> O PRESIDENTE ESTAVA CONTRA OS LINHA-DURA REPRESENTADOS PELO GENERAL EDNARDO D’ÁVILA MELO, RESPONSÁVEL PELAS DUAS MORTES;<br /> *<br /><br /> 1978, GEISEL ANISTIOU OS EXILADOS POLÍTICOS (JUNTO LEONEL BRIZOLA E LUÍS CARLOS PRESTES);<br /> *<br /><br /> A LEI DE SEGURANÇA NACIONAL, INSTRUMENTO JURÍDICO DE AUTORITARISMO DO REGIME, FOI MODIFICADA E ABRANDADA. E, EM 79, O AI-5 FOI REVOGADO;<br /> *<br /><br /> A PARTIR D ABRIL DE 77, MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO ELEITORAL;<br /> *<br /><br /> “PACOTE DE ABRIL” – LEIS QUE ESTABELECIAM NOMEAÇÃO DE SENADORES “BIÔNICOS”. TBM LEI FALCÃO (TIROU O DISCURSO DOS CANDIDATOS. NA TV, APARECIAM APENAS FOTOS E NÚMEROS);<br /> *<br /><br /> INTERVENCIONISMO ESTATAL ATINGIU SEU AUGE, BEM COMO A POLÍTICA DAS OBRAS FARAÔNICAS;<br /> *<br /><br /> A GRANDE INSATISFAÇÃO COM O REGIME MILITAR DESENCADEOU UMA ONDA DE GREVES ENTRE 78 E 79. DENTRE OS LÍDERES, DESTACAVA-SE LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA, DO SINDICATO DE METALÚRGICOS DO ABC PAULISTA.<br /><br />JOÃO BATISTA FIGUEIREDO (1979/1985)<br /><br /> *<br /><br /> PROCUROU DAR PROSSEGUIMENTO AO PROCESSO DE ABERTURA POLÍTICA;<br /> *<br /><br /> 2ª CRISE INTERNACIONAL DO PETRÓLEO EM 79, PROVOCOU NOVO DESEQUILÍBRIO NO PAÍS;<br /> *<br /><br /> ESTAGFLAÇÃO, OU SEJA, ESTAGNAÇÃO ECONÔMICA + INFLAÇÃO;<br /><br /> *<br /><br /> NO FINAL DE 79, INICIOU-SE A ORGANIZAÇÃO DE NOVOS PARTIDOS POLÍTICOS. ENTÃO ARENA PASSOU A SER PARTIDO DEMOCRÁTICO SOCIAL (PDS) E SURGEM OUTROS PARTIDOS PARA OPOSIÇÃO: PARTIDO DO MOV. DEMOCRÁTICO BRASILEIRO (PMDB), PART. TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB) – UM RESQUÍCIO DO VELHO PARTIDO POPULISTA DOS ANOS 50 E 60; PART. DEMOC. TRABALHISTA (PDT) – EM TORNO DE LEONEL BRIZOLA; PART. DOS TRABALHADORES (PT) – FEITO PELAS NOVAS LIDERANÇAS SINDICAIS SURGIDAS NAS GREVES DE 78/79;<br /><br /> *<br /><br /> AS ELEIÇÕES OCORRERAM PACIFICAMENTE NO DIA 15 DE NOVEMBRO DE 1982, SENDO QUE A OPOSIÇÃO CONSEGUIU ELEGER GOVERNADORES PARA OS PRINCIPAIS ESTADOS (SP, MG E RJ);<br /> *<br /><br /> DURANTE 1983, O PT, PROCUROU LIDERAR UMA CAMPANHA PELA REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES DIRETAS PARA ESCOLHA DO SUCESSOR DE FIGUEIREDO;<br /><br /> *<br /><br /> A CAMPANHA PELAS DIRETAS-JÁ COMEÇOU DE FORMA TÍMIDA, MAS LOGO GANHOU O APOIO DO PMDB E DO PDT. EM POUCO TEMPO, VERDADEIRAS MULTIDÕES TOMARAM AS RUAS DAS CIDADES EM GIGANTESCOS COMÍCIOS;<br /> *<br /><br /> MESMO ASSIM, A EMENDA CONSTITUCIONAL DANTE ???, QUE ESTABELECIA ELEIÇÕES DIRETAS PARA PRESIDENTE, ACABOU NÃO SENDO APROVADA PELO CONGRESSO;<br /> *<br /><br /> COM ISSO DUAS CHAPAS:<br /><br />MÁRIO ANDREAZZA X TANCREDO NEVES<br /><br />C/ PAULO MALUF (VICE) C/ JOSÉ SARNEY (VICE)<br /><br /> *<br /><br /> COMO PAULO MALUF ERA MAL-VISTO PELOS MILITARES, GANHA A PRESIDÊNCIA TANCREDO NEVES;<br /> *<br /><br /> CONTUDO, NA VÉSPERA DE SUA POSSE FOI INTERNADO ÀS PRESSAS PARA UMA CIRURGIA DE EMERGÊNCIA E CABE AO VICE, SARNEY, ASSUMIR;<br /> *<br /><br /> TANCREDO FALECE POUCOS DIAS DEPOIS.<br /><br />JOSÉ SARNEY (1985/1989)<br /><br /> *<br /><br /> JÁ ENTROU NO GOVERNO COM SÉRIOS PROBLEMAS: O PAÍS ESTAVA COM AGUDA CRISE ECONÔMICA;<br /> *<br /><br /> PLANO CRUZADO: P/ COMBATER A INFLAÇÃO. FOI DIVULGADO E IMPLANTADO EM 1º DE MARÇO DE 86;<br /> *<br /><br /> CONGELAMENTO DOS SALÁRIOS E DOS PREÇOS DE PRODUTOS.<br /> *<br /><br /> OS 1OS RESULTADOS FORAM ESPETACULARES. HOUVE AUMENTO NO CONSUMO, MESMO POR PARTE DA POPULAÇÃO MAIS POBRE;<br /><br />Colaboração de Karina Kendra<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />PARANÁ – HISTÓRIA E GEOGRAFIA<br />•26, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />PARANÁ<br /><br />LOCALIZAÇÃO: o Paraná, estado brasileiro, fica na região Sul<br /><br />O estado é cortado pelo Trópico de Capricórnio, que estabelece o limite meridional das culturas agrícolas tropicais<br /><br />FRONTEIRAS: Norte e Nordeste = São Paulo; Leste = Oceano Atlântico; Sul = Santa Catarina; Sudoeste = Argentina; Oeste = Paraguaia; Noroeste = Mato Grosso do Sul<br /><br />ÁREA (km²): 199.709,1<br /><br />RELEVO: caracteriza-se pela freqüência de terrenos de baixada no litoral, onde predominam as planícies de aluvião, e a existência de planaltos e serras de formações rochosas cristalinas, como a serra do Mar<br /><br />Seu relevo é dos mais expressivos: 52% do território ficam acima dos 600m e apenas 3% abaixo dos 300m<br /><br />RIOS PRINCIPAIS: Paraná, Iguaçu, Ivaí, Tibagi, Paranapanema, Itararé e Piquiri<br /><br />O complexo hidrográfico do estado do Paraná apresenta grande potencial energético. A bacia hidrográfica do rio Paraná ocupa 183.800 km2 no estado e seus principais rios incluem o Paraná, o Iguaçu, o Ivaí, o Tibagi e o Piquiri. Somente a bacia do rio Iguaçu, que nasce próximo a Curitiba, capital do estado, e deságua no rio Paraná, na fronteira com o Paraguai, tem potencial hidrelétrico para 11,3 mil megawatts de energia elétrica. A bacia do Atlântico Sul banha 15.909,1 km2 na porção nordeste do estado. Entre seus principais rios encontram-se o Itararé e o Capivari. O estado do Paraná consome internamente apenas 20 % da energia elétrica total produzida em seu território, que representa 25 % da produção no país.<br /><br />VEGETAÇÃO:<br /><br />CLIMA: úmido<br /><br />Como resultado das diferentes formações topográficas e características geológicas, o clima no estado do Paraná apresenta três tipos distintos, todos correspondentes a clima úmido, apresentando-se mais ameno na região norte e temperado no sul, onde os invernos podem ser rigorosos. O tipo que corresponde à maior área é o CFA, que se caracteriza por ser subtropical úmido, mesotérmico, com verão quente, sem estação seca de inverno definida e geadas menos freqüentes. O tipo CFB é subtropical úmido, mesotérmico, com verões frescos e geadas severas e freqüentes. Finalmente, o tipo AF caracteriza-se pelo clima tropical chuvoso, sem estação seca e isento de geadas<br /><br />MUNICÍPIOS (número): 399 (1997)<br /><br />CIDADES MAIS POPULOSAS: Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu e Cascavel<br /><br />HORA LOCAL (em relação a Brasília): a mesma<br /><br />HABITANTE: paranaense<br /><br />POPULAÇÃO: 9.563.458 (2000)<br /><br />DENSIDADE: 47,88 habitantes p/km2<br /><br />ANALFABETISMO: 8,6% (2000)<br /><br />MORTALIDADE INFANTIL: 29,79<br /><br />CAPITAL: Curitiba<br /><br />Em 1647 formou-se o embrião da cidade, que foi elevada à categoria de vila em 1693, tornando-se cidade em 1842. Em 1853 foi escolhida capital da província do Paraná<br /><br />HABITANTE DA CAPITAL: curitibano<br /><br />A economia do Estado se baseia na agricultura (cana-de-açúcar, milho, soja, trigo, café, mandioca), na indústria (agroindústria, papel e celulose) e no extrativismo vegetal (madeira e erva-mate).<br /><br />No século 17, descobriu-se na região do Paraná uma área aurífera, anterior ao descobrimento das Minas Gerais, que provocou o povoamento tanto no litoral quanto no interior. Com o descobrimento das Minas Gerais, o ouro de Paranaguá perdeu a importância. As famílias ricas, que possuíam grandes extensões de terra, passaram a se dedicar à criação de gado, que logo abasteceria a população das Minas Gerais. Mas apenas no século 19 as terras do centro e do sul do Paraná foram definitivamente ocupadas pelos fazendeiros.<br /><br />No final do século 19, a erva-mate dominou a economia e criou uma nova fonte de riqueza para os líderes que partilhavam o poder. Com o aparecimento das estradas de ferro, ligando a região da araucária aos portos e a São Paulo, já no final do século 19, ocorreu novo período de crescimento.<br /><br />A partir de 1850, o governo provincial empreendeu um amplo programa de colonização, especialmente de alemães, italianos, poloneses e ucranianos, que contribuíram decisivamente para a expansão da economia paranaense e para a renovação de sua estrutura social.<br /><br />O Paraná ocupa quinto lugar em importância econômica entre todos os estados brasileiros. As diferentes características físicas e climáticas do estado propiciam a existência de atividades agrícolas diversificadas e seu grau de desenvolvimento econômico permite a utilização de avançadas técnicas agrícolas, que se traduzem nos mais altos índices de produtividade do país. Em 1994, os índices médios de produtividade nas principais lavouras do estado (soja, milho, feijão, algodão, café e trigo) elevaram-se em 12,9 %, em decorrência do desenvolvimento de modernos sistemas de produção, como é o caso da soja e do trigo, que são cultivados em sistema de rotatividade, gerando duas safras anuais na mesma área. Destaca-se ainda no estado do Paraná, a produção de batatas, de cana-de-açúcar, de mandioca e de arroz. Nos últimos anos, programas de desenvolvimento da fruticultura vêm sendo implantados em diversas regiões do estado. Na região norte do Paraná, a implantação de pomares cítricos vem permitindo a produção industrial de suco de laranja, enquanto a produção de maçã alcança, em várias regiões, uma safra média de 30 mil toneladas por ano. O plantio de frutas de clima tropical na região litorânea vem gerando bons resultados, com índices de produção e qualidade competitivos em larga escala. O estado possui um dos maiores rebanhos pecuários do país, com 8.911.986 de cabeças de bovinos, sendo expressivas também as criações de suínos (3.780.172) e galináceos (85.713.370). A produção paranaense de leite representa cerca de 10 % da produção nacional.<br /><br />As principais reservas de matérias-primas existentes no estado do Paraná incluem o xisto betuminoso, o calcário, a dolomita, a argila, o carvão, o chumbo e a fluorita. A reserva de calcário está estimada em 4,4 bilhões de toneladas e suas principais jazidas, localizadas na região leste, alcançam produção média anual de cerca de 6 milhões de toneladas. Além de seu uso industrial, principalmente na produção de cimento, o calcário é utilizado de forma regular, para elevar o nível de produtividade das lavouras. Em 1992, foram extraídas e comercializadas 5,8 milhões de toneladas de calcário no estado. A dolomita existe também em grande quantidade no Paraná, que é o primeiro produtor deste mineral no país. Suas reservas estão estimadas em 532.616 milhões de toneladas. As reservas de argila vermelha, para o uso da indústria cerâmica, atingem volume superior a 65 milhões de toneladas. Em 1992, a produção de argila chegou a 1,1 milhão de toneladas. O estado do Paraná é também o principal produtor de talco do Brasil. Cerca de 17% das reservas brasileiras estão em seu território, com volume estimado em 13 milhões de toneladas, e produtividade média anual de 200 mil toneladas. A fluorita, que tem larga aplicação como matéria-prima na indústria química, metalúrgica e cerâmica, tem reservas superiores a 4,4 milhões de toneladas no estado, o que equivale a 53 % do total encontrado no país. Outros produtos como a brita de basalto, pedras ornamentais, mármores e granito também são encontrados em quantidades consideráveis no estado do Paraná. Em 1992, foram comercializados 37,6 milhões de litros de água mineral, extraídos de fontes naturais do estado.<br /><br />A partir de 1966, intensificaram-se as atividades de reflorestamento, mediante a concessão de incentivos fiscais, que tem combinado a expansão da fronteira agrícola e o atendimento ao setor industrial madeireiro. As áreas reflorestadas, que tiveram considerável aumento, atingem hoje 1 milhão de hectares e mais de 2,5 bilhões de árvores plantadas.<br /><br />O parque industrial do estado reúne cerca de 24 mil estabelecimentos, que têm registrado desempenho sempre superior à média nacional do setor. Nos quatro primeiros anos da década de 90, os índices de crescimento acumularam um total de 31,24 %. A produção industrial é diversificada, destacando-se as indústrias de papel e celulose, química, madeireira, alimentícia, de fertilizantes, eletroeletrônica, metalmecânica, de cimento, têxtil e de cerâmica, além da agroindústria.<br /><br />Em 1994, a economia do estado cresceu 6,3 %, destacando-se, para o alcance desse índice, o desempenho do setor agrícola e a modernização do parque industrial do estado. Em 1993, a participação do estado do Paraná no PIB nacional foi de 6,2 %, que corresponde a um total de US$ 28,277 bilhões.<br /><br />O Paraná é ainda o quarto maior exportador entre os estados brasileiros. Em 1993 a receita das exportações representou US$ 2,48 bilhões, que corresponde a 6,42 % do valor total exportado pelo país. A participação dos produtos industrializados na pauta de exportações do estado foi de 51 % no mesmo ano, liderada pelo complexo agroindustrial, responsável por 60 % das exportações do estado. O segundo complexo industrial com maior participação nas vendas externas do estado é o de metalmecânica, com 13,6 % do total das exportações em 1993.<br /><br />As primeiras movimentações de colonizadores no estado do Paraná tiveram início no século XVI, quando diversas expedições estrangeiras percorreram a região à procura de madeira de lei. No século XVII, portugueses e paulistas começaram a ocupar a região, a partir da descoberta de ouro e à procura de índios para o trabalho escravo. A mineração, no entanto, foi legada a segundo plano pelos colonizadores, que se dirigiram em maior número às terras de Minas Gerais(7). Até o século XVIII, existiam apenas duas vilas na região: Curitiba e Paranaguá. Esse processo retardou a ocupação definitiva da área, que pertenceu à província de São Paulo até meados do século XIX, com sua economia baseada na pecuária. Logo após de conquistada sua autonomia, em 1853, teve início um programa oficial de imigração européia para a região, principalmente de poloneses, alemães e italianos.<br /><br />Guerra do Contestado – Revolta de camponeses ocorrida entre 1912 e 1916, chegou a envolver cerca de 50 mil pessoas numa região de litígio na fronteira entre os estados do Paraná e Santa Catarina. O conflito teve início com a instalação de duas empresas norte-americanas na região, uma construtora de estradas de ferro e uma exploradora de madeira, que levaram mão-de-obra de fora para trabalhar nos empreendimentos e iniciaram um processo de expulsão dos posseiros que cultivavam a área, originando o movimento de fanáticos religiosos, liderados por “beatos” locais, entre os quais se destacou José Maria, que foi seguido por romeiros expulsos de suas terras.<br /><br />Serra do Mar – Coberta pela floresta atlântica e declarada Reserva da Biosfera pela UNESCO, em 1991, o que demonstra sua importância em termos globais, a serra do Mar abriga mais de 2.500 espécies da flora nativa brasileira, diversos animais em risco de extinção como a onça-pintada e a anta, além de pássaros como o gavião-pega-macaco, a jacutinga e o macuco, entre outros. No estado do Paraná, a serra do Mar tem aproximadamente 500.000 hectares de extensão e aí se encontram 72 % do total da flora e da fauna existentes no estado. Nessa área está também localizado o pico mais alto da região Sul do Brasil, o pico do Paraná, com 1.922 metros de altura. Ainda na serra do Mar encontra-se a Área de Interesse Turístico Espacial do Marumbi, com 66.732 hectares, cuja utilização é controlada por um plano de gerenciamento. O pico do Marumbi, situado dentro desta área, tem 1.547 metros de altura e é o mais procurado para a prática de alpinismo e turismo ecológico na região. Através da serra do Mar encontram-se caminhos históricos que são verdadeiras obras de arte e engenharia, como o caminho de Itupava e de Graciosa, ambos construídos há 300 anos. Além de constituírem opção para o turismo ecológico, esses caminhos são utilizados atualmente por programas ambientais e preservam, protegidos pela floresta, a história e a cultura dos primeiros colonizadores do Paraná.<br /><br />Ilha do Mel – Tombada como Patrimônio Ecológico da Humanidade, a ilha do Mel tem 95% de sua área composta por ecossistemas de restinga e floresta atlântica, o que a elevou à categoria de Estação Ecológica em 1982, numa extensão de 2.240 hectares. Em seus morros e planícies existem trilhas para caminhadas, que dão acesso a locais de observação de belas paisagens e de espécies vegetais e animais, onde a brisa marinha e o cheiro de mato compõem aroma particular, associado à beleza de suas praias.<br /><br />Vila Velha – Localizado no município de Ponta Grossa, a 969 metros de altura, no verde dos campos gerais, está o Parque Estadual de Vila Velha, com suas rochas esculpidas artisticamente pela natureza, ao longo de 350 milhões de anos. As formações rochosas recebem diferentes denominações, de acordo com as figuras às quais se assemelham. Entre as centenas existentes, as mais facilmente reconhecíveis são a Garrafa, o Camelo, o Índio, a Esfinge, a Taça e a Proa de Navio. Destaca-se em especial a caverna conhecida como Buraco do Padre, um anfiteatro subterrâneo com uma queda d’água de 30 metros de altura, também debaixo da terra. O município apresenta ainda outras paisagens naturais muito apreciadas e uma rica reserva ecológica, que inclui locais como os chamados caldeirões do inferno, que são depressões circulares de até 107 metros de profundidade, com 80 metros de diâmetro. Numa dessas cavidades, um teleférico vertical leva os visitantes até uma profundidade de 54 metros, de onde se pode caminhar até um lago subterrâneo. Outro acidente geográfico de rara beleza na região é a lagoa Dourada, paraíso da fauna aquática local. A lagoa é alimentada por um rio subterrâneo, cuja ação erosiva desgastou as rochas e provocou a formação de cavernas em seu interior. O fundo da lagoa está coberto por uma camada de mica que faz a água brilhar como se fosse de ouro, quando exposta aos raios solares.<br /><br />Foz do Iguaçu – Um dos mais importantes pólos turísticos do Brasil, as cataratas do Iguaçu são formadas por 275 quedas d’água, com alturas que variam de 40 a mais de 100 metros e se distribuem em forma de ferradura, formando uma semicircunferência de 950 metros, na fronteira com a Argentina. A cachoeira está localizada no Parque Nacional do Iguaçu, criado em 1939 e tombado pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade em 1986. Da área total do parque, 185.000 hectares encontram-se em território brasileiro e 55.000 hectares na Argentina. As florestas subtropicais do parque abrigam cerca de 1.100 espécies de pássaros, bem como várias espécies de mamíferos, grandes e pequenos, como veados, capivaras, etc.<br /><br />A cidade de Foz do Iguaçu encontra-se localizada na fronteira do Brasil com Paraguai e Argentina, a uma altitude de 164 metros. A 9 km do centro da cidade, na confluência dos rios Iguaçu e Paraná e entrada do Porto Meira, está o marco onde as fronteiras do Brasil, Argentina e Paraguai se encontram. No município de Foz de Iguaçu está também localizada a Usina Binacional de Itaipu, cuja construção deu origem a um lago com 1.300 km de margens e extenso potencial turístico. A construção da usina teve início em 1975, encerrou-se em 1991 e sua capacidade de produção de energia elétrica chega a 12,6 milhões de kw.<br /><br />Indígenas – Vivem no estado do Paraná 6.916 indígenas, distribuídos em 19 grupos, que ocupam área de 79.988 hectares de extensão. Um total de 16 áreas já se encontram demarcadas definitivamente pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão do governo federal responsável pela questão, e nelas se encontra a totalidade dos indígenas residentes no estado.<br /><br />São os seguintes os grupos indígenas residentes no estado do Paraná e suas respectivas áreas: Apucarana, Ava Guarani, Barão de Antonina, Faxinal, Ilha da Cotinga, Ivaí, Laranjinha, Mangueirinha, Marrecas, Ocal, Palmas, Pescada, Pinhalzinho, Queimadas, Rio Areia, Rio das Cobras, São Jerônimo, Superagüi e Tibagy/Mococa.<br /><br />REGIÃO SUL<br /><br />Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul)<br /><br />Com 577.214,0 km2, é a região que apresenta menor área, ocupando apenas 6,75% do território brasileiro. Formada pelos estados de SC e RGS.<br /><br />Tem clima subtropical, exceto na região norte do estado do Paraná, onde predomina o clima tropical. Caracteriza-se pela diversidade de temperaturas nas diferentes áreas que a compõem. As regiões de planaltos mais elevados apresentam temperaturas baixas, com nevascas ocasionais, e na região da planície dos pampas, mais ao sul, as temperaturas são elevadas. A vegetação acompanha essa variação da temperatura, ou seja, nos locais mais frios predominam as matas de araucárias (pinhais) e nos pampas os campos de gramíneas. A região possui grande potencial hidrelétrico, destacando-se a usina de Itaipu, localizada no rio Paraná, na fronteira com o Paraguai.<br /><br />A população da região Sul totaliza 25.107.616 habitantes, o que representa 14,95% da população do País. A densidade demográfica é de 43,49 habitantes por km2 e 80,93% da população vive no meio urbano. São encontrados traços marcantes da influência da imigração alemã, italiana e açoriana na região.<br /><br />Inicialmente baseada na agropecuária, a economia da região Sul desenvolveu importante parque industrial nas últimas décadas, cujos centros se encontram nas áreas metropolitanas da cidade de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, e Curitiba, capital do estado do Paraná. A produção agrícola utiliza modernas técnicas de cultivo, destacando-se o trigo, soja, arroz, milho, feijão e tabaco entre os principais produtos comercializados. Na pecuária encontram-se rebanhos de linhagens européias (hereford e charolês). A suinocultura é praticada no oeste do estado de Santa Catarina e no estado do Paraná, onde ainda é significativa a prática do extrativismo, com extração de madeira de pinho. No estado de Santa Catarina explora-se o carvão mineral ao sul e se encontra grande número de frigoríficos, que produzem não apenas para o mercado interno, mas também para exportação.<br /><br />HISTÓRIA DO PARANÁ<br /><br />O Brasil ainda não sabe geografia, anotava o ex-governador do Paraná Bento Munhoz da Rocha Netto, em meados do século 20. Ou se conhece profundamente a terra – em contornos, tipos de solo, acidentes, altitudes, climas – ou cai por terra o “em nela se plantando, tudo dá”, com que Pero Vaz de Caminha tentou impressionar o rei de Portugal, em 1500.<br /><br />Seja qual for o estágio civilizatório, a equação que se apresenta a todo governante é sempre a mesma: espaço territorial x assentamentos humanos.<br /><br />O sucesso do produto é diretamente proporcional ao índice de qualidade de vida das pessoas que habitam o território.<br /><br />É assim que se tem pensado o Paraná nos últimos anos. O planejamento é a ferramenta para executar as interferências necessárias à vida melhor.<br /><br />O mapa do Paraná contemporâneo tem formato horizontal. Ao Norte está São Paulo, a Leste o Oceano Atlântico, ao Sul Santa Catarina e a Oeste estão o Mato Grosso e o Paraguai, pela fronteira líquida do rio Paraná cujas águas se encontram, a Sudoeste, com as do rio Iguaçu, que se estende demarcando a Argentina e o Uruguai.<br /><br />Tupi é a origem de Paraná, que quer dizer “rio” na linguagem dos ameríndios ocupantes do quadrilátero fluvial Paraná-Paranapanema-Tibagi-Iguaçu. O primeiro europeu a percorrer a região teria sido o bandeirante Aleixo Garcia. Mas a posse simbólica do rio Paraná para a Espanha se deu com Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, no roteiro entre Santa Catarina e Assunção, no Paraguai, em 1541.<br /><br />Em 1554 nasceu a vila de Ontiveros, primeira povoação européia (espanhola) no hoje território paranaense, às margens do rio Paraná, perto da foz do rio Ivaí. Dois anos depois o povoamento, transferido para perto da foz do rio Piquiri, receberia o nome de Ciudad Real de Guairá, que, junto com Vila Rica do Espírito Santo – nas margens do Ivaí – formou a Província de Vera ou do Guairá. A tentativa espanhola de escravizar os índios provocou levantes e a pacificação foi confiada aos padres Jesuítas, que adotaram o sistema de reduções.<br /><br />O primeiro proprietário português de terras paranaenses foi o bandeirante Diogo de Unhate, que em 1614 requereu e obteve uma sesmaria na região de Paranaguá, entre os rios Ararapira e Superagüi. Secundou-o, em 1617, a bandeira de Antônio Pedroso, da qual fazia parte o jovem Gabriel de Lara, filho de espanhol, interessado em faiscar ouro. Com a família espanhola pioneira Peneda, Lara fundou uma povoação na ilha de Cotinga, que depois transferiu para a margem esquerda do Taquaré (hoje Itiberê). O pelourinho foi erguido em 6 de janeiro de 1646 e a criação da Câmara e das Justiças aconteceu com a eleição de 29 de junho de 1648.<br /><br />De Guaíra e Paranaguá ao conjunto de 399 municípios do Paraná atual, o “rio” seguiu seu curso pelo leito imemorial, criando fronteiras líquidas, encontrando-se com a “água grande” do Iguaçu e se cruzando ou correndo paralelo ao Paranapanema, ao Ivaí, ao Piquiri, a tantas e tantas águas que banham o território e lhe dão vida. As Sete Quedas de Guaíra repousam sob o imenso lago de Itaipu, formado pelo reservatório da maior usina hidrelétrica do mundo. Lindeiros ao mar fluvial e até a Foz do Iguaçu – onde a água se despenca nas cataratas, uma das mais belas paisagens naturais do mundo – estão 1,3 mil quilômetros distribuídos entre 15 municípios, formando a Costa Oeste do Paraná.<br /><br />É o Estado moderno, cuja capital, Curitiba, seguiu-se a Paranaguá, ganhando importância à medida que avançavam os tropeiros desde o século 17, conduzindo gado entre Viamão (RS) e a Feira de Sorocaba (SP). As longas invernadas nos “campos de Curitiba” – os Campos Gerais – acabavam conduzindo os proprietários de fazendas para transações comerciais na hoje capital do Paraná, geopoliticamente bem situada. O século 19, marcado em sua segunda metade pela imigração européia em massa, ajudou a moldar o Paraná de hoje, acrescentando tradições européias, especialmente germânicas, eslavas e italianas, aos costumes ibéricos dos primeiros colonizadores.<br /><br />Se o século 19 foi extrativista – não mais de ouro e minerais, como no início da colonização, mas de erva-mate e madeira – também trouxe a vastíssima contribuição européia, principalmente a classe média capaz de poupar e de investir. E a necessidade de caminhos mais permanentes que as picadas do início, para escoamento da produção agrícola e integração entre Interior e Litoral. A Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba foi um marco da engenharia nacional, executado em grande parte pela força e a coragem do braço imigrante.<br /><br />Este século 20, das maiores transformações a que a humanidade já assistiu, foi marcado no Paraná pela opulência das moradas e do viver dos “barões da erva-mate”, donos de engenhos; pela madeira farta que atraiu os ingleses e povoou os vazios das florestas derrubadas. O Paraná deste século assistiu à chegada dos imigrantes não-europeus, como os japoneses da segunda década, a povoar o Norte e a inserir culturas e técnicas agrícolas até então desconhecidas; dos aventureiros, muitos deles brasileiros de outras regiões – muitos mineiros, por exemplo – que fizeram o Norte Novo à sombra da monocultura dos cafezais; da terra roxa devastada por queimadas do sol inclemente no início dos anos 1960 e do apodrecimento das raízes dos cafeeiros, na geada negra de 1975; da soja e do trigo alargando fronteiras agrícolas, ganhando o Oeste e o Sudoeste, construindo um modelo exportador mas também substituindo por máquinas os humanos braços das lavouras.<br /><br />Um Paraná contemporâneo que não podia mais atrasar a implantação de seu parque industrial. O Estado das usinas hidrelétricas, a iluminar os rincões distantes do próprio território e a fornecer energia para boa parte do Brasil. O Paraná da indústria alcooleira, do xisto, do carvão. Uma terra paisagem onde o retrato é dinâmico, muda todo dia porque é feito de gente de toda origem, de todo talento.<br /><br />Este Paraná “rio”, mar, praia, lago, cachoeira, catarata, montanha, planalto, campo, ilha… este território é o cenário que aparece sob o papel vegetal, com uma geografia puxada pela história e um futuro reescrito a cada dia.<br /><br />Entre o olfato apuradíssimo, o chá de mate e o chimarrão quente, o costume do banho diário e a rede para descansar – elementos herdados dos índios – e a oportunidade vista na indústria que se instala, agregando valor aos produtos do trabalho, a água do rio correu por quase cinco séculos.<br /><br />Um tempo moldado pela ciência e pela paciência, nas tramas que juntam o homem e o território, em harmonia. Harmonia retratada no morador da ilha que vê televisão e toma banho quente, sonho realizado com a chegada da energia solar.<br /><br />Energia solar que ilumina também as salas de aula à noite, permitindo aos ilhéus aprender a ler e escrever e conhecer um mundo bem maior que terrinha cercada de água por todos os lados.<br /><br />Harmonia que chega a todas as comunidades com a rede de esgoto e a água encanada. Ou com as crianças que trocaram a rua pelos bancos da escola. No campo, o agricultor comemora “a casa para morar e a terra pra plantar”. Na cidade, o trabalhador comemora a casa própria que tem a cara dele. É gente feliz, que faz o retrato do Paraná paisagem.<br /><br />Felicidade estampada na carteira assinada e no sorriso dos pais que, graças às UTI neonatais, embalam seus bebês que nasceram em situação de risco mas cresceram saudáveis.<br /><br />Gente que é símbolo do Paraná moderno, que prepara a infra-estrutura do futuro investindo na sua gente. Um Paraná que tem governo, sim senhor, para garantir a vida e a saúde, o acesso à creche, à educação, à casa para morar e ao terreno para plantar, à água limpa que sai da torneira e ao esgoto canalizado e tratado, à luz elétrica ou solar, à baía limpa e à comprovação diária de que é possível aliar desenvolvimento com preservação.<br /><br />Este Paraná existe porque conhece sua geografia. A história é a maior prova.<br /><br />História, Povoamento e Colonização<br /><br />A história do Paraná e do povo paranaense pode ser contada através dos vários ciclos pelos quais passou: ouro, madeira, erva-mate e café.<br /><br />Inicialmente as terras paranaenses pertenciam à Capitania de São Vicente; eram percorridas esporadicamente, durante o século XVI, por europeus exploradores da madeira de lei existente na região. A partir do século XVII teve início a colonização, sendo fundada a Vila de Paranaguá em 1660.<br /><br />Colonos e jesuítas espanhóis povoaram Paranaguá e Curitiba nos primeiros tempos. Com a descoberta de ouro, portugueses foram atraídos para a localidade, tanto no litoral como no interior. A posterior descoberta de ouro nas Minas Gerais amenizou a exploração paranaense.<br /><br />A passagem de tropas (gado e cavalos) vindos de Viamão para Sorocaba propriciaram o tropeirismo no Estado. Paradas feitas durante o percurso para pouso originavam novos povoamentos que, com o passar dos tempos tornaram-se cidades (Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Porto Amazonas, Palmeira, Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva e Sengés).<br /><br />Separada de São Paulo em 1853, criou-se a Província do Paraná com o estabelecimento de aproximadamente 40 núcleos coloniais, núcleos estes originados por imigrantes italianos, alemães, poloneses, franceses, ingleses e suíços que, dedicaram-se as culturas de erva-mate, café e exploração de madeira impulsionando a economia local na época.<br /><br />Paraná em guarani quer dizer “rio caudaloso”. As primeiras movimentações de colonizadores no estado do Paraná tiveram início no século XVI, quando diversas expedições estrangeiras percorreram a região à procura de madeira de lei. No século XVII, portugueses e paulistas começaram a ocupar a região, a partir da descoberta de ouro e à procura de índios para o trabalho escravo. A mineração, no entanto, foi legada a segundo plano pelos colonizadores, que se dirigiram em maior número às terras de Minas Gerais. Até o século XVIII, existiam apenas duas vilas na região: Curitiba e Paranaguá. Esse processo retardou a ocupação definitiva da área, que pertenceu à província de São Paulo até meados do século XIX, com sua economia baseada na pecuária.<br /><br />A história oficial do Paraná começa em 29 de agosto de 1853 com a lei assinada pelo Imperador Dom Pedro II, que desmembrou a região da Província de São Paulo. Logo após de conquistada sua autonomia, teve início um programa oficial de imigração européia para a região, principalmente de poloneses, alemães e italianos que vieram em busca de riquezas. O progresso, elevação de nível econômico, cultural e social do povo do Paraná foram os principais motivos para a transformação da região em província.<br /><br />Em 1880 houve a abertura de estradas e rodovias, o que acelerou a ocupação. Daí em diante aconteceu o grande fluxo de migrantes mineiros e de outros estados pelo baixo valor das terras e sua grande fertilidade. O Paraná, se torna Estado em 1889.<br /><br />No século XX a história do Paraná foi marcada pela opulência das moradas e do viver dos “barões da erva-mate”, donos de engenhos. A madeira farta atraía os ingleses, que povoaram os vazios das florestas derrubadas. Neste mesmo século chegaram os imigrantes não-europeus, como os japoneses na segunda década. O Paraná viveu o ciclo do ouro, da madeira, da erva-mate e do café, até finalmente diversificar sua economia.<br /><br />O Estado é conhecido como o maior e mais ativo celeiro do País. Seu parque industrial não pára de crescer e diversificar-se. O aproveitamento do extraordinário potencial energético de uma privilegiada bacia hidrográfica, formada principalmente pelos rios Paraná e Iguaçu, é um dos responsáveis por este grande crescimento. Os últimos anos foram marcados por grandes transformações e pela sua consolidação como um dos mais importantes estados brasileiros, ocupando o seu lugar em importância econômica.<br /><br />A capital, Curitiba, foi fundada em 1693, como Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Curitiba se tornou a capital do Estado em 1853. A ocupação do seu território foi lenta até 1870, quando foi iniciado o processo de colonização por imigrantes europeus. Os imigrantes se estabeleceram nos arredores da cidade, se dedicando a atividades agrícolas e artesanais. Além desses grupos majoritários, também vieram para a região imigrantes japoneses, franceses, ingleses e suíços. A cidade de Curitiba tem sido modelo de planejamento urbano e qualidade de vida para seus habitantes.<br /><br />(Fontes: IBGE / Governo do Estado do Paraná / República Federativa do Brasil / Almanaque Paraná 2002)<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />Era Vargas – Principais Caracteristicas<br />•25, maio 2009 • 5 comentários<br /><br />1 – O PERÍODO PROVISÓRIO (1930 – 1934):<br /><br /> *<br /><br /> Decretos-lei.<br /> *<br /><br /> Nomeação de interventores.<br /> *<br /><br /> Atrelamento de sindicatos ao governo.<br /> *<br /><br /> Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (a cargo de Lindolfo Collor).<br /> *<br /><br /> Criação de leis trabalhistas: 8hs diárias, salário mínimo, aposentadoria, férias…<br /> *<br /><br /> Revolução Constitucionalista (SP – 1932):<br /><br /> *<br /><br /> Oligarquia paulista insatisfeita com exclusão do poder.<br /> *<br /><br /> Classe média urbana insatisfeita com autoritarismo varguista.<br /><br /> *<br /><br /> Símbolo da luta: MMDC (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo).<br /> *<br /><br /> Objetivo: constituição.<br /> *<br /><br /> Resultado: vitória militar de Vargas e convocação de eleições para a Assembléia nacional constituinte em 1933.<br /><br />2 – O PERÍODO CONSTITUCIONAL (1934 – 1937):<br /><br /> *<br /><br /> A constituição de 1934:<br /><br /> *<br /><br /> Voto secreto, obrigatório, direto.<br /> *<br /><br /> Voto feminino (excluindo-se analfabetos).<br /> *<br /><br /> Justiça eleitoral.<br /> *<br /><br /> Corporativismo.<br /> *<br /><br /> Confirmação de leis trabalhistas.<br /> *<br /><br /> Mandato presidencial de 4 anos.<br /> *<br /><br /> 1º presidente eleito indiretamente: Getúlio Vargas.<br /> *<br /><br /> Intervenção do Estado na exploração de minérios.<br /><br /> *<br /><br /> Formação de 2 correntes políticas antagônicas influenciadas pela conjuntura internacional.<br /> *<br /><br /> AIB (Ação Integralista Brasileira):<br /><br /> *<br /><br /> Grupo fascista.<br /> *<br /><br /> Plínio Salgado (líder).<br /> *<br /><br /> Condenavam o capitalismo financeiro internacional (associado aos judeus) mas não a propriedade privada.<br /> *<br /><br /> Totalitarismo, unipartidarismo e Estado centralizado forte.<br /> *<br /><br /> Lema: “Deus, Pátria e Família”.<br /> *<br /><br /> Saudação: ANAUÊ<br /> *<br /><br /> Apoiados por setores da Igreja (combate ao “comunismo ateu”), classe média alta, empresários capitalistas e imigrantes ou descendentes de imigrantes ítalo-germânicos radicados especialmente no RS e SC.<br /><br /> *<br /><br /> ANL (Aliança Nacional Libertadora):<br /><br /> *<br /><br /> Aliança de esquerda reunindo comunistas, socialistas, democratas e simpatizantes de esquerda em geral.<br /> *<br /><br /> Luís Carlos Prestes (líder).<br /> *<br /><br /> Defendiam o não pagamento da dívida externa, reforma agrária e respeito às liberdades individuais (direito de greve, imprensa livre…), nacionalização de empresas estrangeiras e governo popular;<br /><br /> *<br /><br /> Getúlio coloca a ANL na ilegalidade (Jul/1935).<br /> *<br /><br /> Nov/1935 - Intentona Comunista: tentativa de golpe por membros da ANL. Mal organizada, fracassou rapidamente. Seus líderes (incluindo Prestes) foram presos.<br /> *<br /><br /> 1937: Divulgação do “Plano Cohen” (suposto plano comunista para tomar o poder).<br /> *<br /><br /> Congresso é fechado e eleições suspensas.<br /><br />3 – O ESTADO NOVO (1937 – 1945):<br /><br /> *<br /><br /> Nova constituição (1937): POLACA (constituição fascista).<br /> *<br /><br /> Estado de Emergência permanente – plenos poderes ao presidente e à polícia.<br /> *<br /><br /> Congresso fechado – decretos-lei.<br /> *<br /><br /> Proibição de greves.<br /> *<br /><br /> Censura permanente (DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda).<br /> *<br /><br /> Prisão de qualquer opositor.<br /> *<br /><br /> Apoio das forças armadas.<br /> *<br /><br /> Simpatia ao fascismo.<br /> *<br /><br /> Ausência de qualquer partido (até a AIB foi fechada).<br /> *<br /><br /> 1938 - Intentona Integralista:<br /><br /> *<br /><br /> Golpe fracassado da AIB.<br /> *<br /><br /> Líderes presos.<br /> *<br /><br /> Plínio Salgado exila-se em Portugal.<br /><br /> *<br /><br /> Política internacional :<br /><br /> *<br /><br /> Exploração de rivalidades para obter vantagens para o Brasil.<br /> *<br /><br /> Projeto de industrialização.<br /><br /> *<br /><br /> 1942: Navios brasileiros são afundados por submarinos alemães.<br /> *<br /><br /> Brasil declara guerra ao Eixo (ALE + ITA + JAP).<br /> *<br /><br /> 1943: Edição da CLT (controle dos trabalhadores).<br /> *<br /><br /> 1944: FEB (Força Expedicionária Brasileira) desembarca na Itália com aproximadamente 25 mil homens.<br /> *<br /><br /> Luta contra o nazifascismo estabelece contradição interna: ditadura lutando ao lado das “forças pró-democracia”.<br /> *<br /><br /> Diversos setores sociais começam a pedir democracia interna (entre eles a UNE, criada em 1937, os meios de comunicação, apesar da censura…).<br /> *<br /><br /> Vargas convoca eleições para 1945, acaba com a censura e anistia presos políticos.<br /> *<br /><br /> Vargas aproxima-se até dos comunistas para permanecer no poder.<br /> *<br /><br /> Propõe uma “Lei Anti-Truste” que desagrada os EUA.<br /> *<br /><br /> Em 1945, é afastado do poder pelo exército (influenciado pelos EUA), que temia uma nova tentativa golpista do presidente. Vargas retorna para São Borja e é eleito posteriormente senador por dois estados ao mesmo tempo (RS e SP).<br /><br /> *<br /><br /> José Linhares (presidente do STF) assume o poder até que as eleições tivessem transcorrido e o novo presidente assumisse.<br /><br />3 – CARACTERÍSTICAS GERAIS DO GOVERNO VARGAS:<br /><br /> *<br /><br /> POPULISMO – tipo de governo que possui as seguintes características: autoritarismo, estatismo, corporativismo, culto ao líder combinado com concessões parciais a camada mais pobre da população visando obter seu apoio. Ocorreu na América Latina entre os anos 30 e 50, e tem em Getúlio Vargas, no Brasil, Juan Domingo Perón, na Argentina e Lázaro Cárdenas, no México seus mais notórios representantes.<br /> *<br /><br /> O Estado era o “mediador” dos conflitos sociais.<br /> *<br /><br /> Nacionalismo econômico, com criação de empresas estatais e obras públicas.<br /> *<br /><br /> Intervenção do Estado na economia, inspirado no modelo do “New Deal” norte-americano.<br /> *<br /><br /> Controle dos trabalhadores com criação de leis (a CLT, é um exemplo disso) e atrelamento dos sindicatos.<br /> *<br /><br /> Utilização intensa de propaganda governamental e censura, com a criação da DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), que cuidadosamente “fabrica” a imagem do “pai do trabalhador”.<br /> *<br /><br /> Descaso com o trabalhador rural (as leis trabalhistas não chegavam no campo).<br /> *<br /><br /> Aproximação com camadas populares urbanas.<br /> *<br /><br /> Incentivo ao mercado interno.<br /> *<br /><br /> Recuperação do preço do café (queima de estoque).<br /> *<br /><br /> Incentivos a indústria nacional (especialmente a de base durante a II Guerra Mundial), com a criação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e a nacionalização de refinarias de petróleo.<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />GETÚLIO VARGAS – Governo Ditatorial (1937 – 1945)<br />•25, maio 2009 • 1 comentário<br /><br /> *<br /><br /> A ditadura de Vargas dura oito anos.<br /> *<br /><br /> A imprensa foi censurada, ninguém podia criticar o governo, as greves foram proibidas, os sindicatos controlados pelo Estado.<br /> *<br /><br /> A ditadura de Vargas era bem parecida com a de Mussolini na Itália, mas não era fascista.<br /> *<br /><br /> Getúlio Vargas governou por decretos-leis.<br /> *<br /><br /> Vargas se preocupou bastante com controle da classe operária e dos sindicatos.<br /> *<br /><br /> É dessa época a criação do imposto sindical, um dia de trabalho por ano que cada trabalhador, sindicalizado ou não, pagava ao governo, que era utilizado em benefícios.<br /> *<br /><br /> Opinião pública passa a ser controlada pelo DIP, que só permitia a propaganda política do governo.<br /> *<br /><br /> Cada redação de jornal tinha um censor para julgar o que podia ser publicado.<br /> *<br /><br /> Em 1938, os integralistas, que colaboraram com Getúlio no golpe de 1937 se sentiram traídos.<br /> *<br /><br /> Os integralistas tentaram tomar o poder, mas foram derrotados e presos.<br /> *<br /><br /> Em 1943, Getúlio criou a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) uma reunião das leis trabalhistas.<br /> *<br /><br /> Depois de ser chamado de DPDC e DNP, foi chamado DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) criado em dezembro de 1939.<br /> *<br /><br /> DIP – encarregado da censura dos meios de comunicação ( rádio, jornais, livros, cinema) e também tinha como função divulgar uma imagem positiva do Estado Novo, para garantir o apoio da opinião pública.<br /> *<br /><br /> Vargas utilizou o rádio para divulgação de seus projetos.<br /> *<br /><br /> Na área econômica, Getúlio investiu na industrialização.<br /> *<br /><br /> Construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é da Companhia Vale do Rio doce, exploradora de minérios.<br /> *<br /><br /> As companhias eram estatais, mas além de utilizarem os capitais do governo, utilizaram também os empréstimos norte-americanos.<br /> *<br /><br /> Se desenvolveram as indústrias de papel, cimento, vidro.<br /> *<br /><br /> No setor agrícola, Vargas estimulou a policultura e se preocupou com a estabilização do preço do café.<br /> *<br /><br /> Getúlio comprou os estoques de café, queimou-os, impôs condições para o plantio e para a política de preços.<br /> *<br /><br /> *<br /><br /> Criou o Instituto Brasileiro do Café, que passou a controlar o mercado.<br /> *<br /><br /> O Brasil participou da segunda guerra mundial, ao lado dos aliados: Inglaterra, França, EUA e outras nações.<br /> *<br /><br /> A atuação brasileira na guerra se deu através da FEB (Força Expedicionária Brasileira) com campanhas na Itália.<br /> *<br /><br /> Brasil exporta minérios, outras matérias-primas e produtos industrializados para os países em guerra.<br /> *<br /><br /> Criação de novos Institutos como o do Mate e o Pinho.<br /> *<br /><br /> A expansão industrial não foi suficiente para tornar o país economicamente independente.<br /> *<br /><br /> As indústrias dependiam da importação de bens de capital como máquinas para produzir. As indústrias também produziam bens de consumo.<br /> *<br /><br /> O Brasil continuou e exportando café, algodão, minérios.<br /> *<br /><br /> As camadas médias e uma parte das camadas pobres foram beneficiadas pelo crescimento industrial e pela ampliação dos órgãos públicos, com o aumento de empregos.<br /> *<br /><br /> Nas cidades havia muitas pessoas subempregadas e também desempregadas. Os salários continuaram baixos.<br /> *<br /><br /> Em 1940, no Rio, a companhia teatral “Os Comediantes” iria inaugurar o moderno teatro brasileiro.<br /> *<br /><br /> Com a repercussão interna da participação do Brasil na segunda guerra mundial, provocou enfraquecimento do Estado Novo.<br /> *<br /><br /> O país vivia uma situação contraditória, pois lutava pela democracia no exterior, combatendo fascismo, mas vivia sob um regime ditatorial.<br /> *<br /><br /> Com o apoio da grande imprensa, os intelectuais, estudantes e operários e iniciaram um movimento pela redemocratização do país.<br /> *<br /><br /> Pressionado, o governo prometeu eleições gerais, diminuiu a censura à imprensa e permitiu a volta de partidos políticos.<br /> *<br /><br /> A oposição se organizou num partido, chamado UDN (União Democrática Nacional).<br /> *<br /><br /> As oligarquias rurais, banqueiros industriais e parte da classe média formaram o PSD (Partido Social Democrata).<br /> *<br /><br /> Os dirigentes sindicais criar o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro).<br /> *<br /><br /> O governo norte-americano não aceitava a política nacionalista de Vargas, que dificultava a entrada de capitais privados daquele país.<br /> *<br /><br /> Durante a campanha eleitoral, surgiu um movimento liderado pelos trabalhistas, chamado “Queremismo” que defendia a convocação de uma assembléia constituinte e a continuidade de Getúlio.<br /> *<br /><br /> Os setores nacionais de oposição, ligados aos estados unidos e apoiados por parte das forças armadas, conspiraram para derrubar o presidente.<br /> *<br /><br /> Em e outubro de 1945, um golpe de estado liderado pelo General Góis Monteiro, depôs Vargas.<br /> *<br /><br /> As eleições se realizaram e o vencedor foi Marechal Eurico Gaspar Dutra.<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />GETÚLIO VARGAS – Governo Constitucional (1934 – 1937)<br />•25, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br /> * Período em que o governo enfrentou duas revoltas: a dos integralistas e a dos comunistas.<br /><br /> * Cresceram no Brasil duas correntes ideológicas: a Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Aliança Nacional Libertadora (ANL).<br /><br /> * AIB – de caráter fascista liderado por Plínio Salgado que tinha por lema Deus, Pátria e Família.<br /><br /> * O AIB era apoiado por setores mais conservadores da sociedade ( grandes proprietários, empresários, elementos da classe média e oficiais das forças armadas). Pregavam uma ditadura nacionalista, de partido único.<br /><br /> * ANL – Liderada por Luís Carlos Prestes. Recebeu apoio de estudantes, operários, parte da classe média e militares de baixa patente.<br /><br /> * A ANL era a favor de reformas radicais, como a suspensão do pagamento da dívida externa, reforma agrária e nacionalização das empresas estrangeiras.<br /><br /> * A ANL cresceu rapidamente em todo o país.<br /><br /> * Em novembro de 1935 estourou uma revolta comunista, denominada Intentona Comunista que foi provocada pela dissolução da ANL, por ordem de Vargas.<br /><br /> * O movimento foi controlado pelo governo federal.<br /><br /> * Os prisioneiros foram torturados e alguns mortos.<br /><br /> * Prestes sobreviveu à prisão, porém sua esposa Olga Benário foi entregue aos nazistas.<br /><br /> * A filha de Olga, Anita Leocádia Prestes, foi trazida para o Brasil, graças à ação da família, mas Olga morreu num campo de concentração.<br /><br /> * Em 1937, teve início a campanha da sucessão presidencial.<br /><br /> * Acusando os comunistas de pretenderem tomar o poder, o presidente, com apoio das forças armadas e do congresso, deu um golpe de estado, outorgando uma nova constituição e levando a Nação à ditadura do Estado Novo.<br /><br /> * As eleições foram suspensas e o congresso foi fechado.<br /><br /> * A nova constituição, a “Polaca”, baseada na constituição da Polônia, aboliu a autonomia dos estados e municípios, fechou os partidos políticos e fortaleceu o poder executivo.<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />GETÚLIO VARGAS – Governo Provisório (1930 – 1934)<br />•25, maio 2009 • 5 comentários<br /><br /><!– @page { margin: 2cm } P { margin-bottom: 0.21cm } –><br /><br /> *<br /><br /> Getúlio foi considerado Pai dos Pobres e Mãe dos Ricos.<br /> *<br /><br /> Ao assumir o poder, Vargas dissolveu: o Governo Nacional, as Assembléias Estaduais e as Câmaras Municipais, até que fosse convocada uma nova Assembléia Constituinte para elaborar uma nova Constituição.<br /> *<br /><br /> Os governadores que não apoiaram Getúlio foram substituídos por interventores.<br /> *<br /><br /> Alguns tenentes que apoiaram Getúlio ganharam cargos de interventores estaduais.<br /> *<br /><br /> Novos órgãos administrativos foram criados, como o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e o Ministério da Educação e Saúde.<br /> *<br /><br /> Como não havia Congresso, as leis eram feitas diretamente pelo presidente que assinava os decretos.<br /> *<br /><br /> Um dos primeiros decretos estabelecia que só seriam permitidos os sindicatos leias ao governo.<br /> *<br /><br /> Getúlio estabeleceu o voto secreto, dificultando as fraudes.<br /> *<br /><br /> Vargas criou a Justiça Eleitora, comandada por coronéis.<br /> *<br /><br /> Estabeleceu-se o voto feminino, a mulher deveria ser alfabetizada e trabalhar.<br /> *<br /><br /> Getúlio criou a Justiça do Trabalho, as leis trabalhistas.<br /> *<br /><br /> Em 1931, Vargas criou o Departamento Oficial de Publicidade.<br /> *<br /><br /> Leis que Vargas não fez – o FGTS, foi criado em 1967 pelos militares; licença paternidade de 3 dias, foi criado na Constituição de 1988, a licença maternidade na Constituição de 1988 foi para 120 dias e o seguro desemprego.<br /> *<br /><br /> Em 1934, foi criado o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC).<br /> *<br /><br /> Desde o início, Vargas demonstrou seu autoritarismo, controlando os sindicatos, os meios de comunicação e até mesmo as escolas de samba.<br /> *<br /><br /> Em SP, políticos intelectuais com idéias liberais queriam que houvesse eleições para escolher uma Assembléia Constituinte, sonhavam com uma Constituição Liberal.<br /> *<br /><br /> Getúlio nomeou um interventor para governar SP, mas ele era odiado pela população e não era paulista, começando com a agitação anti-getulista na capital.<br /> *<br /><br /> As velhas oligarquias cafeeiras de SP, aproveitaram as insatisfações e o movimento, pois queriam recuperar o antigo poder de 1930.<br /> *<br /><br /> Uma passeata de protesto contra o interventor varguista terminou com estudantes mortos pela polícia.<br /> *<br /><br /> Estado de SP declara guerra ao governo de Getúlio, eclodindo a Revolução Constitucionalista de SP, em 1932.<br /> *<br /><br /> A Revolução Constitucionalista tinha como objetivo a elaboração de uma nova Constituição para o país.<br /> *<br /><br /> Movimento MMDC: Conflito envolvendo os rebeldes e as forças do governo. Nesse movimento morreram os estudantes de cujo sobrenome Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo proveio essa sigla.<br /> *<br /><br /> Aconteceu uma guerra mesmo, com deslocamento de tropas, canhões, centenas de mortes.<br /> *<br /><br /> SP ficou isolada e os paulistas rederam às tropas do governo federal.<br /> *<br /><br /> Nos anos 1930, o cinema brasileiro se concentrava no Rio de Janeiro, com a Cinédia e Brasil-Vita de estúdio cinematográficos.<br /> *<br /><br /> O filme com O campeão de futebol fez sucesso em São Paulo.<br /> *<br /><br /> O mineiro Humberto Mauro foi um grande cineasta de 1930.<br /> *<br /><br /> Em 1973, com a peça Deus lhe pague, de Juracy Camargo, começava o “teatro que faz pensar”.<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />003 – Roma – Julio Cesar<br />•22, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />JVLIVS CAESAR<br /><br />A Conspiração no Senado<br /><br />“Leia apenas este, César, e agora mesmo! Trata de assuntos da máxima importância!” César apanhou o bilhete e por diversas vezes tentou lê-lo, mas a turba dos solicitantes impedia-o. E foi com ele nas mãos — e apenas ele — entrou no senado…<br /><br />A ambição de César, bem como seu amor dos grandes feitos, não lhe permitiam gozar em paz os incontáveis êxitos que lhe advieram de seus trabalhos. Isso apenas o inflamava e o encorajava para o futuro, inspirando-lhe projetos cada vez mais vastos e desejos de novas glórias, pois não lhe bastavam as que já possuía. Semelhante paixão não era mais que uma espécie de inveja de si mesmo, como se tivesse sido outra pessoa, e de emulação entre o que realizara e ainda pretendia realizar. Projetava e preparava uma expedição contra os partos; submetidos estes cruzariam a Hircânia ao comprido do mar Cáspio e do Cáucaso, para contornar o Ponto Euxino (mar Negro) e invadir a Cítia; a seguir, marcharia contra os países vizinhos da Germânia e contra a própria Germânia, regressando enfim à Itália através da Gália. Assim, fecharia o círculo do império, rodeado de todos os lados pelo Oceano.<br /><br />Enquanto aguardava o momento propício para essa expedição, planejou rasgar o istmo de Corinto, obra a ser realizada por Anieno, e escoar o Tibre para a saída da cidade através de um canal profundo, lançando-o ao mar perto de Terracina, de modo a obter uma via ao mesmo tempo fácil e segura para os mercadores que freqüentavam Roma. Queria também drenar os pântanos de Pomécio e Sécia, transformando-os em planícies a serem cultivadas por dezenas de milhares de homens; finalmente, levantar diques para barrar a parte do mar mais próximo de Roma e, após livrar a costa de Ostia dos obstáculos ocultos que lhe dificultavam o acesso, construir portos e ancoradouros seguros para uma atividade marítima crescente. Tais os projetos que elaborava.<br /><br />A reforma do calendário e a retificação das anomalias no cálculo do tempo, sabiamente meditadas e levadas a bom termo por César, foram de imensa utilidade. É que, nos tempos recuados, não apenas a relação entre o ano e os meses tornara-se tão confusa entre os romanos que sacrifícios e festas, aos poucos deslocados, recaíam em estações opostas às suas datas primitivas, como, ainda na época de César, a maior parte das pessoas absolutamente nada compreendiam do assunto, uma vez que os sacerdotes — os únicos a conhecer o tempo real — acrescentavam a torto e a direito, sem que ninguém o esperasse, um mês intercalar chamado mercedônio. Parece que foi introduzido pela primeira vez pelo rei Numa que com isso apenas encontrou um remédio medíocre e pouco eficaz para os erros cometidos quanto ao retorno periódico dos astros. César apresentou o problema aos mais doutos filósofos e matemáticos da época, e, com base em métodos já aplicados, propôs uma reforma pessoal e mais rigorosa do calendário. Dele ainda hoje se valem os romanos, enganando-se menos que os outros povos no que tange à divergência entre os meses e o ano. Todavia, os invejosos e todos quantos não podiam suportar a dominação de César até nessa reforma foram encontrar motivos de censura. O orador Cícero, ouvindo que a Lira erguer-se-ia no dia seguinte, teria resmungado: “Sim, por decreto”, como se os romanos só aceitassem a reforma sob coação.<br /><br />Entretanto, o que provocou contra César o ódio mais manifesto, mais mortal, foi seu desejo de ser rei. Deu assim, ao povo, o primeiro ensejo de crítica contra ele, e aos inimigos secretos, sempre à espreita, o pretexto mais atraente. De seu lado, os que queriam conceder-lhe semelhante honra espalharam o boato de que, segundo os livros sibilinos, os romanos dominariam o império dos partos se os atacassem comandados por um rei, do contrário jamais o conseguiriam. Certa feita, descendo César de Alba para Roma, ousaram até saúda-lo com o título real. O povo emudeceu; e César, despeitado, declarou que não se chamava “rei”, mas “César”, todavia, percebendo que essas palavras esbarravam no silêncio geral, passou adiante com ar sombrio e carrancudo. Outro dia que o senado acabara de votar-lhe honras extraordinárias e ele se achava na tribuna dos discursos, os cônsules e os pretores aproximaram-se, seguidos de todo o corpo senatorial; César não se levantou, como se ali estivesse a conceder audiência a meros particulares, e disse que convinha diminuir, ao invés de aumentar suas honras. Tal conduta não ofendeu apenas o senado, mas também o povo, que viu o Estado desprezado na pessoa dos senadores. Todos os que, por suas funções, não eram obrigados a permanecer, retiraram-se imediatamente, muito abatidos.<br /><br />O próprio César percebeu tudo, voltou logo para casa e gritou aos amigos, descobrindo o pescoço: “Estou pronto a dar a garganta a quem quiser matar-me”. Mais tarde desculpou-se pretextando sua doença (epilepsia), dizendo que os que dela padecem de forma alguma podem permanecer firmes, falando de pé à multidão, mas perdem a noção das coisas quando se sentem sacudidos, turbados, acossados de vertigens. O fato, porém, não se deu assim: César tinha a firme intenção de levantar-se diante do senado, mas um de seus amigos (ou bajuladores), Cornélio Balbo, tê-lo-ia retido com estas palavras: “Acaso não te lembras de que és César e tens de aceitar as homenagens que te são devidas como a um ser superior?”<br /><br />A esses procedimentos ofensivos juntou-se o ultraje feito aos tribunos da plebe. Era pela época das festas Lupercais1, que, segundo alguns autores, fora outrora celebradas por pastores e tem de fato alguma ligação com a festa do Liceu da Arcádia. Nesse dia, muito jovem de boa família e muito magistrado corre nu pela cidade, fustigando os que encontra pelo caminho com tiras de peles a que não se tiram os pêlos, numa espécie de jogo ou brincadeira; mulheres em idade de conceber postam-se de propósito à sua passagem, e, como escolares, estendem as mãos para receber os golpes, certas de que isso lhes garantirá um parto sem problemas, caso estejam grávidas, ou a fertilidade, se são estéreis. César assistia à festa do alto dos Rostros, sentado numa cadeira de ouro e envergando sua roupa de triunfador. Antônio participava da corrida sagrada, pois era cônsul; quando chegou ao Fórum e a multidão lhe abriu caminho, viu-se que trazia um diadema entrelaçado de uma coroa de louros, que estendeu a César. Ouviram-se palmas de encomenda, pouco entusiasmadas e nada convincentes. César repeliu o diadema — e todos aplaudiram. Antônio repetiu o gesto e novamente os aplausos foram minguados; César reusou segunda vez, a aclamação voltou a ser unânime.<br />Busto de Júlio César<br /><br />Concluída a prova, César ergueu-se e ordenou que a coroa fosse levada ao Capitólio. Notou-se então que todas as suas estátuas haviam sido coroadas de diademas reais. Os tribunos Flávio e Marulo apareceram e arrancaram-nos para em seguida, descobertos os primeiros que tinham saudado César com o título real, mandá-los à prisão. O povo seguia os tribunos chamando-os euforicamente de Brutos, pois Bruto é quem pusera fim à sucessão dos reis e transferira o poder supremo da monarquia ao senado e ao povo. César, profundamente ofendido, arrebatou o cargo a Marulo e seu colega. Na acusação contra eles lavrada, insultou também o povo, chamando diversas vezes aqueles tribunos de “estúpidos” (bruti) e “cimeus”.<br /><br />Nessas circunstâncias, a maior parte dos cidadãos voltou-se para Marco Bruto, que passava por pertencer, ao lado paterno, à estirpe do antigo Bruto, e, do lado materno, descendia de outra família ilustre, a dos Servílios. Era, ainda, genro e sobrinho de Catão. Ele próprio, no entanto não cogitava de sacudir o jugo tirânico, pois que o paralisavam as honras e benefícios recebidos de César. Não apenas tivera a vida salva em Farsália depois da fuga de Pompeu, ocasião em que intercedera por diversos amigos, como gozava de grande crédito junto a César. Recebera a pretura que era então a mais honrosa e deveria ser cônsul três anos depois, tendo levado a melhor sobre seu concorrente Cássio2. Com efeito, César declarara que Cássio possuía as melhores credenciais, mas não passaria à frente de Bruto. Assim, quando falaram mal dele em sua presença, num momento que a conjuração já ia em meio, não fez caso e, apontando para si mesmo, disse aos denunciantes: “Bruto saberá aguardar o fim deste corpo”, dando a entender que o acusado merecia o poder por sua virtude, mas que essa mesma virtude o impedia de tornar-se ingrato e criminoso.<br /><br />Os partidários da revolução só tinham olhos para Bruto, ou pelo menos queriam aliciá-lo em primeiro lugar. No entanto, não ousavam falar-lhe, preferindo deixar à noite, no tribunal e na cadeira onde se sentava para dar suas audiências de pretor, bilhetes concebidos nestes termos: “Estás dormindo, Bruto”, ou: “Não és Bruto”. Cássio, apercebendo-se de que essas recriminações lhe iam aos poucos despertando o zelo, pressionava-o mais que nunca, uma vez que ele próprio nutria ódio pessoal contra César devido aos motivos tão evidentes. César, de seu lado, suspeitava de Cássio e chegou a dizer um dia aos amigos: “Que pensais esteja Cássio a maquinar? A mim ele não agrada: é excessivamente pálido”. Também se conta que, quando Antônio e Dolabela foram acusados de tramar, declarou: “Não receio os nédios e cabeludos, mas os magros e pálidos” — aludindo a Cássio e Bruto.<br /><br />Parece ser mais fácil prever do que evitar o destino, pois que então muitos prodígios e aparições se teriam manifestado. É claro que, a propósito de tão importante acontecimento, não vale a pena mencionar os clarões no céu, os ruídos noturnos ouvidos em diversos lugares, ou as aves de rapina que despencaram sobre o Fórum. Mas o filósofo Estrabão narra que muita gente acreditou ver homens esbraseados e que o escudeiro de um soldado deixou escapar da mão uma grande labareda, a qual se extinguiu deixando o homem ileso, para espanto dos espectadores, que o supunham em chamas; e que, por ocasião de um sacrifício oferecido pelo próprio César, não se achou o coração da vítima, prodígio dos mais assombrosos uma vez que a natureza nunca poderia produzir um animal desprovido desse órgão. Ainda hoje se ouve muita gente dizer que um adivinho advertiu César para guardar-se de um grande perigo no dia de março que os romanos chamam de “idos”, e que, chegado esse dia, César saudou o adivinho e brincou com ele, quando saía de casa para o senado3: “E então, os idos de março chegaram!”, ao que o outro respondeu tranqüilamente: “Chegaram, mas ainda não passaram”.<br /><br />Na véspera jantava na casa de Marco Lépido e selava cartas sentado à mesa, conforme seu hábito, quando a conversação recaiu sobre a questão da melhor das mortes; César, adiantando-se aos demais convivas, acudiu: “A que não esperamos”. Após a refeição, foi deitar-se ao lado da esposa, como sempre. De repente, todas as portas e janelas do quarto se escancararam ao mesmo tempo; assustado com o barulho e o clarão da lua, que iluminava o recinto, ouviu Calpúrnia balbuciar, embora adormecida, palavras indistintas e gemidos desarticulados. Calpúrnia sonhava que tinha nos braços o marido degolado, e pranteava-o. Outros afirmam que não foi ela, mas outra mulher que teve o sonho: haviam erigido em cima da casa de César, para ornamento e distinção, uma espécie de acrotério, votado segundo Tito Lívio pelo senado, e foi esse pináculo que Calpúrnia viu em sonhos derrubado, o que lhe provocara lamentações e pranto. Seja como for, quando o dia nasceu, suplicou ao marido que não saísse e adiasse a sessão do senado, se possível: “Caso não dês importância a meus sonhos”, acrescentou ela, “recorre a outras divinações e sacrifícios para saber do futuro”. César, ao que parece, ficou um pouco inquieto e suspeitoso, pois nunca antes reparara que Calpúrnia, como tantas outras mulheres, fosse supersticiosa. Agora, porém, via-se agitada. E como, além do mais, os adivinhos declararam que os sinais eram desfavoráveis, após uma série de sacrifícios, decidiu enviar Antônio para dispensar o senado.<br /><br />Décimo Bruto, de sobrenome Albino4, era de tal forma considerado por César que este o instituíra seu segundo herdeiro. Todavia, participava da conjuração juntamente com o outro Bruto e Cássio. Temendo que, César escapasse à sessão daquele dia, a empresa se tornasse de conhecimento público, pôs-se a criticar os adivinhos e mostrou vivamente a César que calúnias e acusações atrairia sobre si da parte do senado, que se acreditaria escarnecido, pois se reunira por ordem sua estava pronto a votar unanimemente a medida que o proclamaria rei das províncias exteriores à Itália, onde teria o direito de usar o diadema, em terra e mar. “Se os senadores forem convidados”, ponderava, “a retirar-se depois que se assentarem, para voltar quando Calpúrnia tiver sonhos melhores, que dirão os invejosos? E quem dará ouvidos a teus amigos, quando tentarem provar que não há aí nem servidão nem tirania? Todavia, se estás mesmo resolvido a sacrificar este dia por escrúpulos religiosos, é melhor que vás em pessoa notificar o senado do adiamento da sessão”. Assim falando, Bruto tomou-o pela mão e levou-o consigo. César mal saíra de casa quando um escravo de fora, que em vão tentara abrir caminho por entre a multidão que o cercava, entrou depois de muito esforço na casa e se colocou nas mãos de Calpúrnia, a quem pediu para ficar até a volta de César, pois tinha importante comunicação a fazer-lhe.<br /><br />Artemidoro, natural de Cnido, ensinava as letras gregas e por isso penetrara suficientemente na intimidade de alguns dos cúmplices de Bruto para saber muita coisa que se tramava. Apareceu com um bilhete revelador, mas, notando que César entregava às pessoas da casa todos os comunicados que recebia, aproximou-se bastante e disse-lhe: “Leia apenas este, César, e agora mesmo! Trata de assuntos da máxima importância para ti”. César apanhou o bilhete e por diversas vezes tentou lê-lo, mas a turba dos solicitantes impedia-o. E foi com ele nas mãos — e apenas ele — entrou no senado. Alguns autores sustentam que outra pessoa entregou o bilhete, não Artemidoro, o qual não teria conseguido sequer chegar perto de César, mas fora sistematicamente repelido ao longo do caminho pela multidão.<br /><br />Busto de Cneo Pompeu Magno<br /><br />O que vem sendo narrado pode ser fruto do acaso. Mas a sala onde aconteceu o assassinato, na qual o senado se reunia naquela ocasião, ostentava uma estátua de Pompeu, que dedicara o edifício como um ornamento extra a seu teatro. Essa circunstância prova, manifestamente, que a ação foi encaminhada por um deus o qual já assinalara o lugar para cenário de tão relevante acontecimento. Diz-se que Cássio, antes do crime, volveu os olhos para a estátua e invocou Pompeu em silêncio, se bem que cultivasse a doutrina de Epicuro: é que a iminência do drama espalhava em sua alma, presumivelmente, uma emoção e um entusiasmo capazes de varrer dali as antigas opiniões. Antônio, que continuava fiel a César e era muito forte de físico, foi retido fora por Bruto Albino, que travou com ele, de propósito, uma discussão interminável. Quando César entrou os senadores, por deferência, levantaram-se. Imediatamente, enquanto alguns cúmplices de bruto se postavam em círculo atrás da cadeira de César, outros foram para diante dele, como a juntar suas instâncias às de Tílio Cimbro, que intercedia por seu irmão exilado; e, em grupo, acompanharam-no até seu lugar. Já sentado, continuou a repelir-lhe as solicitações, mas, como persistissem cada vez mais teimosamente, fez notar seu desagrado a um por um. Então Tílio agarrou sua toga com ambas as mãos e descobriu-lhe o pescoço, o que era o sinal convencionado.<br /><br />Casca5 foi o primeiro a feri-lo com a espada, na nuca, mas a ferida não era profunda, nem mortal, porque decerto o homem se sentia nervoso ao começar algo tão grave e tão ousado. César se volta e segura o gládio; gritam os dois quase ao mesmo tempo, o ferido em latim: “Sanguinário Casca, que fazes?”, o agressor em grego, a seu irmão: “Irmão, acode!” Foi assim que tudo começou. Os que não participavam da conjuração tremeram de susto vendo o que se passava, não ousando nem fugir, nem defender César, nem dizer palavra. Mas os que se haviam armado para o crime sacaram das espadas. César, cercado de todos os lados, só vê à frente, para onde quer que se volte, lâminas cruéis a feri-lo na face e nos olhos; empurrado por todos, debate-se como um animal selvagem. Cada qual deveria tomar parte no sacrifício e degustar o assassinato — de modo que Bruto também lhe vibrou um golpe na virilha. Alguns dizem que César se defendia contra os demais, gritando e atirando-se de um lado para outro, mas que, ao avistar Bruto de espada desembainhada, cobriu a cabeça com a toga e foi cair, por acaso ou empurrado pelos assassinos, junto ao pedestal onde se erguia a estátua de Pompeu. O pedestal ficou coberto de sangue, parecendo que Pompeu presidia em pessoa à vingança que se tirava do homem caído a seus pés, a estertorar sob o grande número de feridas (teria recebido vinte e três). Muitos dos conjurados acabaram ferindo-se entre si, no afã de golpear repetidamente um só homem.<br /><br />Morto César, Bruto avançou para o meio da assembléia como se tencionasse falar a respeito do que acabava de acontecer, mas os senadores não quiseram ouvir nada e precipitaram-se para fora. Sua fuga mergulhou o povo num estupor e receio intoleráveis: uns trancavam as portas, outros abandonavam os balcões e as lojas; de todos os lados pessoas corriam na direção do senado para ver o que acontecera e cruzavam com as que de lá voltavam. Antônio e Lépido, os maiores amigos de César, esquivaram-se e procuraram refúgio em casas alheias. Bruto e seus companheiros, ainda frementes do assassinato e brandindo as espadas nuas, agruparam-se à saída do senado e rumaram para o Capitólio. Não iam como pessoas que fogem, mas com o rosto radiante e cheio de segurança, conclamando o povo à liberdade e saudando os homens eminentes que encontravam.<br /><br />Alguns destes misturaram-se ao grupo e subiram com ele, como se tivessem participado da ação e reivindicassem seu quinhão de glória. Estavam entre eles Caio Otávio e Lêntulo Espínter, ao depois severamente castigados pela fanfarronada: Antônio e o jovem César6 mandaram executá-los, sem que houvessem sequer usufruído da glória pela qual morriam, pois ninguém lhes deu o mínimo crédito: os vingadores puniram neles não o ato, mas a intenção. No dia seguinte, Bruto e os conjurados desceram ao Fórum e falaram ao povo, que ouviu seus discursos sem manifestar nem censura nem aprovação pelo que fora feito — mas deixando entrever, por seu silêncio profundo, que, se pranteava César, respeitava Bruto. O senado votou anistias e tentou uma reconciliação geral: por um lado, decretou honras divinas para César e absoluta intocabilidade para qualquer das medidas que tomara quando no poder; por outro, atribuiu províncias a Bruto e seus cúmplices, além de distinções especiais. De modo que todos supuseram restabelecida a situação da maneira mais satisfatória possível.<br /><br />Mas depois que, aberto o testamento de César7, soube-se que deixara a cada romano um legado considerável, a multidão, ante o espetáculo daquele corpo desfigurado pelos ferimentos sendo conduzido pelo Fórum8, não mais se conteve: amontoou em volta do cadáver bancos, tábuas e mesas tiradas do Fórum, ateou-lhes fogo e incinerou o cadáver no próprio local. Em seguida, empunhando tições, correu para as casas dos assassinos na intenção de incendiá-las, enquanto outros vasculhavam as ruas à sua procura para fazê-los em pedaços. Não acharam nenhum, pois todos estavam bem-entrincheirados.<br /><br />Um tal Cina, amigo de César, tivera ao que se diz um sonho estranho na noite anterior. Parecera-lhe que César o convidava a cear e, ante sua recusa, tomava-o pela mão e levava-o a despeito de muita resistência. Ao saber que o corpo de César estava sendo queimado no Fórum, levantou-se e lá foi para prestar-lhe as derradeiras honras, embora o sonho o inquietasse e a febre o dominasse. Vendo-o, um homem na multidão disse seu nome a outro, que lhe perguntara; este o passou adiante, espalhando-se então o boato de que ele era um dos assassinos. Na verdade, havia entre os conjurados um indivíduo de mesmo nome, Cina. Tomaram-no por este, atiraram-se sobre o infeliz e ali mesmo o despedaçaram. Essa violência inquietou ao mais alto ponto Bruto e Cássio, os quais, pouco depois, abandonavam a cidade.<br /><br />Assassinato de Júlio César<br />Assassinato de Júlio César – Quadro de Jean-Léon Gérôme, 1867<br /><br />César morreu aos cinqüenta e seis anos, não tendo sobrevivido a Pompeu muito mais que quatro anos. Do poder e do domínio que perseguira a vida toda, em meio a tantos perigos e após tamanhas penas, só colheu o nome e uma glória que excitou a inveja dos concidadãos. No entanto, o gênio poderoso que em vida o assistira ficou com ele mesmo depois de morto, para vingá-lo; perseguiu e atormentou seus assassinos por toda a extensão da terra e do mar, até não mais restar um só, até punir um por um aqueles que, de alguma maneira, participaram do ato ao menos em intenção. O mais extraordinário dos fatos humanos que o atestam foi o destino de Cássio: vencido em Filipos9, matou-se com a mesma espada que vibrara contra César. No que tange aos fatos divinos, há o grande cometa que, após o assassinato, surgiu fulgurante por sete noites seguidas e depois desapareceu. Houve ainda o obscurecimento da luz do sol: durante todo o ano o disco solar levantou-se pálido e sem ardência; o calor que emanava dele era débil e fugidio, deixando o ar sombrio e pesado devido à insubstancialidade dos raios que o penetravam; os frutos, amadurecidos pela metade, murchavam e apodreciam naquela atmosfera álgida.<br /><br />Mas foi principalmente o fantasma aparecido a Bruto que revelou não ter o crime sido agradável aos deuses. Eis como se deu a aparição: Bruto, na iminência de levar seu exército de Abido para o outro continente, repousava à noite, como sempre, em sua tenda; não dormia, pensava no futuro, pois era segundo se diz, de todos os generais, o menos sujeito ao sono, o mais propenso fisicamente às longas vigílias. Acreditou ouvir barulho à porta e, olhando à luz de uma tocha que começava a esmorecer, teve uma visão espantosa, a de um homem desmesuradamente alto, terrível de aspecto. De início assustado, ao constatar que o espectro não fazia nem dizia nada, mas apenas quedava silencioso à beira do leito, perguntou-lhe: “Quem és?” O fantasma respondeu: “Sou teu gênio mau, Bruto. Ver-me-ás em Filipos”. Bruto, corajosamente, replicou: “Lá te verei” — e o espectro desapareceu.<br /><br />Chegado o momento, em Filipos, Bruto entrou em linha contra Antônio e César; vencedor no primeiro embate desafiou os inimigos que lhe faziam face, dispersou-os e saqueou o acampamento de César. Mas, pouco antes de travar o segundo combate, o mesmo fantasma veio visitá-lo novamente na calada da noite; não disse palavra, e todavia Bruto, compreendendo o decreto do destino, atirou-se às cegas no meio do perigo. Não morreu, porém, em combate; destroçadas suas tropas, refugiou-se num sítio escarpado e apoiou o peito contra a espada nua, ajudado ao que parece por um amigo, que reforçou o golpe. E assim morreu.<br /><br />Clique na imagem para ampliá-la<br />O fantasma de César aparece a Brutus<br /><br /><br />Flores no local onde César foi cremado no Fórum<br /><br />~ Arnaldo Poesia ~<br /><br />___________<br />Bibliografia: Plutarch, Parallel Lives, Harvard University Press, USA, 1992.<br /><br />Notas:<br />1 Cerimônia celebrada em 15 de fevereiro, em honra do deus Pã. Considerada por alguns propiciadora da fertilidade feminina, por outros vestígio da antiga festa pastoral voltada à defesa dos rebanhos e por outros cerimônia para manter distante as almas dos antepassados.<br />2 Caio Cássio Longino (85-42 a.C.), cunhado de Bruto. Iniciou sua carreira política como qüestor de Crasso, na campanha contra os partos. Em 49 a.C. foi eleito tribuno da plebe e em 44 a.C. nomeado pretor peregrino.<br />3 Excepcionalmente naquele dia a reunião não se deu na cúria, que se encontra no Fórum, mas em uma das dependências da cúria de Pompeu, no Campo de Marte. Era uma grande sala com bancadas em degraus, de cerca de 400 m² de área.<br />4 Décimo Júnio Bruto Albino, filho de Décimo Júnio Bruto, cônsul em 77 a.C. Foi colaborador de César desde o final da campanha da Gália. César tinha tal confiança nele que o havia inscrito em seu testamento.<br />5 Públio Servílio Casca Longo foi tribuno da plebe em 43 a.C.<br />6 Trata-se de Otaviano, assim chamado porque se tornou filho de César por adoção testamentária.<br />7 Na casa de Antônio, sob insistentes pedidos de Lúcio Calpúrnio Pisão, sogro de César.<br />8 O funeral ocorreu em 20 de março.<br />9 Cidade da Trácia, cerca de 15 km distante do mar Egeu. A batalha foi travada no outono de 42 a.C.<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />003 – Roma – O Império<br />•22, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />Ascensão e Queda<br />do Império Romano<br /><br />Lembra-te, romano, de que esta será a tua missão:<br />governar as nações; manter a paz sob a lei;<br />poupar os vencidos; esmagar os soberbos!<br />— Virgílio, 70-19 a. C.<br /><br />SENATVS POPVLVSQVE ROMANVS<br /><br />A fundação de Roma aconteceu no décimo primeiro dia antes das calendas de maio. Quanto a esse ponto todos concordam, e os romanos comemoram a data como aniversário de sua pátria. A História romana começa por um período mais ou menos lendário, durante o qual a tradição clássica faz reinar sete reis sucessivos de 753 a 510 a.C. Em 510, quando foi proclamada a República, Roma, cuja população resultava da fusão dos Ramnenses (Latinos), dos Ticienses (Sabinos) e dos Lúceres (Etruscos), já possuía um certo número de instituições: patriciado e clientela, assembléia curial, senado…<br /><br />O estabelecimento da República deu lugar à criação de novas funções. Tais como o consulado e a ditadura. Os primeiros tempos da República foram preenchidos quase totalmente pela luta dos patrícios e dos plebeus, que terminou no ano 300 pela admissão destes a todas as magistraturas. Solidamente constituída no interior, Roma pensou então em dilatar o seu território: de 496 a 270, conquistou o resto da Itália; de 264 a 201 fez as duas primeiras guerras púnicas; de 200 a 130, interveio no Oriente, destruiu Cartago (terceira guerra púnica, 146), transformou a Grécia em província romana, passando a experimentar a influência benéfica dos Helenos vencidos.<br /><br />As lutas internas, porém, perderam a República (rivalidade de Mário e de Sila; triunvirato de César, Pompeu e Crasso; rivalidade de Pompeu e César depois da conquista da Gália; ditadura e assassinato de César; rivalidade de Otávio e Antônio). Vencedor em Áccio em 31 a.C., Otávio ficou exclusivo senhor do mundo antigo; foi proclamado imperador (imperator) sob o nome de Augusto, reunindo nas suas mãos todos os poderes, todas as magistraturas.<br /><br />O próprio Virgílio, poeta da glória romana, havia apontado a grandiosa missão de Roma, e foi com força civilizadora que ela ascendeu e dominou. Suas maiores conquistas foram completadas nos dias da República. Em sete séculos, uma aldeia de pastores junto ao Tibre, que se pretende fundada pelos gêmeos Rômulo e Remo em 753 a.C., tornou-se senhora do Mediterrâneo e de grande parte da Europa continental. Conseguiu-o apenas pelo valor de seus lavradores-soldados, por seu gênio organizador e sua habilidade em fazer que as nações subjugadas se sentissem à vontade sob a águia romana. Um governo admiravelmente equilibrado, concebido para administrar uma cidade apenas, regia todo o império. O Senado romano, composto de romanos conceituados, supervisionava toda a legislação, controlava os gastos, tratava com potências estrangeiras, decidia sobre guerra e paz e, em conjunto, representava Roma.<br /><br />A maioria dos patriotas que cravaram seus punhais em Júlio César, nos Idos de Março de 44 a.C., eram senadores. Para eles, o ato sanguinário era o único meio de salvar a República. Contudo, matando o possível monarca, eles não mataram a ambição. O sobrinho-neto e filho adotivo de César, Augusto, logrou êxito onde falhara seu pai de criação. E assim nasceu um império que duraria cinco séculos, protótipo de todos os impérios coloniais dos tempos modernos. Entre seus setenta e tantos imperadores houve homens bons, maus e medíocres, sábios, cruéis, fracos e fortes. Um deles, Marco Aurélio, filósofo, deixou-nos suas Meditações, livro inspirador. Alguns, como Trajano, o Espanhol, provinham de outras terras. Outros, pretendentes rivais ao trono, combateram-se mutuamente até à morte.<br /><br />Teoricamente, o Imperador era o melhor homem disponível. Na prática, muitas vezes não passava de um reles cavaleiro de fortuna. Seu poder, constituído pela soma total de todos os postos-chave administrativos e eletivos da extinta República, era absoluto. O Senado foi reduzido à impotência. Enquanto gozasse de popularidade junto às forças armadas, o governante pairava acima da lei. O assassinato, única forma de reação a esse governo de um só homem, era usado franca e eficientemente.<br /><br />Por volta do século III da era cristã, já o Império se estendia desde a Bretanha até à fronteira da Pérsia; do Reno e do Danúbio às areias do Saara. Cerca de 100 milhões de pessoas o habitavam. Um exército de 300.000 legionários bem pagos garantia a sua defesa. Uma rede de estradas — algumas das quais conservam até hoje seus bem construídos pavimentos romanos — entrecruzava-se por todo o vasto domínio. Naves de guerra patrulhavam as águas. O correio deslocava-se a uma espantosa velocidade de 65 quilômetros por dia. Mercadorias dos extremos da Terra chegavam continuamente a Roma. À exceção de ocasionais incidentes de fronteira, a famosa Pax Romana permaneceu intacta durante 250 anos. O Império era um lugar seguro para se viver.<br /><br />Uma civilização uniforme se mantinha solidamente unidas as províncias. Em todas as cidades importantes, os deuses romanos eram cultuados nos mesmos grandes templos colunados. Jogos espetaculares e sangrentos — combates de gladiadores, corridas de carros, lutas com animais ferozes — eram promovidos nos mesmos estádios gigantescos. Funcionários civis altamente preparados distribuíam justiça. A propriedade era protegida. O crime era punido, mas os cidadãos romanos podiam invocar o direito de serem julgados pelo próprio Imperador. Como padrão da arte de governar e de organização, o Império jamais foi suplantado.<br /><br />Roma era o centro palpitante desse superestado. Com cerca de 19 quilômetros de circunferência, tinha-se tornado a maravilha do mundo. Desde que o primeiro imperador, Augusto, em suas próprias palavras, a encontrou “feita de tijolos e deixei-a feita de mármore”, uma série de governantes havia esbanjado somas fabulosas no embelezamento de Roma. Um estádio, o Circus Maximus, acomodava 250.000 espectadores. Onze aquedutos traziam diariamente mais de 1,3 bilhões de litros de água fresca das montanhas para a capital. Balneários, cujos grandes átrios abobadados eram milagres de engenharia, enchiam-se, todos os dias, de romanos que trocavam boatos e se distraíam. Contemplada da Colina de Palatino, suntuoso palácio dos césares, Roma era uma vista tão magnificente que um príncipe persa, visitando-a no ano 357 da nossa era, admirou-se: “As pessoas serão mortais aqui?”<br /><br />Hoje, porém, sabemos que essa magnificência era, na realidade, pouco mais que uma miragem. A disseminação da riqueza era reduzida; o que faltava a Roma era uma alta classe média. As estatísticas mostram que a mesma Roma que deslumbrava os visitantes com sua grandeza imperial possuía apenas 1.800 residências particulares suntuosas — ao lado de 46.600 cortiços miseráveis. Um minúsculo grupo de elite social equilibrava-se precariamente sobre um proletariado miserável e fervilhante, que vivia de migalhas imperiais e do proverbial “pão e circo”. Nem a opulência dos que estavam por cima era tão extravagante ou “obscena” como a imaginam ficcionistas. As aparências eram mantidas quase que só com custosos banquetes. “Muita tolice tem sido dita sobre o luxo dos romanos como uma das causas de seu declínio”, escreve J. C. Stobart em “A Grandeza que foi Roma “>.<br /><br />E, se esquecermos a depravação pessoal de certos imperadores, a sociedade romana não parece devassa ou perversa. Crime organizado, drogas, marginais, poluição urbana — Roma não tinha realmente qualquer desses problemas. Muito embora, a prostituição, masculina e feminina, fosse um fato da vida, e o divórcio fosse fácil, seria preciso torcer a História para afirmar que Roma “declinou e caiu” por causa da corrupção moral.<br /><br />Então, que estava errado? Em primeiro lugar, a busca da felicidade era bloqueada a cada passo por um sistema social inflexível. Poucos conseguiam esgueirar-se através das barreiras sociais. Uma poderosa burocracia, cujos métodos incluíam a tortura, oprimia a população, muitas vezes destruindo-lhe as bases da subsistência. Muitos pequenos agricultores abandonavam as terras de seus antepassados por causa dos impostos esmagadores, indo engrossar as fileiras de uma desesperada população urbana. A escravidão, baseada no trabalho forçado de prisioneiros de guerra, atingiu proporções quase inacreditáveis nos tempos imperiais. Enquanto os traficantes de escravos vasculhavam continentes distantes na busca de mercadoria humana, mercados como o da Ilha de Delos movimentavam diariamente dezenas de milhares de escravos estrangeiros.<br /><br />Os trabalhos pesados eram feitos por eles. Eram os escravos que faziam coisas, que consertavam coisas. Tudo isso deixava pouca margem para o progresso e o espírito inventivo. A tecnologia não progrediu. Não havia mercado, nem procura, para produtos manufaturados. Em vez de uma economia em expansão, o que havia era estagnação.<br /><br />A luxuriante Itália, outrora rico país exportador de agricultura, jazia abandonada. Nos últimos tempos do Império, seus agricultores independentes tinham praticamente desaparecido. Para que trabalhar a terra, se se podia importar vinhos da Grécia, trigo do Norte da África e azeite da Espanha? Uma torrente incessante de ouro deixava a Itália para pagar as importações e para financiar obras megalomaníacas em cidades nas províncias. O dinheiro perdeu todo o significado e o povo instituiu um regime de trocas. Seguiu-se o caos.<br /><br />Um édito do Imperador Diocleciano, congelando preços e salários, chegou até nós. Estabelece penas severas para os especuladores. Por exemplo, os padeiros que vendessem seu pão acima do preço oficial arriscavam-se a ser executados. Ao mesmo tempo, o exército e a administração eram rigorosamente reformados. Os filhos eram obrigados a seguir a profissão dos pais. “Disciplina” era a palavra de ordem do dia. As medidas de Diocleciano contiveram a inflação, e quando, forçado por problemas de saúde, renunciou, no ano 305, conquistara o título de “Refundador do Império”.<br /><br />Cícero falando no Senado Romano<br /><br />Contudo, faltava ainda alguma coisa. O Império era um colosso à procura de uma alma. Sentia-se uma falta de finalidade em todas as fases da vida. Era como se os antigos deuses tivessem perdido seu poder; poucos pensavam que Júpiter e Vênus fossem mais que estátuas decorativas no Capitólio. Os anseios espirituais das massas não eram satisfeitos.<br /><br />Nessas condições, foi a corações aflitíssimos que Paulo, Apóstolo das Gentes, trouxe pela primeira vez a mensagem de salvação. Os primeiros cristãos de Roma eram escravos, proscritos, favelados — os pobres de espírito. Sem dúvida, a desorientação espiritual do mundo pagão favorecia-lhes a causa. Por isso, pouco mais de três séculos após a morte de Cristo, um imperador romano, Constantino, o Grande, abraçou o cristianismo. Fundando a “Nova Roma” — Constantinopla — às margens do Bósforo, ele dividiu o Império em dois.<br /><br />Roma morreu como havia surgido — pela espada. Nas estepes da Ásia acontecera algo que até hoje continua obscuro. Povos punham-se em marcha. Hordas incontáveis de povos semi-selvagens — godos, vândalos, hunos — entraram em rota de colisão com Roma. Com um misto de repugnância e respeito, os romanos chamavam-nos bárbaros. Essa palavra assumiu um toque de Juízo Final.<br /><br />Roma foi três vezes sitiada e saqueada. Numa frenética dança da morte, nove imperadores sucederam-se durante os últimos 20 anos do Império. E quando, em 476, Odoacro, um chefe tribal das florestas do Danúbio, invadiu a Itália e depôs o último Imperador — um jovem chamado Romulus Augustulus — fez-se coroar o primeiro rei bárbaro da Itália. E poucos contemporâneos se detiveram para registrar que acabava de expirar o maior império do mundo.<br /><br />“A história da sua ruína é simples e óbvia”, concluiu Gibbons (Declínio e Queda do Império Romano). “E, em vez de perguntar por que foi o Império destruído, deveríamos antes surpreender-nos com o fato de ter subsistido por tanto tempo.<br /><br />Que força mágica, bem podemos perguntar, o tinha mantido? Uma resposta a essa pergunta pode ser achada nas antigas virtudes que inspiraram os grandes romanos do passado. Através dos anos de decadência, persistia uma saudade dos “bons tempos de outrora”. Nomes como os de Cícero e Pompeu viviam na memória dos romanos. Os antigos poetas e filósofos continuavam a ser lidos. As famosas histórias dos l egendários heróis de Roma eram sempre repetidas. Foi esta força das antigas instituições e idéias, presente, de certa forma, no próprio sangue de cada romano, o que conseguiu que se mantivesse vivo o Império muito tempo depois de ele ter perdido sua razão de ser.<br /><br />Roma simplesmente não podia desaparecer. À medida que antigas províncias — Portugal, França, Itália, Romênia — se transformavam em novas nações, falavam as línguas românicas baseadas no jargão das legiões. O próprio latim permaneceu como a língua do saber. E o Direito romano, apurado por gerações de grandes juristas, nutriu com seus princípios humanos e equilibrados os sistemas jurídicos do mundo ocidental. Mas, acima de tudo, é o conceito romano da dedicação do homem ao bem comum que até hoje governa a nossa consciência cívica. O servidor público moderno, que é investido na mais digna carreira que a nação pode oferecer, tem uma dívida de gratidão para com Roma.<br /><br />Manter vivos e transmitir esses valores foi a função histórica do Império Romano. Seu próprio colapso, quando finalmente sobreveio, já não tinha maior importância. Na morte do Império estava a sua vitória. Sua missão civilizadora estava cumprida.<br /><br />~ © Arnaldo Poesia ~<br /><br />~ Elegias Romanas ~<br /><br />Falai-me, ó pedras! oh falai, vós altos palácios!<br />Ruas, dizei uma palavra! Gênio, não te moves?<br />Sim, tudo tem alma nos teus santos muros,<br />Roma eterna; só para mim tudo se cala ainda.<br />Quem me diz segredos, em que fresta avisto<br />Um dia o ser belo que queimando me alivie?<br />Não pressinto ainda os caminhos, pelos quais sempre,<br />Pra ir dela e pra ela, sacrifique o tempo precioso?<br />Ainda contemplo igrejas, palácios, ruínas, colunas,<br />Homem composto, decoroso, que aproveita a viagem.<br />Mas em breve passa: então haverá um só templo,<br />O templo do Amor, que se abra e receba o iniciado!<br />És um mundo em verdade, ó Roma; mas sem o Amor<br />O mundo não era mundo, e Roma não era Roma.<br /><br />~ Johann Wolfgang von Goethe ~<br /><br />Bibliografia: Edward Gibbon, The History of the Decline and Fall of the Roman Empire, Penguin Classics, USA, 2001 — Johann W. von Goethe, Elegias Romanas, Poemas, Coimbra, Portugal, 1986 — Arnaldo Poesia, Leituras Sobre o Império Romano, Edição do Autor, Niterói, Rio de Janeiro, 1985.<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />Fotos 2 GM<br />•22, maio 2009 • 1 comentário<br /><br /><br />1 de setembro de 1939. Sob a águia nazista, Hitler anuncia, no Parla-<br />mento do Reich, o ataque contra a suposta agressora a Polônia: “Desde<br />5 horas e 45 minutos respondemos, agora, o fogo”. Início da 2.ª Guerra<br /><br /><br /><br />Cena do Gueto judeu, em Varsóvia<br /><br /><br /><br />Da esquerda para a direita, os chefes nazistas Rudolf<br />Hess, Hermann Goering, Julius Streicher e o chefe de<br />propaganda Josef Goebbels<br /><br /><br /><br />Mussolini e Clara Petacci pendurados pelos<br />pés, na praça principal de Milão, Itália<br /><br /><br /><br />Decadência de uma personalidade: assinaturas<br />do “Führer” Adolf Hitler, de três décadas<br /><br /><br /><br />Heinrich Himmler, chefe da<br />SS e da polícia alemã<br /><br /><br /><br />Capa de “Mein Kampf”,<br />livro de Adolf Hitler<br /><br /><br /><br />Adolf Hitler e Eva Braun<br /><br /><br /><br />Hitler num desfile das tropas SS. Himmler, encostado no jipe, observa<br /><br /><br /><br />Mães e filhos indo em direção às câmaras de gás<br /><br /><br /><br />Interior de uma câmara de gás. Local onde os<br />prisioneiros eram asfixiados com “Ziklon B”<br /><br /><br /><br />Corpo de um prisioneiro sendo colocado num forno<br />crematório. Isso fazia parte da “Solução Final”<br /><br /><br /><br />Auschwitz-Birkenau, um dos campos da morte nazistas<br /><br /><br />”<br />Da esquerda para a direita, os chefes nazistas no<br />Tribunal de Nuremberg, Hermann Goering, Rudolf<br />Hess, Ribbentrop, Keitel e Julius Streicher<br /><br /><br /><br />Cogumelo nuclear resultado da explosão da bomba atômica conhecida como “Fat Man”<br />se levanta 18 km sobre Nagasaki, no Japão, desde o epicentro da explosão nuclear<br /><br /><br /><br />Os três grandes em Yalta: Churchill, Roosevelt e Stalin<br /><br />Publicado em Imagens & Gestos<br />Rainha D. Maria I (1807)<br />•22, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />Governa Portugal<br /><br />Rainha D. Maria I, tendo como Príncipe Regente seu filho D. João, desde 10 de fevereiro de 1792.<br /><br /><br />Governa o Brasil<br /><br />O Vice-Rei, 7º e último do Brasil,<br /><br />Dom Marcos de Noronha e Brito<br /><br />(14 outubro 1806 – 22 janeiro 1808)<br /><br /><br />Publicado em Imagens & Gestos<br />Tratado de Santo Ildefonso (1777)<br />•22, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />Assinado entre Portugal e Espanha para retificar as fronteiras dos dois impérios na América, cabendo aos espanhóis a posse da Colônia do Sacramento e das Missões.<br /><br />Publicado em Imagens & Gestos<br />Revolução Russa<br />•22, maio 2009 • Deixe um comentário<br />O Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR)<br /><br />Stalin, Lenin e Kalinin em 1919.<br /><br />Publicado em Imagens & Gestos<br />042 – Revolução Russa<br />•22, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />A RÚSSIA ANTES DE 1917<br /><br /><br />Em 1894, subiu ao trono russo o czar Nicolau II. Desde o século XVI, o país era uma monarquia absolutista. A nobreza era proprietária de 25% das terras cultiváveis do país, e a grande maioria da população – mais de 80% – estava ligada direta ou indiretamente à terra.<br /><br /><br />As condições de vida da maior parte dos camponeses eram péssimas. Em geral, eles habitavam moradia precária e sem ventilação. Alimentavam-se basicamente de pão preto, batata e torta de farinha de milho. Nas aldeias raramente havia escolas, e a maior parte da população era analfabeta.<br /><br />No plantio e na colheita eram usados instrumentos agrícolas antigos, como o arado de madeira e a foice. Apenas em algumas grandes propriedades adotava-se uma tecnologia moderna, que permitia o aumento da população.<br /><br /><br />Nas cidades, a vida não era muito diferente da do campo. Em 1838, uma investigação feita pelo Conselho Municipal de Moscou, abrangendo milhares de casas dessa cidade, mostrou que grande parte da população vivia em péssimas habitações:<br /><br /><br />“… As escadas que conduzem aos sótãos, onde o povo reside, estão cobertas de toda espécie de imundície. As próprias habitações estão quase cheias de tábuas sujas sobre as quais se estendem colchões de palhas pestilentos, tendo os cantos tomados pela porcaria. O cheiro é desagradável e asfixiante“.<br /><br /><br />Com uma economia essencialmente agrária, a Rússia tinha poucas indústrias; a maior parte dela pertencia a proprietários estrangeiros, principalmente franceses, ingleses, alemães e belgas. No começo do século XX, um russo descrevia assim as condições de vida dos operários:<br /><br /><br />“Não nos é possível ser instruídos porque não há escolas, e desde a infância devemos trabalhar além de nossas forças por um salário ínfimo. Quando desde os 9 anos somos obrigados a ir para a fábrica, o que nos espera? Nós nos vendemos ao capitalista por um pedaço de pão preto; guardas nos agridem a socos e cacetadas para nos habituar à dureza do trabalho; nós nos alimentamos mal, nos sufocamos com a poeira e o ar viciado, até dormimos no chão, atormentados pelos vermes…“<br /><br />Soldados bolcheviques nas ruas de Moscou, durante a Revolução Russa de 1917<br /><br />Soldados bolcheviques nas ruas de Moscou, durante a Revolução Russa de 1917<br /><br />UM CLIMA EXPLOSIVO<br /><br /><br />Os problemas internos da Rússia se agravaram ainda mais após a guerra Russo-Japonesa (1904-1905). A origem do conflito foi a disputa entre os dois países por territórios na China e por áreas de influência no continente. A derrota ante os japoneses mergulhou a Rússia numa grave crise econômica e aumentou o descontentamento de diferentes grupos sociais com o czar Nicolau II. Começaram a ocorrer greves e movimentos reivindicatórios, duramente reprimidos pela polícia czarista.<br /><br />Num domingo de janeiro de 1905, trabalhadores de São Petersburgo, então capital do Império Russo, organizaram uma manifestação para entregar a Nicolau II um documento em que reivindicavam melhores condições de vida e melhores salários. Uma multidão de cerca de 200 mil pessoas, entre elas crianças e mulheres, dirigiu-se ao Palácio de Inverno, residência do czar. As tropas do governo, que estavam de prontidão, receberam os manifestantes com tiros de fuzil.<br /><br /><br />O incidente, que ficou conhecido como Domingo sangrento, provocou conflitos em toda a Rússia.<br /><br />Tentando diminuir as tensões sociais, o czar criou a Duma, espécie de Parlamento. Contudo, os deputados eleitos das quatro primeiras dumas foram de tal maneira pressionados pelo czar que pouco puderam fazer.<br /><br /><br />Esse ambiente contribuiu para a difusão e a aceitação das idéias socialistas – sobretudo as elaboradas pelos alemães Karl Marx e Friedrich Engels – entre os movimentos sociais russos. Assim, essas idéias se tornariam a base da Revolução Russa.<br /><br /><br />Em 1905, surgiram os sovietes de trabalhadores, conselhos que se encarregavam de coordenar o movimento operário nas fábricas. Os sovietes teriam papel decisivo na revolução de 1917.<br /><br /><br />O INÍCIO DA REVOLUÇÃO<br /><br /><br />Em agosto de 1914 a Rússia entrou na Primeira Guerra Mundial contra a Alemanha e a Áustria-Hungria. Nicolau II acreditava que por meio da guerra pudesse expandir o Império Russo e diminuir a insatisfação popular.<br /><br /><br />No entanto, o fato acentuou o descontentamento e precipitou o processo revolucionário. A guerra agravou a situação econômica e social do país. Os soldados, mal-armados e mal alimentados, foram dizimados em derrotas sucessivas. Em dois anos e meio de guerra, a Rússia perdeu 4 milhões de pessoas.<br /><br /><br />Em 1915, o czar Nicolau II decidiu assumir pessoalmente o comando do Exército, deixando o governo nas mãos de sua esposa, a Imperatriz Alexandra, e de Rasputin, um monge que agia como conselheiro do czar.<br /><br /><br />Em 1917, a escassez de alimentos era muito grande e provocou uma série de greves. Em 27 de fevereiro desse mesmo ano, uma multidão percorreu a capital do Império pedindo pão e o fim da guerra. Os manifestantes também criticavam o sistema monárquico.<br /><br />A polícia e o exército, agora ao lado dos manifestantes, não reprimiram o movimento. Isolado, o czar abdicou, e um governo provisório foi constituído, chefiado pelo príncipe George Lvov. Esse governo, dominado pela burguesia russa, decidiu continuar na guerra, com planos de uma grande ofensiva contra a Áustria-Hungria.<br /><br /><br />A população russa, porém, discordava dessa orientação. O governo, sem controle de seus exércitos, não tinha forças para impedir as deserções dos soldados. Havia ainda a constante elevação dos preços dos gêneros alimentícios, contra a qual o governo nada conseguia fazer.<br /><br /><br />Nesse momento, grupos revolucionários já desenvolviam intensa atividade nas cidades, reativando os sovietes de trabalhadores, com o objetivo explícito de tomar o poder.<br /><br /><br />A ofensiva do novo governou contra a Áustria-Hungria fracassou. Isso agravou ainda mais a situação e provocou uma grande manifestação no dia 17 de julho de 1917, na capital do Império. Era o fim do governo provisório de Lvov, substituído por Alexander Kerenski.<br /><br /><br />Naquele momento, três grupos e três diferentes propostas políticas se defrontavam pelo poder:<br /><br /> *<br /><br /> O Partido Democrático Constitucional, partido da burguesia e da nobreza liberal, favorável à continuação da guerra e ao adiamento de quaisquer modificações sociais e econômicas.<br /> *<br /><br /> Os bolcheviques – maioria, em russo -, que defendiam o confisco das grandes propriedades, o controle das indústrias pelos operários e a saída da Rússia da guerra. Graças ao controle cada vez maior que exerciam sobre os sovietes de operários e soldados, sua força crescia continuamente. Seus dois principais líderes eram Vladimir Lenin e Leon Trotski.<br /> *<br /><br /> Os mencheviques – minoria, em russo -, que, embora contrários à guerra, não admitiam a derrota da Rússia. Divididos internamente e indecisos quanto aos rumos que o país deveria tomar, foram perdendo importância política.<br /><br />O Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR)<br /><br />Stalin, Lenin e Kalinin em 1919.<br /><br />A TOMADA DO PODER<br /><br /><br />A partir de agosto de 1917, os bolcheviques passaram a dominar os principais sovietes e a preparar a revolução.<br /><br /><br />No soviete Petrogrado, novo nome de São Petersburgo, foi constituído o Comitê Militar para a Realização da Revolução.<br /><br /><br />Sob o comando de Trotski, no dia 25 de outubro, os bolcheviques ocuparam os pontos estratégicos de Petrogrado e o Palácio do Governo. Kerenski, abandonado por suas tropas, foi obrigado a fugir.<br /><br /><br />Na manhã do dia seguinte, os sovietes da Rússia, reunidos em Congresso, confirmavam o triunfo da revolução, confiando o poder a um Conselho de Comissários do Povo. O Conselho era presidido por Lenin.<br /><br /><br />As primeiras medidas do governo revolucionário foram:<br /><br /> *<br /><br /> retirada da Rússia da guerra;<br /> *<br /><br /> supressão das grandes propriedades rurais, confiadas agora à direção de comitês agrários;<br /> *<br /><br /> controle das fábricas pelos trabalhadores;<br /> *<br /><br /> criação do Exército Vermelho, com a finalidade de defender o socialismo contra inimigos internos e externos.<br /><br />Logo depois, os bolcheviques adotaram o sistema de partido único: Partido Comunista.<br /><br /><br />A DEFESA DA REVOLUÇÃO: TROTSKI E O EXÉRCITO VERMELHO<br /><br /><br />Após a tomada do poder pelos revolucionários, a Rússia viveu ainda três anos de guerra civil. Nesse processo, a participação de Leon Trotski, um dos mais importantes líderes da revolução, foi fundamental.<br /><br /><br />Culto e com grandes capacidades de persuasão, Trotski comunicava-se bem tanto com operários e camponeses quanto com uma platéia de intelectuais e diplomatas.<br /><br /><br />Quando irrompeu a guerra civil, a organização das tropas de defesa, o Exército Vermelho, ficou sob sua responsabilidade. Em condições extramamente precárias, com o país esgotado, recém-saído da Primeira Guerra Mundial, Trotski conseguiu formar um exército forte e eficiente.<br /><br /><br />Com o apoio popular, as tropas revolucionárias enfrentaram o Exército Branco, composto por antigos oficiais do czar e prisioneiros do exército austríaco. Além disso, enfrentaram tropas de países europeus, que temiam que a revolução socialista se espalhasse pelo continente.<br /><br />A CONSOLIDAÇÃO DA REVOLUÇÃO RUSSA<br /><br /><br />Sob a direção de Lenin e com um plano que ficou conhecido como Nova Política Econômica (NEP), os bolcheviques deram início à recuperação da economia russa. Elaborada em 1921, a NEP procurou concentrar os investimentos nos setores mais importantes da economia. Entre as medidas adotadas encontravam-se:<br /><br /> *<br /><br /> produção de energias e extração de matérias-primas;<br /> *<br /><br /> importação de técnica e de máquinas estrangeiras;<br /> *<br /><br /> organização do comércio e da agricultura em cooperativas;<br /> *<br /><br /> permissão para a volta da iniciativa privada em diversos setores da economia, como o comércio, a produção agrícola e algumas formas de atividade industrial. Todos os investimentos tinham o rígido controle do Estado, muitos deles eram feitos em empresas estatais.<br /><br /><br />Vários Estados que tinha separado da Rússia durante a revolução – como a Ucrânia – voltaram a se integrar e formaram, em 1922, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), um Estado federativo composto por quinze repúblicas.<br /><br /><br />Com a morte de Lenin, em 1924, Stalin (secretário-geral do Partido Comunista) e Trotski passaram a disputar o poder. Stalin defendia a idéia de que a União Soviética deveria construir o socialismo em seu país e só depois tentar levá-lo a outros países; Trotski achava que a Revolução Socialista deveria ocorrer em todo o mundo, pois enquanto houvesse países capitalistas, o socialismo não teria condições de sobreviver isolado.<br /><br /><br />Stalin venceu a disputa. Trotski foi expulso da URSS. A União Soviética ingressou, então, na fase do planejamento econômico. Foi a época dos planos qüinqüenais, inaugurada em 1928. Os planos se sucederam a transformaram a União Soviética numa potência industrial. Contudo, a violência foi amplamente empregada pelo governo para impor sua política.<br /><br />Fonte: Base de Dados do Portal Brasil.<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />055 – A América Latina no Séc XX<br />•22, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />Introdução<br /><br />Nesta virada de século e de milênio, faz-se interessante discutir muitos pontos que marcaram a história da Humanidade como uma forma de refletir sobre caminhos a serem adotados no futuro. No caso da América Latina, essa discussão é ainda mais importantes. Afinal, o continente passa por uma série de mudanças complexas que, no entanto, ainda convivem com marcas de um passado opressor que faz questão de manter-se vivo. Por exemplo: ao mesmo tempo em que Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, num ato histórico, fecham uma coalizão em torno de seu bloco comercial, o Mercosul, contra a extrema ingerência da futura Alca (Aliança de Comércio da América), bancada pelos EUA, em suas economias, ainda dependem de mercados como o norte-americano para escoar sua produção, intermediada pelas multinacionais e a baixos preços, gerando lucro para a matriz e pobreza no mercado interno. Além disso, ao mesmo tempo em que esses países anunciam investimentos na integração econômica dentro do continente, em seus próprios territórios vêem aumentar a miséria da maior parte de sua população, a desintegração entre as regiões produtivas e uma série de protestos contra a desigualdade social. Quando as diferenças não são entre países, tornam-se evidentes no território interno: na Argentina, por exemplo, separada entre Buenos Aires e região, vista por muitos como o país, e a região interior, miserável e desgraçada. Nesse quadro de diferenças sociais, há de se somar também as crises políticas, onde a ditadura populista venezuelana e o instável governo peruano dão mostras de que a democracia na região ainda está longe de se tornar realidade.<br /><br />As contradições são visíveis na sociedade latino-americana, e elas podem ser usadas como explicação para muitos dos problemas e desafios que o continente enfrenta neste novo tempo que se abre. O que ocorreu de errado? Quais os pontos que precisam ser melhorados no futuro? São perguntas que não se calam facilmente. E é neste aspecto que este pequeno ensaio se encaixa. Antes de fornecer respostas definitivas, ele pretende, à luz da discussão histórica e da narrativa, propor tópicos e interpretações que sirvam como um primeiro esboço para a discussão da realidade continental. Assim, está dividido em três partes: a primeira, mais geral, aborda rapidamente a essência da história da região, com destaque para a exploração comercial, a dominação política e a atualidade. A base dessa parte é o livro As veias abertas da América Latina, do escritor uruguaio Eduardo Galeano. A segunda, mais histórica, mostra os movimentos sociais que tentaram propor vias históricas opostas às mostradas na primeira parte. Para encerrar o trabalho, que será completado em ensaios posteriores, uma rápida apresentação de homens que, bem ou mal, fizeram a história da América Latina atuando no campo político. No final, é oferecida uma bibliografia de referência para o interessado no tema ter a oportunidade de pesquisar por sua conta.<br /><br />Este texto, conforme já dito, não se pretende completo. Pelo contrário: há pontos que mereceriam maior aprofundamento – o que não se faz pelo pouco espaço disponível e pela proposta de apenas propor tópicos para iniciar a discussão. Espera-se, portanto, que os leitores de Klepsidra participem, enviando suas mensagens e comentários a respeito do texto para que a história da América Latina saia da obscuridade e seja de conhecimento público. Inicia-se aqui, pois, essa viagem histórica.<br /><br />Uma rápida abordagem dos conceitos<br /><br />Não são poucos os estudos existentes sobre a história da América Latina. No entanto, em sua maioria são especializados em determinados temas: política, cultura, economia, relatos de vida de povos etc, bem como escritos com a única preocupação de se “contar a história”, sem analisá-la em seus detalhes e relacionando-a com outros fatos e conjunturas. Poucos são os historiadores que se propuseram a escrever sobre a trajetória de nosso continente sem o medo de propor análises para os problemas enfrentados pelo território: pobreza crônica da população, economia agrária, subdesenvolvimento, instabilidade social etc. Coube então a um jornalista uruguaio, sem as “roupagens acadêmicas”, como se autodefine, escrever uma história de seu continente baseada na seleção e interpretação de fatos que considera como essenciais para o entendimento da realidade latino-americana.<br />Eduardo Galeano, autor de As veias abertas da América Latina, propôs um inventário dos 500 anos da história do continente retratando as suas principais bases: a economia agrícola e mineradora dominada pelo mercado internacional, com o objetivo de gerar lucros para a potência dominadora; a pobreza social como resultado de um sistema econômico externo e excludente, que privilegia uma minoria financeiramente capaz de integrar-se aos padrões de consumo; a opressão de governos centralizadores contra as minorias, produzindo genocídios e o caos social; a exploração do trabalho e as péssimas condições de sobrevivência para a grande maioria de sua população. Eduardo Galeano é o autor de “As veias abertas da América Latina”<br /><br />Num relato informal, cujo objetivo é “mostrar uma opinião”, para entender a história e a atual situação da América Latina Galeano narra os fatos fora de uma seqüência cronológica, fazendo com que passado e presente conversem entre si na mesma obra, determinando o ponto de vista do autor: o continente foi e é peça importante no enriquecimento de poucas nações, e o preço que paga por isso é o seu subdesenvolvimento crônico, suas eternas crises sociais e seu status de colônia. “A riqueza das potências é a pobreza da América Latina”, diz Galeano em certa passagem do livro.<br /><br />O autor dividiu o livro em três partes. Na primeira, mostra como os espanhóis e portugueses chegaram àquelas terras virgens no século XV e se aproveitaram das riquezas que o continente possuía. Os primeiros, fixados desde o planalto mexicano até os Andes, tiveram sorte e encontraram ouro e prata nas primeiras andanças. Os lusitanos, ocupando a faixa litorânea do Oceano Atlântico, tiveram de construir um império colonial à base da cana-de-açúcar enquanto não encontravam os metais. Embora em áreas diferentes, a tônica da exploração foi a mesma: trabalho forçado, agressão física, enriquecimento, opressão colonial. Os espanhóis encontraram dois exércitos de mão-de-obra disponíveis: os índios astecas no México e os incas no Peru. Estas civilizações, para Galeano, retratam o caráter do domínio colonial: socialmente e militarmente evoluídas, foram destruídas nas minas e com o trabalho forçado nas mitas e encomiendas. Já os portugueses, depois de tentar a exploração dos índios nos engenhos de açúcar e não obter sucesso, transformaram-se no maior traficante de negros mundial. Vindos da África, os negros deixavam à força seus reinos para, em terras brasileiras, ser escravos e motor da produção açucareira.<br /><br />Após narrar a glória desses centros produtivos de riqueza colonial (que, como faz questão de ressaltar, não ficava na Espanha e Portugal: destinava-se a pagar as dívidas que estes países tinham com a potência que lhes roubaria o domínio econômico da América: a Inglaterra), Galeano traz a exploração para o presente e fala da decadência dessas regiões. São claros exemplos da tese de que a região rica do passado é marcada pela pobreza no presente as minas de Potosí, na Bolívia (região dava todo o ouro e prata que os espanhóis necessitavam e onde se formou uma elite local que enriquecia à base da escravidão indígena. No século XVII, quando os metais escassearam, o sonho de riqueza acabou e a pobreza se enraizou. Hoje, Potosí é o distrito mais pobre da Bolívia, habitado somente por descendentes de índios, e de seu passado glorioso guarda apenas a lembrança); o Nordeste brasileiro, que viveu seu auge com a produção de açúcar nos século XVI e XVII, mas não escapou da decadência quando seu produto passou a sofrer concorrência das Antilhas Holandesas, no século XVIII; e a região de Ouro Preto, quando a efêmera exploração aurífera acabou na entrada do século XIX. Os três casos refletem a formação colonial da América Latina: o continente nasceu para fornecer as riquezas que a Europa necessitava. Na medida em que as terras já não atendiam a essa demanda, foram abandonadas, ficando como marca do passado as gerações seguintes da população historicamente explorada, pobre e sem perspectivas. Citando a teoria marxista da divisão do trabalho entre operário e patrão, Galeano afirma que “enquanto a Europa era o cavaleiro que levava as glórias, a América era o cavalo que fazia todo o serviço”.<br /><br />Dos metais, seguiu-se a exploração agrícola e pecuária a partir principalmente dos séculos XVIII e XIX, por meio da qual cada país, numa engrenagem perfeita com o sistema econômico internacional, se identificou e ainda se identifica com um determinado produto na escala comercial. A América Central se especializou no fornecimento de frutas tropicais; o Equador, bananas; Brasil e Colômbia, café; Cuba e Caribe, açúcar; Venezuela, cacau; Argentina e Uruguai, carne e lã; a Bolívia tornou-se país fornecedor de estanho e o Peru de peixe. Embora com produções diferentes, o sistema permanece com mecanismos idênticos em todos os casos: por se tratar de mercadorias primárias, com baixos preços, os países pouco lucram como a venda agrícola. Por isso, têm de produzir cada vez mais e com métodos baratos para fazer mais divisas e atender à necessidades dos países compradores para não perder mercados. Com isso, aumenta-se a exploração do trabalho e a formação dos latifúndios, impedindo o acesso das classes populares à terra. Este processo de dominação personificou-se principalmente na América Central. Neste território, a indústria nacional não existe ou é primária: os grandes conglomerados pertencem a países estrangeiros, atuando exatamente na industrialização de alimentos. Os países vendiam, no século XIX, sua produção agrícola aos ingleses, substituídos um século depois pelos EUA, potência que domina a área e dita os rumos da política local de acordo com seus interesses. A antiga empresa norte-americana United Fruit Company era o “verdadeiro” poder na América Central, comandando a área a despeito das vontades e anseios de sua população, e inclusive promovendo golpes militares e instalando governantes de confiança para garantir seus direitos (como na Guatemala, em 1954: numa intervenção militar, os EUA derrubaram Jacobo Arbenz, socialista eleito democraticamente). As lutas de guerrilha que caracterizam até hoje a região são decorrentes dessa dominação: grupos paramilitares lutam contra governos corruptos que defendem os interesses norte-americanos para chegar ao poder. Mais uma vez, a vítima é sempre a população, que se não morre explorada nos latifúndios, tem sua vida encurtada nas batalhas da guerra civil.<br /><br />Sociedades nascidas para fora, isto é, para fornecer produtos e condições econômicas de desenvolvimento às potências mundiais, as nações latino-americanas nunca se esqueceram de sua trágica condição. E nem os movimentos de independências nacionais das duas primeiras décadas do século XIX libertaram os novos países da dominação colonial, pois a estrutura permaneceu idêntica: a economia agrário-exportadora dominada por elites locais ligadas aos mercados compradores – principalmente a Inglaterra. A fragmentação que o território latino-americano sofreu após o movimento libertador de Simón Bolívar representa a impossibilidade de formar uma unidade nacional: cada elite identificou-se com um pedaço do território e nela formou seu país, de acordo com seu papel no comércio internacional. Como diz Galeano, “cada novo país identificou-se com seu porto exportador, acima de qualquer idealismo”. O imperialismo britânico substituiu o domínio ibérico no século XIX, fomentando seu próprio desenvolvimento às custas da produção dos novos países e exterminando toda e qualquer tentativa de desenvolvimento autônomo. A Guerra do Paraguai, de 1865 a 1870, é o exemplo mais claro desse argumento: capitaneados pelos interesses comerciais britânicos, Brasil e Argentina promoveram um conflito bélico contra a nação guarani, à época a mais industrializada e comercialmente independente do continente. O resultado foi o maior genocídio da história latino-americana (1,3 milhão de mortos numa população de 1,8 milhão) e o enfraquecimento do Paraguai, que até hoje não deixou de ser um protetorado sob a ingerência do imperialismo brasileiro e argentino.<br /><br />No século XX, com a decadência inglesa, surge no cenário os EUA como nova potência gestora da América Latina. Não é à toa que, já em 1823, os norte-americanos promulgaram a famosa Doutrina Monroe: “A América para os americanos”. O que significava dizer: os EUA estenderiam seus interesses sobre seu continente irmão e continuariam a exploração iniciada quatro séculos antes, por meio do controle econômico e político. O início da longa e duradoura intervenção norte-americana no continente data de 1898, quando os EUA derrotaram a Espanha na batalha de independência de Cuba, e se apossaram dos direitos políticos e econômicos sobre a ilha – os quais mantiveram até 1959, quando Fidel Castro e seus guerrilheiros derrubaram o governo de Fulgencio Batista e tomaram o poder. No entanto, mesmo longe de Cuba, é sabido que os interesses norte-americanos criaram ramificações em outros países do continente, com destaque para a já citada América Central e o México.<br /><br />Mesmo os países com certo desenvolvimento industrial – Brasil, Argentina e México – não escapam dessa dominação econômica imposta pelas potências internacionais. Basta uma análise mais detalhada nos índices econômicos dessas nações para se comprovar o argumento. Grande parte das receitas comerciais dessas nações ainda vêm da exportação de matérias agrícolas, pecuárias (destacadamente o caso argentino) ou minerais. O campo, a agricultura e as indústrias primárias ainda são marcos dos tempos coloniais. Na verdade, as indústrias desses países têm força local, ou seja, encontram mercado apenas em países subdesenvolvidos que não produzem tais mercadorias. Perante as potências, não passam de apêndice das multinacionais com o objetivo de fornecer lucros à matriz, e não em desenvolver um forte mercado interno. A industrialização latino-americana não nasceu dos anseios de desenvolvimento sócio-produtivo, mas da impossibilidade de importar produtos manufaturados durante a recessão econômica mundial dos anos 30. Formou-se uma indústria baseada na “substituição de importações”, reforçada durante os anos 50 e 60 com o advento das multinacionais e políticas internas de crescimento. No entanto, a industrialização latino-americana nunca deixou de estar ligada aos interesses estrangeiros, ao fornecer produtos que tais mercados necessitavam e importar tecnologias que, em vez de incrementar o desenvolvimento, só aumentavam a dependência. A demanda interna e o crescimento do mercado consumidor não foi atendida. Assim, entende-se que o movimento industrial do continente foi mais uma etapa do colonialismo perante as potências mundiais: fornece-se produtos baratos, baseados no baixo valor da mão-de-obra e na exploração do assalariado, para se encaixar no mercado internacional e obter técnicas que a indústria local é incapaz de produzir. Mudam os tempos e os métodos, mantém-se a exploração, o subdesenvolvimento e a inviabilidade de um crescimento autônomo e principalmente voltado às classes mais injustiçadas do sistema.<br /><br />A iniciativa de um mercado de cooperação econômica que visa reduzir essa dominação, como o Mercosul, tem efetividade apenas em nível local, ou seja, perante os demais países do continente, que não dispõem das mesmas tecnologias e condições para produzir as mercadorias que o bloco comercializa. O Mercosul não tem forças para competir ou fazer afrontas à futura Alca, por exemplo, ou à União Européia: estes blocos, além de poderosos economicamente, produzem mercadorias mais baratas e de melhor qualidade que o bloco latino-americano, o que lhes abrem as portas para conquistar os mercados onde o Mercosul atua hoje. A tentativa norte-americana de enfraquecer o bloco reflete que as condições mudam, mas a essência é a mesma: a potência mundial dita as regras e exige o cumprimento das colônias. Embora diga que ainda é muito cedo para se pensar na Alca, o Mercosul vive sob o temor da formação desse novo bloco, que lhe faria concorrência direta ao englobar todos os mercados americanos restantes e limitar sua área de atuação. Tratar-se-ia de um pacto colonial moderno: as colônias seguem a orientação superior, mesmo com contestação, por saber que, se não o fizerem, as conseqüências e retaliações serão muito piores.<br /><br />Mas não é apenas isso. O Mercosul é enfraquecido em função das diferenças sociais e econômicas entre seus membros que, reforçadas ao longo dos séculos, fazem com que o bloco tenha atritos internos. É inegável que o Brasil é o grande motor econômico do acordo, ao possuir economia e produção diversificados e que gozam de certa estabilidade financeira. Quem lhe poderia fazer concorrência, a Argentina, vive uma crise econômica de grave intensidade que estagnou seu sistema produtivo; o Uruguai oscila seu apoio aos dois países, pois necessita muito dos produtos que eles produzem, já que sua economia é basicamente pecuária; na mesma situação se encontra o Paraguai, país mais pobre e dependente do bloco. Nenhuma decisão pode ser tomada sem a participação das quatro nações, e os desníveis de desenvolvimento de cada uma delas, bem como tradicionais rixas políticas, atrapalham a tomada de políticas conjuntas. Tome-se como exemplo o recente acordo automotivo entre Brasil e Argentina para a construção conjunta de carros. Os argentinos vetaram as primeiras versões do acordo, acusando o Brasil de querer manipular o Mercosul para favorecer a sua produção de peças para carros em detrimento dos outros membros. O que estava implícito na reclamação argentina era a crise da economia local e o inflacionamento da produção: as peças locais saiam mais caras que as brasileiras, o que encareceria o produto final. No final, um acordo definitivo foi assinado, dividindo a produção das peças e os custos de montagem dos carros. Para compensar a crise argentina, quem perdeu foi o Brasil, que arcará com os preços mais caros do parceiro e, conseqüentemente, encarecerá a mercadoria. Esta, na concorrência com outros mercados, sairá em desvantagem.<br /><br />A América Latina nasceu para poucos desfrutarem da riqueza da terra e do trabalho de muitos. O sangue das “veias abertas” do continente é um manjar que alimenta o crescimento das potências e das elites locais, mas também faz-se veneno que mata a população de sua terra. No entanto, como veremos no próximo tópico, esse continente, mesmo protagonizando uma história trágica e permeada da exploração, elites de interesses limitados e governos repressores, nunca deixou de ter esperanças de mudar. Afinal, a América Latina também protagonizou acontecimentos que tentaram desviar o rumo da história e soam até hoje como esperanças de transformação. São casos como a Revolução Cubana, ocorrida há 40 anos, e a atual guerrilha zapatista no México que ainda permitem o sonho em uma terra melhor. Como disse Marx, a respeito do processo histórico, são os homens que fazem a história, na sua luta diária pela sobrevivência e pelo bem-estar. Assim, somente a luta do povo latino-americano, após séculos de exploração e pobreza, poderá libertar o continente das amarras que o oprimem, desenvolvê-lo em suas potencialidades e, principalmente, dar-lhe uma cara latino-americana, ou seja, voltada às necessidades de seu povo. E, para incitar essa reflexão, apresenta-se agora alguns dos movimentos que tentaram mudar a ordem das coisas no continente.<br /><br />Os processos revolucionários<br /><br />Guerras, mortes, ditaduras militares, exploração social, economia dependente. Estas palavras e expressões são muito bem usadas para se expressar o andamento da história latino-americana neste século. Existem pensadores que, de forma cética, consideram que a trajetória do continente nos últimos 100 anos foi marcada exclusivamente pela submissão das massas a regimes políticos autoritários e a um sistema produtivo baseado na exportação. Não haveria, na opinião desses intelectuais, nenhum fato que indicasse uma tentativa de transformação das estruturas sociais ou mudança do rumo histórico seguido. Essa opinião, muito difundida entre aqueles que vêem a América como o “quintal” dos Estado Unidos e descrevem sua população como alienada e explorada, sem capacidade de lutar por uma vida melhor, é falsa. As correntes historiográficas mais modernas, guiadas por uma linha interpretativa menos generalizadora e mais investigativa dos detalhes dos fatos históricos, consideram que, em determinados momentos, a massa popular em alguns países se rebelou e procurou modificar a estrutura social em que se encaixava. Mesmo quando não ocorreu o autêntico levante popular, alguns líderes buscaram seguir o ideal de transformação para construir uma nova nação, e a partir daí uma nova história.<br /><br />Os historiadores definiram, na história contemporânea da América Latina, quatro eventos que podem ser analisados como tentativas de quebra do domínio imperialista das grandes potências mundiais, buscando uma política mais nacionalista. Alguns de forma limitada, outros de maneira mais direta, todos possuíram algumas características em comum: criticaram o domínio internacional em seus territórios e procuraram introduzir mudanças sociais para beneficiar a população. Até hoje são referências na luta de movimentos sociais no continente como uma esperança de que a história latino-americana, por meio da mobilização, pode tomar outros rumos. Elas são descritas aqui em seus pontos principais, e não em uma análise mais detalhada, pela falta de espaço.<br />O revolucionário Zapata Revolução Mexicana – O acontecimento mexicano é descrito como a primeira grande mobilização social da América Latina no século XX. O processo começou como uma autêntica revolução, isto é, com o objetivo de promover uma transformação estrutural na sociedade, para depois normalizar-se e garantir algumas mudanças que não representam um processo completo de modificação. Tanto é verdade que até hoje existem movimentos sociais que buscam retomar o ideal da Revolução Mexicana para completá-la e transformar a estrutura social e produtiva da sociedade do país. A guerrilha no Estado de Chiapas, ao mesmo tempo que protesta contra o imperialismo norte-americano e contra a pobreza da região, luta por uma reforma agrária justa e pela memória de Emiliano Zapata, líder da revolução do começo do século que ecoa no México até hoje.<br /><br />A revolução teve início em 1910. Liderados por Zapata, os camponeses do estado de Morelos levantaram-se contra os latifundiários da região e toda a exploração que estes representavam. Logo o exército do país foi chamado para conter a revolta, que não demorou a espalhar-se para todo o território mexicano. Em combates sangrentos, com diversas mortes em ambos os lados, o exército de camponeses comandado por Zapata e seu aliado Pancho Villa foi conquistando as principais terras, minando o poder agrícola mexicano e a própria força política do ditador Porfirio Díaz. No final de 1910, Díaz foi derrubado para a subida de Francisco Madero ao poder. Este, apesar de ter a confiança de Zapata, representava os interesses da nascente burguesia mexicana: pouco lhe importava tocar na estrutura agrária do país e criar impasses com os latifundiários. A reforma agrária que estava na promessa revolucionária não se realizou, e Zapata voltou ao combate. Reuniu os camponeses, tomou para si mesmo o governo do México em 1914 e iniciou um gradual processo de divisão agrária e reorganização da produção agrícola em pequenas propriedades. Inclusive convocou uma Assembléia Constituinte em 1917, na qual foi aprovada a Lei da Reforma Agrária. No entanto, a burocracia do governo atrapalhava a execução da lei, e a repartição de terras não era executada da forma mais adequada. A ascensão de governos burgueses, que buscavam a industrialização do Estado, e a morte de Zapata numa emboscada em 1919, e a de Pancho Villa quatro anos depois, congelaram o processo e a revolta camponesa.<br /><br />A reforma agrária foi retomada no período 1934-1940, no governo de Lázaro Cárdenas. Presidente com traços populistas, Cárdenas aplicou de forma séria a lei de 1917, distribuindo 18 milhões de hectares a 772 mil camponeses, num ato predominantemente de oposição aos latifundiários. Bondade do governante? Uma análise mais profunda das transformações que a sociedade passava pode explicar os motivos de tal distribuição. No mandato de Cárdenas, a indústria já despontava como a base da economia mexicana, com o conseqüente declínio do latifúndio agrário-exportador. Além disso, a distribuição acalmava os ímpetos revolucionários dos camponeses e lhes dava um pedaço de terra para desenvolver uma pequena agricultura substancial, sem incomodar o grande latifúndio. Afinal, o presidente não mexeu em toda a estrutura de concentração de terras: em 1940, o censo registrou pouco mais de 300 propriedades de mais de 40 mil hectares – os latifúndios ainda ocupavam uma extensão de mais de 30 milhões de hectares. As terras expropriadas foram, em sua maioria, as improdutivas ou pertencentes a grandes empresas.<br /><br />A Revolução Mexicana, assim, promoveu uma alteração substancial na sociedade mexicana, ao estimular a reforma agrária e a distribuição de terras para os camponeses. Embora a estrutura social não tenha sofrido modificações radicais, com o poder econômico se concentrando nas mãos da nova burguesia industrial, e muitos dos novos proprietários, sem incentivo ou capacidade para desenvolver a agricultura em sua terra, não tenha largado seu estado de pobreza, tratou-se de um processo com importância ao ser o primeiro grande movimento de massas da América Latina contemporânea, provocando reflexos no continente até hoje, evocada por movimentos nacionalistas que buscam justiça social e reforma agrária.<br /><br />Revolução Boliviana – Processo inspirado na Revolução Mexicana e que alcançou grande amplitude, com as classes populares inclusive tomando o poder e os meios de produção econômica. No entanto, a incapacidade para manter esse controle, a falta de força política e as pressões de setores mais fortes, incluindo o imperialismo norte-americano, acabaram por minar as bases da revolução e seu potencial renovador que pretendia transformar a exploradora e miserável estrutura social boliviana numa sociedade mais justa e igualitária.<br /><br />O levante ocorreu no dia 9 de abril de 1952. Incitados pelo MNR (Movimento Nacional Revolucionário), partido de centro-esquerda formado por pequenos burgueses que fora alijado do poder um ano antes por um golpe militar, os mineiros do país iniciaram uma greve por melhores condições de vida e salários. Ao mesmo tempo, explodia a revolta nas grandes fazendas, com os índios e camponeses tomando as terras, e na capital La Paz, onde a população mais pobre se organizou, com a ajuda do MNR, em milícias armadas que invadiram quartéis e, numa incrível guerrilha urbana, venceram o Exército mandado às ruas para combatê-las. O povo boliviano, oprimido ao longo de séculos, tomara o poder em todo o país, e o MNR parecia ser seu representante legítimo para ocupá-lo. Aqui, entretanto, começam as falhas do processo revolucionário do país. O partido, mais preocupado em retomar o governo perdido um ano antes e formado por elementos de classe média, não soube atender às reivindicações básicas da população. Pelo contrário: aos poucos minou as conquistas dos trabalhadores e abriu espaço para a intensificação da penetração do capitalismo norte-americano na economia do país.<br /><br />Dois marcos da Revolução Boliviana, e que a fazem carregar esse título, são as provas mais evidentes de como o MNR apenas se apoiou na revolta popular para tomar o poder, e não para promover mudanças estruturais na sociedade. O primeiro deles foi a lei de Reforma Agrária, promulgada em agosto de 1953 e destinada a organizar a desordem instalada com a tomada de fazendas pelos camponeses, um ano antes, durante o processo revolucionário. A Lei evitou criar polêmicas com os latifundiários, determinando que os camponeses deveriam devolver parte das terras ocupadas aos proprietários ainda vivos. Ficava com uma pequena faixa de terreno, geralmente improdutiva, antieconômica e pela qual ainda tinha de pagar indenização pela posse. Assim, o campesinato, que em 1952 ocupara a maior parte das terras do país, fizera uma divisão razoavelmente igualitária e eliminara estruturas feudais de exploração de mão-de-obra, como o servilismo, sofria um processo de regressão. Sem incentivo fiscal e grande espaço nos mercados consumidores, o pequeno proprietário, em sua maioria, vinha a perder sua terra para o latifundiário, voltando a ser seu empregado e morando em suas dependências por caridade e em troca de trabalho pesado na lavoura. O sistema de exploração campestre voltara a ser o mesmo: grande propriedade, monocultura, trabalho servil. A diferença é que fora introduzido no campo formas capitalistas de exploração comercial: a produção em larga escala para venda em menor tempo e mais barata. Mas a grande conquista camponesa – as terras -, foram perdidas em sua maior parte graças à lei de Reforma Agrária, feita às pressas pelo governo do MNR e que revelava a incapacidade do partido de se desvencilhar dos grupos economicamente mais fortes do país para promover uma mudança radical na sociedade.<br /><br />O segundo marco da revolução engana por sua demagogia. Em outubro de 1952, o governo nacionalizou as minas de estanho, supostamente rompendo com um domínio secular da principal fonte de divisas do país por parte da família Patiño, dona das minas e refinarias. O ato poderia simbolizar um desejo de autonomia nacionalista na exploração do minério, se não escondesse certas conjunturas que serviram para reduzir ainda mais o papel e a importância da revolução. Quando nacionalizadas, as minas de estanho já tinham rendimento limitado, tão exploradas que foram pelos Patiño. Assim, a Bolívia não teria muito minério para exportar e fazer divisas no mercado internacional. Além disso, o estanho bruto tem valor reduzido no mercado, tendo de ser tratado em fundições – e o país não possuía nenhuma à época. O país se acostumara a receber pouco pelo estanho retirado das minas pelas empresas dos Patiño e levado para ser fundido no exterior. Com a nacionalização, o processo não se inverteu. A Bolívia continuou a receber pouco pelas toneladas de minério, por exportá-lo bruto, e via em seguida as grandes potências pagar caro pelo produto refinado. A nacionalização das minas não trouxe autonomia econômica à Bolívia, nem melhorou a vida dos mineiros, mas trouxe um problema: teve de herdar minas decadentes e de baixa produtividade, livrando os antigos proprietários de maiores prejuízos. Como se não bastasse, estes receberam indenizações pela expropriação, num total de 22 milhões de dólares. Vendendo muito e recebendo pouco, o governo do MNR ainda tentou reativar a exploração do estanho, fundando uma empresa estatal – a COMIBOL – para descobrir novas jazidas. A iniciativa, no entanto, só trouxe mais prejuízos e quase nenhum estanho. A solução foi recorrer a empréstimos junto aos EUA, em troca do fornecimento, a baixos preços, de minérios e outros produtos, como o petróleo e o gás natural.<br /><br />O processo de nacionalização das minas se transformou rapidamente numa continuação do retrocesso observado na reforma agrária: as conquistas dos mineiros são gradualmente perdidas pelo líderes políticos que, pertencentes à classe média e ao poder econômico, não podem negar suas origens. Os presidentes do MNR que governaram a Bolívia de 1952 a 1964 tentaram mudar a sociedade boliviana e sua estrutura por meio de decretos, e nunca de forma efetiva. A população não recebeu os benefícios da revolução: pelo contrário, foi dominada ainda mais pela miséria e teve sua força política reprimida quando as milícias urbanas armadas foram suspensas para a reconstituição do Exército, no final dos anos 50.<br /><br />No entanto, a revolução boliviana, apesar de frustrada em seus planos, serviu como exemplo para movimentos sociais posteriores de como a mobilização popular pode provocar abalos na ordem estabelecida, em busca de melhorias em sua vida. Foi denominada assim por ser um caso em que o povo foi às ruas e batalhou por sua conta, por seus objetivos, acima de ideologias partidárias. Talvez a ausência de um autêntico líder que canalizasse suas aspirações reformistas, evitando o MNR e seu oportunismo pequeno-burguês, tenha sido o principal motivo da derrota das massas no processo revolucionário. Mesmo sem alterar as estruturas sociais e produtivas do país, a revolução deixou heranças, como a modernização das relações no campo (apesar da exploração prosseguir), a politização da sociedade boliviana e a fundação da COB (Central Obrera Boliviana), sindicato urbano de trabalhadores que teve papel fundamental no combate às ditaduras nos anos 70 e 80.<br />Fidel Castro, líder da Revolução Cubana Revolução Cubana – O processo liderado por Fidel Castro é descrito até hoje como a mais radical mudança política no cenário latino-americano. Afinal, Cuba tornou-se, a partir de 1959, o primeiro país socialista do mundo ocidental e o único em que tal regime sobreviveu, quebrando a hegemonia norte-americana no continente e o “anti-comunismo” que esse domínio pregava e combatia – o golpe militar de 1954 contra o presidente Jacobo Arbenz, de tendências socialistas, na Guatemala, expressa bem isso. Hoje, mesmo com a queda do mundo soviético, o país insiste em se denominar socialista e resiste a uma total abertura econômica, guiada pelos organismos internacionais como FMI e Bird.<br /><br />A Cuba moderna, segundo o sociólogo Emir Sader, incomoda os outros países por ser fruto de uma revolução que, negando os EUA, deu certo e mudou a estrutura social, apesar dos problemas econômicos e políticos que enfrenta na atualidade.<br /><br />Sader considera que uma revolução implica numa total transformação do sistema sócio-produtivo da nação, instalando um novo sistema e dando à sociedade novas condições de sobrevivência. Para ele, a guerrilha de Fidel Castro, ao tomar o poder, tinha em mente a necessidade de modificar a estrutura cubana para conseguir o apoio da população e autonomia internacional. É fundamental entender como era tal estrutura antes de Fidel assumir o comando político de Cuba. Incentivada pela colonização espanhola, a ilha se tornou grande produtora de açúcar, cuja venda na Europa enriquecia os senhores locais e atiçava seus desejos de independência para se libertar dos impostos coloniais. O processo de libertação do domínio espanhol se consumou em 1898, mas o novo país, localizado a poucos quilômetros dos Estados Unidos, não escapou da ingerência econômica e política desta nação. Desde o início do século, os norte-americanos se instalaram em Cuba, controlando o comércio de açúcar e todos os demais setores da economia agrária. Os latifúndios dominavam a maior parte do território, reinando a exploração dos camponeses e a opressão política nos centros urbanos. Os EUA faziam e desfaziam presidentes à sua vontade, até que o sargento Fulgencio Batista, a partir dos anos 40, dominou a cena política cubana e acalmou, à base da repressão, as diversas manifestações que eclodiam no país contra a recessiva política econômica e os privilégios norte-americanos. Um dos levantes que conteve foi em 1953, no assalto ao quartel Moncada liderado por um jovem advogado chamado Fidel Castro. Extraditado de Cuba com outros colaboradores, Fidel foi viver no México para, três anos depois, retornar e promover, a partir das sierras e com o apoio camponês, a guerrilha contra a ditadura de Batista. Mesmo com parcos recursos e poucas armas, o exército guerrilheiro cresceu e derrotou a maior parte das forças de Batista, assumindo gradualmente o controle dos principais distritos do país. Quando chegou à capital, Havana, em 1º de janeiro de 1959, Batista já fugira para a República Dominicana, e Fidel foi proclamado presidente e primeiro-ministro.<br /><br />Após assumir o poder, os revolucionários tiveram, de cara, de enfrentar o governo norte-americano, que ordenou a saída de todas as empresas nacionais do território cubano e decretou o embargo econômico contra o país após a fracassada invasão da Baía dos Porcos, em 1961. A medida norte-americana foi seguida pela maior parte dos países do continente, que romperam as relações comerciais com Cuba e inclusive votaram por sua exclusão da Organização dos Estados Americanos (OEA). De uma hora para outra, Cuba teria de buscar novos parceiros para sobreviver e, principalmente, cumprir seus objetivos de transformação social. Para tanto, optou, em contrapartida ao capitalismo, pelo socialismo e por acordos com os países do bloco liderado pela União Soviética. Vendendo açúcar e níquel a essas nações, Cuba recebia em troca maquinaria pesada e petróleo para desenvolver indústrias de bens de consumo e gerar, com a diversificação das exportações, divisas que permitiam a manutenção de serviços públicos gratuitos à população. A saúde e a educação, entre outros, deixaram de ser privilégio daqueles que poderiam pagar, pois se tornaram serviços estatizados. Além disso, o governo passou a mandar anualmente os universitários ao campo, para ensinar os camponeses a ler e escrever. O resultado desse processo contínuo é visível até hoje. Cuba é o país com maior índice de alfabetização no continente, com 85%. O tratamento de saúde é mantido pelo Estado, e os equipamentos são elogiados ao redor do mundo pela qualidade e tecnologia.<br /><br />A própria estrutura produtiva – o campo – foi transformada. O primeiro ato do governo revolucionário foi promulgar uma Lei de Reforma Agrária, que determinava a nacionalização de terras improdutivas pertencentes a empresas norte-americanas e latifundiários. Além disso, o governo tomou para si terras que foram abandonadas pelos donos, que fugiram com a vitória guerrilheira. Aos camponeses foram oferecidas duas alternativas: a organização em cooperativas ou a posse individual da terra. O Estado importou maquinaria agrícola, treinou técnicos para ensinar os novos proprietários como gerir a terra e usar os novos mecanismos de produção, incentivou a produção com apoio financeiro e subsídios. As safras de açúcar cresceram e novas culturas foram desenvolvidas, como o tabaco e frutas cítricas. O índice de desempregados e empregados sazonais (durante as safras) diminuiu, com a posse efetiva da terra. Nas cidades, o crescimento industrial e novos serviços, como o turismo, também ofereceu oportunidades à população.<br /><br />Com o fim da União Soviética, em 1991, e consequentemente de seu principal mercado de açúcar, Cuba enfrentou uma séria crise interna, com diminuição da produção industrial e redução do abastecimento de energia. Mesmo assim, o país sobrevive, ao reatar suas relações com os países latino-americanos e europeus e visualizar, ainda que distante, um princípio de abertura por parte dos EUA. A crise cubana levantou sérias dúvidas quanto à validade do regime de Fidel e as conquistas do país durante seu governo.<br />É claro que, no sentido mais liberal, o governo de Fidel não é democrático, ao negar o direito às eleições e perpetuar-se no poder. No entanto, sob seu comando Cuba conseguiu a tão procurada “revolução”: de um país agrário-exportador e constituído de uma população predominantemente rural e explorada, tornou-se uma nação com economia diversificada e que oferece a seus habitantes condições de vida mais dignas do que muitos países latino-americanos. O exemplo cubano soou no continente durante os anos 70 como um modelo de libertação do imperialismo norte-americano, e até hoje atrai muitos movimentos sociais e guerrilheiros à sua causa. Por mais contestado que seja, o exemplo de Cuba mostra que a transformação radical da sociedade é possível se houver interesse e mobilização popular. Fidel Castro nos dias atuais<br /><br />Revolução Peruana – O caso peruano foi atípico em todos os sentidos, e gera diferentes interpretações até hoje na historiografia do país. Em outubro de 1968, uma junta militar liderada pelo general Juan Velasco Alvarado derrubou o presidente Belaúnde Terry e instalou-se no poder. Seu lema, expresso no “Estatuto do Governo Revolucionário”, se resumia a três pontos: tornar a estrutura do Estado mais dinâmica para modernizar o país; dar níveis de vida superiores à população desassistida; e desenvolver no povo e na economia uma mentalidade nacionalista e independente perante as potências estrangeiras. Quem lê tais tópicos pode estranhar como um grupo de militares, tradicionalmente conservadores, limitados à força bélica e de pouca instrução, poderia se preocupar com assuntos tão complexos. A explicação é simples. Desde os anos 40, influenciados pela força demonstrada pelo exército norte-americano na Segunda Guerra, os militares peruanos começaram a interferir na política nacional, chegando ao poder em 1945 com um golpe liderado pelo general Manuel Odría. Este promoveu um gradual processo de abertura até 1952, quando foram realizadas eleições livres. No entanto, os militares continuaram a representar uma “eminência parda” na presidência, interferindo nas decisões presidenciais e no andamento do processo político.<br /><br />Em 1960, o Exército fundou o “Centro de Altos Estudos Militares” (CAEM), destinado a formar militares com consciência crítica sobre os problemas sociais do país. O CAEM representava a extrema politização das forças armadas peruanas e seu desejo mais do que explícito de chegar ao poder na primeira oportunidade. Dois anos depois, essa chance apareceu. Víctor Haya de la Torre, candidato da Apra (partido popular, de caráter populista), venceu as eleições presidenciais, mas não chegou a tomar posse, pois os militares o derrubaram, acusando-o de liderar um levante comunista. Esse governo militar caracterizou-se por iniciar uma “reforma social controlada”: tentou uma reforma agrária em terras improdutivas, sem ferir os interesses dos latifundiários, ao mesmo tempo que reprimia e prendia líderes sindicais que clamavam por mais espaço político. Em 1963, pressionados pela opinião pública e pelos EUA, os militares promoveram novas eleições, com a vitória de Belaúnde Terry. Este, apesar de defender em campanha um discurso demagógico, prometendo inclusive a nacionalização do petróleo. Não cumpriu o prometido, como concedeu novos direitos de exploração dos campos petrolíferos peruanos a empresas norte-americanas a baixos preços e impostos. Foi esse ato, aliado ao aumento da pobreza da maior parte da população e da crescente violência rural pela reforma agrária, que estimularam o golpe de Velasco Alvarado, também formado no CAEM.<br /><br />O primeiro ato de Velasco já foi cercado de polêmica. Na primeira semana de governo, ele nacionalizou a empresa norte-americana “International Petroleum Company”, que detinha as principais concessões de exploração do óleo no país. Em seguida, numa clara provocação aos EUA, anunciou que não pagaria indenização à empresa enquanto ela não pagasse uma dívida de 690 milhões de dólares de impostos não pagos. O ato cercava-se de um discurso nacionalista e de independência perante os negócios internacionais, mas foi desmistificado pelo próprio presidente. Para tranqüilizar os investidores estrangeiros, Velasco foi à televisão dizer que somente nacionalizaria outras firmas internacionais se estas não cumprissem as leis do país e não pagassem os impostos devidamente. Com isso, garantia-se as inversões estrangeiras no Peru e a manutenção dos mercados para onde exportava sua produção. A estrutura econômica estava assegurada. A nacionalização da International Company representou mais um ato demagógico, destinado a mostrar à população a força do novo regime e sua preocupação com princípios nacionalistas, do que uma efetiva demonstração de independência perante as potências e vontade de construir uma nova sociedade. Essa demagogia é comprovada pela importância do óleo na economia do país: na época, o petróleo representava apenas 10% das exportações peruanas. A indústria pesqueira e agrícola, dominada por consórcios norte-americanos, ficou intocada. Apesar de bramar contra o capital estrangeiro e nacionalizar setores menos importantes, o regime não diminuiu a dependência peruana perante as potências.<br /><br />Mas o governo do Peru entrou para a história da América Latina por ser a primeira ditadura militar no continente a promover uma considerável reforma agrária. No final de 1968, Velasco Alvarado decretou a divisão das terras dos latifúndios improdutivos em cooperativas administradas pelos camponeses. Ficou famosa, na expropriação da primeira fazenda, a frase pronunciada por Alvarado: “Camponês, o patrão não comerá mais de tua pobreza”. Tal expressão fora dita, duzentos anos antes, por Tupac Amaru, índio que se rebelara contra a exploração espanhola e acabou morto ao ser derrotado. A iniciativa foi boa, mas, seguindo o exemplo das nacionalizações das empresas, mais demagógica do que efetiva. Apesar de grande quantidade de terras ser dividida, numa reforma agrária radical, o governo não forneceu meios técnicos ou qualquer tipo de ajuda para que os camponeses, que há pouco tempo eram servos de poderosos senhores de terras, se tornassem administradores. A produtividade das cooperativas não rendeu o esperado, e com o enfraquecimento do regime, nos anos 70, muitos ex-proprietários entraram na justiça para reaver as terras, alegando desapropriação indevida. Aos poucos a estrutura latifundiária normalizou, ou seja, os camponeses, ameaçados pela falência das cooperativas e pressionados pela justiça, voltaram a ser servos nas grandes propriedades. Alguns, no entanto, conseguiram manter um pedaço de terra, promovendo um regime de pequena propriedade.<br /><br />Pressionada pelos interesses econômicos internacionais e mergulhada em suas próprias contradições – atacar o capital estrangeiro enquanto não detinha sua penetração na economia, promover uma reforma agrária sem dar a devida estrutura aos camponeses e pregar um discurso nacionalista ao mesmo tempo em que calava a imprensa e suspendia eleições e partidos políticos -, a ditadura peruana perdeu força ao longo dos anos 70. Velasco Alvarado foi derrubado por setores militares mais conservadores em 1975, assumindo o poder o também general Francisco Bermúdez. Este preparou o terreno para a normalização democrática do país, promovendo eleições em 1980.<br /><br />O regime peruano entrou na história como uma “revolução” por ser o primeiro governo militar que, livrando-se da aura conservadora, tomou consciência dos problemas sociais de seu país e promoveu algumas reformas estruturais de peso na sociedade.<br />Mesmo não modificando a estrutura básica, a ditadura peruana mostrou que os militares também poderiam ser entendidos na realidade social e ter idéias para modificá-la. O regime de Velasco Alvarado reforçou o papel militar na política peruana, e o grande medo de Alberto Fujimori, quando ainda era o presidente, de ser derrubado do poder pelo Exército reflete a politização das Forças Armadas peruanas: se a corrupção e desmoralização do poder público houvesse se tornado mais crônicas, os militares poderiam intervir como uma forma de “limpar” a política nacional e promover as melhorias buscadas pelo povo. Ou seja, seguir a lição iniciada por Juan Velasco Alvarado. Mas a renúncia e fuga de Fujimori, seguidas pela aparente normalização democrática, tranqüilizaram as Forças Armadas, pelo menos até o momento. O ex-presidente Alberto Fujimori<br /><br />O outro lado ainda vive<br /><br />Mesmo que os tempos de tormenta dos regimes militares sejam um passado distante, os países da América do Sul não podem dizer que são paraísos democráticos. Por mais que exista um processo eleitoral regular e o voto seja um direito universal, as atitudes de certos governantes, bem como sua trajetória política, colocam em xeque a fachada democrática destas terras e fazem pensar se não seriam “ditaduras encobertas”.<br /><br />Três casos exemplificam os argumentos acima. No Peru, Alberto Fujimori se perpetuou no poder durante 10 anos à base de emendas constitucionais que garantiram sua reeleição em eleições marcadas pela fraude. Além disso, não hesitou em usar o Exército – o mesmo que na atualidade lhe fez oposição – para fechar o Congresso em 1992 e decretar-se o único responsável pelo governo do país. Na Bolívia, até o próximo ano o poder está nas mãos do general Hugo Bánzer, eleito em 1997. Para quem não lembra, ele governou o país de 1971 a 1978, numa das ditaduras militares mais denunciadas como abusivas e arbitrárias pela Organização dos Direitos Humanos. Para voltar ao governo, Bánzer teve de promover uma nova imagem pessoal: o militar de respeito que combate o tráfico de drogas. Apoiado pelas forças armadas e obcecado pelo poder, Bánzer tem forças suficientes para dar continuidade à trágica história boliviana: quando um presidente não aprova seu sucessor, dá um golpe de Estado e mantém no poder. Conhecendo a personalidade do velho general, essa hipótese não é improvável.<br /><br />O terceiro caso também envolve um militar: Hugo Chávez, na Venezuela, governa com poderes absolutos. Depois de se eleger presidente com mais de 80% dos votos, Chávez formou maioria no Congresso e pôde aprovar projetos que centralizam todo o poder em suas mãos. Recentemente conseguiu a aprovação de uma lei permitindo que ele governe por decreto, sem submeter seus planos ao parlamento. Por mais que seu poder emane do povo que o elegeu, Chávez o centralizou de tal forma que constituiu uma pequena ditadura absolutista, sem espaços para contestação.<br /><br />Os grandes líderes<br /><br />Também é possível narrar e entender a história do continente por meio de alguns dos líderes que marcaram sua história ao longo deste século. Eles entraram, pela frente ou pelos fundos, para a história do continente. Inscreveram seus nomes na trajetória de seus países até hoje e influenciaram diretamente a vida das populações com as quais conviveram. Seria impossível, dessa forma, não falar de alguns dos mais importantes líderes que a América Latina conheceu. Os homens aqui citados são apenas exemplos, pois muitos outros poderiam figurar ao lado deles ou substitui-los nestas apresentações. Privilegiou-se o critério técnico: a importância do escolhido em seu país e, por sua vez, a proposta em abordar aspectos específicos de algumas dessas mais importantes nações. Pois tratar de seus personagens é uma maneira de se fazer isso e constituir uma idéia mais completa sobre o continente como um todo. Foram definidas três categorias, com dois exemplos em cada.<br /><br />Os Libertadores<br /><br />Simón Bolívar (1783 – 1830)<br /><br />Apesar de fazer parte do século XIX, é impossível falar de América Latina sem se falar de Simón Bolívar. Conhecido como El Gran Libertador, Bolívar foi o primeiro líder a defender e buscar uma unidade latino-americana. Filho de comerciantes que residiam na atual Venezuela, Bolívar teve uma vida cercada de luxos e conforto. Ainda jovem, foi enviado à Europa para estudar, tomou contato com os ideais libertários da Revolução Francesa e, em 1807, voltou à Venezuela, disposto a organizar batalhões militares para promover a independência da colônia. Após combates de dois anos, favorecidos pela fraqueza do exército espanhol, cuja maioria fora enviada para lutar contra a invasão napoleônica na Espanha, Bolívar libertou a Venezuela em 1809. Seu sonho, agora, era expandir a liberdade para todo o continente. Para tanto, formou novos exércitos e aliou-se a militares que já promoviam movimentos de libertação em outras comarcas, como o uruguaio José Artigas e o argentino José de San Martín. Recrutando populares como soldados e dividindo as áreas de atuação, os três generais gradualmente proclamaram a independência dos territórios, até a expulsão definitiva dos espanhóis.<br /><br />No entanto, os esforços de Bolívar terminaram nessas lutas de libertação. Consciente de que somente uma América unida poderia fazer frente às grandes potências européias e aos EUA, o general tentou unificar todos os territórios libertados. Mas os interesses das elites criollas de cada comarca falaram mais alto, e a fragmentação da América se tornou inevitável. Cada oligarquia não quis perder a área onde desenvolvia sua riqueza para um processo de unificação, pois isso representaria a perda de seu poder político e econômico. O exemplo mais claro da morte do ideal de Bolívar ocorreu na antiga Grã-Colômbia, libertada e governada pelo general venezuelano. Os oligarcas da região não aceitaram a decisão de Bolívar de manter a região unificada num único país, promovendo uma guerra para tirá-lo do poder em 1827. Após a vitória, exilaram o militar e dividiram o território em três novos países: Venezuela, Colômbia e Equador.<br /><br />Bolívar morreu em 1830, acometido pela tuberculose. Reconhecera que cada elite latino-americana se identificou com sua luta apenas para se libertar da tutela política espanhola, mas não para formar um novo país. Desiludido, profetizou o que a história do continente, marcada por ditadores, mortes e submissão econômica, comprovou: “A América cairá infalivelmente nas mãos de um bando desenfreado de tiranos mesquinhos de todas as raças e cores, que não merecem consideração”.<br />Sandino Augusto César Sandino (1893-1934)Ex-cortador de cana e mecânico, foi trabalhando nas minas de ouro e prata que Sandino conheceu a realidade da população mais pobre da Nicarágua, bem como percebeu que a economia e a política de seus país eram dominadas pelos EUA, por meio de empresas e governos tampões. A dura vida nas minas e a repressão do exército contra as revoltas dos mineiros foram gerando a consciência revolucionária e opositora aos norte-americanos no jovem Sandino, até que, em 1926, ele iniciou um movimento guerrilheiro na região mineradora, ao norte do país. Depois de uma série de derrotas, os guerrilheiros conseguiram se recuperar e vencer as forças militares enviadas pelo governo, avançando em direção ao centro. Ao mesmo tempo, os camponeses dos latifúndios de café da região sul, e os trabalhadores da capital, Manágua, se levantaram em apoio a Sandino. Os lemas revolucionários eram expulsar os norte-americanos da Nicarágua e melhorar as condições de vida da população.<br /><br />Diante da intensa movimentação e da ameaça de perder seu domínio, os EUA intensificaram a repressão contra a Nicarágua, exigindo que o governo eliminasse os focos guerrilheiros ao mesmo tempo que enviava tropas para combatê-los. De tão dura e violenta, a ação norte-americana provocou protestos na própria opinião pública do país, levando os EUA a promover uma retirada estratégica do país. No entanto, deixaram como herança a Guarda Nacional, um corpo militar que garantia o poder yankee em território nicaragüense comandada à época por Anastacio Somoza.<br /><br />Este, apoiado pelos norte-americanos e com ganas de chegar ao poder, iniciou novo levante contra as tropas de Sandino e seus aliados. Foi numa dessas pequenas batalhas que Somoza seqüestrou o líder guerrilheiro, em 1934, e o assassinou. Em seguida, intensificou a repressão contra as populações que apoiavam Sandino e, dois anos depois, assumiu o poder por meio de um golpe de estado.<br /><br />No entanto, Somoza e sua família, que ficaram no poder durante 43 anos, não foram capazes de matar a herança revolucionária sandinista. Nos anos 60, surgiu a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSNL) que, canalizando a revolta popular e das classes médias contra a opressora ditadura, derrubou o regime em 1979 e assumiu o governo com o intuito de promover as reformas estruturais defendidas por Sandino em sua luta. Sua tentativa, em onze anos de mandato, foi infeliz, pois antes de desenvolver a economia e transformar a sociedade, os líderes sandinistas tiveram de lutar pela manutenção de seu regime contra as tropas financiadas pelos EUA, denominadas “contra-revolucionários”. Desgastado pela guerrilha, em 1990 o candidato sandinista, Daniel Noriega, perdeu as eleições presidenciais para Violeta Chamorro, apoiada pelos vizinhos norte-americanos.<br /><br />Os Populistas<br /><br />OBS: Esta categoria é provavelmente a mais polêmica, pois muitos outros políticos, como Getúlio Vargas, no Brasil, e Paz Estenssoro, na Bolívia, poderia entrar nela. Mas privilegiou-se o critério de mostrar preferencialmente a história dos países que nos cercam no continente, para desenvolver uma visão mais global. Num próximo ensaio, o tema do Populismo será abordado de maneira mais abrangente, envolvendo todas as suas variantes. No momento, fiquemos com duas de suas mais importantes variantes.<br />Perón Juan Domingo Perón (1895-1974)Nascido em Villa de Lobos, no interior da Argentina, Perón teve uma infância pobre. Quando jovem, mudou-se para Buenos Aires para estudar medicina, mas logo foi atraído pela carreira militar e ingressou na Academia Militar Nacional. Promovido constantemente na hierarquia, na década de 30 tornou-se general e começou a se envolver com a política do país. Participou, em 1943, de um golpe de estado que derrubou o regime militar liderado pelo general Ramón Castillo. Perón foi nomeado para o Ministério da Guerra e para o Departamento Nacional do Trabalho, no qual iniciou sua ascensão política. Com o objetivo de ganhar o apoio dos trabalhadores, Perón, durante seu mandato, colocou em prática uma série de leis que visavam melhorar o estado de vida do proletariado urbano, como a instituição do 13º salário, previdência social e benefícios em caso de demissão. Ao mesmo tempo, eliminava e despolitizava os sindicatos independentes, agrupando os trabalhadores em torno do Departamento Nacional.<br /><br />Com esses atos, Perón canalizava o apoio dos operários para sua pessoa e criava uma enorme base popular em torno de sua personalidade cativante. Não demorou muito, e suas medidas o desgastaram perante os industriais e a classe média, que não aceitavam o espaço e direitos dados à classe trabalhadora. Em 8 de outubro de 1945, Perón foi demitido de seus cargos pelos militares e preso. No entanto, nove dias depois, uma multidão dirigiu-se à frente da Casa Rosada, sede do governo, e pediu sua libertação, num movimento de massas jamais visto no país. Solto, Perón apareceu na sacada e discursou para o povo eufórico. Encerrava-se nesse ato simbólico o regime militar, ao mesmo tempo que o general lançava sua candidatura à presidência.<br /><br />Eleito em 1946 pelo Partido Laboralista (mais tarde convertido para Peronista, e depois Justicialista, que existe até hoje), Perón levou adiante seus planos de industrialização da economia e concessões aos trabalhadores. Nacionalizou empresas estrangeiras, com altos custos para os cofres do governo, e exerceu forte censura contra a imprensa. Com altos índices de popularidade, Perón e sua esposa, Evita, representavam uma Argentina moderna e independente, que crescia e não enfrentava crises. No entanto, estas começaram a surgir após a reeleição de Perón, em 1952. As nacionalizações de empresas, manutenção dos sindicatos e concessões aos trabalhadores consumiram as reservas financeiras nacionais, gerando redução na produtividade e aumento da inflação. Além disso, o presidente passou a enfrentar a oposição de setores que iam contra sua política, como os industriais, militares conservadores e a Igreja. A economia da Argentina estagnou, e pequenos levantes contra Perón tornaram-se comuns em Buenos Aires. Pressionado pela Marinha e Aeronáutica, ele renunciou em 1955 e exilou-se no Paraguai e Espanha. No entanto, permaneceu como referência política para os anos seguintes, quando o país enfrentou um recrudescimento político, em função de regimes militares opressores.<br /><br />Com a crise dos governos militares no início dos anos 70 em função de vários fatores, como grave crise econômica, instabilidade social e revolta popular, as diversas forças políticas argentinas uniram-se em torno do nome de Perón para volta ao poder e tranqüilizar a situação, inclusive aquelas que se opuseram a ele nos anos 50. Esse fato demonstra o poder do Peronismo de congregar tendências políticas diferentes em torno de seu discurso trabalhista, defendendo justiça para os operários e independência perante o capital estrangeiro. O velho general voltou em 1973, e logo em seguida foi eleito presidente. No entanto, com a saúde debilitada, Perón morreu um ano depois, sem melhorar a situação de seu país, que veria, a partir de 1976 até 1983, o período mais negro de sua história, com a instalação de uma nova ditadura militar no poder que não teve pudores em matar e desaparecer com todos aqueles que lhe faziam oposição.<br /><br />Perón foi um líder tipicamente populista, encarnando a ambigüidade dessa filosofia política em seus atos. Defendia em seus discursos uma postura nacionalista, defendendo a soberania nacional, nacionalizando firmas estrangeiras e pregando o sacrifício do povo pelo país. No entanto, ao mesmo tempo oferecia concessões ao capital internacional para promover a industrialização e não mexia na questão da terra, para não promover atritos com os poderosos latifundiários e estancieros exportadores de carne. Concentrava seu poder no apoio dos trabalhadores às suas medidas laborais, mas eliminava sindicatos autônomos e restringia o direito às leis trabalhistas apenas aqueles que se filiassem ao Departamento de Trabalho do governo. Com isso, Perón atrelou os sindicatos e a política trabalhista ao Estado, limitando a ação independente dos trabalhadores e suas reivindicações. Mesmo com essas contradições e a vontade das elites argentinas, o mito de Perón não morreu perante a população. Afinal, ele foi o primeiro líder do país a transformar as massas trabalhadoras em objeto de discurso e melhoria social, dando-lhes direitos e uma existência mais digna.<br /><br />Até hoje o Peronismo, sob a forma do Partido Justicialista, está vivo. Sua ideologia é a defesa dos direitos do trabalhadores e a industrialização da economia. No entanto, após ficar quase dez anos no poder com Carlos Menem, foi derrotado nas últimas eleições para a presidência da República para Fernando de La Rúa, candidato da União Cívica Radical.<br />Cárdenas Lázaro Cárdenas (1895-1970)Cárdenas chegou ao poder em 1934, com o objetivo de recuperar o México do desastre econômico e social instalado com a crise mundial de 1929. Sua política voltava-se, a exemplo de Perón, para os trabalhadores. A diferença é que, enquanto o argentino destinou suas atenções para a massa de trabalhadores urbanos, Cárdenas centrou sua atuação no campo, onde estava a maior parte da massa trabalhadora do país. Em seu primeiro ato, determinou o cumprimento da lei da Reforma Agrária promulgada em 1917. Nacionalizando terras pertencentes a empresas estrangeiras e expropriando fazendas improdutivas, o governo distribuiu, em seis anos, um total de 18 milhões de hectares a 770 mil camponeses. Embora muitos dos novos proprietários, sem a devida orientação e apoio para manter a terra e incentivar a produção, a tenha perdido para outros latifúndios, a reforma foi uma das maiores já feitas na América Latina e cumpriu seu objetivo político: atrair o apoio camponês para o governo e canalizá-lo em sindicatos controlados e geridos pelo Estado e, em seguida, pelo partido dominante.<br /><br />Assim, Cárdenas lançou as bases para o aparecimento do PRI, em 1946, como uma agremiação política que detinha o controle e apoio dos sindicatos rurais (e mais tarde dos urbanos), vencendo com facilidade as eleições. Conforme dizem alguns autores, o PRI tornou-se um “partido corporatizado”.<br /><br />Mas Cárdenas não parou por aí. Disposto a transformar os trabalhadores em uma massa ativa, que colaborasse com o Estado em seu processo de modernização, o presidente modernizou as leis operárias e determinou seu cumprimento, apesar das críticas da burguesia industrial. Além disso, definindo os operários como parte fundamental da sociedade mexicana, decretou constitucional o direito às greves. Para completar seu processo de modernização do México, Cárdenas, em 1938, dois anos antes do final de seu mandato, nacionalizou os poços de petróleo, então pertencentes a empresas norte-americanas, sob pagamento de indenizações. Em seguida, fundou a Pemex, empresa estatal destinada à exploração e comercialização do óleo. Este foi o principal investimento estatal na indústria do país. Nos outros setores, como bens de consumo e maquinaria leve, o capital estrangeiro dominou.<br /><br />O governo de Cárdenas procurou inserir o México numa nova ordem social e econômica, ao mesmo tempo que buscou a normalização dos anseios da população (especialmente a rural) para promover o desenvolvimento e a consolidação do poder nas mãos da burguesia. Tanto é verdade que, apesar das críticas sofridas por conceder muitos direitos aos trabalhadores, foi durante seu governo que a indústria mexicana conheceu seu primeiro grande impulso rumo ao crescimento. Embora, como um bom líder populista, criticasse o capital estrangeiro e a exploração que ele acarretava, Cárdenas incentivou sua participação em setores importantes da economia. Além disso, como Perón, atrelou os trabalhadores ao Estado, centralizando o poder e as classes sociais nesta instituição maior. Mas sua grande realização foi no campo. Concedendo terras aos camponeses, numa ampla reforma agrária, Cárdenas atendeu os anseios de propriedade que ecoavam desde a Revolução Mexicana, em 1910-20, ao mesmo tempo que não mexeu nos latifúndios que formavam a base da agricultura do país. Em levantamento feito no final de seu governo, em 1940, 300 propriedades controlavam 30 milhões de hectares de terras, o que mostra que a reforma não foi completa, e parte do campesinato mexicano seguiu em seu estado de pobreza. Mesmo sem alterar as estruturas básicas da sociedade, concentrando o poder no PRI e definindo a dominação burguesa, Cárdenas passou à história como o primeiro líder do país a pensar e estimular a participação dos trabalhadores na economia nacional.<br /><br />Os Ditadores<br />Stroessner Alfredo Stroessner (1912-)Um dos militares mais destacados do Paraguai nos anos 40 e início dos 50, quando se tornou chefe supremo das Forças Armadas, Alfredo Stroessner sempre teve veneração pelo poder e pela exaltação de sua pessoa. Para obtê-lo, não mediu esforços e, em 1954, comandou um golpe militar que, apoiado pelo latifundiários, classe dominante do país, veio a colocá-lo no governo e instalar a primeira ditadura militar de uma série que dominaria o continente nos anos 60 e 70. Além de reforçar o caráter agrícola da economia paraguaia, favorecendo a classe que o levou ao poder, Stroessner transformou o país no paraíso mundial do contrabando, centralizado em Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil.<br /><br />Aliás, o ditador paraguaio sempre teve nos governos militares brasileiros uma fonte de apoio a seu governo: a maior prova dessas boas reações é a construção conjunta da usina de Itaipu, inaugurada em 1974 e que abastece os dois países. No plano interno, o ditador, sempre com o reforço do Exército e do Partido Colorado, que controla até hoje a cena política paraguaia, procurou calar as oposições esquerdistas, seja por meio do exílio, das prisões e da morte. Os sindicatos se tornaram ilegais e as manifestações de rua, proibidas sob ameaça de prisão.<br /><br />No entanto, o regime de Stroessner começou a se enfraquecer no final dos anos 70, junto com todas as ditaduras latino-americanas, quando os EUA, que até então eram o principal sustentáculo desses governos, passaram a criticar suas políticas repressivas e os abusos contra os direitos humanos. Aos poucos, as oposições se reacenderam no Paraguai, associadas a protestos populares contra a pobreza, o desemprego e por eleições livres. O governo teve de ceder, e em 1984 a anistia foi concedida aos exilados políticos. Diante da instabilidade da situação, a ala mais moderada dos militares retirou seu apoio a Stroessner, e houve um racha no Partido Colorado nas facções “moderada”, que defendia a continuidade do ditador no comando, e “tradicionalista”, defensora de uma pequena abertura para garantir o poder pela via eleitoral. Personalista, Stroessner não aceitou deixar o governo, e para mostrar que ainda tinha força colocou na reserva o general Andrés Rodríguez, o segundo homem forte no país. Esse ato, ocorrido em janeiro de 1989, pôs um ponto final à ditadura. A facção tradicionalista, aliada de Rodríguez, obteve o apoio das tropas de cavalaria do Exército e invadiu o Palácio Presidencial no mês seguinte, obrigando Stroessner a renunciar e se exilar no grande aliado de sempre: o Brasil. Hoje, morando em Brasília, Stroessner vive, apesar dos problemas de saúde, tranqüilamente e na impunidade. Há oito anos foi condenado à prisão pela justiça paraguaia por participação em assassinatos, mas, como é tradicional na América Latina, nada ocorreu a ele.<br />Videla Jorge Rafael Videla (1925-)Militar de formação tradicional e anti-comunista, Videla foi um destacado aluno do Escola Nacional das Forças Armadas. Sua lealdade aos comandantes e coragem na repressão às manifestações de estudantes durante a ditadura militar nos anos 60 lhe renderam a nomeação para as chefias do Exército argentino, em 1973, e das Forças Armadas, em 1975. Um ano depois, diante da grave crise econômica do país e da instabilidade política ainda provocada pela morte de Perón, Videla liderou um golpe militar que derrubou a presidente Isabelita Perón. No poder, o general tratou de eliminar a todo custo o terrorismo e as oposições a seu regime, por meio do exílio e principalmente dos desaparecimentos e mortes.<br /><br />Seu governo, de 1976 a 1981, é visto pela Organização de Defesa dos Direitos Humanos como o que mais incentivou a perseguição contra pessoas, fossem contra o regime ou não. Um relatório de 1980 da Comissão Inter-Americana dos Direitos Humanos afirma que, nos quatro primeiros anos do mandato de Videla, mais de 6.000 argentinos haviam desaparecido somente no país. Mais tarde descobriu-se que o general mantinha uma rede de conexões de espionagem com a Junta Militar boliviana, pela qual ambos os governos denunciavam as atividades de líderes oposicionistas que atuavam nos dois países. Foram essas perseguições e assassinatos em massa que criaram o movimento das mães da Plaza de Mayo, que se reúnem todas as quintas-feiras para protestar, até hoje, pelo sumiço de seus filhos.<br /><br />Mas Videla não mostrou eficiência apenas no combate a supostos oposicionistas e nas táticas para semear o medo na população. No campo econômico, ele intensificou a crise já existente, desorganizando a produção industrial com a falta de investimentos estatais e a perda de capitais internacionais, que não obtinham garantia de retorno em um clima político tão instável. Para combater a inflação, arrochou os salários, gerando insatisfação nos trabalhadores urbanos, cujas manifestações foram reprimidas pelo Exército. A total ausência de liberdade de expressão e segurança foram sendo divulgados ao redor do mundo e atraindo o protesto de vários países, ao mesmo tempo em que a crise interna tonava incontrolável a revolta popular. A saída dos militares foi sacar Videla do poder e colocar um presidente tampão, Leopoldo Galtieri, que, além de invadir as ilhas Malvinas em 1982, convocou eleições livres um ano depois.<br /><br />Videla, a princípio, pagou por seus crimes. O presidente eleito, Raul Alfonsín, o levou a julgamento, no qual foi condenado à prisão. No entanto, militares descontentes com a medida pressionaram o governo, exigindo a anistia para o general. Foi-lhe concedida a prisão domiciliar, em 1985. Os protestos militares continuaram, e a ameaça de um novo golpe caso Videla não fosse libertado também. Quatro anos mais tarde, o novo presidente Carlos Menen, concedeu anistia total ao ex-ditador, evitando problemas com a cúpula militar para realizar um governo tranqüilo. No entanto, a morte não larga a vida de Videla. Em 1998, um juiz federal ordenou novamente sua prisão por participação no seqüestro e desaparecimento de crianças durante seu governo.<br /><br />Mortes, medo e desaparecimentos como eixo de governo. Se relembrasse seu passado, Videla poderia mostrar ao mundo que ele já previra a utilização desse tripé caso fosse o governante da Argentina. Afinal, em 1975, na XI Conferência dos Exércitos Americanos, em Montevidéu, ele disse profeticamente: “Se for preciso, na Argentina deverão morrer todas as pessoas necessárias para logra a segurança do país”.<br /><br />Uma conclusão<br />Como se vê, a história da América Latina é diversa. Mas segue uma linha clara: a da opressão iniciada quando Colombo e suas naus pisaram nas terras do Caribe – opressão que dizimou as populações indígenas e instituiu o caráter econômico e exportador das sociedades latino-americanas, o qual elas ainda não perderam. Até hoje, as desigualdades sociais que se multiplicam nesses países, aliadas a movimentos de guerrilha civil, crises econômicas cíclicas e dependência dos mercados internacionais, caracterizam a formação social destas terras e são o grande desafio a ser enfrentado no século XXI: a proposta de romper com o desenvolvimento regulado ou a submissão extrema para se construir um crescimento autônomo e integrado entre todas as nações continentais – o mesmo sonho de Simón Bolívar, quando, há quase dois séculos atrás, iniciou os movimentos de libertação que resultaram nos atuais países que compõem a América Latina. <br />Che Guevara<br />Zapatistas mexicanos A utopia revolucionária não morreu nas revoluções citadas ao longo deste texto: ela prossegue na luta dos zapatistas no México, apesar da violenta opressão do governo mexicano, e no retorno dos sandinistas ao poder na Nicarágua, conquistando as principais prefeituras do país nas recentes eleições. A história mostra que não há caminhos inalteráveis. Pelo contrário, a resistência contra as dificuldades e o desejo dos homens em mudar sua trajetória faz com que, pouco a pouco, o quadro social mude. O inferno econômico argentino, o aumento da pobreza no Brasil e a complicada conjuntura política peruana, entre outros fatos, apenas comprovam que o continente tem que refletir sobre o que está errado nesta trajetória.<br />Sub-comandante<br />Marcos, líder<br />zapatista Discutir alguns desses tópicos foi o propósito deste texto: afinal, como dizia o historiador francês Lucién Goldmann, é olhando o passado que podemos melhorar o presente e o futuro. No caso, o opressor passado latino-americano, marcado pelo imperialismo europeu e norte-americano e pela desigualdade social, pode servir como base para uma transformação generalizada no continente. A revolução virá da revolta das classes historicamente oprimidas. A América não se libertará de sua agonia por meio de heróis personalistas e demagógicos, mas sim com a mobilização das maiorias, incentivada pela discussão da realidade continental, poderá provocar tais mudanças há muito tentadas. O objetivo desta revista é fomentar tal discussão e refletir sobre esta terra que, como disse Eduardo Galeano, não nasceu amaldiçoada, e sim convertida à maldição. cabe a nós, latino-americanos, inverter o quadro.<br /><br />Bibliografia recomendada<br /><br />GALEANO, Eduardo – As veias abertas da América Latina. São Paulo, Editora Paz e Terra, 1971<br /><br />WASSERMAN, Claudia (coordenação) – História da América Latina: Cinco Séculos. Porto Alegre, Editora da Universidade, 2000<br /><br />BOMFIM, Manuel – América Latina: males de origem. São Paulo, Editora Paz e Terra, 1993<br /><br />CHIAVENATO, Júlio José – Bolívia com a pólvora na boca. São Paulo, Editora Brasiliense, 1980<br /><br />FILHO, Omar de Barros – Bolívia: vocação e destino. São Paulo, Editora Versus, 1980<br /><br />SADER, Emir – A Revolução Cubana. São Paulo, Editora Brasil Urgente, 1992<br /><br />SADER, Emir – Cuba, Chile, Nicarágua: socialismo na América Latina. São Paulo, Atual Editora, 1992<br /><br />PRADO, Maria Lígia – O Populismo na América Latina. São Paulo, Editora Brasiliense, 1981 – Coleção Tudo é História<br /><br />ROSSI, Clóvis – Militarismo na América Latina. São Paulo, Editora Brasiliense, 1980 – Coleção Tudo é História<br /><br />BRIGNOLI, Héctor Pérez – América Central: da colônia à crise atual. São Paulo, Editora Brasiliense, 1980 – Coleção Tudo é História<br /><br />DeCHANCIE, John – Perón. São Paulo, Editora Nova Cultural, 1987 – Coleção Os Grandes Líderes.<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />057 – Guerra Irã-Iraque<br />•20, maio 2009 • Deixe um comentário<br />Khomeini X Saddam: interesses econômicos por trás de um sangrento conflito no Oriente Médio.<br /><br />——<br /><br />Durante o século XX, o Irã conviveu com um governo totalitário controlado diretamente pela dinastia Reza Pahlevi. Durante a década de 1930, esse novo governo decidiu se afastar da influência política dos russos e britânicos para empreender uma aproximação com o regime totalitarista dos alemães. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), o posicionamento político iraniano acabou sofrendo a oposição das tropas aliadas, que decidiram invadir o país árabe. Com isso, ocorreu um processo de renovação política no Irã que veio a colocar esse país em proximidade com os países ocidentais. Contudo, a predominância religiosa xiita organizou um forte movimento de oposição que veio a lutar contra o processo de ocidentalização das práticas e instituições do país. No ano de 1977, esse movimento conseguiu promover o retorno do conservador aitaolá Ruholá Khomeini, que viria a transformar o país em um Estado teocrático. A consolidação do governo do aitaolá Khomeini veio a representar uma ameaça aos interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos e do Iraque, seu país vizinho. Tal oposição se iniciou quando, o próprio governo iraniano decidiu cortar suas relações diplomáticas e econômicas com os Estados Unidos. Com isso, o governo norte-americano perdia um de seus mais importantes aliados e fornecedores de petróleo em todo Oriente Médio. Mediante tal impasse, os EUA passaram a estreitar relações com o Iraque visando a deflagração de uma guerra que pudesse derrubar o regime islâmico iraniano. Na época, Saddam Hussein usou de uma injustificada disputa pelo controle do canal de Chatt-el-Arab, por onde ambos os países realizavam o escoamento de seus produtos. Mediante a negativa iraniana em ceder os territórios, Saddam decidiu invadir o espaço iraniano e destruir uma das maiores refinarias do mundo. Enquanto os iranianos realizavam ataques contra a ação intervencionista do regime de Saddam Hussein, os EUA e outras nações árabes de orientação sunita apoiaram militarmente as forças iraquianas. Nesse meio tempo, a minoria curda que vivia no Iraque aproveitou do período instável para guerrear contra o ditador Saddam Hussein na esperança de estabelecer um governo independente na região. Contudo, o reforço bélico estrangeiro serviu para promover o genocídio dessa famigerada minoria étnica. A deflagração desse conflito paralelo permitiu que os iranianos resistissem durante oito anos contra as intenções políticas e econômicas de seus principais inimigos. O prolongamento das lutas acabou desgastando os dois lados do conflito e com isso, seguindo a orientação da ONU, assinaram um cessar-fogo que preservou os mesmos limites territoriais anteriores à guerra. Dessa maneira, mais de 700 mil vidas foram ceifadas para que não houvesse nenhum tipo de alteração que acabasse com o impasse. Depois disso, vários países árabes decidiram se reaproximar do governo iraniano, respeitando seu regime e seus governantes. Por outro lado, Saddam Hussein acabou perdendo o apoio militar dos EUA que também desistiram de intervir indiretamente no cenário político do Oriente Médio. Alguns anos depois, o projeto intervencionista de Saddam viria a entrar em conflito com os interesses dos próprios norte-americanos, no momento em que se iniciou a chamada Guerra do Golfo.<br /><br />Por Rainer Sousa<br /><br />Graduado em História Equipe Brasil Escola<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />039 – História do Brasil República<br />•20, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />República Velha, República da Espada, presidência civil, Política dos governadores, café-com-leite, divisões, Aliança Liberal, coronelismo, Revolução de 30.<br /><br />Deodoro da Fonseca: líder da Proclamação da República<br />Marechal Deodoro da Fonseca: primeiro presidente do Brasil<br /><br />Introdução<br /><br />O período que vai de 1889 a 1930 é conhecido como a República Velha. Este período da História do Brasil é marcado pelo domínio político das elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas. O Brasil firmou-se como um país exportador de café, e a indústria deu um significativo salto. Na área social, várias revoltas e problemas sociais aconteceram nos quatro cantos do território brasileiro.<br /><br />A República da Espada (1889 a 1894)<br /><br />proclamação da República<br />Proclamação da República (Praça da<br />Aclimação, atual Praça da República,<br />Rio de Janeiro, 15/11/1889)<br /><br />Em 15 de novembro de 1889, aconteceu a Proclamação da República, liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Nos cinco anos iniciais, o Brasil foi governado por militares. Deodoro da Fonseca, tornou-se Chefe do Governo Provisório. Em 1891, renunciou e quem assumiu foi o vice-presidente Floriano Peixoto.<br /><br />O militar Floriano, em seu governo, intensificou a repressão aos que ainda davam apoio à monarquia.<br /><br />A Constituição de 1891 ( Primeira Constituição Republicana)<br />Após o início da República havia a necessidade da elaboração de uma nova Constituição, pois a antiga ainda seguia os ideais da monarquia. A constituição de 1891, garantiu alguns avanços políticos, embora apresentasse algumas limitações, pois representava os interesses das elites agrárias do pais. A nova constituição implantou o voto universal para os cidadãos (mulheres, analfabetos, militares de baixa patente ficavam de fora). A constituição instituiu o presidencialismo e o voto aberto.<br /><br />República das Oligarquias<br />O período que vai de 1894 a 1930 foi marcado pelo governo de presidentes civis, ligados ao setor agrário. Estes políticos saiam dos seguintes partidos: Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM). Estes dois partidos controlavam as eleições, mantendo-se no poder de maneira alternada. Contavam com o apoio da elite agrária do país.<br />Dominando o poder, estes presidentes implementaram políticas que beneficiaram o setor agrário do país, principalmente, os fazendeiros de café do oeste paulista.<br />Surgiu neste período o tenentismo, que foi um movimento de caráter político-militar, liderado por tenentes, que faziam oposição ao governo oligárquico. Defendiam a moralidade política e mudanças no sistema eleitoral (implantação do voto secreto) e transformações no ensino público do país. A Coluna Prestes e a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana foram dois exemplos do movimento tenentista.<br /><br />Política do Café-com-Leite<br />A maioria dos presidentes desta época eram políticos de Minas Gerais e São Paulo. Estes dois estados eram os mais ricos da nação e, por isso, dominavam o cenário político da república. Saídos das elites mineiras e paulistas, os presidentes acabavam favorecendo sempre o setor agrícola, principalmente do café (paulista) e do leite (mineiro). A política do café-com-leite sofreu duras críticas de empresários ligados à indústria, que estava em expansão neste período.<br /><br />Se por um lado a política do café-com-leite privilegiou e favoreceu o crescimento da agricultura e da pecuária na região Sudeste, por outro, acabou provocando um abandono das outras regiões do país. As regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste ganharam pouca atenção destes políticos e tiveram seus problemas sociais agravados.<br /><br />Política dos Governadores<br />Montada no governo do presidente paulista Campos Salles, esta política visava manter no poder as oligarquias. Em suma, era uma troca de favores políticos entre governadores e presidente. O presidente apoiava os candidatos dos partidos governistas nos estados, enquanto estes políticos davam suporte a candidatura presidencial e também durante a época do governo.<br /><br />O coronelismo<br />A figura do “coronel” era muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. O coronel era um grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava. Era usado o voto de cabresto, em que o coronel (fazendeiro) obrigava e usava até mesmo a violência para que os eleitores de seu “curral eleitoral” votassem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas do coronel, para que votasse nos candidatos indicados. O coronel também utilizava outros “recursos” para conseguir seus objetivos políticos, tais como: compra de votos, votos fantasmas, troca de favores, fraudes eleitorais e violência.<br /><br />O Convênio de Taubaté<br />Essa foi uma fórmula encontrada pelo governo republicano para beneficiar os cafeicultores em momentos de crise. Quando o preço do café abaixava muito, o governo federal comprava o excedente de café e estocava. Esperava-se a alta do preço do café e então os estoques eram liberados. Esta política mantinha o preço do café, principal produto de exportação, sempre em alta e garantia os lucros dos fazendeiros de café.<br /><br />A crise da República Velha e o Golpe de 1930<br />Em 1930 ocorreriam eleições para presidência e, de acordo com a política do café-com-leite, era a vez de assumir um político mineiro do PRM. Porém, o Partido Republicano Paulista do presidente Washington Luís indicou um político paulista, Julio Prestes, a sucessão, rompendo com o café-com-leite. Descontente, o PRM junta-se com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul (forma-se a Aliança Liberal ) para lançar a presidência o gaúcho Getúlio Vargas.<br />Júlio Prestes sai vencedor nas eleições de abril de 1930, deixando descontes os políticos da Aliança Liberal, que alegam fraudes eleitorais. Liderados por Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal e militares descontentes, provocam a Revolução de 1930. É o fim da República Velha e início da Era Vargas.<br /><br />Galeria dos Presidente da República Velha : Marechal Deodoro da Fonseca (15/11/1889 a 23/11/1891), Marechal Floriano Peixoto (23/11/1891 a 15/11/1894), Prudente Moraes (15/11/1894 a 15/11/1898), Campos Salles (15/11/1898 a 15/11/1902) , Rodrigues Alves (15/11/1902 a 15/11/1906), Affonso Penna (15/11/1906 a 14/06/1909), Nilo Peçanha (14/06/1909 a 15/11/1910), Marechal Hermes da Fonseca (15/11/1910 a 15/11/1914), Wenceslau Bráz (15/11/1914 a 15/11/1918), Delfim Moreira da Costa Ribeiro (15/11/1918 a 27/07/1919), Epitácio Pessoa (28/07/1919 a 15/11/1922),<br />Artur Bernardes (15/11/1922 a 15/11/1926), Washington Luiz (15/11/1926 a 24/10/1930).<br /><br />—-<br /><br />mais informações: www.suapesquisa.com<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />038 – José do Patrocínio, o jornalista da abolição<br />•20, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br /><br />José do Patrocínio é considerado o mais importante jornalista da abolição<br /><br />José Carlos do Patrocínio, jornalista, orador, poeta e romancista, nasceu em Campos, RJ, em 09 de outubro de 1853. Era filho natural do padre João Carlos Monteiro, vigário da paróquia e orador sacro de grande fama na capela imperial, e de “tia” Justina, quitandeira.<br /><br />Passou a infância na fazenda paterna da Lagoa de Cima, onde pôde observar, desde criança, a situação dos escravos e assistir a castigos que lhes eram infligidos. Por certo nasceu ali a extraordinária vocação abolicionista. Tinha 14 anos quando, tendo recebido apenas a educação primária, foi para o Rio de Janeiro.<br /><br />Começou a vida lá como servente de pedreiro, na Santa Casa de Misericórdia do Rio. Pagando o próprio estudo, formou-se em farmácia. Em 1875, porém, descobriu a verdadeira vocação num jornal satírico chamado Os Ferrões. Começava ali a carreira de um dos mais brilhantes jornalistas brasileiros de todos os tempos. Dono de um texto requintado e viril, José do Patrocínio – que de início assinava Proudhon – se tornou um articulista famoso em todo o país. Conheceu a princesa Isabel, foi proprietário da Gazeta da Tarde e transformou-se no “Tigre do Abolicionismo”.<br /><br />Fundou, em maio de 1883, a Confederação Abolicionista e lhe redigiu o manifesto, assinado também por André Rebouças e Aristides Lobo.<br /><br />Em setembro de 1887 deixou a Gazeta da Tarde e passou a dirigir a Cidade do Rio, que havia fundado. Ali se fizeram os melhores nomes das letras e do periodismo brasileiro do momento, todos eles chamados, incentivados e admirados por Patrocínio. Foi de sua tribuna da Cidade do Rio que ele saudou, em 13 de maio de 1888, o advento da Abolição, pelo qual tanto lutara.<br /><br />Em 1899, Patrocínio não teve parte na República e, em 1891, opôs-se abertamente a Floriano Peixoto, sendo desterrado para Cucuí. Em 93 foi suspensa a publicação da Cidade do Rio, e ele foi obrigado a refugiar-se para evitar agressões. Nos anos subseqüentes a sua participação política foi pouca. Preocupava-se, então, com a aviação. Mandou construir o balão “Santa Cruz”, com o sonho de voar. Numa homenagem a Santos Dumont, realizada no Teatro Lírico, ele estava saudando o inventor, quando foi acometido de uma hemoptise em meio ao discurso. Faleceu pouco depois, em 29 de janeiro de 1905, aos 51 anos de idade.<br /><br />José do Patrocínio é considerado por seus biógrafos o maior de todos os jornalistas da Abolição.<br /><br />Fontes: Academia Brasileira de Letras<br />Culturabrasil.pro.br<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />038 – A Lei Áurea<br />•20, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />Lei nº 3.353, de 13 de Maio de 1888.<br /><br />DECLARA EXTINTA A ESCRAVIDÃO NO BRASIL<br /><br />A PRINCESA IMPERIAL Regente em Nome de Sua Majestade o Imperador o Senhor D. Pedro II, Faz saber a todos os súditos do IMPÉRIO que a Assembléia Geral Decretou e Ela sancionou a Lei seguinte:<br /><br />Art. 1º – É declarada extinta desde a data desta Lei a escravidão no Brasil.<br /><br />Art. 2º – Revogam-se as disposições em contrário.<br /><br />Manda portanto a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.<br /><br />O Secretário de Estado dos Negócios d’Agricultura, Comércio e Obras Públicas e Interino dos Negócios Estrangeiros Bacharel Rodrigo Augusto da Silva do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr.<br /><br />Dado no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de Maio de 1888 – 67º da Independência e do Império.<br /><br />Carta de Lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da Assembléia Geral, que Houve por bem sancionar declarando extinta a escravidão no Brasil, como nela se declara.<br /><br />Para Vossa Alteza Imperial ver.<br /><br />Fontes: Senado.gov<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />038 – 13 de maio de 1888<br />•20, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br /><br />Lei Áurea pôs fim à escravatura no país<br /><br />A campanha abolicionista foi um movimento social e político ocorrido entre 1870 e 1888, que defendia o fim da escravidão no Brasil.<br /><br />Termina com a promulgação da Lei Áurea, que extingue o regime escravista originário da colonização do Brasil. A escravidão havia começado a declinar com o fim do tráfico de escravos em 1850. Progressivamente, imigrantes europeus assalariados substituem os escravos no mercado de trabalho. Mas é só a partir da Guerra do Paraguai (1865-1870) que o movimento abolicionista ganha impulso. Milhares de ex-escravos que retornam da guerra vitoriosos, muitos até condecorados, se recusam a voltar à condição anterior e sofrem a pressão dos antigos donos. O problema social torna-se uma questão política para a elite dirigente do Segundo Reinado.<br /><br />Lei do Ventre Livre<br /><br />O Partido Liberal, de oposição, compromete-se publicamente com a causa, mas é o gabinete do visconde do Rio Branco, do Partido Conservador, que promulga a primeira lei abolicionista, a Lei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871. De poucos efeitos práticos, ela dá liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir dessa data, mas os mantém sob a tutela de seus senhores até atingirem a idade de 21 anos. Em defesa da lei, o visconde do Rio Branco apresenta a escravidão como uma “instituição injuriosa”, que prejudica, sobretudo, a imagem externa do país.<br /><br />Campanha abolicionista<br /><br />Em 1880, políticos e intelectuais importantes, como Joaquim Nabuco e José do Patrocínio, criam, no Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, que estimula a formação de dezenas de agremiações semelhantes pelo país. Da mesma forma, o jornal O Abolicionista e o manifesto O Abolicionismo, de Nabuco, e a Revista Ilustrada, de Ângelo Agostini, servem de modelo a outras publicações antiescravistas. Advogados, artistas, intelectuais, jornalistas e parlamentares engajam-se no movimento e arrecadam fundos para pagamento de cartas de alforria, documento que concedia liberdade ao escravo. O país é tomado pela causa abolicionista. Em 1884, o Ceará antecipa-se e decreta o fim da escravidão em seu território.<br /><br />Lei dos Sexagenários<br /><br />A decisão cearense aumenta a pressão da opinião pública sobre as autoridades federais. Em 1885, o governo cede mais um pouco e promulga a Lei Saraiva-Cotegipe. Conhecida como Lei dos Sexagenários, ela liberta os escravos com mais de 60 anos, mediante compensações a seus proprietários. A lei não apresenta resultados significativos, já que poucos cativos atingem essa idade e os que sobrevivem não têm de onde tirar o sustento sozinhos.<br /><br />Os escravizados, que sempre resistiram ao cativeiro, passam a participar ativamente do movimento, fugindo das fazendas e buscando a liberdade nas cidades. No interior de São Paulo, liderados pelo mulato Antônio Bento e seus caifazes (nome tirado de uma personalidade bíblica, o sumo-sacerdote judeu Caifaz), milhares deles escapam das fazendas e instalam-se no Quilombo do Jabaquara, em Santos. A esta altura, a campanha abolicionista mistura-se à republicana e ganha um reforço importante: o Exército. Descontentes com o Império, os militares pedem publicamente para não mais ser utilizados na captura dos fugitivos. Do exterior, sobretudo da Europa, chegam apelos e manifestos favoráveis ao fim da escravidão.<br /><br />Lei Áurea<br /><br />Em 13 de maio de 1888, o governo imperial rende-se às pressões, e a princesa Isabel assina a Lei Áurea, que extingue a escravidão no Brasil. A Lei Áurea não indenizava os cafeicultores cariocas com a perda dos escravos; eles, então, transformaram-se em republicanos de última hora. Republicanos de 14 de maio.<br /><br />Assim, o Império perde o apoio dos senhores do café escravistas, ou seja, perde o apoio dos barões escravagistas cariocas. Perde, assim, o alicerce social que o apoiava, o último sustentáculo de apoio da Monarquia, e conseqüentemente a Monarquia cai.<br /><br />O fim da escravatura, porém, não melhora a condição social e econômica dos ex-escravos. Sem formação escolar nem profissão definida, para a maioria deles a simples emancipação jurídica não muda sua condição subalterna, muito menos ajuda a promover sua cidadania ou ascensão social.<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />038 A Abolição<br />•20, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />No caminho que se percorreu até a Abolição da Escravatura, muitos fatos foram de fundamental importância para a concretização deste movimento. As rebeliões, as fugas, os quilombos, os trabalhos mal executados ou não cumpridos eram formas de manifestações dos negros que esbarravam em uma legislação rígida e um aparelho repressivo bem constituído que sufocavam as revoltas e impediam a concretização dos ideais de liberdade dos escravos.<br /><br />O processo de emancipação aspirado pelos negros só ganhou força a partir da segunda metade do século XIX quando o protesto de alguns setores da classe dominante se juntou à luta dos negros.<br /><br />Mas, devemos levar em conta que essa política emancipacionista ocorreu de forma progressiva, devido a resistência dos fazendeiros escravocratas que eram a base de sustentação política da monarquia.<br /><br />O primeiro passo neste processo de liberdade ocorreu em 1871, quando foi aprovada a Lei do Ventre Livre que estabelecia que os filhos de escravos que nascessem no Império seriam considerados livres. Na verdade, esta lei só beneficiava de fato os senhores de escravos já que estes proprietários deveriam criar os menores até os oito anos, quando poderia entregá-los ao Governo e receber uma indenização; ou mantê-los consigo até os 21 anos, utilizando seus serviços como retribuição pelos gastos que tivera com seu sustento. A questão é que esta lei não foi cumprida na realidade, pois poucos escravos eram libertados, fazendo com que a situação dos negros continuasse a mesma e por isso, os fazendeiros que em um primeiro momento atacaram a lei, acabaram defendendo-a depois.<br /><br />Somente em 1878, tomou corpo o movimento abolicionista, liderado por pessoas como Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, André Rebouças, Luís Gama e Joaquim Serra, ou seja, pessoas que tinham participação dos setores agrários não vinculados à escravidão e da classe média urbana, e principalmente intelectuais, profissionais liberais e estudantes universitários.<br /><br />Mudanças sociais como a introdução do trabalho assalariado, as atividades industriais e o crescimento da população livre ( por volta de 1890 chegava a 522.000 só no Rio de Janeiro) e a urbanização intensificaram o movimento abolicionista que estava mais concentrado nas cidades. Nelas os abolicionistas promoviam conferências, quermesses, festas beneficentes e comícios em praças públicas. Fundaram jornais, clubes associações encarregadas de difundir suas idéias, como a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, o Clube Abolicionista dos Empregados do Comércio e a Sociedade Libertadora da Escola de Medicina.Além disso, em 1884, a escravidão foi abolida no ceará, no Amazonas, já que estas eram províncias menos vinculadas ao sistema escravista.<br /><br />Nas províncias de grande concentração de escravos como Rio de Janeiro e São Paulo, as tensões entre senhores e abolicionistas aumentavam. Fato que contribuiu para que em 28 de setembro fosse sancionada pelo imperador a Lei Saraiva-Cotegipe, conhecida também como Lei dos Sexagenários, que concedia liberdade aos escravos com 60 anos ou mais (mas estes eram obrigados a trabalhar para os senhores durante três anos ou até completarem 65 anos) e previa um aumento do Fundo de Emancipação, destinado a promover a imigração.<br /><br />E somente no dia 13 de maio de 1888 a princesa Isabel, que substituía o imperador, assinou a Lei Áurea, que libertava “incondicionalmente” cerca de 750.000 escravos (cerca de um décimo da população negra do país).<br /><br />Na realidade, o que vemos é que em termos sociais, a Abolição mais especificamente para os negros não significou liberdade efetiva, pois ela se transformou, entre outras coisas, em preconceito racial e exclusão social.<br /><br />A regra geral para os ex-escravos foi a não-integração à sociedade burguesa. Ele não tinha condições de concorrer com o imigrante, melhor qualificado tecnicamente. Os planos dos abolicionistas em relação à integração do escravo não se concretizaram. Os negros foram atirados no mundo dos brancos sem nenhuma indenização, garantia ou assistência e a grande maioria deslocou-se para as cidades, onde os aguardavam o desemprego e uma vida marginal.<br /><br />mais informações: www.unicamp.br<br /><br />Publicado em Pesquisas Temáticas<br />0Abolição da Escravatura38 –<br />•20, maio 2009 • Deixe um comentário<br /><br />ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA – O FIM DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL<br /><br />História da Abolição da Escravatura, movimento abolicionista, Lei Áurea decretada pela Princesa Isabel em 1888,<br />a questão escravista no Brasil Império.<br /><br />abolição da escravatura<br />Princesa Isabel: assinou a Lei Áurea<br /><br />Na época em que os portugueses começaram a colonização do Brasil, não existia mão-de-obra para a realização de trabalhos manuais. Diante disso, eles procuraram usar o trabalho dos índios nas lavouras; entretanto, esta escravidão não pôde ser levada adiante, pois os religiosos se colocaram em defesa dos índios condenando sua escravidão. Assim, os portugueses passaram a fazer o mesmo que os demais europeus daquela época. Eles foram à busca de negros na África para submetê-los ao trabalho escravo em sua colônia. Deu-se, assim, a entrada dos escravos no Brasil.<br /><br />Os negros, trazidos do continente Africano, eram transportados dentro dos porões dos navios negreiros. Devido as péssimas condições deste meio de transporte, muitos deles morriam durante a viagem. Após o desembarque eles eram comprados por fazendeiros e senhores de engenho, que os tratavam de forma cruel e desumana.<br /><br />Apesar desta prática ser considerada “normal” do ponto de vista da maioria, havia aqueles que eram contra este tipo de abuso. Estes eram os abolicionistas (grupo formado por literatos, religiosos, políticos e pessoas do povo); contudo, esta prática permaneceu por quase 300 anos. O principal fator que manteve a escravidão por um longo período foi o econômico. A economia do país contava somente com o trabalho escravo para realizar as tarefas da roça e outras tão pesados quanto estas. As providências para a libertação dos escravos deveriam ser tomadas lentamente.<br /><br />A partir de 1870, a região Sul do Brasil passou a empregar assalariados brasileiros e imigrantes estrangeiros; no Norte, as usinas substituíram os primitivos engenhos, fato que permitiu a utilização de um número menor de escravos. Já nas principais cidades, era grande o desejo do surgimento de indústrias.Visando não causar prejuízo aos proprietários, o governo, pressionado pela Inglaterra, foi alcançando seus objetivos aos poucos. O primeiro passo foi dado em 1850, com a extinção do tráfico negreiro. Vinte anos mais tarde, foi declarada a Lei do Ventre-Livre (de 28 de setembro de 1871). Esta lei tornava livre os filhos de escravos que nascessem a partir de sua promulgação.<br /><br />Em 1885, foi aprovada a lei Saraiva-Cotegipe ou dos Sexagenários que beneficiava os negros de mais de 65 anos.Foi em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, que liberdade total finalmente foi alcançada pelos negros no Brasil. Esta lei, assinada pela Princesa Isabel, abolia de vez a escravidão no Brasil.Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-80749518511998413442010-12-01T15:08:00.000-02:002010-12-01T15:09:36.846-02:00RESUMO DA HISTÓRIA DO BRASIL<br /><br />I - A EXPANSÃO MARÍTIMA E COMERCIAL DA EUROPA OCIDENTAL<br /> <br />A transição da Idade Média para a Idade Moderna<br /> <br />A partir da Segunda metade do século XV, o mundo europeu sofreu grandes transformações políticas, econômicas, sociais e culturais. Estas transformações, que marcam o fim da Idade Média e o início dos Tempos Modernos, trouxeram como conseqüência a expansão comercial européia e levaram aos Descobrimentos Marítimos.<br /><br />· No campo político, houve o fortalecimento e centralização do poder real; <br />· Na economia, o comércio tornou-se mais importante; <br />· Na sociedade, surgiu e se fortaleceu uma nova classe social: a burguesia; <br />· No campo cultural, houve o Renascimento artístico; <br />· Nas ciências, houve o progresso técnico e científico; <br />· No campo religioso, o Cristianismo foi divulgado em outros continentes. <br /><br />As rotas comerciais que ligavam Europa, Ásia e África tinham como centro de convergência o Mar Mediterrâneo.<br /> <br /><br />O Comércio das Especiarias<br /> Especiarias eram produtos raros, vindos principalmente do oriente, que passaram a ser consumidos em larga escala pelos europeus desde a época das Cruzadas (Idade Média). Exemplos: pimentas, canela, cravo, seda, marfim, cânfora, nós moscada, gengibre, alóes, incenso, sândalo, perfumes e produtos aromáticos.<br />Constantinopla, cidade pela qual as especiarias orientais chegavam à Europa, onde eram distribuídas com grandes lucros, pelos navios das repúblicas de Gênova e Veneza, foi conquistada pelos turcos otomanos, em 1453.<br />Importante: O comércio das especiarias do Oriente fez desenvolver o Capitalismo europeu na sua fase mercantilista.<br />Favoreceram Portugal e Espanha a se lançarem nas Grandes Navegações: a posição geográfica privilegiada, a tradição marítima (atividade pesqueira) e a centralização política pioneira, devido à "Reconquista" (luta dos cristãos contra os árabes).<br /><br />Dois foram os principais ciclos de navegação: leste ou oriental (ciclo dos Portugueses) e oeste ou ocidental (ciclo dos Espanhóis).<br /> <br /><br />Ciclo Português<br /> O ciclo oriental ou português visava a contornar o litoral da África para chegar às Índias (oriente).<br />O grande impulso para os descobrimentos portugueses foi a criação do Centro de Geografia e Náutica, localizado em Sagres (sul de Portugal), pelo Infante Dom Henrique("O Navegador"). O Estado financiava as pesquisas e reservava para si a exclusividade das viagens.<br />A tomada de Celta, em 1415, no norte da África, marcou o início das conquistas de além-mar.<br /> <br /><br />Ciclo Espanhol<br /> O ciclo ocidental ou espanhol objetivava chegar ao Oriente (Índias) viajando pelo ocidente ("El Ocidente por el poniente"), segundo os planos do navegador Cristóvão Colombo, natural de Gênova (Itália), que acreditava na esfericidade ou redondeza da terra.<br />Recebeu apoio dos "Reis Católicos" que governavam a Espanha: Fernão (rei de Aragão) e Isabel (rainha de Castela). Suas caravelas eram: Santa Maria (nau capitânia), Pinta e Nina.<br /> <br /><br />O Tratado de Tordesilhas<br /> O descobrimento da América quase levou Portugal a declarar guerra á Espanha pois o rei daquele país julgava-se lesado em seus direitos.<br />Para solucionar o problema da partilha (divisão) das terras descobertas, o Papa Alexandre VI, a pedido dos "Reis Católicos", por intermédio da Bula Intercoetera (1493) estabeleceu os limites das terras entre Portugal e Espanha, através de um meridiano imaginário que seria contado a partir de 100 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde e Açores, o que não foi aceito por Portugal.<br />Os países ibéricos chegaram a um acordo através do Tratado de Tordesilhas ou de participação do Mar Oceano, assinado em 1494. Ficou estabelecido que as terras e Ilhas a leste do meridiano, a contar de 370 léguas das Ilhas de Cabo Verde, pertenceriam a Portugal e, as que ficassem a oeste da mesma linha, pertenceriam à Espanha.<br /> <br /><br />Conseqüências da expansão marítima e comercial européia: <br />· surgimento de Impérios Coloniais regidos pela política mercantilista; <br />· oceano Atlântico passou a ser o principal centro comercial; <br />· propagaram-se os conhecimentos geográficos e astronômicos e os das ciências<br />naturais; <br />· baixou o preço de custo das especiarias e drogas; <br />· surgiram as companhias de comércio; <br />· a burguesia passou a ter maior importância social e influência política. <br /><br /><br />O Descobrimento do Brasil<br /> Após o descobrimento do caminho marítimo para as Índias, o rei de Portugal, Dom Manuel I, "O Venturoso", (da dinastia de Ávis) organizou poderosa esquadra com objetivo de fundar feitorias no Oriente (Calicute). Esta expedição, que foi chefiada pelo fidalgo Pedro Álvares Cabral, senhor de Bel Monte e Alcaide - Mor de Azurara, descobriu o Brasil no dia 22 de abril de 1500.<br /> <br /><br />A Viagem de Cabral<br /> Na viagem, durante a travessia do Atlântico desgarrou-se a nau (barco) de Vasco de Ataíde. O primeiro ponto avistado foi o Monte Pascoal, no dia 22 de abril de 1500. Após o contato inicial amistoso com os índios, a esquadra fundeou na atual baia de Cabrália ("Porto Seguro"). Tendo Gaspar de Lemos retornado a Portugal levando cartas relativas ao descobrimento, a esquadra prosseguiu viagem para as Índias, após deixar no Brasil dois degredados.<br />Denominou-se "Semana de Vera Cruz" ao período em que a esquadra de Cabral esteve no Brasil.<br /> <br /><br />Documentos sobre a descoberta<br /> Os principais documentos sobre o descobrimento são:<br />- Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal Dom Manuel I;<br />- Carta do Mestre João ao mesmo rei;<br />- Relação do piloto Anônimo;<br />- Carta de Dom Manuel I aos reis Católicos.<br /> <br /><br />Nomes dados à terra<br /> Cabral chamou-a de Terra de Vera Cruz, enquanto Caminha denominou-a Ilha de Vera Cruz. O nome Brasil foi devido à abundância de madeira tintorial (Ibirapitanga), que os europeus chamavam de pau-brasil.<br /> <br /><br />Teorias do Descobrimento<br /> As duas teorias que surgiram para explicar o Descobrimento do Brasil são: intencionalidade (mais aceita) e casualidade (acaso).<br /><br /><br /><br />II - A COLONIZAÇÃO<br /> <br />Mercantilismo e colonização<br />A colonização na época moderna aparece como um desdobramento da expansão marítima e comercial européia, que assinala o inicio dos Tempos Modernos. O sistema de colonização que a política mercantilista visa a desenvolver, subordina-se ao Mercantilismo: a função da Colônia seria completar a economia metropolitana.<br /> <br />A história colonial do Brasil está vinculada à expansão comercial e colonial da Europa.<br />O sistema colonial é o conjunto de relações entre as metrópoles e suas respectivas colônias em uma determinada época histórica.<br /> <br /><br />Colônias de povoamento e de exploração<br />- Colônias de povoamento. Nos termos característicos do sistema colonial mercantilista, elas podem ser consideradas um foco de desajuste. Toda sua organização econômica não está montada para a metrópole, não se constituindo desse modo como economia complementar. A produção é feita para o consumo interno, caracterizando-se pela diversificação de seus produtos. A pequena propriedade é o tipo predominante, normalmente localizadas em áreas de clima temperado.<br /> <br />- Colônias de exploração. Podem ser consideradas como as mais típicas da colonização européia. Toda organização econômica está em função do mercado externo. Coerentemente, a grande propriedade, a monocultura e o trabalho escravo são os pilares dessas economias complementares. A que particularmente nos interessa é a América portuguesa, que pode ser definida como colônia de exploração.<br /> <br /><br />Período pré - colonial (1500 - 1530)<br />Corresponde à fase da exploração do pau-brasil. Neste período o rei de Portugal tomou as seguintes providências: enviou expedições exploradoras, arrendou o Brasil e enviou expedições guarda-costas. As expedições de Gaspar de Lemos (1501) e de Gonçalo Coelho (1503) vieram fazer o reconhecimento do litoral brasileiro.<br /><br />Portugal arrendou o Brasil a um grupo de cristãos novos (judeus) chefiados por Fernão de Noronha. Este também recebeu a primeira Capitania Hereditária (1504): a ilha de São João ou da Quaresma, hoje integrantes do arquipélago de Fernando de Noronha. Pelo arrendamento, era permitido extrair pau-brasil e estabelecia a obrigatoriedade de fundar feitorias (armazéns fortificados).<br />Para reprimir (combater) o contrabando do pau-brasil, realizado principalmente por corsários franceses, foram enviadas duas expedições policiadoras (guarda-costas) de 1516 e 1526, chefiadas por Cristóvão Jacques.<br /><br />Neste período, a atitude de Portugal em relação ao Brasil é de desinteresse pois o comércio oriental (das especiarias) é o foco central do comércio externo português. Além disso, o que a colônia recém descoberta poderia oferecer? <br />Não há nenhum produto que possa atrair a política mercantilista portuguesa. Em outras palavras, qualquer tentativa de aproveitamento da terra implicaria em gastos para a metrópole.<br /> <br /> <br />Extração do pau-brasil<br />O pau-brasil existia com abundância na orla litorânea, desde o Rio Grande do Norte até a região fluminense (Cabo Frio). A viagem da nau Bretoa está ligada a um grande carregamento desta madeira.<br /><br />Conhecido pelos índios como "Ibirapitanga" e batizado pelos europeus como pau-brasil, teve fácil aceitação na Europa como material colorante, próprio para tingir tecidos. Descoberto o produto, foi imediatamente declarado monopólio da Coroa e sua exploração feita pela iniciativa privada (particular), tendo a frente Fernão de Noronha. No período pré - colonizador (1500 - 1530), a extração do pau - brasil constituiu-se na mais importante atividade econômica. <br /><br />O grande número de indígenas existente na costa permitiu aos portugueses que a exploração dessa madeira tintorial (pau - brasil) fosse realizada com facilidade, através da utilização da mão de obra indígena sob a forma de Escambo ou comércio de troca.<br /> <br /> <br />Conseqüências da extração do pau - brasil: <br />· ocasionou o surgimento de feitorias. Estas não chegaram a fixar o colono europeu ao solo; <br />· influenciou na substituição do nome de Terra de Santa Cruz pelo de Brasil. <br /><br />É claro que, desde a descoberta, a metrópole reserva para si a exclusividade da exploração do pau - brasil. Assim, a Coroa passa a ter controle sobre o produto, inserindo-o do mesmo sistema comercial que vigorava no Oriente, isto é, o Estanco: a metrópole pode fazer concessões a particulares mediante pagamento de direitos. Toda a exploração é feita com o consentimento do rei de Portugal.<br /><br />Importante: Em relação a nossa colonização, a exploração do pau - brasil não favoreceu a criação de núcleos fixos de povoamento, pois era uma atividade nômade.<br /> <br />A colonização: Esta fase tem início em 1530 quando Portugal toma providências visando a ocupação sistemática (efetiva) do litoral brasileiro. Principais medidas: expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza (1530/ 32), divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias e instituição do Governo geral.<br /> <br /><br />As razões da colonização podem ser assim resumidas:<br />· comércio português das especiarias nas Índias (Oriente) estava em decadência; <br />· Portugal corria o risco de perder o Brasil devido á presença dos corsários franceses<br />no litoral <br />· a possibilidade de encontrar jazidas minerais. <br /><br /><br />III - ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E SOCIAL DO PERÍODO COLONIAL<br /> <br />Capitanias Hereditárias<br />O rei D. João III ("O Colonizador") instituiu este regime, em 1534, graças à influência de Diogo de Gouveia.<br />Nosso país foi dividido em lotes de terras ("Capitanias"), doadas a Capitães (Donatários); começavam no litoral indo até o meridiano de Tordesilhas.<br /><br /><br />Motivos que levaram o rei de Portugal a instituir este sistema:<br />· a grande extensão territorial do Brasil; <br />· a experiência bem sucedida dos portugueses nas ilhas do Atlântico: Açores, Madeira, <br />Cabo Verde, ... <br />· os recursos limitados da Coroa portuguesa, devido ao insucesso dos negócios do<br />Oriente (Índias). <br />Mas, como as capitanias hereditárias solucionariam os problemas portugueses?<br />Em primeiro lugar, defenderiam a terra face á ameaça externa e transferiam para particulares o ônus da colonização, preservando a Coroa e criando uma alternativa ao comércio do Oriente.<br /><br />Carta de doação e foral eram documentos que regulamentavam as Capitanias. Pela carta de doação, o Capitão-mor (donatário) recebia a concessão da terra do rei. Através do foral eram fixados os direitos e deveres dos donatários e colonos.<br />Direitos dos donatários: fundar vilas ou núcleos de povoação; distribuir lotes de terras ou sesmarias; exercer a justiça civil e criminal; colonizar, defender e fazer progredir a Capitania com seus próprios recursos.<br /><br />Entre os direitos da Coroa (Metrópole) podemos citar: monopólio da exploração do pau-brasil; fabricação de moedas; o quinto de ouro e das pedras preciosas.<br />São Vicente e Pernambuco foram as Capitanias que mais prosperaram.<br />Na Capitania de São Vicente foram fundadas as povoações (vilas) de santos (por Brás Cubas), Santo André da Borda do campo, São Paulo de Piratininga e Itanhaém.<br /><br /><br />Diversos fatores do relativo insucesso das Capitanias: a indisciplina dos colonos, os ataques dos indígenas, as incursões de estrangeiros (franceses), a falta de recursos dos donatários, a inexistência de um governo central para ajudar os donatários.<br /><br />São Vicente, doada a Martim Afonso de Sousa, foi administrada pelo Padre Gonçalo Monteiro. São Vicente incluía dois lotes. Principal riqueza: cana-de-açúcar. A extinção das Capitanias Hereditárias ocorreu na administração do Marquês de Pombal (1759). A instituição das Capitanias resultou numa grande descentralização: o rei dava ao donatário amplos poderes.<br /><br />As Capitanias são em número de quinze e os donatários, doze. Entretanto o regime das Capitanias hereditárias não apresentou o resultado esperado, comprometendo essa primeira iniciativa de Colonização.<br /><br />Diversos fatores contribuíram para o relativo insucesso das Capitanias: o direito do couto e do homizio, a grande extensão dos lotes, a indisciplina dos colonos.<br /><br />Governos Gerais<br /><br />O insucesso das Capitanias Hereditárias mostrou a impossibilidade da colonização com base apenas no capital particular. O Governo Geral foi instituído pelo rei D. João III em 1548, a conselho de Luís de Góis. Foi criado tendo em vista a necessidade de organizar e centralizar a administração, exercer uma melhor fiscalização, promover a defesa da Colônia contra os ataques estrangeiros e para dar " favor e ajuda" aos donatários das Capitanias.<br /><br />As atribuições do Governador Geral estavam no Regimento (Regimento de Almeirim ou Regimento da Castanheira). A Capitania da Bahia de Todos-os-Santos foi adquirida pelo rei, mediante indenização, para ser a sede do Governo Geral. Os três auxiliares do Governador Geral eram: provedor-mor, ouvidor-mor e o capitão-mor da costa. O provedor-mor era encarregado de assuntos financeiros; o ouvidor-mor cuidava de assuntos judiciais; o capitão-mor da costa era encarregado da defesa.<br /><br />O Governo Geral foi criado mediante em Regimento que procurava superar os antigos obstáculos encontrados. Seus artigos dão atribuições muito bem definidas ao novo representante do governo português na Colônia.<br /> <br /><br />Ao Governador-Geral competia:<br /><br />· coordenar a defesa da terra contra ataques, instalando e refazendo fortes, construindo<br />navios e armando os colonos; <br />· fazer alianças com os índios, iniciando sua catequese; <br />· explorar o sertão, informando a Coroa Portuguesa sobre as descobertas feitas; <br />· doar sesmarias, facilitando o estabelecimento de engenhos; <br />· proteger os interesses metropolitanos no que diz respeito ao estanco do pau-brasil e à<br />arrecadação de impostos. <br /><br />É importante lembrar que o Governo Geral não foi criado para acabar com as Capitanias hereditárias, mas sim para centralizar a administração.<br /><br />As Capitanias continuaram existindo e sendo administradas pelos seus donatários, que, entretanto, a partir daí, deveriam prestar obediência política ao Governador-Geral. O que desapareceu foi a descentralização política, pois o governador como representante do rei português, simbolizava a autoridade suprema na Colônia, o poder centralizado de onde partiam as decisões política em nome de Portugal.<br /><br />Os três primeiros Governadores do Brasil foram, respectivamente, Tomé de Souza, Duarte da Costa e Mem de Sá.<br /> <br />1º Governador Geral (Tomé de Souza - 1549/1553)<br /> <br />Os fatos principais foram: chegou à Bahia em 1549 e, neste mesmo ano, fundou Salvador, a primeira cidade e capital brasileira. Foi auxiliado pelo náufrago Diogo Álvares Correia (" Caramuru" ); trouxe o primeiro grupo de padres jesuítas incluindo Manuel da Nóbrega para iniciar o trabalho de catequese; criação do primeiro bispado do Brasil, sendo D. Pedro Fernandes Sardinha nosso primeiro (1551); realizado uma visita às Capitanias do Sul; mandou que se organizasse uma expedição para fazer o reconhecimento do interior da Bahia (Francisco Bruza Espinoza). Incrementou a cultura da cana-de-açúcar; importou gado da ilha de Cabo Verde; introduziu escravos negros africanos no Brasil.<br /> <br /><br />2º Governador Geral (Duarte da Costa - 1553/1557)<br /> <br />Fatos principais: trouxe sete jesuítas incluindo o " Apóstolo do Brasil e do Novo Mundo" (José de Anchieta); houve a invasão da Baía de Guanabara pelos franceses chefiados por Villegaignon; surgiu a questão entre o 1º Bispo e o filho do Governador (Álvaro da Costa); foi fundado o colégio de São Paulo de Piratininga pelos padres jesuítas (Nóbrega, Anchieta, Manuel de Paiva, Leonardo Nunes e Outros); houve uma insurreição dos indígenas ("Confederação dos Tamoios") chefiada por Cunhambebe.<br /> <br /><br />3º Governador Geral (Mem de Sá - 1558/1572)<br /> <br />Expulsão dos franceses da Baía de Guanabara, graças à participação dos tamoios pelos jesuítas Nóbrega e Anchieta ("Paz de Iproig"); fundação da cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro por Estácio de Sá (1565); organização de três entradas; combate à escravização indígena e antropofagia; chegada do segundo Bispo do Brasil (D. Pero Leitão), em 1559.<br /> <br /><br />Os quarenta mártires do Brasil<br />D. Luís Fernandes de Vasconcelos foi nomeado quarto Governador Geral. Não chegou ao Brasil em virtude de sua esquadra Ter sido atacada por corsários calvinistas em alto-mar (Jacques Sória - 1570 e Jean Capdeville - 1571). No primeiro ataque o Governador foi morto e diversos padres jesuítas chefiados por Inácio de Azevedo foram sacrificados ("Os quarenta mártires do Brasil").<br /> <br /><br />Divisão do Brasil em dois governos<br />Em 1572, o rei de Portugal, Dom Sebastião, resolveu dividir o Brasil em dois governos:<br /> <br />- Norte, sediado em Salvador, sob a chefia de Luís de Brito e Almeida.<br /> <br />· Sul, sediado no Rio de Janeiro, chefiado por Antônio Salema. <br /><br /><br />IV - A ECONOMIA COLONIAL<br /> <br />Aspectos gerais<br />"A mentalidade mercantilista entre os séculos XIV e XV caracterizou-se pelo espírito do lucro fácil e enriquecimento rápido".<br />"Portugal não pensou no Brasil como região para onde seria transferida a população. Considerou sua Colônia americana como supridora ou fornecedora de matérias primas e consumidora de produtos enviados pela metrópole".<br /> <br />Ciclos econômicos<br />O estudo da formação econômica do Brasil pode ser orientado através do estudo dos ciclos, isto é, o período no qual determinado produto ou atividade econômica constituiu realmente o esteio econômico básico da Colônia. Segundo este conceito os ciclos de nossa economia podem ser limitados, no tempo, da seguinte forma: ciclo do pau - brasil (de 1500 a 1553); ciclo da cana-de-açúcar (de 1600 a 1700); ciclo do ouro ou da mineração (de 1700 a 1800).<br /><br />Importantes aspectos<br />As características básicas eram monocultura, escravidão, latifúndio e exportação. Elas estão mais identificadas com a produção açucareira.<br />Principais produções: açúcar e mineração. Atividades subsidiárias: algodão, tabaco, extrativismo vegetal. <br />Outra forma de produção não escravista: a pecuária. A existência de "produtos-rei" ou "ciclos" em nossa economia resulta da dependência ao mercado externo, ou seja, uma produção voltada basicamente para o exterior. Manufaturas que se desenvolveram na etapa colonial: charqueadas e curtumes, cerâmica e cordoaria, estaleiros, caieiras, artefatos de ferro, ourivesaria, manufaturas de tecidos, etc.<br /> <br /><br />Companhia de comércio<br />Portugal exerceu, inicialmente, o direito de exclusividade (monopólio) sobre certos produtos (ex.: pau-brasil). No período da União Ibérica (1580 - 1640), o monopólio tornou-se total. Após a União Ibérica, Portugal continuou com o sistema de monopólio, através das Companhias de Comércio.<br /><br />As Companhias de Comércio na época colonial foram:<br />- Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649). <br />Contribuiu para a expulsão dos holandeses do Nordeste brasileiro, sendo criada por sugestão do Padre Vieira.<br /><br />- Companhia de Comércio do Estado do Maranhão (1682). <br />Esteve ligada à revolta de Beckman<br />.<br />- Companhia Geral de Comércio do Grão-Pará e Maranhão (1755) e <br />- Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e da Paraíba (1759). <br />Foram criadas pelo Marquês de Pombal.<br /> <br />A agroindústria açucareira<br />A empresa açucareira foi a solução que possibilitou a valorização econômica das terras descobertas e dessa forma garantiu a posse pelo povoamento da América Portuguesa. O cultivo da cana-de-açúcar desenvolveu-se no litoral, especialmente na Zona da Mata Nordestina. A cana-de-açúcar foi o mais importante produto agrícola até o Primeiro Reinado. Esta atividade favoreceu o aparecimento de uma nova estrutura social e econômica.<br /><br />Durante mais de século e meio, a produção do açúcar representou, praticamente, a única base da economia brasileira. Até meados do século XVII, o Brasil foi o maior produtor mundial de açúcar. A escolha da empresa açucareira não foi feita por acaso. Os portugueses escolheram a exploração da monocultura da cana-de-açúcar porque, além de seu aspecto econômico, ela viabilizaria a colonização do país. Obs.: Portugal não tinha condições econômicas suficientes para estabelecer sozinho, uma empresa açucareira no Brasil.<br /><br />Diante dessas dificuldades, os portugueses recorreram aos holandeses, que financiaram as despesas, mas fizeram algumas exigências, tais como o direito de refinar e negociar o açúcar. A facilidade de levantar empréstimos dos holandeses se deveu ao fato deles já comerciarem o açúcar, produzido pelos portugueses nas ilhas atlânticas desde o século XV e, principalmente, porque a empresa açucareira brasileira despontava como algo viável e altamente rentável.<br /> <br />Conseqüências da produção açucareira:<br />· ocupação das terras úmidas do litoral nordestino (Zona da Mata); <br />· a formação da família patriarcal; <br />· surgimento de uma aristocracia rural (os senhores-de-engenho); <br />· as invasões holandesas no Nordeste ("Guerra do açúcar"); <br />· introdução do escravo negro africano; <br />· fixação do colono à terra; <br />· progresso das Capitanias de Pernambuco e São Vicente; <br />· desenvolvimento da monocultura e do latifúndio; <br />· surgimento de povoados, vilas e cidades. <br /> <br />Importante: o sociólogo Gilberto Freyre no livro "Casa Grande e Senzala", descreveu muito bem a sociedade açucareira nordestina onde predominava o patriarcalismo.<br /> <br />Atividade pastoril <br />A criação de gado (pecuária) durante o Brasil-Colônia esteve, inicialmente, associada ao cultivo da cana-de-açúcar junto ao litoral, porque era uma atividade acessória (de subsistência).<br /><br />Com a expansão da agro-indústria açucareira surgiram conflitos entre criadores de gado e plantadores de cana. O gado foi obrigado a se deslocar para o sertão, porque as terras do litoral eram necessárias ao cultivo da cana-de-açúcar.<br />Junto ao Rio São Francisco ("Rio dos Currais") surgiram várias fazendas de gado como a de Garcia D'Ávila, proprietário da Casa de Torre e Guedes de Brito.<br />A iniciativa de afastar o gado do litoral partiu dos senhores de engenho, no que foram apoiados pela metrópole.<br /><br />Para os senhores, era importante afastar o gado dos engenhos porque ele causava-lhes prejuízo, pois estragava o plantio da cana-de-açúcar, e a sua importância era absolutamente inferior.<br />O gado servia apenas como alimento, transporte e força de trabalho em alguns engenhos, ao passo que a empresa açucareira era, então, a fonte fundamental da riqueza colonial.<br /><br />A pecuária brasileira, no período colonial, caracterizou-se por:<br />- exigir pequeno investimento inicial; daí estar aberta a quase todos os homens livres;<br />- aproveitar a mão-de-obra indígena, que a ela se adaptava mais que à agricultura;<br />- Ter-se desenvolvido de forma extensiva, contribuindo para o povoamento do interior (sertão brasileiro);<br />- Ter sido motivo de sobrevivência econômica de regiões em que outras atividades entraram em decadência.<br /> <br />A pecuária originou ainda um novo tipo social, o fazendeiro de gado. Alguns senhores, inclusive, já tinham sido proprietários de terra no litoral e, decadentes, buscavam agora formar fazendas de gado no interior.<br /><br />O vaqueiro era um homem livre. Não estava sujeito aos abusos e ao chicote do feitor. Além disso, o vaqueiro tinha o direito de ter a sua própria roça, recebia um salário anual e podia formar a sua própria fazenda, pois a montagem de uma fazenda de gado não exigia a aplicação de muito capital. A terra era abundante e o vaqueiro conseguia as suas primeiras cabeças de gado, ganhando do fazendeiro uma cabeça para cada quatro que nasciam.<br /><br />Alguns índios se adaptaram ao trabalho nas fazendas de gado e se tornaram boiadeiros.<br /> <br />Conseqüência da criação de gado:<br />· influencia do folclore: "bumba meu boi, negrinho do pastoreio", etc. <br />· contribuiu para ocupação do sertão nordestino e do Centro Sul do país; <br />· ocupação dos Estados do Piauí e Maranhão (do sertão para o litoral); <br />· surgimento de cidades no interior; <br />· incorporação do Índio à sociedade brasileira; <br />· facilitou a integração das regiões brasileiras. <br /> <br /> <br /><br />A MINERAÇÃO<br /> <br />O ciclo do ouro, diamantes e pedras preciosas fez com que nosso país passasse a ter novas riquezas. Teve importância decisiva na ocupação da região de Minas Gerais, Mato Grosso, Goiás e Planalto Baiano. A mineração tornou-se a mais importante atividade econômica do Brasil-Colônia no século XVIII.<br /><br />Pela própria característica desta atividade, altamente lucrativa, a Coroa, para evitar evasão de divisas, teve que exercer controle direto sobre a produção. Foi assim a atividade econômica que maior fiscalização sofreu por parte de Portugal.<br />De início, era permitida a livre exploração, devendo ser pago como tributo a metrópole, a quinta parte (20%) de tudo que era extraído ("o quinto"). Depois dos primeiros achados de ouro em Minas Gerais (1693), surge o Regimento de Superintendentes, guardas-mores e oficiais deputados para as minas de ouro (1712), em que era estabelecido a Intendência das Minas, através da qual o superintendente dirigia, fiscalizava e cobrava o tributo ("o quinto").<br /><br />Foi estabelecida depois a cobrança indireta através da capitação, isto é, um tributo fixo pago em ouro e que recaia sobre cada um dos trabalhadores empregados nas minas.<br />Para evitar o descaminho e o contrabando, Portugal proibiu a circulação de ouro em pó e em pepitas e criou as Casas de Fundição (1720). Quando o quinto arrecadado não chegava a cem arrobas (1500 Kg), procedia-se a "Derrama", isto é, obrigava-se a população a completar a soma.<br /><br />Havia dois tipos de extração de ouro: a faiscação e as lavras.<br /> <br />· a faiscação ou faisqueira era a pequena extração, feita por homens livres e nômades; era uma atividade realizada normalmente nas areias dos rios ou riachos. <br />· As lavras eram a extração de grande porte, exigiam maior investimento de capital, eram estabelecimentos fixos, dispondo de mão de obra escrava e algumas ferramentas. A lavra foi o tipo de extração mais freqüente na fase áurea da mineração. <br /><br /><br />Intendência das Minas<br />Era o órgão responsável pelo policiamento da mineração, pela fiscalização e direção da exploração das jazidas. Era o local onde se fazia o registro das minas descobertas. Funcionou como tribunal e era responsável pela cobrança de impostos. A descoberta de uma jazida deveria ser comunicada ao Intendente das Minas que procedia a divisão das datas (lotes).<br /><br />O indivíduo que havia descoberto tinha o direito de escolher os dois primeiros lotes. Em seguida, era escolhida uma data para a Fazenda Real, que depois a vendia em leilão. Os outros lotes eram sorteados entre os interessados presentes.<br /><br /><br />Mão de obra<br />O negro escravo africano predominou como mão de obra na área mineradora.<br />O negro, na área mineradora, desfrutava de uma situação melhor do que na região açucareira: podia conseguir a carta de alforria, pagando certa quantia.<br /> <br /><br />Áreas de produção<br />As principais áreas mineradoras no Brasil-Colônia foram Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás ou seja, a parte Centro-Sul do país.<br /> <br /><br />Apogeu da mineração<br />O século XVIII corresponde à fase de apogeu da mineração, levando certo autor a falar na "Idade do Ouro" do Brasil. Neste período houve grande desenvolvimento artístico e cultural na região de Minas Gerais, como o estilo barroco das construções das igrejas e moradias, a Escola Literária Mineira, as esculturas do "Aleijadinho", as músicas cantadas nas igrejas e associações religiosas.<br /> <br /><br />Tratado de Methuen - 1703<br /><br />- O tratado estipulava o seguinte:<br /><br />· Portugal admitia só consumir tecidos ingleses. <br />· A Inglaterra admitia só consumir vinhos portugueses. <br /><br />Como conseqüência desse tratado, Portugal tornou-se um país exclusivamente agrário, o que prejudicou as possibilidades de desenvolvimento de uma indústria manufatureira, colocando o país submisso ao capital inglês.<br />O tratado tornou-se um dos motivos para o escoamento do ouro brasileiro para os cofres britânicos.<br /> <br /> <br /> <br />Declínio da mineração<br />de<br />a<br />toneladas<br />média por ano<br />1741<br />1760<br />290<br />14,5 ton<br />1761<br />1780<br />210<br />10,5 ton<br />1781<br />1800<br />110<br />5,5 ton<br /> <br />As jazidas de ouro e diamantes encontradas no Brasil eram de aluvião. Isto quer dizer que elas estavam na superfície da terra e, por isso mesmo, era mais fácil explorá-las. Por esse motivo, as jazidas se esgotaram rapidamente e a mineração entrou em decadência.<br /><br />Em 1765, o Marquês de Pombal, ministro português, determinou a cobrança de impostos atrasados. Esta cobrança, denominada "derrama", era feia com muita violência pelas autoridades portuguesas.<br /> <br /><br />Extração de diamantes<br />O Brasil foi o primeiro grande produtor moderno de diamantes.<br />Os primeiros achados foram na região do Arraial do Tijuco, depois Distrito Diamantino (subordinado diretamente a Portugal) e atual cidade de Diamantina situada em Minas Gerais.<br /><br />Conseqüências<br />A atividade mineradora ocasionou muitas transformações para a Colônia (Brasil) e trouxe conseqüências (internas e externas) no plano político, social e econômico.<br /><br /><br />Podemos alinhar como conseqüência da mineração:<br />- o surgimento das inúmeras povoações (núcleos urbanos) no interior: as "Vilas do Sertão";<br />- o controle direto do sistema de produção mineral pela Coroa, para assegurar grandes núcleos na exploração das minas;<br />- surgimento de reações contra a política fiscal (Revolta de Vila Rica e Inconfidência Mineira);<br />- a transferência da capital em 1763, da Bahia (Salvador) para o Rio de Janeiro, que tornar-se-á o principal centro urbano da Colônia; <br />- a sociedade torna-se mais complexa, surgindo atividades de trabalho livre como artesão, comerciantes, militares e funcionários;<br />- progresso cultural com o aparecimento do estilo barroco nas igrejas de Minas Gerais e os trabalhos esculpidos por "Aleijadinho";<br />- deslocamento do eixo econômico do Nordeste açucareiro (em crise) para a área mineradora (Centro-Sul);<br />- a Guerra dos Emboabas (1707-1709), que foi uma luta entre paulistas(descobridores das minas) e os forasteiros;<br />- um rápido crescimento demográfico. O número de habitantes do Brasil aumentou consideravelmente, tendo em vista o afluxo de pessoas provenientes de várias partes do mundo, em busca de riquezas minerais;<br />- surgimento do mercado interno por causa do desenvolvimento do comércio;<br />- ocupação de todo o centro do continente sul-americano pela colonização portuguesa;<br />- criação das Capitanias de Minas Gerais (1720), Goiás (1744) e Mato Grosso (1748);<br />- abertura das primeiras estradas entre o interior "sertão" e o litoral;<br />- desenvolvimento da pecuária.<br /> <br /><br />Conseqüências externas da mineração<br />A principal conseqüência da produção mineradora do Brasil, no plano externo foi a forte concentração de capital na Inglaterra, que possibilitou a Revolução Industrial.<br /><br /><br />Outros produtos: fumo, algodão e "drogas do sertão".<br /><br /><br />Cultivo do algodão<br />Inicialmente utilizado para a produção de vestimentas de pobres escravos, atingiu apogeu no século XVIII com o desenvolvimento da indústria têxtil, durante a Revolução Industrial. Teve grande produção no Maranhão e Pernambuco.<br /><br /><br />Cultivo do fumo<br />O fumo (tabaco) era cultivado no litoral da Bahia (Recôncavo), de Sergipe e Alagoas, tendo-se constituído num comércio complementar e dependente ao do açúcar pois servia para a troca (escambo) de escravos da África.<br /> <br /><br />Extração das "Drogas do Sertão"<br />"Drogas do Sertão" eram assim chamados os produtos extraídos da exuberante Floresta Amazônica, Pará e Maranhão. Na extração das "drogas do sertão" foi empregada a mão de obra indígena. "Droguistas do Sertão" eram expedições que penetravam no Vale Amazônico à procura destes produtos. "Tropas de Resgate" eram expedições militares que iam escravizar índios na Amazônia para trabalhar nas fazendas do Maranhão e Pará.<br /><br /><br />A SOCIEDADE COLONIAL<br />Basicamente três grupos étnicos entraram na formação da sociedade colonial: o indígena, o europeu (português) e o negro africano.<br />Desde o início da colonização mesclaram-se os grupos étnicos, através da miscigenação racial, originando-se vários tipos de mestiços:<br />- do branco com o negro = mulato<br />- do branco com o índio = mameluco (caboclo)<br />- do negro com o índio = cafuzo<br /> <br />As condições históricas da colonização criaram formas de convivência e adaptação entre as raças formadoras da etnia brasileira. Os índios sempre que conseguiram, optaram pelo isolamento. Já o convívio entre portugueses e africanos obedecia às regras do sistema escravista aqui implantado, resultando em maior aproximação e em verdadeira promiscuidade.<br /><br /><br />A Sociedade Colonial<br />Nos séculos XVI e XVII a sociedade colonial brasileira era basicamente rural (agrária), patriarcal e escravista, onde a atividade econômica predominante era a agricultura (cana-de-açúcar e tabaco).<br /><br />Esta sociedade era rigidamente estratificada: no vértice da pirâmide estavam os grandes proprietários rurais ("senhores-de-engenho"), que formavam uma aristocracia rural; na base havia um contingente numeroso de escravos e dependentes.<br /><br />No século XVIII, com a mineração, a sociedade tornou-se mais democratizada, possibilitando uma maior mobilidade social.Isto porque na área mineradora, em processo de urbanização a posição social do indivíduo dependia apenas da quantidade de dinheiro que possuía.<br /> <br />As principais nações indígenas<br />Usando-se critérios lingüísticos, podemos dividir os índios do Brasil em quatro nações:<br /><br />- Caraíbas - encontrados no norte da bacia Amazônica;<br />- Nuaruaques - encontrados na bacia Amazônica, até os Andes;<br />- Jês ou Tapuias - encontrados no Planalto Central brasileiro;<br />- Tupis - encontrados por toda a costa atlântica e algumas áreas do interior.<br /><br />A maior parte dos indígenas que habitavam o litoral do Brasil na época do descobrimento pertencia ao grupo lingüístico tupi. O indígena brasileiro encontrado pelos portugueses vivia num regime de comunidade primitiva, ou seja, uma forma de organização social onde a ausência da propriedade privada dos meios de produção resulta numa economia comunitária, onde não existiam classes sociais.<br /><br />Contribuições<br />Os índios deram importante contribuição para os costumes, cultura e a formação do povo brasileiro. Dentre essas contribuições, podemos destacar:<br />· uso da rede para dormir, tão comum nas regiões Norte e Nordeste; <br />· utilização do milho, da mandioca, do guaraná, etc; <br />· técnicas da coivara, ou queimada das roças antes de fazer novo plantio. <br />· diversos vocabulários falados no idioma. <br /><br /><br />A escravidão e o extermínio indígena<br />Na época do descobrimento, a população indígena do Brasil era de mais de um milhão de pessoas. Atualmente, está reduzida a menos de cem mil. Os primeiros contatos entre brancos e índios foram amigáveis. Mais tarde, quando teve início a exploração agrícola, os índios passaram a ser um obstáculo para os colonizadores, que precisavam de suas terras e de seu trabalho. Assim, os indígenas começaram a ser obrigados ao trabalho da lavoura.<br /><br />Muitos índios foram massacrados ou escravizados pelo colonizador, que lhes roubava a terra e atacava suas mulheres. A escravidão dos indígenas acontecia principalmente nas áreas mais pobres, onde havia poucos recursos para a compra de escravos negros. O maior exemplo disso foi a Capitania de São Vicente (São Paulo), nos séculos XVI e XVII; de lá partiam as bandeiras do ciclo do apresamento indígena, que promoviam verdadeiras guerras de extermínio.<br /> <br /><br />O negro do Brasil<br />Os negros foram introduzidos no Brasil a fim de atender às necessidades de mão-de-obra e às atividades mercantis (tráfico negreiro). O comércio de escravos africanos para o Brasil teve início nos primeiros tempos da colonização.<br />Na África os negros eram trocados por aguardentes de cana, fumo, facões, tecidos, espelhos, etc.<br /><br />Os africanos que vieram para o Brasil pertenciam a uma grande variedade de etnias. De modo geral, podemos classificar os negros entrados no Brasil em três grandes grupos:<br />· Sudaneses - oriundos da Nigéria, Daomé, Costa do Ouro. Compreendia os iorubas, jejês, minas, fanti-ashanti e outros. Localizados inicialmente na Bahia, depois se espalharam pelas regiões vizinhas. <br />· Bantos - divididos em dois grupos: Congo-angolanos e moçambiques. Os bantos foram traduzidos para o Rio de Janeiro, Maranhão e Pernambuco. <br />· Malês - eram os sudaneses islamizados. <br /> <br />Os negros possuíam religião politeísta e suas crenças mesclaram-se ao cristianismo (sincretismo religioso). A escravidão negra no Brasil não foi apenas uma questão de preferência do negro ao índio, mas sim uma questão de interesse da burguesia e do governo português, que já se enriqueciam com o tráfico negreiro antes da descoberta do Brasil.<br /><br />Aprisionados ou trocados, os negros eram trazidos para o Brasil nos porões dos navios negreiros (tumbeiros). Durante a viagem, morriam cerca de 40% dos traficados. Marcados com ferro em brasa, os negros eram embarcados em Angola, Moçambique e Guiné e desembarcados em Recife, Salvador e Rio de Janeiro. O negro entrou na sociedade colonial brasileira como cultura dominada; as marcas da escravidão persistem até os dias de hoje.<br /> <br />As contribuições dos negros para a cultura brasileira<br />O negro deu importantes contribuições para a cultura e para a formação do povo brasileiro, podendo citar-se:<br />· diversos vocábulos falados no idioma; <br />· hábitos alimentares, principalmente da culinária baiana; <br />· instrumentos musicais, como tambores, atabaques, flautas, marimbas, cuícas e <br />berimbaus; <br />· ritmo musical das canções populares brasileiras, como o samba; <br />· danças, como o cateretê, o jongo, etc. (folclore). <br /> <br />O negro deixou marcas profunda na própria composição física do povo brasileiro.<br />Apesar de muito se dizer ao contrário, os negros reagiram à opressão branca e iniciaram, no Brasil, os primeiros movimentos para a sua libertação, formando os quilombos.<br /><br />O mais importante dos quilombos foi Palmares. Localizava-se no atual Estado de Alagoas e durou aproximadamente 70 anos. Como Palmares significava a liberdade e, portanto, era uma atração constante para novas fugas de escravos, tinha de ser destruído pelos senhores prejudicados pela existência dessa rebeldia negra.<br /><br />Palmares foi destruído em 1694, pelo bandeirante Domingos Jorge Velho, contratado pelos senhores de engenho. Em 1695, foi assassinado Zumbi, o maior líder negro da História do Brasil. Sua cabeça foi exposta em Pernambuco, acabando com a lenda da sua imortalidade.<br /><br />V - ATAQUES AO LITORAL BRASILEIRO<br /><br />Os franceses no Rio de Janeiro (século XVI)<br />Em 1555, durante o governo de Duarte da Costa, houve a invasão francesa na Baía de Guanabara. A expedição, apoiada pelo Almirante Coligny, era comandada por Nicolau Durand Villegaignon e tinha por objetivo estabelecer a França Antártica, colônia para os protestantes(huguenotes) que estavam sendo perseguidos na França.<br /><br />A expulsão dos franceses ocorreu após os combates de Uruçumirim e Paranapuã, no governo de Mem de Sá (1565), graças a Estácio de Sá e à atuação dos padres jesuítas José de Anchieta e Manoel da Nóbrega, responsáveis pela pacificação dos índios revoltados ("Confederação dos Tamoios"), chefiados por Cunhanbebe.<br />Em 1594, Jacques Riffault e Chales des Vaux estiveram no Maranhão. O último levou informações à França sobre a possibilidade de fundar uma colônia naquela região.<br /><br />Em 1612, chegou ao Maranhão uma expedição chefiada por Daniel de La Touche, que fundou a cidade de São Luís ( atual capital do Maranhão), cujo objetivo era fundar uma colônia ("França Equinocial").A expulsão dos franceses foi conseguida graças ao mameluco Jerônimo de Albuquerque e Alexandre de Moura, entre 1614/1615.<br /> <br /><br />Os franceses no Rio de Janeiro (século XVIII)<br />Em 1710 a cidade do Rio de Janeiro, na época, grande centro produtor de açúcar, foi atacada pela esquadra de Jean François Duclerc. Este foi derrotado, aprisionado e depois misteriosamente assassinado.Em 1711 chegou a 2ª esquadra chefiada por Duguai Trouin que exigiu a rendição do governador do Rio de Janeiro Francisco de Castro Morais e só se retirou mediante recebimento de elevado resgate.<br /><br /><br />Ataques ingleses<br />Durante a União Ibérica, corsário e piratas fizeram incursões em diversos pontos de nosso litoral, como:<br /> <br />· Edward Fenton atacou Santos (1583), sendo repelido; <br />· Robert Withrington entrou na Baía de Todos os Santos e saqueou o<br />Recôncavo(1587); <br />· Thomas Cavendish atacou Santos e São Vicente (1591); <br />· Jaime Lancaster, com os piratas franceses Venner e Noyer, atacou Recife e Olinda <br />(1595), saqueando a primeira; <br />· presença inglesa no Grão-Pará, com fundação de fortins na Amazônia: Jaime Purcell <br />(1621) e Rogério North (1631). <br /> <br /><br />UNIÃO IBÉRICA<br /> <br />Chamamos de União Ibérica ou União das Monarquias Ibéricas, o período que vai de 1580 a 1640, quando Portugal e suas colônias passaram para o domínio da Espanha.<br /><br />Isto aconteceu devido à questão da sucessão dinástica em Portugal. Depois de D. João III ("O Colonizador") reinou, em Portugal, seu neto D. Sebastião. Mas este morreu na batalha de Alcáce-Quibir (1578), na África combatendo os muçulmanos ("cruzadismo português"). É sucedido pelo seu tio-avô, o velho Cardeal D. <br /><br />Henrique, que reinou apenas dois anos, pois morreu em 1580. Ao falecer, surgiu a questão da sucessão dinástica: o cardeal D. Henrique não possuía filho e seu parente mais próximo era Felipe II, rei da Espanha, da dinastia dos Habsburgos, que se impõe como herdeiro legítimo e passa a governar Portugal e todas as suas colônias, inclusive o Brasil.<br /> <br /><br />Conseqüências da União Ibérica (1580 - 1640)<br /><br />· a ruptura prática da linha de Tordesilhas; <br />· o Brasil começou a sofrer investidas dos maiores adversários da Espanha: Inglaterra, <br />França e Holanda; <br />· a aplicação das Ordenações Filipinas; <br />· em 1621, o Brasil foi dividido em dois Estados: Estado do Maranhão, com capital em<br />São Luís e depois Belém; <br />· Estado do Brasil (do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul), tendo como capital, <br />Salvador; <br />· as invasões holandesas no Nordeste brasileiro, devido à guerra entre Espanha e <br />Holanda; <br />· criação do Conselho das Índias (1604), para fortalecer as fiscalização das colônias; <br />· a decadência econômica e política do reino lusitano, que passa a depender, cada vez<br />mais, da Inglaterra. <br /><br />O povo português ficou revoltado, nada podendo fazer para evitar que Felipe II subornasse as autoridades do Reino, até o momento em que as Cortes o aclamaram Rei de Portugal, com o nome de Felipe I.<br /><br /><br />AS INVASÕES HOLANDESAS (A guerra do Açúcar)<br /> <br />Antecedentes. O país que hoje chamamos Holanda, pertencia à Espanha até 1579, ano em que os holandeses iniciaram a sua Guerra de Independência.<br />A Espanha não reconheceu a independência da Holanda e a guerra entre os dois países prosseguiu até 1648.<br />Devido a esta guerra, a Espanha proibiu suas colônias de fazerem comércio com os holandeses.<br /> <br />As invasões holandesas (1624 - 1630)<br />As invasões holandesas ou "Guerra do Açúcar" no Nordeste têm como causas:<br /><br />· a União Ibérica (1580/ 1640); <br />· a proibição do rei Felipe II, ordenado que os portos de todas as colônias fossem<br />fechados aos navios da Holanda; <br />· o interesse dos holandeses em ocupar a Zona da Mata nordestina para restabelecer o <br />comércio açucareiro que lhes proporcionava grandes lucros. <br /><br />A Companhia de Comércio das Índias Ocidentais (1621), que recebeu o monopólio do Comércio do Atlântico, foi criada com o objetivo de ocupar o Nordeste Açucareiro.<br />Bahia e Pernambuco, as Capitanias que mais produziam açúcar na época colonial, foram atacadas pelos holandeses.<br /> <br /><br />Invasão da Bahia (1624 - 1625)<br />Na primeira invasão (1624), os holandeses eram chefiados por Jacob Willekens e Johan Van Dorth. O Governador do Brasil era Diogo de Mendonça Furtado, que foi preso de "armas na mão"; os invasores ocuparam a cidade de Salvador, sede do Governo Geral.<br /><br />A defesa ficou a cargo do Bispo D. Marcos Teixeira, que criou uma companhia de emboscadas ("Milícia dos Descalços"). A expulsão dos holandeses ocorreu em 1625, graças à expedição luso-espanhola ("Jornal dos Vassalos"), comandada por D. Fradique de Toledo Osório. Os holandeses cercados pela esquadra no porto de Salvador, capitularam e retornaram para a Europa.<br /> <br /><br /><br />Invasão em Pernambuco (1630 - 1654)<br />A segunda invasão holandesa ocorreu em Pernambuco, ("Zuickerland" = terra do açúcar) em 1630, sob o comando de Hendrick Coenelizoon Lonck; o desembarque ocorreu em Pau Amarelo.<br /><br />A resistência foi organizada por Matias de Albuquerque, governador de Pernambuco, que fundou o Arraial do Bom Jesus. Em 1631 ocorreu a batalha dos Abrolhos entre a esquadra de D. Antônio de Oquendo (espanhola) e a esquadra do Almirante holandês Jansen Pater. Em 1632 ocorreu a deserção de Domingos Fernandes Calabar, contribuindo decisivamente para que os holandeses se fixassem no Nordeste.<br /><br />Os holandeses ocuparam novos territórios (Itamaracá, Rio Grande do Norte, Paraíba) e tomaram o Arraial do Bom Jesus.<br /><br />Em Porto Calvo, Calabar foi preso e enforcado.<br /><br />Matias de Albuquerque foi substituído por D. Luís de Rojas e Borba, que depois morreu no combate de Mata Redonda frente aos holandeses; seu substituto foi o Conde Bagnoli.<br /><br />Para governar o "Brasil Holandês", foi nomeado o Conde Maurício de Nassau, que além de estender o domínio holandês (do Maranhão até Sergipe, no rio São Francisco) realizou uma excelente administração:<br /><br />- fez uma política de aproximação com os senhores-de-engenho;<br />- incrementou a produção açucareira;<br />- concedeu tolerância religiosa;<br />- trouxe artistas e cientistas como Franz Post (pintor) Jorge Markgraf (botânico), Pieter Post <br />(arquiteto), nomes ligados ao movimento renascentista flamengo;<br />- promoveu o embelezamento da cidade de Recife, onde surgiu a "Mauricéia", na ilha de Antônio Vaz.<br /><br />Denominou-se "Insurreição Pernambucana" (1645 - 1654) o movimento de reação ao domínio holandês no Nordeste, após a retirada do Conde Maurício de Nassau. Os principais nomes foram o índio Poti (Felipe Camarão), o negro Henrique Dias, o português João Fernandes Vieira e André Vidal de Negreiros. Os insurgentes adotaram como lema "Deus e Liberdade" e fundaram o Arraial Novo do Bom Jesus.<br /><br />Os "independentes" conseguiram derrotar os holandeses nas batalhas do Monte das Tobocas (1645) e dos Guararapes (1ª 1648, 2ª 1649). A rendição ocorreu na Campina da Taborda (1654). Contudo, as guerras holandesas só se encerraram com a assinatura do Tratado de Haia (1661) entre Portugal e Holanda.<br />A integração entre brasileiros, portugueses, brancos, negros e mestiços, que lutaram juntos pela defesa do Brasil, contribuiu para desenvolver o sentimento de brasilidade, ou seja, o sentimento nativista.<br /> <br /><br />Diversos fatos estão relacionados com a capitulação dos holandeses do Brasil:<br /> <br />· a restauração de Portugal (fim do domínio espanhol), devido a aclamação do Duque<br />de Bragança com o título de D. João IV, motivou um levante no Maranhão, culminando<br />com a expulsão dos holandeses daquela região; <br />· o Ato de Navegação (1651) decretado por Cromwell, da Inglaterra, que enfraqueceu o<br />poderio marítimo holandês; <br />· a criação da Companhia Geral do Comércio do Brasil (1649), a conselho do Padre<br />Vieira, para fazer concorrência à Companhia das Índias Ocidentais (holandesa); <br />· a política da intolerância dos sucessores de Nassau fez unir os senhores-de-engenho<br />(aristocracia rural) que haviam se acomodado com a situação. <br /><br />Expulsos do Brasil, os holandeses passaram a produzir açúcar na região das Antilhas, fazendo concorrência ao açúcar produzido no Brasil. Isto contribuiu decisivamente para o declínio (diminuição) da produção açucareira nordestina, que entrou em crise. Esta crise que o Brasil e Portugal atravessavam foi superada com a descoberta das riquezas minerais (ouro, diamante e pedras preciosas), no século XVIII.<br /><br />Após a expulsão dos holandeses (Paz de Haia, em 1661), Portugal passou a sofrer maior influência da Inglaterra (Tratado de Methuem).<br /><br />VI - A EXPANSÃO TERRITORIAL<br /> <br />"Os portugueses andavam como caranguejos, arranhando o litoral". (Frei Vicente Salvador).<br /><br />1. Conquistas do Norte e Nordeste<br />- Na Paraíba as primeiras tentativas foram feitas, sem êxito, por Frutuoso Barbosa. Mais tarde, ele e Felipe de Moura com uma expedição por terra e Diogo Flores Valdés, chefiando uma expedição marítima, fundaram o Forte de São Felipe, depois abandonado por causa dos ataques dos índios potiguares.<br />A conquista da Paraíba foi efetivada por Martim Leitão, que se aliou ao chefe indígena Piragibe, surgindo a cidade de Filipéia de Nossa Senhora das Neves (1584), depois chamada de Paraíba, atual João Pessoa.<br /> <br />- A conquista de Sergipe foi efetuada Cristóvão de Barros, em 1590, que derrotou os índios chefiados por Boiapeba e fundou São Cristóvão.<br />- Manuel Mascarenhas Homem conquistou o Rio Grande do Norte, com auxílio de Feliciano Coelho e Jerônimo de Albuquerque.<br />Em 1597, foi fundado o Forte dos Reis Magos, que a partir de 1599, passou a se chamar Natal.<br />- Pero Coelho de Souza tentou, sem êxito, através de duas investidas, ocupar o Ceará. Os padres jesuítas Francisco Pinto e Luiz Figueira também não conseguiram.<br />A ocupação do Ceará foi realizada por Martim Soares Moreno, ajudado pelo índio Jacaúna.<br />Fundou o Forte de Nossa Senhora do Amparo (1613) que deu origem à atual cidade de Fortaleza.<br />- O Maranhão foi conquistado por Alexandre de Moura e o mameluco Jerônimo de Albuquerque (1615), do interior para o litoral, graças à atividade pastoril.<br />- A conquista do Pará foi efetuada por Francisco Caldeira Castelo Branco, que fundou o forte Presépio, origem da cidade de Belém (1616).<br />- O povoamento do Piauí foi feito do interior para o litoral, graças à criação de gado bovino. Os irmãos Domingos Afonso Mafrense ("O Sertão") e Julião Afonso Serra, rendeiros da Casa da Torre (de Garcia D'Ávila), fundaram a Vila Mocha, depois Oeiras, antiga capital de Piauí (1674).<br />- A conquista do Vale Amazônico foi realizada pelo Capitão Pedro Teixeira (1637 - 1639), que subiu o rio Amazonas (de Belém até Quito), tomando posse desta imensa região, em nome do rei de Portugal. A posse da bacia amazônica deveu-se aos missionários (jesuítas, franciscanos, carmelitas e mercenários), às lutas contra os estrangeiros, os "droguistas do sertão" e ás expedições militares ("tropas de resgate").<br /><br />Importante: Só com a expulsão dos franceses da Paraíba, do Rio Grande do Norte, do Ceará e do Maranhão foi possível completar a ocupação da Região Nordeste.<br /> <br />2. Ocupação do Interior<br />As quatro bases econômicas da ocupação do sertão foram: a criação de gado, caça ao gentio, a atividade mineradora e a extração de especiarias, produtos silvestres e plantas medicinais ("drogas do sertão").<br /><br />O elemento humano que realizou a expansão territorial do Brasil era representado pelos criadores de gado (boiadeiros), pelos padres missionários no seu trabalho de catequese, pelos entradistas e bandeirantes, cuja atuação foi de fundamental importância e cujos motivos de ação foram múltiplos e variados: expedições militares, apresamento de indígenas, descoberta de ouro e pedras preciosas.<br /><br />O caminho dos que partiam de Pernambuco em demanda (direção)do sertão foi o Rio São Francisco, conhecido como "Rio da Unidade Nacional" e "Rio do Currais", devido à existência de grandes e numerosas fazendas de gado em suas margens.<br />No Sul, onde tiveram início as primeiras expedições pelo interior, os meios de penetração do sertão foram os Rios Paraná, Tietê e Paraíba do Sul.<br /> <br /><br />3. A ocupação da Planície Amazônica<br />O povoamento do Vale Amazônico amoldou-se às contingências da coleta dos produtos extrativos, sobretudo vegetais ("drogas do sertão "), na considerável dispersão amazônica, onde os cursos d`água serviam como único pólo forte e estável de atração do povoamento. Nesta atividade extrativa o índio era insubstituível, pois sem ele "não se dava um passo".<br /><br />A escravização dos silvícolas pelos colonos, no Maranhão, deu origem a conflitos com os padres jesuítas a organização da produção também reflete as condições em que ela se realiza: não tem por base a propriedade da terra (fundiária), como na agricultura e na mineração. A exploração realiza-se indiferentemente na imensa floresta aberta a todos e faz-se de maneira esporádica, coincidindo com as épocas próprias da coleta.<br /> <br /><br />Colonização do Vale Amazônico<br />Diversos fatores contribuíram para a ocupação do Vale Amazônico: a extensa rede hidrográfica, a fundação de diversas missões religiosas, a presença dos droguistas do sertão e das tropas de resgates.<br /><br />A rede hidrográfica<br />A Bacia Amazônica é a maior bacia fluvial do globo. Essa imensa rede hidrográfica é comandada pelo Rio Amazonas, o segundo do mundo pela extensão e pelos inúmeros afluentes, alguns dos quais estão incluídos entre os mais extensos rios da Terra: Madeira, Juruá, Tapajós, Xingu, etc. Os cursos fluviais, por serem inteiramente navegáveis, contribuíram sobremaneira para a ocupação da Amazônica.<br /> <br />4. Ocupação e povoamento do Centro-Sul (século XVIII)<br />O Centro-Sul compreendia as atuais Regiões Sudeste e Centro-Oeste. Sua ocupação se processou através do extrativismo mineral e pelo movimento das "entradas e bandeiras".<br />A atividade responsável pela ocupação e povoamento do Centro-Sul, especialmente das atuais regiões de Minas Gerais, Mato Grosso e Goiás, foi a mineração.<br /><br />5. Ocupação do Extremo Sul<br />O Extremo Sul foi a última região incorporada ao território brasileiro. Isto ocorreu só no final do século XVIII.<br /> <br /><br /><br />O meio geográfico<br />A parte meridional do Brasil apresenta uma individualidade em relação às demais regiões: está totalmente dentro do clima temperado (subtropical), possui uma vegetação de fácil penetração, com uma planície (Pampa ou Campanha Gaúcha) coberta por campos limpos, apresentando pequenas ondulações ("coxilhas").<br />A ocupação da extremidade sul do Brasil foi essencialmente militar. O tipo de povoamento baseou-se na colonização e imigração. O regime da posse da terra era a grande propriedade.<br /><br />Em 1737, povoadores militares ocuparam o Rio Grande do Sul fundando o Forte (presídio) Jesus-Maria-José, do qual se originou a atual cidade do Rio Grande.<br /> <br />6. Expansão bandeirante<br />Constituem movimentos de expansão territorial, responsáveis pela atual configuração geográfica do Brasil.<br />As entradas eram expedições organizadas pela iniciativa oficial (governo), prevaleceram no século XVI e normalmente respeitavam a linha de Tordesilhas. As entradas de Aleixo Garcia e Pedro Teixeira constituem exceções.<br /><br />As bandeiras geralmente organizadas graças à iniciativa particular, eram expedições que:<br />· ultrapassavam a linha do Meridiano de Tordesilhas; <br />· contribuíram para aumentar consideravelmente o território brasileiro; <br />· partiam, quase todas de São Vicente (São Paulo); <br />· utilizavam os rios Tietê, Paraná, São Francisco e os afluentes meridionais do <br />Amazonas; <br />· aprisionavam índios em massa; <br />· começaram no século XVI e atingiram apogeu nos séculos XVII e XVIII; <br />· tiveram a participação ativa dos paulistas. <br /><br /><br />Entradas pioneiras<br />Em 1504, Américo Vespúcio organizou uma entrada em Cabo Frio (RJ). Depois Martim Afonso de Souza organizou três outras: no Rio de Janeiro (Francisco Chaves), em Cananéia (SP) e na região do rio da Prata (Pero Lopes de Souza).<br /><br />Ciclo das entradas<br />Além das entradas pioneiras, temos o ciclo baiano, sergipano, cearense, espírito-santense e amazônico. Os integrantes do Ciclo baiano são: Francisco Bruza Espinosa, o padre Azpilcueta Navarro, Antônio Dias Navarro e Gabriel Soares de Souza. Pero Coelho de Souza e os padres jesuítas Francisco Pinto e Luiz Figueira destacaram-se no Ciclo Cearense. Marcos de Azevedo pertence ao ciclo espírito-santense; o capitão Teixeira está ligado ao ciclo amazônico.<br /> <br /><br />Ciclo das bandeiras<br />As bandeiras paulistas abrangem três fases: ciclo do ouro de lavagem, ciclo da caça ao índio (bandeirismo de apresamento) e grande ciclo do ouro.<br />Estas bandeiras, além de procurar riquezas minerais escravizavam índios e combatiam os negros que haviam fugido das fazendas.<br /> <br />1. Ciclo do ouro de lavagem<br />Fernão Dias Paes ("Caçador de Esmeraldas"), foi o mais famoso bandeirante do ciclo do ouro de lavagem. Outros nomes deste ciclo: Brás Cubas, Luis Martins, André Leão, Garcia Rodrigues Paes, Heliodoro Eobanos e Jerônimo Leitão.<br />O romance "Caçador de Esmeraldas", escrito por Olavo Bilac, descreve a bandeira chefiada por Fernão Dias Paes, nos sertões de Minas Gerais.<br /> <br />2. Ciclo da caça do índio<br />Antônio Raposo Tavares foi o bandeirante que mais se destacou na caça ao gentio (indígena). Ele destruiu as províncias missionárias jesuíticas (missões ou reduções) de Guairá (no Paraná), Tape e Uruguai (no Rio grande do Sul) e Itatim (em Mato Grosso), aprisionando milhares de índios. Depois de atravessar Mato Grosso, entrou na Bolívia, atravessou a Cordilheira dos Andes, foi até o oceano Pacífico, regressou ao litoral Atlântico pelo Rio Amazonas e voltou a São Paulo pela zona costeira (1648-1651) - (1º Périplo Brasileiro).<br /><br />Os irmãos Preto (Manuel e Sebastião) foram os primeiros a fazer uma investida contra uma província inaciana. Eles atacaram as reduções jesuíticas de Guairá (1628 - 1630), Tape e Uruguai, habitadas por cerca de 200.000 indígenas.<br />Domingos Jorge Velho foi o bandeirante paulista contratado para destruir o Quilombo dos Palmares (1694), localizado em Alagoas. Após extinguir aquele agrupamento de negros fugitivos, ocupou o interior de Piauí, exterminando os indígenas ("Guerra dos Cariris" ou "Guerra dos Bárbaros"), possibilitando a montagem de 39 estâncias de gados na região. Bartolomeu Bueno da Silva (pai), chamado pelos índios de "Anhanguera", devassou os sertões de Goiás.<br /> <br />3. Grande ciclo do ouro e diamante<br />Antônio Rodrigues Arzão descobriu as primeiras minas de ouro, em 1693, no rio Casca (Cataguases) em Minas; Manuel Borba Gato descobriu as Minas de Sabará (Minas Gerais), em 1700; Bernardo da Fonseca Lobo descobriu diamantes em Diamantina (antes Arraial do Tijuco e Distrito Diamantino) - Minas Gerais, em 1729; Bartolomeu Bueno da Silva Júnior (filho), 2º "Anhanguera", encontrou ouro onde surgiu Vila Boa, hoje cidade de Goiás; Pascoal Moreira Cabral descobriu ouro em Coxipó-Mirim (Mato Grosso), em 1719.<br /> <br />Monções<br />Foram expedições fluviais, que saíram de São Paulo (Porto Feliz), em direção a Mato Grosso e Goiás, como conseqüência do movimento bandeirista.<br /><br /><br />VII - OS TRATADOS DE LIMITES E AS GUERRAS NO SUL<br /><br />Antecedentes<br />· O Tratado de Tordesilhas, na realidade jamais demarcado, nunca foi respeitado. A identificação dos limites dos domínios portugueses e espanhóis na América do Sul agravou-se após a União Ibérica; <br />· A ocupação portuguesa no Sul (política expansionista realizada pelos bandeirantes) chocou-se com os interesses espanhóis no Rio da Prata, que tinha em Buenos Aires seu centro mais importante; <br />· A cobiça dos portugueses (aliados dos ingleses) pela área do Prata é comprovada pela fundação da Colônia do Sacramento em 1680, defronte a Buenos Aires, centro da disputa entre espanhóis e portugueses; <br />· O interesse inglês em dominar o mercado platino após a Restauração portuguesa (1640). A Inglaterra pressionará para a ocupação, pelos portugueses, da saída do Rio da Prata; <br />· O contrabando, facilitado pela presença da Colônia do Sacramento provocou intensos choques entre portugueses e espanhóis, levando-os a assinarem diversos tratados a respeito da região. <br /> <br /> <br />Ocupação do extremo sul<br />Abandonada por longo tempo, só no final do século XVII esta região, cujas pastagens são as melhores do país, teve o estabelecimento de várias missões jesuíticas espanholas: Santo Ângelo, São Borja, São Miguel, São Lourenço, São João Batista, São Nicolau e São Luís Gonzaga, que foram os Sete Povos das Missões, do rio Uruguai.<br /><br />Em 1680, uma expedição chefiada por D. Manuel Lobo, governador do Rio de Janeiro, fundou a Colônia do Sacramento na margem esquerda do Rio da Prata, foco de grande disputa entre Portugal e Espanha, na região Platina. A fundação da Colônia de Sacramento, pelos portugueses, motivou a reação dos espanhóis e os choques militares no sul tornaram-se freqüentes.<br /><br />O forte presídio Jesus-Maria-José, atual cidade do Rio Grande (RS), foi fundado pelo Brigadeiro José da Silva Pais, que chefiava uma expedição para combater os espanhóis. Em 1760, o Rio Grande foi elevado à condição de Capitania, subordinada ao Rio de Janeiro.<br /> <br />Tratados de limites<br />Após a vigência da União Ibérica, foram assinados diversos tratados de limites que envolviam regiões ao sul da América tais como: Lisboa, 1º de Utrecht, 2º de Utrecht, Madri, El Pardo, Santo Idelfonso e Badajós.<br /> <br />Tratados de Lisboa (1681)<br />Foi motivado pela anexação espanhola da Colônia do Sacramento. Portugal, apoiado pela Inglaterra, obtém a devolução da Colônia (1681).<br /><br />1º Tratado de Utrecht (1713)<br />O 1º Tratado de Utrecht foi firmado entre a França (Luís XIV) e Portugal (D. João V). Estabeleceu os limites entre o Brasil e a Guiana Francesa, assegurando o nosso domínio sobre o Amapá (ou a Terra do Cabo Norte), tendo como base o rio Oiapoque (Vicente Pinzón).<br /><br />2º Tratado de Utrecht (1715)<br />Foi firmado entre Portugal e Espanha. A Colônia do Sacramento era devolvida pela segunda vez a Portugal, porque os espanhóis haviam atacado e retomado aquela Colônia. Os colonos espanhóis protestaram contra a devolução e fundam Montevidéu, junto à Colônia do Sacramento, provocando novos choques na região.<br /><br />Tratado de Madri (1750)<br />Foi o mais importante dos Tratados de limites assinados entre portugueses e espanhóis. Estabeleceu a troca da Colônia do Sacramento, que passaria para Espanha.<br /><br />O brasileiro Alexandre de Gusmão ("Avô dos Diplomatas brasileiros") defendeu o princípio do "Uti Possidetis" (direito de posse), ou seja estabeleceu que cada uma das nações ficaria com os territórios que já estivessem em seu poder. Este princípio, aceito pela Espanha, beneficiou Portugal que havia ocupado as terras a oeste do Meridiano de Tordesilhas, graças à expansão territorial feita pelos bandeirantes, durante o período da União Ibérica (1580 - 1640), completada pelos criadores de gado e padres missionários.<br /><br />O Tratado de Madri é importante porque dava ao Brasil (salvo pequenas modificações, como a compra do Acre em 1903), aproximadamente, a sua atual configuração geográfica. Os padres jesuítas espanhóis, juntamente com os comerciantes da região não se conformaram com as decisões do Tratado de passar a região dos Sete Povos das Missões para o domínio português: instigaram os índios a uma luta, ocasionando a "Guerra Guaranítica".<br />Como o tratado não foi cumprido, porque os demarcadores suspenderam os trabalhos, a Colônia do Sacramento permaneceu com Portugal.<br /><br />Guerra de El Pardo (1761)<br />Anulou o de Madri, porque os índios dos Sete Povos das Missões revoltaram-se ("Guerra Guaranítica") e Portugal recusou-se a entregar a Colônia do Sacramento.<br /> <br />Tratado de Santo Idelfonso (1777)<br /> <br />Antecedentes<br />Em conseqüência da Guerra dos Sete Anos, na Europa, surgiram hostilidades na América. D. Pedro de Cevallos, governador de Buenos Aires, atacou e ocupou a Colônia do Sacramento em 1762, tendo sido devolvida no ano seguinte. Posteriormente, os espanhóis se apossaram de Santa Catarina e, pela quinta vez, da Colônia do Sacramento. <br /><br />O Tratado reconheceu o princípio do "Uti possidetis"(direito de posse) e restabeleceu, em linhas gerais, o Tratado de Madri. Contudo, Portugal cedia a Colônia do Sacramento, os Sete Povos das Missões e parte do Rio Grande; a Espanha devolvia a Ilha de Santa Catarina.<br /> <br />Tratado de Badajós (1801)<br />As guerras napoleônicas levaram a Espanha a lutar contra Portugal.<br />O Tratado de Badajós pôs fim à Guerra e determinou que a Colônia do Sacramento passaria para a Espanha. Como não mencionasse os Sete Povos e parte do Rio Grande, permitiu assim que Portugal ficasse na posse dos territórios conquistados (Rio Grande de São Pedro).<br /><br />VIII - NOVA POLÍTICA COLONIAL ( SÉCULO XVIII)<br /> <br />Após a restauração portuguesa (1640), o primeiro rei da Dinastia de Bragança (D. João IV) dedicou a maior atenção à política administrativa da Colônia, tomando medidas visando defesa, povoamento, melhoria das comunicações e organização da justiça.<br /><br />A administração tornou-se mais rígida, sendo criado o Conselho Ultramarino (1642), visando a centralizar toda a administração colonial. Ao contrário do que acontecera até meados do século XVII, as Câmaras Municipais, antes tão poderosas, tiveram seus poderes restringidos. Os juizes ordinários, eleitos pelos colonos que tinham direito a voto, foram substituídos pelos Juizes de Fora, nomeados pelo rei. Surgiram Companhias de Comércio privilegiadas, que tinham monopólios de certos produtos em determinadas regiões.<br /><br />Administração Pombalina (século XVIII)<br />No século XVIII, em virtude da pregação das idéias liberais, surge em Portugal uma tentativa de reformulação especialmente no campo econômico: é a política pombalina.<br /><br />Sebastião José de Carvalho e Melo, conde de Oeiras (Marquês de Pombal), era primeiro ministro do rei D. José I de Portugal. A administração pombalina visava a recuperação da economia do Brasil em benefício de Portugal, a fim deste país se livrar do domínio econômico da Inglaterra. <br /><br />Pombal incentivou as atividades comerciais, agrícolas e de construção naval.<br /><br />Algumas medidas tomadas por Pombal:<br />· promoveu a transferência da capital do Brasil para o Rio de Janeiro (1763); <br />· criou duas companhias de comércio: Maranhão/ Grão-Pará e Pernambuco/ Paraíba; <br />· expulsou os padres jesuítas e criou as escolas régias; <br />· impulsionou a construção naval; incrementou algumas indústrias como laticínios e anil; <br />deu maior atenção à mineração; <br />· criou o Tribunal de Relação no Rio de Janeiro e Juntas de Justiça nas demais<br />Capitanias; <br />· extinguiu o estado do Maranhão e o sistema de Capitanias Hereditárias; <br />· com a morte de D. José I (1777) sobe ao trono D. Maria I, ocasião em que a obra de <br />Pombal é paulatinamente (aos poucos) desfeita ("Viradeira"). <br /> <br />IX - OS CONFLITOS DO BRASIL COLÔNIA<br /><br />As rebeliões coloniais conheceram duas fases:<br />· movimentos nativistas; <br />· movimentos de libertação nacional. <br /><br />Movimentos Econômico-Nativistas<br /><br />Caracterização<br />Nativismo é o sentimento de apego (amor) a terra EM QUE NASCEU. Os movimentos nativistas expressam o descontentamento dos colonos frente a problemas econômicos locais. Estes movimentos, liberados pela aristocracia rural brasileira (proprietários de terras e escravos), classe dominante da Colônia, via seus lucros reduzidos pela intermediação dos comerciantes portugueses.<br /><br />O sentimento nativista, no Nordeste desenvolveu-se em função das lutas contra os holandeses, para combater a política de "arrocho" após a saída de Nassau do Brasil; no Sudeste foi devido as lutas pela posse de minas. As principais manifestações foram: Aclamação de Amador Bueno (1641); Revolta de Beckman (1684), Guerra dos Emboabas (1707-1709); Guerra dos Mascates (1710) e Revolta de Vila Rica (1720).<br /><br />Aclamação de Amador Bueno (1641)<br />Ocorreu em São Paulo, região que se encontrava marginalizada dentro do sistema Colonial Português e onde existia grande número de espanhóis, devido a União Ibérica e a proximidade da região do Prata. Em 1º de dezembro de 1640 deu-se a Restauração em Portugal sendo aclamado o Duque de Bragança que reinou com o nome de D. João IV, acabando o domínio espanhol.<br /> <br />Em 1641, chega a São Paulo a notícia da restauração. Parte da população insuflada pelos espanhóis resolveu aclamar o paulista Amador Bueno, rico fazendeiro, rei de São Paulo. Recusando o título, procurou abrigo no mosteiro de São Bento.<br />Este episódio pode ser conceituado como "simples e vã tentativa dos castelhanos em, fazendo valer o prestígio adquirido, subordinarem São Paulo à coroa da Espanha".<br /><br />Revolta de Beckman (1684)<br />Ocorreu no Maranhão e teve como causas:<br />· a luta entre os colonos e jesuítas devido a escravização dos índios; <br />· a mudança da sede do governo do Estado do Maranhão, de São Luís para Belém; <br />· os abusos cometidos pela Cia de Comércio do Estado do Maranhão que exercia o <br />monopólio de todo o comércio de compra e venda da produção maranhense; <br />· a concorrência na exploração das "Drogas do Sertão". <br /> <br />Aproveitando a ausência do governador, Manuel Beckman (rico fazendeiro), secundando pelo irmão Tomás Beckman, Jorge Sampaio e Francisco Deiró, depuseram o capitão-mor e tomaram a administração da capitania.<br /><br />Organizaram uma "Junta dos Três Estados" (representantes do clero, nobreza e povo) que tomou as seguintes medidas:<br />- expulsão dos jesuítas;<br />- abolição do monopólio comercial (a Cia de Comércio foi extinta);<br />- envio de um emissário a Portugal para justificar o movimento e fazer reclamações.<br /><br />O movimento terminou com a nomeação do novo governador, Gomes Freire de Andrade, que anulou os atos da Junta. A repressão à revolta levou à morte os líderes rebeldes. Manuel Beckman foi enforcado (1685).<br />Este movimento, foi isolado e não contestou a dominação metropolitana, mas apenas um de seus aspectos: o monopólio.<br />O governo português extinguiu a Companhia de Comércio do Maranhão, como queriam os revoltosos, mas os jesuítas puderam retornar e continuar o seu trabalho.<br /> <br />Guerra dos Emboabas (1709)<br />Ocorreu em Minas Gerais e teve como causa a luta pela posse das minas entre paulistas e emboabas (forasteiros). Com a descoberta de ouro no Brasil, muitos portugueses e populações da orla litorânea, que estavam decadentes devido ao declínio da produção açucareira, dirigiram-se para os sertões de Minas Gerais entrando em conflito com os descobridores das minas (paulistas) para exploração das jazidas.<br /><br />O primeiro incidente aconteceu entre o paulista Jerônimo Pedroso de Barros e o reino (português) Manuel Nunes Viana, em Caeté. A nomeação do "emboabas" Manuel Nunes Viana como "governador das Minas" irritou os paulistas, pois se sentiram lesados, começando, então, violentos choques: atacados pelos emboabas chefiados por Bento do Amaral Coutinho, junto ao rio das Mortes, depois de resistirem, os paulistas cercados se renderam, mas foram traídos. Foi o episódio do Capão da Traição (1708) onde morreram 300 paulistas.O governador do Rio de Janeiro D. Fernando Mascarenhas de Lencastre tentou acabar a luta, mas não teve êxito (1709). Seu substituto, Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho conseguiu a pacificação.<br /> <br />Principais conseqüências:<br />· criação de uma nova Capitania, a de São Paulo e Minas do Ouro, separada do Rio de<br /> Janeiro (09 de Novembro de 1709) que passou ao domínio direto da Coroa, sendo<br /> seu primeiro governador Antônio de Albuquerque Coelho de Carvalho; <br />· elevação da vila de São Paulo à categoria de cidade (julho de 1711); <br />· separação entre a Capitania de São Paulo e a de Minas Gerais (1720) <br />· transferência do pólo de irradiação de Taubaté para Sorocaba pelos bandeirantes<br />paulistas; <br />· descoberta de ouro nas regiões de Mato Grosso e Goiás para onde se dirigiram, <br />depois, os paulistas. <br /> <br /><br />Guerra dos Mascates (1710 - 1711)<br />Foi um conflito ocorrido em Pernambuco, resultado do choque entre a aristocracia rural de Olinda e os comerciantes ("Mascates") de Recife. A rivalidade entre "brasileiros" (de Olinda) e "portugueses" (de Recife), tinha como causas: 1º) a decadência da lavoura açucareira devido a concorrência Antilhana, levou a aristocracia rural a endividar-se com os comerciantes portugueses que monopolizavam o comércio de Pernambuco; 2º) mesmo decadente, Olinda era Vila, possuía Câmara Municipal e tinha autonomia em relação a Recife, que era sua comarca e subordinada administrativamente.<br /><br />A elevação de Recife a categoria de vila pelo rei de Portugal no final de 1709, por pressão dos "mascates" separando-a de Olinda precipitou os acontecimentos.<br />Os primeiros desentendimento surgiram entre o governador Sebastião de Castro Caldas, simpático aos mascates (de Recife) e o ouvidor Luiz de Valenzuela Ortiz, favorável aos de Olinda.<br /><br />Um atentado à vida do governador por desconhecidos levou-o a tomar medidas repressivas contra os olindenses. Estes revoltaram-se em fins de 1710, liderados por Bernardo Vieira de Melo, invadindo Recife, derrubando o pelourinho (símbolo de autonomia administrativa) e obrigando o governador a fugir para a Bahia.<br /><br />Abertas as vias de sucessão, o governo foi entregue ao bispo D. Manuel Álvares da Costa, que anistiou os amotinados, enquanto era rejeitada a proposta do Sargento-mor Bernardo Vieira de Melo de proclamar a independência de Pernambuco sob a forma republicana de governo, no mesmo estilo das cidades livres da Itália (Veneza e Gênova) e contaria com a proteção de uma potência cristã.<br /><br />A luta terminou com a chegada do novo governador, Felix José Machado, que recebeu ordem de pacificar os conflitos em Pernambuco.<br /> <br />Os principais envolvidos foram presos e Recife foi confirmada como vila, passando a ser o centro administrativo da Capitania. A vitória dos comerciantes de Recife tornou claro à aristocracia rural que os seus interesses eram bem diferentes dos interesses portugueses. A rivalidade entre brasileiros e portugueses na Capitania continuou a existir mas só se transformou novamente em revolta mais de um século depois (1817 - Revolução Pernambucana) e com caráter diferente.<br /> <br />Revolta de Vila Rica (1720)<br />Ocorreu em Minas Gerais e teve como causas principais a criação das "casas de fundição", a carestia de vida e monopólio e estanco sobre mercadorias.<br />Com a criação das casas de fundição, todo ouro extraído deveria ser fundido em barra , isto é, "quintado" (retirado o imposto do quinto) sendo proibida a circulação do ouro em pó, para evitar o contrabando. <br /><br />O monopólio que os reinóis (portugueses) exerciam sobre a comercialização de gêneros de primeira necessidade encarecia, à medida que aumentava a produção de ouro. Vários mineiros, entre os quais Pascoal da Silva Guimarães, Sebastião Veiga Cabral e Felipe dos Santos Freire (principal líder), em Vila Rica, promoveram o levante. <br /><br />O governador de Minas, Conde Assumar (D. Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos) que estava em Ribeirão do Carmo (Mariana), atendeu às exigências dos revoltosos. Em seguida , contando com os "Dragões" e os paulistas, avançou contra Vila Rica, reprimiu violentamente esta rebelião prendendo os principais chefes. Felipe dos Santos, o de mais baixa condição social, foi o único condenado à morte: foi enforcado e esquartejado. <br /><br />A revolta de Vila Rica foi o reflexo do aumento da exploração portuguesa sobre o Brasil. Este movimento foi local e não contestou a dominação portuguesa. Seu objetivo não era fazer a libertação do Brasil e sim acabar com os abusos do monopólio português. A revolta de Felipe do Santos (1720) antecedeu a Inconfidência Mineira (1789), na mesma Vila Rica (atual Ouro Preto).<br /><br />A conseqüência dessa revolta foi a criação da Capitania de Minas Gerais, separada de São Paulo (1720). A Revolta de Vila Rica foi fundamental para o amadurecimento da consciência colonial. Por outro lado, inaugurou um período de sangrentas repressões desfechadas pela Metrópole. O antagonismo entre Colônia e Metrópole é retratado nas últimas palavras de Felipe dos Santos: "Morro sem me arrepender do que fiz e certo de que o canalha do rei será esmagado". Era o prenúncio das lutas de libertação nacional que se desencadeariam no Brasil a partir do século XVIII.<br /> <br />Tentativas de Libertação Colonial<br /> <br />Caracterização<br /> - estes movimentos tinham como objetivo libertar o Brasil do domínio português e foram mais abrangentes que os movimentos nativistas;<br />- ocorreram no período de crise do capitalismo comercial e ascensão do capitalismo industrial (este era contrário aos monopólios);<br />- com a Revolução Industrial, a partir do final do século XVIII desenvolve-se o livre cambismo, que forçava a abertura de novas frentes de trabalhos. Isto chocava-se com o pacto colonial;<br />- a Inglaterra, nação pioneira da Revolução Industrial, como centro da capitalismo desejava garantir os mercados de matérias-primas e consumidores de manufaturados;<br />- as nações Ibéricas (Portugal e Espanha) entraram em decadência. Por não terem acumulado capital suficiente para iniciar o processo de industrialização, ficaram presas ao Mercantilismo e ao Absolutismo (Antigo Regime). Não tinham, portanto, as condições necessárias para ingressar na nova fase do Capitalismo;<br />- o Liberalismo político e econômico, posto em prática na Revolução Francesa, repercutiu nas colônias;<br />- a Independência dos Estados Unidos (em 1776 - primeiro país do Continente Americano a romper com os laços coloniais) provou que o colonialismo mercantilista podia ser derrotado;<br />- o Iluminismo, filosofia revolucionária do século XVIII que defendia os princípios de "Liberdade, Igualdade, Fraternidade", foi o pensamento que orientou os movimentos contrários ao Antigo Regime;<br />- os movimentos que precederam nossa independência política sofreram influências das idéias liberais da França e da Independência dos Estados Unidos e quase todos tiveram a participação ativa do clero e da Maçonaria;<br />- a Inconfidência Mineira (1789), a Conjuração Baiana (1798) e a Revolução Pernambucana (1817) foram os principais movimentos precursores da Independência do Brasil.<br /><br />Inconfidência Mineira (1789)<br />Aconteceu na região de Minas, onde a opressão metropolitana estava concentrada nos monopólios e nos impostos. Foi o primeiro movimento de tentativa de libertação nacional e teve como causas:<br /> <br />· Intelectuais - A divulgação das idéias liberais francesas, trazidas da Europa por estudantes brasileiros (Domingos Vidal Barbosa, José Álvares Maciel, José Joaquim Maia, José Mariano Leal) e o exemplo da Independência dos Estados Unidos (1ª colônia da América a se libertar do domínio da metrópole - 1776); <br />· Políticas - O governo despótico da metrópole, a péssima administração dos vice-reis e governadores de minas; <br />· Sociais - O desenvolvimento de uma classe média com o aparecimento de uma elite intelectual; <br />· Econômicas - A cobrança de pesados impostos que asfixiaram a região mineradora por ocasião da exaustão das minas, o estanco do sal, a derrama (cobrança dos quintos atrasados), a proibição de instalação de fábricas (1785), a proibição da construção de estradas para o interior e para o litoral. <br /> <br />A conspiração foi realizada por elementos da elite econômica, onde se destacou a presença de padres e letrados como:<br /> <br />- Tomás Antônio Gonzaga desembargador e poeta, autor do poema "Marília de Dirceu" e "Cartas Chilenas";<br />- Cláudio Manuel da Costa, advogado e poeta muito rico, emprestava sua casa para os conspiradores se reunirem;<br />- padres Carlos de Toledo e José de Oliveira Rolim;<br />- Francisco de Paula Freire de Andrade, tenente-coronel, comandante do "Regimento dos Dragões", tropa militar de Minas Gerais, e que estava hierarquicamente logo abaixo do governador;<br />- Inácio de Alvarenga Peixoto, poeta e minerador;<br />- José Álvares Maciel, estudante universitário, tendo chegado ao Brasil em 1788, era francamente fiel aos ideais iluministas;<br />- José Joaquim de Maia, estudante universitário, que teria se entrevistado com Thomas Jefferson, embaixador dos Estados Unidos na França e um dos líderes do movimento de independência daquele país, e solicitado auxilio aos norte-americanos;<br />- Domingos Vidal Barbosa e Salvador Gurgel do Amaral, doutores;<br />- Francisco Antônio de Oliveira Lopes, Coronel;<br />- Luiz Vieira da Silva, cônego;<br />- Joaquim Silvério dos Reis, Basílio de Brito Malheiros (coronéis) e o mestre de campo Inácio Correa Pamplona (delatores).<br /><br />O Alferes Joaquim José da Silva Xavier ("Tiradentes") é considerado o principal nome pois foi o que propagou junto ao povo insatisfeito e conseguiu adeptos para a conspiração.<br />A revolta seria iniciada por ocasião da "Derrama" (cobrança dos impostos atrasados) e a senha seria: "Tal dia faço meu batizado". O Visconde de Barbacena (Luiz Antônio Furtado de Mendonça) era o então governado de Minas Gerais.<br />Com exceção de Tiradentes, todos os líderes da Inconfidência Mineira eram ricos, ligados à extração mineral e à produção agrícola. Esse fato é perfeitamente compreensível, pois os grandes proprietários eram os que mais interesses tinham em romper o pacto colonial.<br /> <br /><br /><br />Planos dos conjurados:<br />· fazer a independência com a capital em São João Del Rei; <br />· fundar uma universidade em Vila Rica; <br />· adotar uma bandeira com o dístico (frase ou lema): "Libertas quae sera tamem" <br />(liberdade ainda que tardia), do poeta Virgílio; <br />· adotar, provavelmente a forma republicana de governo; <br />· instituir o serviço militar obrigatório e uma ajuda (pensão) às famílias numerosas; <br />· criar indústrias; <br />· quanto ao trabalho escravo, não chegaram a uma conclusão. <br /><br />A denúncia e a devassa<br />O movimento não chegou a ter sucesso, uma vez que os grandes planos não iam muito além das salas de reuniões. Isolados da grande massa popular, sem pensar em armas para o levante, bastou uma denúncia para acordar os conspiradores de seu grande sonho.<br /><br />Joaquim Silvério dos Reis, principal delator e um dos maiores devedores da Coroa, resolveu denunciar o movimento ao Visconde de Barbacena, em troca do perdão da dívida.<br /><br />Logo após aconteceram os seguintes fatos:<br />- O Visconde de Barbacena suspendeu a "derrama" e determinou a prisão dos envolvidos em sua Capitania;<br />- houve prisão de Tiradentes no Rio de Janeiro, na ruas dos Latoeiros, atual Gonçalves Dias, (o vice-rei na época era D. Luís de Vasconcelos e Souza);<br />- Foram abertas duas devassas que depois se unificaram, transformando-se numa alçada (tribunal especial);<br />- Cláudio Manuel da Costa suicidou-se na prisão , em Vila Rica (Casa dos Contos);<br />- de todos os conjurados presos, que respondiam pelo crime de inconfidência (falta de fidelidade ao rei), Tiradentes foi o único que assumiu total responsabilidade e participação no movimento;<br />- na sentença, 12 líderes foram condenados à morte e depois perdoados pela rainha D. Maria I, que condenou alguns ao degredo perpétuo e outros ao degredo provisório;<br />- Tiradentes foi condenado à morte por enforcamento. Foi executado no Campo da Lampadosa, no Rio de Janeiro, no dia 21 de abril de 1792; a cabeça cortada e conduzida para Vila Rica, o corpo foi esquartejado e postos os pedaços pelos caminhos de Minas Gerais.<br />Avisado da conspiração, o Visconde de Barbacena suspendeu a derrama e iniciou a captura dos implicados.<br />Quase três anos depois terminava a devassa. A sentença que condenava à morte 11 dos acusados foi modificada por Dona Maria I. Estabeleceu-se o degredo perpétuo para dez inconfidentes e apenas um serviria de bode expiatório: Tiradentes. A 21 de abril de 1792 executou-se a sentença de Tiradentes com requintes de crueldade...<br /><br />Conseqüências: suspensão da derrama; abolição do estanco do sal; a idéia de independência germinaria mais tarde em 1822. Sobre o movimento pode-se afirmar que a falta de consistência ideológica não invalida o significado da Inconfidência Mineira. Era um sintoma da desagregação do Império português na América. Pode-se, portanto, considerá-la, sem hesitação, um movimento precursor da Independência do Brasil.<br /> <br />Conjuração Baiana (1798)<br />Também conhecida como "Revolução dos Alfaiates" foi o movimento precursor da Independência que apresentou características mais populares. Considerada a Primeira Revolução Social do Brasil, a Conjuração Baiana teve a participação de pessoas humildes como soldados libertos, alfaiates, etc. Surgiu devido à pregação das idéias liberais francesas e ação da Maçonaria. Seus objetivos eram: atender às reivindicações das camadas pobres da população, libertar o Brasil de Portugal, proclamar a república, conceder liberdade de comércio e abolir a escravidão. <br /><br />Seus objetivos, portanto, foram mais abrangentes, não se limitando apenas aos ideais de liberdade e independência do movimento de Minas Gerais. O levante baiano propunha mudanças verdadeiramente revolucionárias na estrutura da Colônia. Pregava a igualdade de raça e cor, o fim da escravidão, a abolição de todos os privilégios, podendo ser considerada a primeira tentativa de revolução social brasileira.<br /> <br />A revolta teve como líderes:<br />· João de Deus Nascimento, alfaiate e principal figura; <br />· Manuel Faustino dos Santos Lira, alfaiate, preto liberto; <br />· Luís Gonzaga das Virgens e Lucas Dantas, soldados. <br /><br />Todas as pessoas acima estavam aliadas aos elementos da Maçonaria.<br />A divulgação da ideologia liberal da Revolução Francesa era feita, na Bahia, pela loja maçônica "Cavaleiros da Luz", que contava com a participação de intelectuais como Cipriano Barata (cirurgião) e José da Silva Lisboa (futuro Visconde de Cairu).<br /><br />O movimento limitou-se a Salvador, antiga Capital do Brasil, onde grande parte da população compunha-se de artesãos livres (sapateiros, alfaiates, mulatos, ex-escravos).<br /><br />Pode-se afirmar ainda que a Conjuração Baiana foi influenciada também pela Independência de Haiti, antiga colônia francesa situada nas Antilhas.<br />Tendo sido distribuídos papéis em Salvador anunciando o movimento, o governador da Bahia, Marquês de Aguiar (D. Fernando José de Portugal e Castro), mandou apurar a autoria dos manuscritos, tendo sido identificado o soldado Luís Gonzaga das Virgens, que foi logo preso.<br /><br />Traídos por delatores, os chefes foram presos e julgados. Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas, João de Deus e Manuel Faustino dos Santos Lira foram condenados à morte (enforcados) e depois esquartejados; os intelectuais como Cipriano Barata foram absolvidos.<br /><br />A violência da repressão expressou a popularidade do movimento. Seis dos réus foram condenados à morte e os demais tiveram pena de degredo ou prisão.<br />O surgimento das lutas de libertação aumentou a repressão metropolitana. A Coroa passou a conceder prêmios em dinheiro, privilégios e cargos importantes aos denunciantes dos chamados crimes contra a Coroa Portuguesa.<br /> <br />Revolução Pernambucana de 1817<br /> <br />Ocorreu durante a permanência da família real no Brasil e teve como causas:<br />· rivalidade entre reinos (portugueses) e mazombos (brasileiros); <br />· influência das idéias liberais francesas; <br />· pesados impostos e abusos administrativos; <br />· exemplo das colônias espanholas; <br />· arbitrária e opressiva administração militar; <br />· atuação das sociedades secretas (Maçonaria), como o nativista Areópago de Itambé, que defendiam idéias anticolonialistas; <br />· insatisfação popular e atraso no pagamento da tropa. <br /><br />A difícil situação econômica de Pernambuco (crise na lavoura açucareira), escassez de gêneros de primeira necessidade e a seca que assolava a região criaram um clima favorável ao movimento revolucionário. O protesto para o início do movimento foi o incidente em que um reino foi surrado por um oficial do Regimento dos Henriques.<br /> <br />O governador de Pernambuco, Caetano Pinto de Miranda Montenegro, tendo recebido denúncias dos preparativos dos revoltosos, determinou a prisão de todos os implicados.<br />O Brigadeiro Barbosa de Castro ao prender o Capitão José de Barros Lima ("Leão Coroado") foi morto, amotinando-se a tropa.<br />O governador enviou ao quartel seu ajudante de ordens Ten Cel Alexandre Tomás, que também foi morto. Caetano Pinto refugiou-se na Fortaleza do Brum, onde capitulou e retirou-se para o Rio de Janeiro.<br />Com a resistência dos militares envolvidos tem início a revolução que, vitoriosa, organizou um governo provisório:<br />- Domingos José Martins, principal figura, representava o comércio;<br />- Domingos Teotônio Jorge (Exército);<br />- Padre João Pessoa Ribeiro de Melo Montenegro (clero);<br />- Manoel Garcia de Araújo (agricultura);<br />- Dr. José Luiz de Mendonça (Magistratura).<br /> <br />O Padre Miguelino (Miguel Joaquim de Almeida Castro)era o secretário de governo; no jornal "Preciso" eram publicados as diretrizes do governo.<br />Organizou-se, também, um Conselho Consultivo onde se destacava Antônio Carlos de Andrade (irmão de José Bonifácio) e o dicionarista Antônio de Morais Silva.<br />A revolução teve a adesão das seguintes Províncias do Nordeste: Paraíba e Rio Grande do Norte.<br /> <br />Os principais fatos foram :<br />· Enviou emissários ao estrangeiro (Inglaterra, Estados Unidos e Argentina); <br />· Estabeleceu a liberdade de pensamento; <br />· Aboliu o monopólio do pau-brasil, o estanco do sal e os títulos de nobreza; <br />· Adotou uma bandeira (azul e branca, com uma cruz vermelha, três estrelas, o arco-íris <br />e o sol); <br />· Enviou José Martiniano de Alencar (que foi preso no Ceará) e José Ribeiro de Abreu <br />Lima, mais conhecido como Padre Roma (que foi preso e executado na Bahia). <br /> <br />A reação. O conde dos Arcos ( D. Marcos de Noronha), governador da Bahia, enviou alguns navios comandados por Rufino Batista e uma divisão, por terra, comandada pelo Marechal Joaquim de Melo Cogominho de Lacerda que se juntou às forças do novo governador Luiz de Rego (este formara um "Corpo Expedicionário"). Do Rio de Janeiro seguiu uma esquadra chefiada por Rodrigo Lobo.<br />Os revoltosos foram derrotados em Utinga, Pindobas e Ipojuca.<br />A repressão se prolongou até 1818: 12 foram executados como os Padres Miguelino e Roma e o capitão Domingos Teotonio Jorge; alguns implicados foram libertados e outros transferidos para as prisões da Bahia onde permaneceram até 1821, quando obtiveram o perdão real.<br /><br />As principais conseqüência deste movimento foram: aceleramento da marcha para a Independência e separação de Alagoas e do Rio Grande do Norte da Província de Pernambuco.Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-18114627033384312062010-12-01T15:05:00.000-02:002010-12-01T15:08:23.132-02:00História do BrasilSéculos XV-XVIII, Século XIX<br /><br />1494 – O Tratado de Tordesilhas, acordo assinado por Portugal e Espanha, divide o mundo a partir de um meridiano 370 léguas a oeste do arquipélago de Cabo Verde. Essa linha passa na altura das atuais cidades de Belém (PA) e Laguna (SC). Portugal fica com as terras a leste e a Espanha, com as terras a oeste. Dessa forma, os dois países estabelecem os limites dos territórios descobertos durante a expansão marítima.<br /><br />1500 – Duas expedições espanholas passam pelo Nordeste brasileiro a caminho da América Central. Não há confirmação de que tenham aportado no território. A primeira, chefiada por Vicente Yañez Pinzón, aproxima-se do Ceará em janeiro; a segunda, chefiada por Diego de Lepe, cruza o litoral entre o Rio Grande do Norte e Pernambuco no mês seguinte.<br />Pedro Álvares Cabral e sua esquadra chegam ao litoral sul da Bahia em 22 de abril. É o descobrimento do Brasil. O desembarque acontece no dia seguinte, e, em 26 de abril, é celebrada a primeira missa no território encontrado. Até hoje não foram encontrados documentos que permitam saber, com certeza, se a descoberta foi intencional ou acidental. Mas Portugal sabia da existência de terras a oeste desde a chegada de Colombo à América e já havia garantido parte delas pelo Tratado de Tordesilhas. E seus navegadores conheciam bem as correntes marítimas do Atlântico Sul. Com a chegada de Cabral, o país toma posse oficialmente das novas terras.<br /><br />1501 – Uma frota de três navios é enviada por Portugal para explorar sua nova terra. Américo Vespúcio é um dos integrantes do grupo e faz anotações importantes da viagem. A expedição margeia a costa brasileira do Rio Grande do Norte até a altura de Cananéia (SP) e dá nome aos acidentes geográficos litorâneos. Durante essa viagem Vespúcio constata que a terra descoberta não é uma ilha, e sim parte de um grande continente. A expedição verifica também a abundância de pau-brasil, madeira valorizada na Europa pelo uso na preparação de pigmentos para tingimento de tecidos, pintura em tela e desenho em papel.<br /><br />Os santos e o litoral do Brasil – Em 1º de novembro, Dia de Todos os Santos para a Igreja Católica, a expedição exploratória atinge uma linda baía que recebe o nome de Baía de Todos os Santos. No primeiro dia de janeiro de 1502, avistam o que imaginam ser a foz de um grande rio, nomeado Rio de Janeiro. No Dia de Reis, 6 de janeiro, batizam Angra dos Reis. Embora não haja consenso entre os historiadores, é provável que os primeiros nomes dados pelos portugueses às localidades brasileiras tenham sido tirados do calendário religioso, com os acidentes geográficos importantes associados ao santo do dia.<br /><br />1502 – O rei dom Manuel concede a um grupo de comerciantes liderados por Fernão de Noronha o direito de exploração do pau-brasil na terra então chamada de Santa Cruz. No ano seguinte é feita a primeira viagem para a extração da madeira. Os resultados são tão bons que levam à concessão de uma ilha a Fernão de Noronha, em 1504, no arquipélago que ele descobriu e que hoje tem seu nome. É a primeira capitania hereditária brasileira.<br />A riqueza do pau-brasil – Embora não atraia o mesmo interesse que o comércio com a Índia, o pau-brasil é explorado pelos portugueses com grande lucro e transforma-se na primeira atividade econômica importante da nova terra. As árvores são cortadas por índios em troca de objetos de metal, como facas, machados e anzóis, ou de tecidos, enfeites e espelhos. À medida que a madeira vai escasseando no litoral, torna-se ainda maior a participação indígena na localização e na derrubada do pau-brasil no interior. Há também muito contrabando de toras, feito principalmente por franceses, que não reconhecem os tratados de partilha dos novos territórios.<br /><br />1530 – Martim Afonso de Souza comanda a primeira expedição de colonização das terras brasileiras. Além de conceder terras para a exploração, ele patrulha a costa para impedir o contrabando de pau-brasil por franceses. Ele instala um engenho de açúcar, e funda São Vicente em 1532, a primeira vila da colônia, no atual estado de São Paulo.<br /><br />1534 – O rei dom João III cria as capitanias hereditárias, ao dividir a colônia em 14 largas faixas de terra, e as entrega a nobres e fidalgos do reino, os capitães donatários, para explorá-las com recursos próprios e governá-las em nome da Coroa. A capitania de Fernão de Noronha já havia sido doada pelo rei dom Manuel em 1504. Em troca do compromisso com o povoamento, a defesa, a exploração das riquezas naturais e a propagação da fé católica, o rei atribui aos donatários inúmeros direitos e isenções. As capitanias conseguem desenvolvimento pequeno pela falta de verbas ou por desinteresse dos donatários, mas contribuem para manter mais afastados os estrangeiros.<br /><br />1548 – Nomeado pelo rei dom João III, Tomé de Sousa assume o primeiro governo geral do Brasil. A nova forma de administração permite maior centralização. Isso faz com que muitos donatários e colonos vejam a nomeação do governador como ingerência indevida nas capitanias. Surgem conflitos entre o poder real e o local em questões como escravização indígena, cobrança de taxas e ações militares. Essa forma de governo dura até a vinda da família real para o Brasil, em 1808.<br />Escravidão indígena e africana – Enquanto os portugueses se limitam a explorar o pau-brasil, conseguem alguma cooperação dos índios, acostumados à derrubada de árvores nas matas. A dificuldade de conseguir mão-de-obra, no entanto, aumenta quando surgem as primeiras plantações. Os colonizadores buscam resolver o problema escravizando os indígenas, sem maiores resultados, já que eles não se adaptam e resistem ao trabalho na lavoura, considerado pela sociedade nativa uma ocupação feminina. Também não estão acostumados a rotinas intensivas, e seu conhecimento da terra facilita as fugas. Como são muito suscetíveis às doenças trazidas pelos europeus, para as quais não têm resistência, morrem em grande número nas constantes epidemias. Assim, no decorrer do século XVI, os escravos africanos, vendidos em escala crescente por traficantes portugueses, vão se tornar a massa trabalhadora mais significativa na economia colonial, especialmente nas ricas regiões produtoras de açúcar do Nordeste.<br /><br />1549 – É fundada, na Bahia, a cidade de Salvador, por Tomé de Sousa, para servir de sede do governo. O lugar é escolhido tanto em razão da localização marítima protegida como das condições naturais do Recôncavo, favoráveis ao cultivo da cana-de-açúcar.<br />Junto com Tomé de Souza chegam os primeiros jesuítas da Companhia de Jesus. Chefiados pelo padre Manoel da Nóbrega, dedicam-se à catequese dos indígenas e à educação dos colonos. Entre os séculos XVI e XVIII constroem igrejas e fundam colégios. Na região das bacias dos rios Paraná, Paraguai e Uruguai, como também na Amazônia, eles instalam as missões, aldeamentos onde buscam cristianizar os índios e preservá-los da escravidão.<br /><br />1553 – Duarte da Costa substitui Tomé de Sousa no governo geral. O segundo governador envolve-se em conflitos entre donatários e jesuítas em torno da escravização indígena. Termina incompatibilizando-se com as autoridades locais e é obrigado a retornar a Portugal em 1557.<br /><br />1555 – A França não aceita a partilha das terras americanas feita pelo Tratado de Tordesilhas e defende o direito de posse a quem ocupá-las. A primeira invasão francesa do território brasileiro acontece na ilha de Serigipe (atual Villegaignon), na Baía de Guanabara. Os franceses instalam uma comunidade chamada França Antártica, destinada a abrigar protestantes calvinistas fugidos das guerras religiosas na Europa. Sua principal atividade econômica era a troca de mercadorias baratas por pau-brasil, feita com os indígenas da região. Eles constroem um forte e resistem por mais de dez anos aos ataques dos portugueses.<br /><br />1557 – É nomeado o terceiro governador, Mem de Sá. Com a ajuda dos jesuítas Manoel da Nóbrega e José de Anchieta, ele neutraliza a aliança entre índios tamoios e franceses. Em 1565, junto com o sobrinho Estácio de Sá, expulsa os invasores franceses da Baía de Guanabara. No mesmo ano, em 1º de março, Estácio de Sá funda a cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro. O desempenho eficiente de Mem de Sá contribui para firmar a posição do governo geral na vida colonial, e ele permanece no posto até a morte, em 1572.<br /><br />1562 – Tem início na Bahia uma epidemia de varíola mortal para milhares de indígenas da região de Salvador. Muitos dos sobreviventes fogem para o interior, e os colonos portugueses ficam sem mão-de-obra nas plantações.<br /><br />1568 – É oficializado pelo governador Salvador Correa de Sá o tráfico de escravos africanos. Cada senhor de engenho de açúcar fica autorizado a comprar até 120 escravos por ano. Eles substituem nas grandes plantações os indígenas,onsiderados ineficientes para o trabalho agrícola. Com isso fica garantido um custo competitivo dos produtos para o mercado externo. O próprio tráfico torna-se um negócio lucrativo para os portugueses.<br />O ciclo da cana-de-açúcar – O mercado europeu estava ávido por açúcar no século XVI. Com solo apropriado para o cultivo de cana-de-açúcar e facilidade para comprar escravos, Pernambuco e Bahia passam a ser o centro da cultura canavieira, que atinge o apogeu entre 1570 e 1650. Grandes investimentos são feitos em terras, equipamentos e mão-de-obra, o que transforma os engenhos em unidades de produção completas e bastante auto-suficientes. Estimativas do final do século XVII indicam a existência de 528 engenhos na colônia, que exportam anualmente 37 mil caixas de 35 arrobas de açúcar (cada arroba equivale a 15 quilos). Esse mercado só é abalado na segunda metade do século XVII, quando os holandeses começam a produzir açúcar em grande escala nas Antilhas.<br /><br />1572 – O governo geral fica dividido entre as cidades de Salvador e Rio de Janeiro. Em 1578 volta a ser unificado na Bahia.<br /><br />1578 – Dom Sebastião, rei de Portugal, morre na Batalha de Alcácer-Quibir sem deixar herdeiro. Ele participava da cruzada que buscava conquistar Marrocos do domínio mouro. Nasce, então, o sebastianismo – lenda segundo a qual o rei teria partido para o fundo do mar e voltaria para assumir novamente o governo do reino. Ainda hoje, em comunidades pobres do interior do Brasil, existe a espera pelo rei que regressará.<br /><br />1580 – Morre o cardeal dom Henrique, tio de dom Sebastião, que havia assumido o governo de Portugal. Felipe II, que reinava sobre a Espanha, o Sacro Império Romano-Germânico e Holanda e era também ligado por parentesco à casa real portuguesa, impõe-se como o novo rei de Portugal. O Tratado da União Ibérica entre a Coroa portuguesa e a espanhola vigora até 1640 e significa uma espécie de anexação de Portugal pela Espanha. Com essa união, países como França, Inglaterra e Holanda, inimigos da Espanha, tornam-se igualmente inimigos de Portugal. Mesmo que a princípio as colônias que pertenciam a Portugal continuassem governadas a partir de Lisboa e as espanholas, de Madri, fica facilitada a penetração portuguesa além dos limites do Tratado de Tordesilhas.<br /><br />1594 – Os franceses Jacques Riffault e Charles Vaux instalam-se no Maranhão depois de naufragar na costa da região. O governo francês os apóia e incentiva a criação de uma colônia no território, a França Equinocial. Em 1612, uma expedição chefiada por Daniel de la Touche desembarca no Brasil com centenas de colonos. Eles constroem igrejas, casas e o Forte de São Luís, origem da cidade de São Luís do Maranhão. Os invasores franceses são expulsos em 1615 por tropas comandadas por Jerônimo de Albuquerque.<br /><br />1621 – O território brasileiro é dividido em dois Estados: o do Brasil, com sede em Salvador, e o do Maranhão, com sede em São Luís do Maranhão. O objetivo é melhorar a defesa militar da Região Norte e estimular a economia e o comércio regional com a metrópole.<br />O governo da Holanda e investidores privados formam a Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, misto de empresa comercial, militar e colonizadora, para ocupar as terras canavieiras, controlar a produção dos engenhos e recuperar seus negócios na América e na África, afetados pela União Ibérica. Rivais dos espanhóis, os holandeses haviam sido proibidos de aportar em terras portuguesas e tinham perdido privilégios no comércio de açúcar do Nordeste do Brasil.<br /><br />1624 – Ocorre a invasão de Salvador por uma frota da Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. No ano seguinte, forças luso-espanholas derrotam os holandeses. Em 1627 é feita nova tentativa, frustrada, contra Salvador.<br /><br />1630 – Tem início a mais duradoura invasão holandesa no Brasil, desta vez em Pernambuco. Uma esquadra de 56 navios chega ao litoral da região, e Olinda e Recife são ocupadas. A resistência da população, organizada pelo governador da capitania, Matias de Albuquerque, em torno do Arraial do Bom Jesus de Porto Calvo (Alagoas), dificulta a consolidação da conquista holandesa. A partir de 1632, com a ajuda do pernambucano Domingos Fernandes Calabar, os estrangeiros avançam contra as fortalezas do litoral e os redutos de resistência do interior. Matias de Albuquerque retira-se para a Bahia em 1635.<br /><br />1637 – Os holandeses tomam, em Angola, os mais importantes portos de saída de escravos africanos para o Brasil. Assim, os donos dos engenhos brasileiros passam a depender dos holandeses para a obtenção de mão-de-obra.<br />Para administrar o domínio holandês no Brasil, chega a Pernambuco João Maurício de Nassau. Tolerante nos campos político e religioso, Nassau estimula os engenhos e as plantações. Urbaniza o Recife e assegura a liberdade de culto. É responsável pela vinda de cientistas e artistas, como os pintores Frans Post e Albert Eckhout, que retratam o cotidiano brasileiro. Em sua administração, a dominação estende-se sobre toda a região entre o Ceará e o rio São Francisco. Nassau volta para a Europa em 1644.<br /><br />1640 – Os jesuítas são expulsos de São Paulo. Com isso aumentam as expedições para aprisionar índios feitas por bandeirantes, que, em sua maioria, também têm sangue indígena. A escravização desses índios ajuda a superar a dificuldade em obter mão-de-obra, que acontece em razão de o controle temporário do tráfico de escravos africanos estar nas mãos dos holandeses. Em 1653 os jesuítas voltam para São Paulo.<br />O duque de Bragança é aclamado rei de Portugal como dom João IV. Mas os espanhóis não aceitam o fim da União Ibérica e a restauração do trono português sob a dinastia dos Bragança, e, no ano seguinte, Portugal e Espanha entram em guerra. O rei dom João IV pede ajuda à Inglaterra e à Holanda, tradicionais adversários da Espanha. Assim, Portugal assina com a Holanda – que então ocupava terras no Brasil – um armistício válido por dez anos. O apoio da Inglaterra na guerra contra a Espanha é decisivo para que Portugal conquiste definitivamente a independência, mas os conflitos entre os dois reinos estendem-se por mais de 15 anos.<br /><br />1641 – Inicia-se a invasão holandesa no Maranhão, que perdura até 1644, quando os holandeses são expulsos pelos portugueses. Essa invasão foi ordenada por Maurício de Nassau, que procura consolidar as posições holandesas no país antes que o armistício entre Holanda e Portugal fosse amplamente divulgado no Brasil.<br /><br />1645-1654 – Após a volta de Maurício de Nassau à Holanda, os proprietários de terras de Pernambuco passam a ter mais dificuldade em conseguir crédito na Companhia Holandesa das Índias Ocidentais. Os latifundiários dão início à Insurreição Pernambucana com o objetivo de expulsar os holandeses. No começo, Portugal não dá nenhum auxílio, interessado em garantir o apoio da Holanda para enfrentar a Espanha na luta pelo fim da União Ibérica. Em 1648 e 1649, forças militares do Maranhão e do governo geral da Bahia derrotam os holandeses na Batalha dos Guararapes. A insurreição só acaba quando os holandeses, enfraquecidos após uma guerra contra a Inglaterra (1652), se retiram da região, em 1654. A soberania portuguesa sobre a vila do Recife é reconhecida pela Holanda no Tratado de Paz de Haia, de 1661. Para que desistam das terras coloniais, Portugal paga aos holandeses uma grande indenização.<br /><br />1649 – Portugal cria a Companhia Geral de Comércio do Brasil para auxiliar a resistência pernambucana às invasões holandesas e facilitar a recuperação da agricultura canavieira do Nordeste depois dos conflitos. Sua principal atribuição é fornecer escravos e equipamentos aos colonos e garantir o transporte do açúcar para a Europa.<br /><br />1654 – Em troca do apoio recebido na guerra contra a Espanha, Portugal promove a abertura de mercados aos ingleses. No Brasil ficam excluídos apenas os produtos sob monopólio da Coroa: pau-brasil, bacalhau, farinha de trigo, vinho e azeite.<br /><br />1682 – Portugal funda a Companhia de Comércio do Maranhão, para estimular a agricultura de cana-de-açúcar e de algodão por meio de fornecimento de crédito, transporte e escravos.<br /><br />1684 – Proprietários rurais, liderados pelos irmãos Manuel e Tomás Beckman, revoltam-se contra a Companhia de Comércio do Maranhão, que não cumpre a função de fornecer escravos, utensílios e equipamentos. São contrários também às posições dos jesuítas, que impedem a escravização indígena. É a chamada Revolta dos Beckman. A metrópole intervém, Manuel Beckman é executado junto com Jorge Sampaio, outro participante da revolta, e os demais líderes são condenados à prisão perpétua.<br /><br />1694 – Após resistir por várias décadas a constantes investidas e aos grandes ataques, de 1687 a 1694, o Quilombo dos Palmares é destruído em fevereiro por tropas de proprietários pernambucanos, chefiados por Bernardo Vieira de Melo, e do bandeirante paulista Domingos Jorge Velho. Palmares foi o mais importante quilombo do período colonial e durou quase um século. Sua população teria alcançado um número estimado entre 6 mil e 20 mil pessoas, distribuídas numa área de 150 quilômetros de comprimento e 50 quilômetros de largura, localizada entre Pernambuco e Alagoas. O último líder, Zumbi, sobrevive à destruição do quilombo, mas é morto no ano seguinte. Torna-se o principal símbolo da resistência negra à escravidão.<br /><br />1694 – O governo da metrópole garante aos descobridores de ouro e prata a posse das minas. Até então elas eram procuradas e exploradas de forma sigilosa para que não fossem confiscadas pela Coroa. A nova regra é seguida pela exploração de inúmeras áreas de mineração na atual região de Minas Gerais.<br />O ouro nas Minas Gerais – No final do século XVII e início do XVIII são descobertas ricas jazidas de ouro nos atuais estados de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso que atraem portugueses e aventureiros da metrópole e de todas as partes da colônia.Muitos trazem escravos. A Coroa autoriza a livre exportação de ouro, tributado no valor de um quinto da produção, e é instituída a Intendência de Minas, para fiscalizar a atividade mineradora. Era permitido a alguns escravos conservar parte do ouro descoberto para comprar sua liberdade. O período de maior produção ocorre entre 1735 e 1754, quando a exportação anual chega à média de 14,5 mil quilos. A exploração de diamante cresce por volta de 1729, nas vilas de Diamantina e Serra do Frio, no norte de Minas Gerais. Em 1734 é criado o Distrito Diamantino, com uma intendência para administrar as lavras.<br /><br />1708-1709 – Acontece a Guerra dos Emboabas, entre mineradores paulistas, de um lado, e portugueses e brasileiros de outras regiões de outro. Estes últimos eram chamados de emboabas (do tupi buaba, aves com penas até os pés, em referência às botas dos forasteiros). Os paulistas, descobridores de ouro em Minas Gerais, alegam ter preferência sobre a extração. Para garantir o acesso à mineração, os portugueses atacam Sabará sob o comando de Manuel Nunes Viana e conseguem a rendição dos paulistas. Em 1709, o chefe emboaba Bento do Amaral Coutinho desrespeita o acordo de rendição e mata dezenas de paulistas num local que fica conhecido como Capão da Traição. Ao final do conflito, é criada a capitania de São Paulo e das Minas do Ouro.<br /><br />1710-1712 – Os senhores de terras e engenhos pernambucanos, concentrados em Olinda, dependem econômica e financeiramente dos comerciantes portugueses, chamados de mascates, e não aceitam a emancipação do Recife, que agravaria sua situação diante da burguesia lusitana. Quando o Recife se transforma em vila, esses proprietários rurais iniciam a Guerra dos Mascates, atacando a povoação sob a liderança de Bernardo Vieira Melo e Leonardo Bezerra Cavalcanti. O governador Caldas Barbosa, ligado aos mascates, foge para a Bahia. No ano seguinte os mascates reagem e invadem Olinda. A nomeação de um novo governador e a utilização de tropas enviadas da Bahia põem fim à guerra. A burguesia mercantil recebe o apoio da metrópole, e o Recife mantém a autonomia.<br /><br />1727 – Francisco de Melo Palheta introduz o cultivo do café no Pará, após ter contrabandeado as sementes da Guiana Francesa.<br /><br />1750 – O Tratado de Madri reconhece, com base no direito de posse da terra por quem a usa (o uti possidetis do direito romano), a presença luso-brasileira em grande parte dos territórios coloniais. No Norte e no Centro-Oeste não há dificuldade em acertar limites em decorrência do pequeno interesse espanhol nessas regiões. No Sul, a negociação é conturbada. A Espanha exige o controle do rio da Prata, por sua importância econômica e estratégica, e aceita a Colônia do Sacramento, portuguesa, em troca da manutenção da fronteira brasileira no atual Rio Grande do Sul. Como conseqüência, os jesuítas espanhóis e os índios guaranis de Sete Povos das Missões são forçados a transferir-se para o outro lado do rio Uruguai, provocando a reação indígena na Guerra Guaranítica.<br /><br />1754-1756 – Os guaranis de Sete Povos das Missões recusam-se a deixar suas terras no território do Rio Grande do Sul, e tem início a Guerra Guaranítica. Em resposta à posição indígena, os castelhanos, vindos de Buenos Aires e Montevidéu, e os luso-brasileiros, vindos do Rio de Janeiro sob o comando do general Gomes Freire, entram pelo rio Jacuí combatendo os guaranis missioneiros que tentavam impedir a demarcação da fronteira. Os Sete Povos das Missões são dominados em 1756.<br /><br />1755 e 1759 – O marquês de Pombal, ministro todo-poderoso do rei dom José I de 1750 a 1777, funda a Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e do Maranhão (1755) e a Companhia Geral do Comércio de Pernambuco e Paraíba (1759) para reforçar a atividade extrativista e agroexportadora do Norte e Nordeste, menos estimulada em razão da mineração de ouro e diamante no Sudeste e Centro-Oeste.<br /><br />1759 – O marquês de Pombal decreta a expulsão dos jesuítas do Brasil e de Portugal. A alegação principal é a de que a companhia se tornara quase tão poderosa quanto o Estado, ocupando funções e atribuições mais políticas que religiosas. Setores da própria Igreja admitem que os jesuítas dão excessiva proteção aos nativos, como acontecera na Guerra Guaranítica. Além de fechar a instituição em todo o império português, o marquês de Pombal muda os estatutos dos colégios e das missões e impõe a eles direções leigas.<br />O sistema de capitanias hereditárias é extinto pelo marquês de Pombal. As poucas capitanias que ainda não haviam voltado para as mãos da Coroa portuguesa são compradas ou confiscadas.<br /><br />1763 – O marquês de Pombal determina a transferência da sede do governo geral para o Rio de Janeiro. Um dos fatores que contribuem para essa decisão é a necessidade de ter o centro administrativo mais próximo das regiões de mineração. Os conflitos freqüentes com os vizinhos espanhóis nas regiões Centro-Oeste e Sul reforçam a necessidade da mudança.<br /><br />Vice-reis no Rio de Janeiro<br /><br />Antônio Álvares da Cunha, conde da Cunha (1763-1767); Antônio Rolim de Moura Tavares (1767-1769); Luís de Almeida Portugal Soares de Alarcão d’Eça e Melo Silva Mascarenhas, 2º marquês de Lavradio (1769-1779); Luís de Vasconcelos e Souza (1779-1790); José Luís de Castro, 2º conde de Resende (1790-1801); Fernando José de Portugal e Castro (1801-1806); Marcos de Noronha e Brito, 8º conde dos Arcos (1806-1808).<br /><br />1777 – É assinado o Tratado de Santo Ildefonso, que confirma o Tratado de Madri mas restitui aos espanhóis o direito sobre a região dos Sete Povos das Missões. Os portugueses tentam obter a devolução da Colônia do Sacramento, base estratégica do contrabando de prata trazida da Bolívia e do Peru, porém, não conseguem. Após devolver a região de Sete Povos das Missões aos espanhóis, Portugal assinou um último tratado que definiu a questão de limites na região sul. No ano de 1801, o Tratado de Badajós estabeleceu um novo acordo no qual os espanhóis resolveram abrir mão do território dos Sete Povos das Missões. Por meio dessa ação, os portugueses asseguraram uma boa parte das terras que hoje integram o estado do Rio Grande do Sul.<br /><br />1785 – O governo português proíbe qualquer tipo de indústria no Brasil. O objetivo é dificultar a autonomia da colônia, reduzindo seu desenvolvimento econômico, e, simultaneamente, preservar e aumentar os lucros do comércio da metrópole.<br /><br />1789 – O visconde de Barbacena, governador de Minas Gerais, anuncia a derrama, medida fiscal para arrecadar 596 arrobas (8 940 quilos) de ouro em impostos atrasados. Esse aviso leva um grupo de conspiradores em Vila Rica a acelerar os preparativos da revolta, que se torna conhecida como Inconfidência Mineira. Com influências iluministas, o grupo defende a independência da colônia. Entre os integrantes estavam intelectuais, advogados e poetas, como José Álvares Maciel, Tomás Antônio Gonzaga, Alvarenga Peixoto e Cláudio Manoel da Costa, padres como Luís Vieira, Carlos Correa de Toledo e Melo e José da Silva Rolim, o tenente-coronel dos dragões, Francisco de Paula Freire de Andrade, e o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes. Também participam das reuniões contratadores (arrecadadores de impostos) portugueses, como Joaquim Silvério dos Reis, Domingos de Abreu Vieira e João Rodrigues Macedo. Devedores da Coroa portuguesa, os contratadores trocam o perdão de suas dívidas pela delação dos planos do grupo. A maioria dos conjurados acaba presa. O processo judicial é feito no Rio de Janeiro, e em 1792 são anunciadas as sentenças dos réus. Vários condenados à morte têm a pena comutada em prisão ou degredo na África. Tiradentes é o único a não obter clemência, sendo enforcado no largo da Lampadosa, no Rio de Janeiro.<br /><br />A Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Alfaiates, ocorre em Salvador, relacionada com a crise do sistema colonial e com os movimentos pela independência. Participam representantes das camadas populares, com grande número de negros e mulatos, escravos e libertos. Intelectuais, estudantes, comerciantes, artesãos, funcionários e soldados, inspirados nos ideais da Revolução Francesa, lançam folhetos clandestinos e proclamam a República Baiense, conclamando a população de Salvador a defendê-la. Além da independência, eles desejam uma sociedade baseada na liberdade e na igualdade dos cidadãos, com o fim da escravidão. Mas os preparativos para o levante armado fracassam, e muitos acabam presos. No início de 1799 quatro homens são enforcados: dois soldados, Lucas Dantas e Luís Gonzaga das Virgens, e dois alfaiates, João de Deus Nascimento e Manoel Faustino, todos mulatos.<br /><br />1808 – A Corte portuguesa transfere-se para o Brasil, num total de 12 mil pessoas, aproximadamente. Portugal havia sido invadido no final de 1807 por tropas do imperador Napoleão Bonaparte após ter rejeitado o bloqueio continental decretado pela França contra o comércio com a Inglaterra. Com o apoio da esquadra britânica, dom João, regente do reino no lugar de sua mãe, dona Maria I, chega à Bahia em janeiro e dois meses depois segue para o Rio de Janeiro.<br />Entre as primeiras decisões tomadas por dom João está a abertura dos portos às nações amigas. Com isso, o movimento de importação e exportação é desviado de Portugal, então ocupado pelos franceses, para o Brasil. A medida favorece tanto a Inglaterra, que usa a colônia portuguesa como porta de entrada de seus produtos para a América espanhola, quanto os produtores brasileiros de bens para o mercado externo. Dom João também concede permissão para o funcionamento de fábricas e manufaturas no Brasil. São fundados no Rio de Janeiro o Banco do Brasil e o Jardim Botânico.<br /><br />1810 – É assinado por dom João acordo que concede tarifas preferenciais às mercadorias inglesas no Brasil. Produtos importados da Inglaterra ou vindos em navios desse país estão submetidos a um imposto de 15%. Produtos portugueses pagam 16% e os de outras nacionalidades, 24%. As taxas das mercadorias portuguesas só são equiparadas às das inglesas em 1818.<br /><br />1815 – Depois de criar a Academia Militar e da Marinha, a Biblioteca Real e a Imprensa Régia, dom João eleva o Brasil à condição de Reino Unido a Portugal e Algarves. A intenção é de que a monarquia portuguesa, transferida para o Brasil, esteja formalmente representada no Congresso de Viena, onde se reorganiza o mapa político da Europa após a derrota de Napoleão.<br />Capitanias no início do século XIX<br />Gerais: Grão-Pará, Maranhão, Pernambuco, Baía de Todos os Santos, Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Rio de Janeiro e São Paulo.<br />Autônomas: Ceará, Paraíba.<br />Subalternas: São José do Rio Negro (corresponde ao atual Amazonas e Roraima), Piauí, Rio Grande do Norte, Espírito Santo, Santa Catarina, Rio Grande de São Pedro (atual Rio Grande do Sul).<br /><br />1816 – Dom João envia forças navais para sitiar Montevidéu e ocupar a Banda Oriental (atual Uruguai), território integrante do antigo Vice-Reinado do Prata. O objetivo é se tornar regente do império colonial espanhol na América. Em 1821, a Banda Oriental é anexada ao território brasileiro.<br />Para desenvolver as artes no país, dom João contrata artistas e intelectuais na França. A Missão Francesa tem entre seus integrantes os pintores Jean-Baptiste Debret e Nicolas Antoine Taunay e o arquiteto Grandjean de Montigny.<br /><br />1817 – O estabelecimento da Corte portuguesa no Brasil reforça o poder central no Rio de Janeiro e enfraquece as províncias. Com o mau desempenho do açúcar, aumentam as dificuldades da economia das regiões produtoras. Nesse cenário ocorre a Revolta Pernambucana, inspirada na Revolução Francesa, na independência dos Estados Unidos e nas lutas de emancipação da América hispânica. Latifundiários, comerciantes, padres e bacharéis conspiram contra os militares e comerciantes portugueses, responsabilizados pelos problemas da província. Os revoltosos querem tirar o controle do comércio das mãos de portugueses e ingleses. Em março, a revolta espalha-se pelas ruas do Recife, e o governador, Caetano Pinto, foge para o Rio de Janeiro. Os rebeldes organizam o primeiro governo brasileiro independente e proclamam a República. Mas, sem o apoio das demais províncias nordestinas, são cercados e atacados pelas forças legalistas em maio e derrotados no mês seguinte.<br /><br />1818 – Com a morte da mãe, dona Maria I, o regente é coroado rei de Portugal, do Brasil e de Algarves, no Rio de Janeiro, com o título de dom João VI.<br /><br />1819 – Com a vinda de imigrantes suíços para a região de Nova Friburgo, no Rio de Janeiro, têm início as primeiras experiências de substituição de mão-de-obra escrava por imigrantes estrangeiros, principalmente europeus. Esse movimento, no entanto, se torna mais significativo a partir de 1870.<br /><br />1821 – O Brasil anexa a Banda Oriental (atual Uruguai) a seu território, como Província Cisplatina. Localizada na entrada do estuário do Prata, a Cisplatina é uma área de alto valor econômico e estratégico para brasileiros e argentinos em relação ao controle da navegação e ao comércio de toda a bacia Platina.<br />As Cortes Constituintes – o Parlamento português – impõem a dom João VI o juramento antecipado da primeira Constituição portuguesa e exigem sua volta. No ano anterior havia estourado em Portugal a Revolução do Porto, movimento liberal e antiabsolutista da burguesia. Depois de se comprometer a seguir a futura Constituição, dom João VI regressa a Portugal, deixando dom Pedro, seu filho mais velho, como regente do Reino Unido do Brasil. Dom João submete-se ao regime constitucionalista, mas readquire plenos poderes monárquicos em 1823, enfrentando sua mulher, a espanhola Carlota Joaquina, e seu filho dom Miguel na luta pelo trono.<br /><br />1822 – Pressionado pelas Cortes Constituintes, dom João VI chama dom Pedro a Lisboa. O príncipe regente resiste às pressões por considerá-las tentativa de esvaziar o poder da monarquia. Sua decisão de permanecer no Brasil é anunciada no dia 9 de janeiro, o Dia do Fico. Ele conta com o apoio de um grupo de políticos brasileiros, defensor da manutenção do Brasil como Reino Unido, que organiza um abaixo-assinado pedindo-lhe que não deixe o Brasil.<br />Dom Pedro recusa fidelidade à Constituição portuguesa e convoca a primeira Assembléia Constituinte brasileira. Após ter declarado inimigas as tropas portuguesas que desembarcassem no Brasil, o príncipe regente publica o Manifesto às Nações Amigas, redigido por José Bonifácio, o Patriarca da Independência, justificando o rompimento com as Cortes de Lisboa e assegurando a independência do Brasil, mas como reino irmão de Portugal. A transição da Idade Média para a Idade Moderna<br /><br />A partir da Segunda metade do século XV, o mundo europeu sofreu grandes transformações políticas, econômicas, sociais e culturais. Estas transformações, que marcam o fim da Idade Média e o início dos Tempos Modernos, trouxeram como conseqüência a expansão comercial européia e levaram aos Descobrimentos Marítimos.<br /><br />No campo político, houve o fortalecimento e centralização do poder real;<br />Na economia, o comércio tornou-se mais importante;<br />Na sociedade, surgiu e se fortaleceu uma nova classe social: a burguesia;<br />No campo cultural, houve o Renascimento artístico;<br />Nas ciências, houve o progresso técnico e científico;<br />No campo religioso, o Cristianismo foi divulgado em outros continentes.<br />As rotas comerciais que ligavam Europa, Ásia e África tinham como centro de<br />convergência o Mar Mediterrâneo.<br />O Comércio das Especiarias<br /><br />Especiarias eram produtos raros, vindos principalmente do oriente, que passaram a ser consumidos em larga escala pelos europeus desde a época das Cruzadas (Idade Média). Exemplos: pimentas, canela, cravo, seda, marfim, cânfora, nós moscada, gengibre, alóes, incenso, sândalo, perfumes e produtos aromáticos. Constantinopla, cidade pela qual as especiarias orientais chegavam à Europa, onde eram distribuídas com grandes lucros, pelos navios das repúblicas de Gênova e Veneza, foi conquistada pelos turcos otomanos, em 1453. Importante: O comércio das especiarias do Oriente fez desenvolver o Capitalismo europeu na sua fase mercantilista. Favoreceram Portugal e Espanha a se lançarem nas Grandes Navegações: a posição geográfica privilegiada, a tradição marítima (atividade pesqueira) e a centralização política pioneira, devido à "Reconquista" (luta dos cristãos contra os árabes).<br />Dois foram os principais ciclos de navegação: leste ou oriental (ciclo dos Portugueses) e oeste ou ocidental (ciclo dos Espanhóis).<br />Ciclo Português<br /><br />O ciclo oriental ou português visava a contornar o litoral da África para chegar às Índias (oriente). O grande impulso para os descobrimentos portugueses foi a criação do Centro de Geografia e Náutica, localizado em Sagres (sul de Portugal), pelo Infante Dom Henrique("O Navegador"). O Estado financiava as pesquisas e reservava para si a exclusividade das viagens. A tomada de Celta, em 1415, no norte da África, marcou o início das conquistas de além-mar.<br />Ciclo Espanhol<br /><br />O ciclo ocidental ou espanhol objetivava chegar ao Oriente (Índias) viajando pelo ocidente ("El Ocidente por el poniente"), segundo os planos do navegador Cristóvão Colombo, natural de Gênova (Itália), que acreditava na esfericidade ou redondeza da terra. Recebeu apoio dos "Reis Católicos" que governavam a Espanha: Fernão (rei de Aragão) e Isabel (rainha de Castela). Suas caravelas eram: Santa Maria (nau capitânia), Pinta e Nina.<br />O Tratado de Tordesilhas<br /><br />O descobrimento da América quase levou Portugal a declarar guerra á Espanha pois o rei daquele país julgava-se lesado em seus direitos. Para solucionar o problema da partilha (divisão) das terras descobertas, o Papa Alexandre VI, a pedido dos "Reis Católicos", por intermédio da Bula Intercoetera (1493) estabeleceu os limites das terras entre Portugal e Espanha, através de um meridiano imaginário que seria contado a partir de 100 léguas a oeste das Ilhas de Cabo Verde e Açores, o que não foi aceito por Portugal. Os países ibéricos chegaram a um acordo através do Tratado de Tordesilhas ou de participação do Mar Oceano, assinado em 1494. Ficou estabelecido que as terras e Ilhas a leste do meridiano, a contar de 370 léguas das Ilhas de Cabo Verde, pertenceriam a Portugal e, as que ficassem a oeste da mesma linha, pertenceriam à Espanha.<br /><br />Conseqüências da expansão marítima e comercial européia:<br />surgimento de Impérios Coloniais regidos pela política mercantilista;<br />oceano Atlântico passou a ser o principal centro comercial;<br />propagaram-se os conhecimentos geográficos e astronômicos e os das ciências naturais;<br />baixou o preço de custo das especiarias e drogas;<br />surgiram as companhias de comércio;<br />a burguesia passou a ter maior importância social e influência política.<br />O Descobrimento do Brasil<br /><br />Após o descobrimento do caminho marítimo para as Índias, o rei de Portugal,Dom Manuel I, "O Venturoso", (da dinastia de Ávis) organizou poderosa esquadra com objetivo de fundar feitorias no Oriente (Calicute). Esta expedição, que foi chefiada pelo fidalgo Pedro Álvares Cabral, senhor de Bel Monte e Alcaide - Mor de Azurara, descobriu o Brasil no dia 22 de abril de 1500.<br />A Viagem de Cabral<br /><br />Na viagem, durante a travessia do Atlântico desgarrou-se a nau (barco) de Vasco de Ataíde. O primeiro ponto avistado foi o Monte Pascoal, no dia 22 de abril de 1500. Após o contato inicial amistoso com os índios, a esquadra fundeou na atual baia de Cabrália ("Porto Seguro"). Tendo Gaspar de Lemos retornado a Portugal levando cartas relativas ao descobrimento, a esquadra prosseguiu viagem para as Índias, após deixar no Brasil dois degredados. Denominou-se "Semana de Vera Cruz" ao período em que a esquadra de Cabral esteve no Brasil.<br /><br />Documentos sobre a descoberta<br />Os principais documentos sobre o descobrimento são:<br />Carta de Pero Vaz de Caminha ao rei de Portugal Dom Manuel I;<br />Carta do Mestre João ao mesmo rei;<br />Relação do piloto Anônimo;<br /><br />Carta de Dom Manuel I aos reis Católicos.<br />Nomes dados à terra<br />Cabral chamou-a de Terra de Vera Cruz, enquanto Caminha denominou-a Ilha de Vera Cruz. O nome Brasil foi devido à abundância de madeira tintorial (Ibirapitanga), que os europeus chamavam de pau-brasil.<br /><br />Teorias do Descobrimento<br />As duas teorias que surgiram para explicar o Descobrimento do Brasil são: intencionalidade (mais aceita) e casualidade (acaso).<br />II - A COLONIZAÇÃO<br /><br />Mercantilismo e colonização<br />A colonização na época moderna aparece como um desdobramento da expansão marítima e comercial européia, que assinala o inicio dos Tempos Modernos. O sistema de colonização que a política mercantilista visa a desenvolver, subordina se ao Mercantilismo: a função da Colônia seria completar a economia metropolitana.<br /><br />A história colonial do Brasil está vinculada à expansão comercial e colonial da Europa. O sistema colonial é o conjunto de relações entre as metrópoles e suas respectivas colônias em uma determinada época histórica.<br />Colônias de povoamento e de exploração<br />Colônias de povoamento. Nos termos característicos do sistema colonial mercantilista, elas podem ser consideradas um foco de desajuste. Toda sua organização econômica não está montada para a metrópole, não se constituindo desse modo como economia complementar. A produção é feita para o consumo interno, caracterizando-se pela diversificação de seus produtos. A pequena propriedade é o tipo predominante, normalmente localizadas em áreas de clima temperado.<br />Colônias de exploração. Podem ser consideradas como as mais típicas da colonização européia. Toda organização econômica está em função do mercado externo. Coerentemente, a grande propriedade, a monocultura e o trabalho escravo são os pilares dessas economias complementares. A que particularmente nos interessa é a América portuguesa, que pode ser definida como colônia de exploração.<br /><br />Período pré - colonial (1500 - 1530)<br />Corresponde à fase da exploração do pau-brasil. Neste período o rei de Portugal tomou as seguintes providências: enviou expedições exploradoras, arrendou o Brasil e enviou expedições guarda-costas. As expedições de Gaspar de Lemos (1501) e de Gonçalo Coelho (1503) vieram fazer o reconhecimento do litoral brasileiro.<br /><br />Portugal arrendou o Brasil a um grupo de cristãos novos (judeus) chefiados por Fernão de Noronha. Este também recebeu a primeira Capitania Hereditária (1504): a ilha de São João ou da Quaresma, hoje integrantes do arquipélago de Fernando de Noronha. Pelo arrendamento, era permitido extrair pau-brasil e estabelecia a obrigatoriedade de fundar feitorias (armazéns fortificados). Para reprimir (combater) o contrabando do pau-brasil, realizado principalmente por corsários franceses, foram enviadas duas expedições policiadoras (guarda-costas) de 1516 e 1526, chefiadas por Cristóvão Jacques.<br /><br />Neste período, a atitude de Portugal em relação ao Brasil é de desinteresse pois o comércio oriental (das especiarias) é o foco central do comércio externo português. Além disso, o que a colônia recém descoberta poderia oferecer?<br />Não há nenhum produto que possa atrair a política mercantilista portuguesa. Em outras palavras, qualquer tentativa de aproveitamento da terra implicaria em gastos para a metrópole.<br /><br />Extração do pau-brasil<br />O pau-brasil existia com abundância na orla litorânea, desde o Rio Grande do Norte até a região fluminense (Cabo Frio). A viagem da nau Bretoa está ligada a um grande carregamento desta madeira.<br />Conhecido pelos índios como "Ibirapitanga" e batizado pelos europeus como pau¬brasil, teve fácil aceitação na Europa como material colorante, próprio para tingir tecidos. Descoberto o produto, foi imediatamente declarado monopólio da Coroa e sua exploração feita pela iniciativa privada (particular), tendo a frente Fernão de Noronha. No período pré - colonizador (1500 - 1530), a extração do pau - brasil constituiu-se na mais importante atividade econômica.<br />O grande número de indígenas existente na costa permitiu aos portugueses que a exploração dessa madeira tintorial (pau - brasil) fosse realizada com facilidade, através da utilização da mão de obra indígena sob a forma de Escambo ou comércio de troca.<br />Conseqüências da extração do pau - brasil: • ocasionou o surgimento de feitorias. Estas não chegaram a fixar o colono europeu ao solo; • influenciou na substituição do nome de Terra de Santa Cruz pelo de Brasil.<br /><br />É claro que, desde a descoberta, a metrópole reserva para si a exclusividade da exploração do pau - brasil. Assim, a Coroa passa a ter controle sobre o produto, inserindo-o do mesmo sistema comercial que vigorava no Oriente, isto é, o Estanco: a metrópole pode fazer concessões a particulares mediante pagamento de direitos. Toda a exploração é feita com o consentimento do rei de Portugal.<br />Importante: Em relação a nossa colonização, a exploração do pau - brasil não favoreceu a criação de núcleos fixos de povoamento, pois era uma atividade nômade.<br />A colonização: Esta fase tem início em 1530 quando Portugal toma providências visando a ocupação sistemática (efetiva) do litoral brasileiro. Principais medidas: expedição colonizadora de Martim Afonso de Souza (1530/ 32), divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias e instituição do Governo geral.<br />As razões da colonização podem ser assim resumidas:<br /><br />comércio português das especiarias nas Índias (Oriente) estava em decadência;<br />Portugal corria o risco de perder o Brasil devido á presença dos corsários franceses no litoral<br />a possibilidade de encontrar jazidas minerais.Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-80830416144026341722010-04-04T15:07:00.000-03:002010-04-04T15:08:19.445-03:00Professor Marcos Tadeu C. desenvolve projetos para o Governo Federal (Ministério da Cultura)Entre seus vários projetos o escritor e professor Marcos Tadeu Cardoso, criou projetos que estam em processo de aprovação pelo Governo Federal em Parceria com o Ministério da Cultura.<br />Dentre seus projetos vale ser destacado o MAIOR PROJETO DE PESQUISA em Minas Gerais, o <span style="font-weight:bold;">'ENCICLOPÉDIA MINEIRA'</span>, já registrado; vários outros projetos foram desenvolvidos pelo professor, que hoje é conceituado como uma AUTORIDADE INTELECTUAL do NORTE DE MINAS.Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-15156668437218988662009-08-20T00:29:00.004-03:002009-12-18T17:46:37.129-02:00Novo livro<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj13UsZMruojY-kofDcA2dXzo-w2Myevqim8vq2cUjEMHmV6AB2HzUzj_a_KtaA8RWNYcQDwGTK6QzP4K-QpKvnMNOcClkraGQigkxv-sfzitcGX-urisUbTZhRp3M49AmEmExweOS74B7f/s1600-h/CARTAZ.jpg"><img style="float:left; margin:0 10px 10px 0;cursor:pointer; cursor:hand;width: 223px; height: 320px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj13UsZMruojY-kofDcA2dXzo-w2Myevqim8vq2cUjEMHmV6AB2HzUzj_a_KtaA8RWNYcQDwGTK6QzP4K-QpKvnMNOcClkraGQigkxv-sfzitcGX-urisUbTZhRp3M49AmEmExweOS74B7f/s320/CARTAZ.jpg" border="0" alt=""id="BLOGGER_PHOTO_ID_5414566018852622882" /></a><br />A VERDADEIRA FACE DOS LIDERES RELIGIOSOS: Bispo Edir Macedo, Profeta William Marrion Branham e Pastor Altemar Freitas Cardoso<br /><br />Nessa série de livros você encontrará uma versão crítica da história, baseado em fontes documentais primárias dos líderes religiosos, nesse volume em especial você encontrará a história do Bispo Edir Macedo, do Profeta William Marrion Branham e do Pastor Altemar Freitas Cardoso. Líderes que influenciaram e que continuam a influenciar a vida de milhares de pessoas. Este volume possibilita aos leitores de maneira geral conhecer a história, o contexto social, econômico e religioso, que moldaram o perfil desses homens, através de um ponto de vista crítico e historiográfico.<br />Nesse trabalho foi constante a busca por relatar elementos comuns e pessoais da vida de cada um deles, sem deixar de revelar os sentimentos e as experiências íntimas, elementos que nortearam um dos objetivos iniciais desse trabalho. Com isso a obra possibilita ao leitor elementos cada vez mais inovadores, sejam eles no âmbito historiográfico, religioso e social. Para possibilitar um trabalho que não figurasse apenas em um contexto biográfico foram realizadas pesquisas, tanto quantitativas quanto qualitativas, com a pretensão de possibilitar aos leitores novos elementos na análise historiográfica e da ciência da religião.<br />Os resultados obtidos nessas pesquisas tiveram como objetivo identificar a influência desses líderes religiosos na vida dos fiéis. Dentre os resultados, constatou-se que para alguns fiéis o seu líder é comparado a um “deus”. Uma porcentagem considerada das pessoas pesquisadas compreende que os escândalos e erros de seus líderes religiosos não comprometem a sua fé. O que torna a leitura desse material tanto interessante quanto importante.<br /><br />Você pode comprar o livro em Moc , na:<br />DISTRIBUIDORA THAIS,<br />Rua: Lafetá; 106, Centro; Montes Claros- MG. Tel: 038 3221-3909;<br /><br />LIVRARIA E PAPELARIA VIDA<br />Rua: Pe Augusto, 106 , Bairro Centro, Montes Claros, MG. <br /><br />OU PELO TEL: 038 3223-5534 / 9804-6580<br /> marcostcj@yahoo.com.brMarcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-65231637544368038022009-04-07T00:43:00.002-03:002009-04-07T00:44:26.220-03:00Curso que vou ministrar<a onblur="try {parent.deselectBloggerImageGracefully();} catch(e) {}" href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6Bh5c_ikBob9BLAOG7PgcD4TwlKjkJSlK3X6zPCCpci0bK9j-6Jcrb6jqTDYfw68F1eS8txfWRhq7P6W6tjoSJYbCK3nzdgq-dMtv1gIkWxd6u6pFhE7_unWi4MYvNg8iop6JsmOIeVjV/s1600-h/MG+Curr%C3%ADculos+oferece+oratoria.jpg"><img style="margin: 0px auto 10px; display: block; text-align: center; cursor: pointer; width: 320px; height: 240px;" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6Bh5c_ikBob9BLAOG7PgcD4TwlKjkJSlK3X6zPCCpci0bK9j-6Jcrb6jqTDYfw68F1eS8txfWRhq7P6W6tjoSJYbCK3nzdgq-dMtv1gIkWxd6u6pFhE7_unWi4MYvNg8iop6JsmOIeVjV/s320/MG+Curr%C3%ADculos+oferece+oratoria.jpg" alt="" id="BLOGGER_PHOTO_ID_5321790186764129906" border="0" /></a>Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-14547017237456257802009-01-18T18:05:00.002-02:002009-01-18T18:12:24.285-02:00Parceria com prefeituras para levantamento da historia de suas cidadesParceria com prefeituras para levantamento da história de suas cidades.<br />Marcos Tadeu Cardoso busca parcerias com prefeituras e entidades, para realizar levantamento historico de cidades e outras entidades.<br />Ele oferece uma equipe de profissionais qualificados, bem como acadêmicos o que resulta em baixo custo no trabalho e uma alta eficiência.<br />Recentemente ele lançou um livro e esta realizando parcerias com prefeituras e outros orgãos públicos e privados.<br />Interessados devem entrar em contato com Marcos Tadeu:<br /><br />0xx38 32235534<br />0xx38 91332507<br />0xx3891943023<br />marcostcj@yahoo.com.brMarcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-64504134223238611822008-10-26T11:38:00.003-02:002008-10-26T12:02:07.071-02:00RESUMO P/PROVA MENSAL E BIMESTRAL DO 4° BIMESTRE.<strong>ESQUEMA, GUERRA FRIA:</strong> <span style="font-size:78%;">Inicio- Ao final da 2ª Guerra mundial -- Enfraquecimento econômico e político dos países europeus -- Bipolaridade mundial -- Cortina de Ferro -- Ausência de confrontos diretos entre EUA e URSS -- Bomba atômica -- Criação da OTAN e do Pacto de Varsóvia -- Descolonização da África e da Ásia -- Revolução socialista na China -- Plano Marchal -- Muro de Berlim (Maior símbolo da Guerra Fria) -- Guerra da Coréia -- Guerra do Vietnã -- Revolução cubana -- Questão dos mísseis -- Perestroika e Glasnort -- Queda do muro de Berlim ( maior representação do fim da guerra fria) .</span><br /><span style="font-size:78%;"></span><br /><span style="font-size:78%;"></span><br /><strong>ESQUEMA, REVOLUÇÃO CUBANA:</strong> <span style="font-size:78%;">Cuba conseguiu libertar-se da Espanha em 1898 -- país passou a ser quase totalmente dominado pelos </span><a class="tags" onclick="javascript:counttag('Norte', 1, 1770476)" href="http://pt.shvoong.com/tags/norte/"><span style="font-size:78%;">norte</span></a><span style="font-size:78%;">- </span><a class="tags" onclick="javascript:counttag('Americanos', 1, 1770476)" href="http://pt.shvoong.com/tags/americanos/"><span style="font-size:78%;">americanos</span></a><span style="font-size:78%;"> -- dominação foi oficializada em 1901, através da imposição da Emenda Platt -- Em 1959, Fidel e Che conseguiram conquistar o poder -- As principais medidas do novo governo foram; • a reforma agrária com distribuição de terras a 200 mil famílias; • redução em 50% nos aluguéis, de 25% nos livros escolares e 30% das tarifas de eletricidade; • nacionalização de usinas, indústrias e refinarias. -- Os EUA reagiram rompendo relações diplomáticas com Cuba em janeiro de 1961 -- Em 1962: “Crise dos Mísseis”, O norte-americano John K., ameaçando invadi-la sob a alegação de que os soviéticos tinham ali instalado mísseis -- URSS retirou os mísseis soviéticos, os norte-americanos não invadiram a ilha -- Cuba foi expulsa da OEA (Organização dos Estados Americanos).</span><br /><br /><strong>ESQUEMA, REVOLUÇÃO CHINESA:</strong> <span style="font-size:78%;">Como vimos, a Revolução Chinesa representou de fato uma mudança de rumos na China nos mais diversos campos: político, econômico, cultural e social. Alguns pontos dão a esta revolução um toque diferenciado: a super população, as dimensões territoriais e a independência em relação a União Soviética já que naquele momento funcionava como mãe do comunismo no mundo (A China só restabeleceu relações diplomáticas em 1989, quando a URSS já se desintegrava). A abertura econômica no final dos anos 70 é vista hoje, como a grande responsável pelo sucesso da revolução. A política não seguiu a economia, mesmo que seus governantes não sejam tão radicais como Mao Tsé -Tung, os anos 80 foram marcados por violentos protestos e repressão, como por exemplo a primavera de Pequim( iniciada por estudantes concentrados na praça da Paz Celestial). A Revolução Chinesa e seus resultados nos deixa uma questão: O atual estágio do capitalismo, com suas discriminações seria menos violento que o socialismo esperimentado pelos povos que esperimentaram tal sistema? Será que estamos caminhando para um termo entre o capital e o social?.</span>Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-6376660170778906255.post-15778485016361032992008-07-19T01:00:00.004-03:002008-12-09T04:43:40.739-02:00Adquira o livro de Marcos Tadeu C.<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNLrEaNmYOwxj5I3jGZ6dSNE9Ui9F99bxDwWBh4kQqDCBjpFMXZE00x7QN-WjTZT_fAULE7Ki6qJw0xzxYr8P1tfPBgGkMS1l254nExj4tsOTFB1N_xQZ8inxI1Q8GMQsJ1g6058y1qjOF/s1600-h/Capa+Livro.JPG"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5224574367279741282" style="FLOAT: right; MARGIN: 0px 0px 10px 10px; CURSOR: hand" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNLrEaNmYOwxj5I3jGZ6dSNE9Ui9F99bxDwWBh4kQqDCBjpFMXZE00x7QN-WjTZT_fAULE7Ki6qJw0xzxYr8P1tfPBgGkMS1l254nExj4tsOTFB1N_xQZ8inxI1Q8GMQsJ1g6058y1qjOF/s320/Capa+Livro.JPG" border="0" /></a><br /><div>Marcos Tadeu escreveu o livro sobre </div><div><span style="font-size:130%;">"Linguagem Corporal em Relacionamentos e Paqueras",</span> </div><div>esse livro é resultado de pesquisas, um livro que contém estudos com aplicação prática, de facil compreensão.<br />adquira ele nas livrarias, ou faça o pedido pelos telefones...<br />0xx38 91225508<br />0xx38 32235534<br />ou pelos e-mails: </div><div><a href="mailto:mar.cj@hotmail.com">mar.cj@hotmail.com</a><br /><a href="mailto:marcostcj@yahoo.com.br">marcostcj@yahoo.com.br</a><br /><a href="mailto:marcostcj@ig.com.br">marcostcj@ig.com.br</a></div>Marcos Tadeu Cardoso de jesus ou Marks Tadeuhttp://www.blogger.com/profile/04433359071040032181noreply@blogger.com0