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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

História de Roma Antiga e o Império Romano
República Romana, expansionismo da Roma Antiga, crise na República , Império Romano
Guerras Púnicas, gladiadores, decadência do Império Romano, mitologia romana

história da fundação de Roma
Mito da fundação de Roma: loba amamentando Rômulo e Remo

Introdução
A história de Roma Antiga é fascinante em função da cultura desenvolvida e dos avanços conseguidos por esta civilização. De uma pequena cidade, tornou-se um dos maiores impérios da antiguidade. Dos romanos, herdamos uma série de características culturais. O direito romano, até os dias de hoje está presente na cultura ocidental, assim como o latim, que deu origem a língua portuguesa, francesa, italiana e espanhola.

Origem de Roma : explicação mitológica
Os romanos explicavam a origem de sua cidade através do mito de Rômulo e Remo. Segundo a mitologia romana, os gêmeos foram jogados no rio Tibre, na Itália. Resgatados por uma loba, que os amamentou, foram criados posteriormente por um casal de pastores. Adultos, retornam a cidade natal de Alba Longa e ganham terras para fundar uma nova cidade que seria Roma.

Origens de Roma : explicação histórica e Monarquia Romana (753 a.C a 509 a.C)
De acordo com os historiadores, a fundação de Roma resulta da mistura de três povos que foram habitar a região da Península Itálica: gregos, etruscos e italiotas. Desenvolveram na região uma economia baseada na agricultura e nas atividades pastoris. A sociedade, nesta época, era formada por patrícios ( nobres proprietários de terras ) e plebeus ( comerciantes, artesãos e pequenos proprietários ). O sistema político era a monarquia, já que a cidade era governada por um rei de origem patrícia.
A religião neste período era politeísta, adotando deuses semelhantes aos dos gregos, porém com nomes diferentes. Nas artes destacava-se a pintura de afrescos, murais decorativos e esculturas com influências gregas.

República Romana (509 a.C. a 27 a.C)
Durante o período republicano, o senado Romano ganhou grande poder político. Os senadores, de origem patrícia, cuidavam das finanças públicas, da administração e da política externa. As atividades executivas eram exercidas pelos cônsules e pelos tribunos da plebe.
A criação dos tribunos da plebe está ligada às lutas dos plebeus por uma maior participação política e melhores condições de vida.
Em 367 a.C, foi aprovada a Lei Licínia, que garantia a participação dos plebeus no Consulado (dois cônsules eram eleitos: um patrício e um plebeu). Esta lei também acabou com a escravidão por dívidas (válida somente para cidadãos romanos).

Formação e Expansão do Império Romano
Após dominar toda a península itálica, os romanos partiram para as conquistas de outros territórios. Com um exército bem preparado e muitos recursos, venceram os cartagineses, liderados pelo general Anibal, nas Guerras Púnicas (século III a.C). Esta vitória foi muito importante, pois garantiu a supremacia romana no Mar Mediterrâneo. Os romanos passaram a chamar o Mediterrâneo de Mare Nostrum.
Após dominar Cartago, Roma ampliou suas conquistas, dominando a Grécia, o Egito, a Macedônia, a Gália, a Germânia, a Trácia, a Síria e a Palestina.

Com as conquistas, a vida e a estrutura de Roma passaram por significativas mudanças. O império romano passou a ser muito mais comercial do que agrário. Povos conquistados foram escravizados ou passaram a pagar impostos para o império. As províncias (regiões controladas por Roma) renderam grandes recursos para Roma. A capital do Império Romano enriqueceu e a vida dos romanos mudou.

Principais imperadores romanos : Augusto (27 a.C. - 14 d.C), Tibério (14-37), Caligula (37-41), Nero (54-68), Marco Aurelio (161-180), Comodus (180-192).

gladiadores lutando - história de Roma
Luta de gladiadores:
pão e circo


Pão e Circo
Com o crescimento urbano vieram também os problemas sociais para Roma. A escravidão gerou muito desemprego na zona rural, pois muitos camponeses perderam seus empregos. Esta massa de desempregados migrou para as cidades romanas em busca de empregos e melhores condições de vida. Receoso de que pudesse acontecer alguma revolta de desempregados, o imperador criou a política do Pão e Circo. Esta consistia em oferecer aos romanos alimentação e diversão. Quase todos os dias ocorriam lutas de gladiadores nos estádios ( o mais famoso foi o Coliseu de Roma ), onde eram distribuídos alimentos. Desta forma, a população carente acabava esquecendo os problemas da vida, diminuindo as chances de revolta.

Cultura Romana
A cultura romana foi muito influenciada pela cultura grega. Os romanos "copiaram" muitos aspectos da arte, pintura e arquitetura grega.
Os balneários romanos espalharam-se pelas grandes cidades. Eram locais onde os senadores e membros da aristocracia romana iam para discutirem política e ampliar seus relacionamentos pessoais.
A língua romana era o latim, que depois de um tempo espalhou-se pelos quatro cantos do império, dando origem na Idade Média, ao português, francês, italiano e espanhol.
A mitologia romana representava formas de explicação da realidade que os romanos não conseguiam explicar de forma científica. Trata também da origem de seu povo e da cidade que deu origem ao império. Entre os principais mitos romanos, podemos destacar: Rômulo e Remo e O rapto de Proserpina.

Religião Romana
Os romanos eram politeístas, ou seja, acreditavam em vários deuses. A grande parte dos deuses romanos foram retirados do panteão grego, porém os nomes originais foram mudados. Muitos deuses de regiões conquistadas também foram incorporados aos cultos romanos. Os deuses eram antropomórficos, ou seja, possuíam características ( qualidades e defeitos ) de seres humanos, além de serem representados em forma humana. Além dos deuses principais, os romanos cultuavam também os deuses lares e penates. Estes deuses eram cultuados dentro das casas e protegiam a família.
Principais deuses romanos : Júpiter, Juno, Apolo, Marte, Diana, Vênus, Ceres e Baco.

Crise e decadência do Império Romano
Por volta do século III, o império romano passava por uma enorme crise econômica e política. A corrupção dentro do governo e os gastos com luxo retiraram recursos para o investimento no exército romano. Com o fim das conquistas territoriais, diminuiu o número de escravos, provocando uma queda na produção agrícola. Na mesma proporção, caia o pagamento de tributos originados das províncias.
Em crise e com o exército enfraquecido, as fronteiras ficavam a cada dia mais desprotegidas. Muitos soldados, sem receber salário, deixavam suas obrigações militares.

Os povos germânicos, tratados como bárbaros pelos romanos, estavam forçando a penetração pelas fronteiras do norte do império. No ano de 395, o imperador Teodósio resolve dividir o império em: Império Romano do Ocidente, com capital em Roma e Império Romano do Oriente (Império Bizantino), com capital em Constantinopla.
Em 476, chega ao fim o Império Romano do Ocidente, após a invasão de diversos povos bárbaros, entre eles, visigodos, vândalos, burgúndios, suevos, saxões, ostrogodos, hunos etc. Era o fim da Antiguidade e início de uma nova época chamada de Idade Média.

Resumo: Roma Antiga
esumo sobre a Civilização Romana

1. Características Gerais I
* Os romanos deixaram uma herança rica na literatura, arquitetura, direito, escultura, na atividade militar, entre outras.
* A cultura romana teve forte influência dos gregos, em especial na arte, na literatura, na ciência, na filosofia, além dos aspectos religiosos.
* Há várias versões sobre a origem de Roma, que, a partir de uma aldeia se transformou em um grande império.

>>> Não deixe de conferir:
Questão (Enem-2000): Roma Clássica

2. Características Gerais II
* Um destas versões, considerada lendária, conta que a cidade foi fundada pelos gêmeos Rômulo e Remo , provenientes das tribos latinas da Europa Central.
* Outra versão, embasada em documentos e arqueologia, diz que a região foi povoada por várias tribos, como úmbrios, samnitas, sabinos e, posteriormente, dominada pelos etruscos .
* A história da Roma Antiga se divide em três períodos: Monarquia, República e Império.

>>> Não deixe de conferir:
- Atlas Histórico: Itália Antiga
- Atlas Histórico: Colonização Grega, Fenícia e Etrusca

3. Período Monárquico
* O Período Monárquico ocorreu entre 753 a.C. e 509 a.C., aproximadamente.
* Durante este período, Roma foi dominada pelos etruscos. Sob os reis etruscos, foram realizadas obras públicas, como drenagem de pântanos, construção de esgotos, templos, etc.
* Em 509 a.C., os romanos derrubaram o rei etrusco Tarquínio, o Soberbo, e fundaram uma república.

>>> Não deixe de conferir:
Vídeo: O mundo Romano-da monarquia a República

4. Sociedade
* A sociedade , neste período, se dividia em classes:
o Patrícios: grandes proprietários de terras.
o Clientes: grupo de pessoas, geralmente plebeus ou estrangeiros, que estavam ligados aos patrícios.
o Plebeus: formavam a maioria da população, constituindo-se de pequenos agricultores, comerciantes, pastores e artesãos.
o Escravos: não tinham direitos políticos, não sendo considerados cidadãos. Muitos escravos se tornavam gladiadores em Roma.

5. Os Gladiadores
* Gladiadores eram guerreiros que lutavam em arenas. Seu nome deriva do gládio, espada utilizada por soldados. Sua função era entreter o público. Costuma ser dito que a estratégia das elites em desviar a atenção do povo através de comida e diversão era denominada “ Política do Pão e Circo ”
* Entre os principais tipos de gladiadores, estavam o trácio, o murmillo, o hoplomaco, o retiário, entre outros. Cada um utilizava armas e armaduras específicas.
* Haviam vários tipos de lutas nas arenas romanas, como Ludus Magnus, lutas de gladiadores contra gladiadores; Venatium : lutas envolvendo animais; Naumachias : lutas com embarcações de grande ou pequeno porte; Equitarium : lutas envolvendo corridas de cavalo ou desafios de bigas.
* Algumas destas lutas deixavam evidente a tecnologia de arenas como o Coliseu, que foi construído entre os anos 70 e 90. Esta arena tinha uma aprimorada estrutura interna, engrenagens que permitiam inundações em lutas aquáticas, assim como cobertura externa.

>>> Não deixe de conferir:
- Game: Gladiadores Romanos
- Top 5 gladiadores que lutavam nas arenas romanas

6. Período Republicano I
* O Período Republicano ocorreu entre 509 a.C. e 23 a.C., aproximadamente.
* Neste período, Roma foi governada por dois cônsules. Estes eram auxiliados por senadores, responsáveis pelas finanças, assuntos externos e criação de leis.
* Durante períodos de guerras, a cidade podia ser governada por um ditador.
* República é uma palavra de origem latina que significa “coisa do povo”.Porém, as instituições eram comandadas pelos patrícios, tendo os plebeus pouca ou nenhuma participação política.

7. Período Republicano II
* Esta situação se inverteu com uma luta entre patrícios e plebeus, que se estendeu por quase dois séculos, e que resultou na conquista de alguns direitos por parte da plebe.
* Dentre estes direitos , podemos destacar a Lei das Doze Tábuas, que definia direitos e deveres dos plebeus. Estas leis viraram referência no estudo do Direito.
* Foi criada a Lei da Canuléia, que permitia o casamento entre patrícios e plebeus. Estes conquistaram, também, o direito de exercer cargos sacerdotais e políticos.
* Além disso, surgiram os Tribunos da Plebe, que representavam os interesses dos plebeus no senado.

8. Expansão Romana
* A partir da República, Roma iniciou o processo de maior expansão territorial, conquistando toda a península itálica. A ambição dos romanos, porém, estava no além-mar.
* Na disputa pelo Mar Mediterrâneo, Roma entrou em conflito com Cartago, nas chamadas Guerras Púnicas , de 264 a.C. a 146 a.C. Puni era o nome latino dado a Cartago, antiga colônia fenícia.
* Houve três guerras, todas com vitória romana. Na primeira Guerra Púnica, Roma conquistou a ilha de Sicília, ao sul da Itália. Na segunda Guerra Púnica, um dos generais cartagineses, Aníbal, tentou atacar Roma por terra, com um grande exército. Foi derrotado em 202 a.C.
* Na terceira Guerra Púnica, Cartago foi completamente destruída. Assim, o Mar Mediterrâneo passou a ser controlado pelos romanos.
* A partir de então, outras conquistas posteriores consolidaram Roma como um dos maiores impérios da antiguidade. Estas conquistas refletiram em crescimento econômico, maior número de escravos e forte concentração de terras.

>>> Não deixe de conferir:
Atlas Histórico: Império Romano

9. Crise na República
* A abundância de escravos, nas mãos de grandes proprietários de terras, gerou um desequilíbrio econômico e social.
* As lutas políticas fez surgir dois partidos rivais: o partido aristocrático, que defendia o interesse dos mais ricos; e o popular, que desejava redistribuição de terras.
* Nesta luta política se destacaram Tibério e Caio Graco, irmãos que tentaram um projeto de reforma agrária entre 133 a.C. e 121 a.C. Ambos foram assassinados.
* Algumas guerras civis deram origens a ditaduras militares, cujos governantes utilizavam o exército para se manter no poder. De 107 a.C. a 79 a.C. Mário e Sila assumiram o governo.
* Por volta de 72 a.C., o gladiador Espártaco comandou uma revolta de 70 mil escravos. Após algumas vitórias, Espártaco e seus seguidores foram esmagados pelo general Pompeu.

>>> Não deixe de conferir:
Vídeo: Da Crise da República ao Fim do Império Romano

10. Os Triunviratos
* Os Triunviratos foram governos de três pessoas. Porém, desde o início o sistema mostrou-se falho, havendo disputas internas pelo poder. Por volta de 60 a.C., foi criado o Primeiro Triunvirato, composto por Crasso, Pompeu e Júlio César.
* Com a morte de Crasso, Pompeu e Júlio César disputaram o poder. Com a vitória de César, este se tornou ditador perpétuo de Roma, realizando reformas e diminuindo o poder do senado.
* Em 44 a.C., Júlio César foi assassinado em um conspiração no senado, encabeçada por Bruto, que César considerava um filho.
* Com a morte de César, foi criado o Segundo Triunvirato, composto por Lépido, Otávio e Marco Antônio. Na luta que se seguiu, Lépido foi afastado e Otávio venceu Marco Antônio.
* Com o poder nas mãos, Otávio foi proclamado imperador de Roma. Acaba, assim, a República e inicia o Império,que ocorreu entre 27 a.C. e 476 d.C. O Período Imperial , por sua vez, se divide em Alto Império e Baixo Império.

11. Alto Império
* O Alto Império ocorreu entre 27 a.C. e estendeu-se até o século III, aproximadamente. Os imperadores tinham poder quase total e geralmente eram considerados divinos.
* O primeiro imperador foi Otávio, denominado Augusto, que governou durante 41 anos. Este período ficou caracterizado pela hegemonia e prosperidade, denominado Pax Romana, que durou até o século III.
* Outros imperadores, que se destacaram, por bem ou por mal, foram Calígula, Nero, Tito, Marco Aurélio, Sétimo Severo, entre outros.
* Os cristãos, grupo de seguidores das idéias de Jesus Cristo, foram fortemente perseguidos em Roma, em parte porque recusavam-se a adorar os deuses oficiais, assim como não prestavam culto ao imperador, por serem monoteístas.
* Apesar das perseguições, em 313, através do Édito de Milão, o imperador Constantino concedeu liberdade de culto aos cristãos. Mais tarde, o então imperador Teodósio proibiu cultos pagãos, medida que tornaria o cristianismo a religião oficial de Roma.

>>> Não deixe de conferir:
- O novo olhar de Constantino
- Top 5 imperadores mais loucos de Roma

12. Baixo Império
* O Baixo Império ocorreu do século III até 476, aproximadamente. Este período representou o declínio do Império Romano.
* Sufocado por uma crise militar e econômica, o Império foi dividido em dois: Ocidental, com sede em Roma; e Oriental, com sede em Constantinopla.
* Entre os fatores que causaram a queda da parte ocidental, podemos destacar o custo em manter os exércitos nas fronteiras; a perda de controle de regiões, devido ao tamanho do império; aumento dos impostos e corrupção, entre outros.
* A dificuldade em sustentar o exército, possibilitou o recrutamento de povos além das fronteiras de Roma, denominados bárbaros. A perda de controle das fronteiras também permitiu a migração cada vez maior destes povos.
* Assim, em 476, invasões violentas de povos bárbaros consolidaram a queda do Império Romano do Ocidente. O Império Romano do Oriente, porém, sobreviveu por mais alguns séculos.

Você que estuda história, já teve dificuldades em visualizar os territórios ou regiões descritas por seu incansável professor? Se você é professor de história, já teve o desejo de poder usar mapas históricos em sala para não precisar ficar fazendo aqueles desenhos ridículos no quadro? ;)

Se a resposta é sim, os artigos que estou desenvolvendo podem resolver estes problemas. Isto porque estou postando uma série de mapas históricos que vão ajudar você a entender melhor os fatos.


Para não haver problemas com direitos autorais, eu retirei as imagens do Atlas Histórico Escolar, produzido pelo MEC, e que está a disponível para download no portal Domínio Público.

Vou inserir o mapa histórico e a explicação do mapa, em destaque. Ambos extraídos da obra citada acima e não refletem, necessariamente, a opinião deste servo. =D


Clique pra ampliar (muito) a imagem!

>>> Não deixe de conferir:
Resumo: Roma Antiga

Migrações e Invasões dos Povos Bárbaros

Em 395, com a morte de Teodósio, o Império Romano foi dividido em dois: o Império do Ocidente, com capital em Roma, e o Império do Oriente, com capital em Constantinópolis (atual Constantinopla).

Já então estava o Império Romano do Ocidente em plena decadência.

É nesta situação que as primeiras ondas migratórias de bárbaros o vão encontrar. Roma não pôde resistir ás invasões sucessivas e, em 476, cai em poder do bárbaro Odoacro.

0 Império do Oriente conseguiu sobreviver ao do Ocidente de um milênio, como unidade política.

Separado do mundo bárbaro, o também chamado Estado Bizantino, apesar de considerar-se como o legitimo herdeiro de Roma, tornou-se profundamente helenizado.

Evoluiu depois para estado semi-oriental, por sua aproximação com os problemas orientais.

A expansão do Islamismo alcançou o Império Bizantino. Coube aos turcos tomar Constantinopla, o que conseguiram em 1453, no tempo de Maomé II.
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História dos Estados Unidos
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História dos Estados Unidos
Até 1754
1754 até 1789
1783 até 1815
1815 até 1865
1865 até 1918
1918 até 1945
1945 até 1964
1964 até 1991
1991 - presente
Cronologia

A História dos Estados Unidos é a história de um país relativamente jovem, tendo declarado sua independência em 4 de julho de 1776, da Inglaterra. Esta independência seria reconhecida pelos britânicos em 1783, no Tratado de Paris. O território que atualmente constitui os Estados Unidos fora habitado por dezenas de tribos nativos americanas, anteriormente à chegada dos primeiros exploradores europeus na região. Durante o século XVI e o século XVII, estes territórios passaram a ser colonizados por diversos países europeus.

Os britânicos colonizaram a região da costa atlântica, onde eventualmente foram fundadas um total de Treze Colônias. Estas colônias, inicialmente muito diferentes e afastadas politicamente e culturalmente entre si, uniram-se e declararam sua independência em 4 de julho de 1776, tendo esta independência reconhecida pelo Reino Unido após o fim da Revolução Americana de 1776, em 1783, sob os termos do Tratado de Paris. Desde então, os Estados Unidos gradualmente evoluiriam em uma superpotência, passando a exercer crescente influência política, econômica, militar e cultural no panorama mundial.
Índice
[esconder]

* 1 Até 1754
* 2 1754 - 1783
* 3 1783 - 1815
* 4 1815 - 1865
* 5 1865 - 1918
* 6 1918 - 1945
* 7 1945 - 1964
* 8 1964 - 1991
* 9 1991 - Tempos atuais
* 10 Ver também
* 11 Bibliografia
* 12 Ligações externas

[editar] Até 1754

Ver artigo principal: Período colonial dos Estados Unidos

Diversas tribos nativos americanas viviam na região que atualmente constitui os Estados Unidos muito tempo antes da chegada dos primeiros europeus. Cada um destes grupos indígenas era composto por diversas tribos com culturas e idiomas semelhantes, que eram aliados ou neutros entre si. Entre os grupos indígenas dos Estados Unidos, destacam-se os iroqueses, os algonquinos, os hurões, os sioux, os apaches, os uto-astecas, os havaianos e os esquimós. Estas famílias indígenas estavam, por sua vez, divididas em várias tribos menores. Não se sabe ao certo o número total de nativos indígenas que viviam no atual Estados Unidos nos anos que precederam à chegada dos primeiros europeus. Estima-se este número entre um a quinze milhões de índios. Estes números também incluem astecas que viviam no sul do atual Estados Unidos.
Os primeiros colonos.

Os primeiros europeus chegaram ao longo do século XVI. Diferentes nações exploraram e reivindicaram diferentes partes dos Estados Unidos. Os espanhóis foram os primeiros a explorarem as atuais regiões de Flórida, Texas, Novo México, Arizona e Califórnia. Tais regiões continuariam sobre controle hispânico até meados do século XIX. Os espanhóis fundaram o primeiro assentamento permanente em atual território americano, St. Augustine, em 28 de agosto de 1565. Os franceses instalaram-se ao longo da região central do atual Estados Unidos, e neerlandeses e suecos no nordeste. Durante a década de 1640 os neerlandeses expulsaram os suecos da região.

A Virgínia foi a primeira colônia britânica nas Américas. A colônia britânica de Virgínia foi fundada em 1606. Jamestown foi o primeiro assentamento britânico fundado no continente americano. Os colonos britânicos esperavam encontrar ouro ou outros metais preciosos, mas nada encontraram. Ao invés disso, a Virgínia eventualmente tornou-se uma colônia agrária, passando a exportar tabaco para o Reino Unido a partir de 1612. A Virgínia também destaca-se por ter sido a primeira colônia a criar um sistema de governo, a Casa de Burgess, uma câmara legislativa.

Outras províncias coloniais britânicas logo foram fundadas pelo Reino Unido, ao longo do Oceano Atlântico. Massachusetts foi fundada em 1620, e Nova Hampshire, em 1623. A colônia de Nova Iorque foi fundada em 1624. Esta última colônia duplicaria após os britânicos terem expulsado os neerlandeses do nordeste do atual Estados Unidos. Os neerlandeses estavam instalados no que atualmente constitui o sul do Estado de Nova Iorque, em uma colônia chamada Novos Países Baixos, cuja capital era Nova Amsterdam. Os Novos Países Baixos foram capturados em 1664 pelos britânicos, e Nova Amsterdam foi renomeada como Nova Iorque.

O primeiro assentamento permanente em Connecticut foi fundado em 1633, Maryland em 1632, Rhode Island em 1636, Delaware em 1638, Pensilvânia em 1643, Carolina do Norte em 1653, Nova Jérsei em 1660, e a Carolina do Sul, em 1670. Maryland destaca-se por ter sido a primeira colônia a permitir a livre prática de qualquer religião.

O Massachusetts destacou-se em seu pioneirismo na educação, tendo fundado a Faculdade de Harvard - atual Universidade de Harvard - em 1636 - a primeira instituição de educação superior nos atuais Estados Unidos - e o primeiro sistema de educação pública, em 1647. Entre a década de 1650 e a 1660, os britânicos gradualmente conquistaram os Novos Países Baixos, tendo anexado estas colônias neerlandesas definitivamente em 1664. Nova Amsterdão, capital e maior cidade destas colônias, foi renomeada como Nova Iorque. Em 1672, a primeira estrada de maior importância foi fundada nos Estados Unidos, conectando Boston com Nova Iorque. O primeiro jornal foi fundado em 1704, em Boston, sob o nome de Boston News-Letter.

Em 1663, o Rei Carlos I de Inglaterra cedeu a região localizada entre a colônia britânica de Virgínia e a então colônia espanhola de Flórida para oito diferentes proprietários. Esta região era então chamada de Carolina. Em 1712, a Carolina foi dividida em três regiões. A região setentrional tornou-se a Carolina do Norte, e a região central tornou-se a Carolina do Sul. A região sul continuou escassamente habitado, e somente tornou-se oficialmente colônia britânica em 1733, sob o nome de Geórgia.

Em 1753, a população dos Estados Unidos era de um 1,3 milhão de habitantes. A economia do país então era baseada primariamente na agricultura e na exportação de produtos agropecuários a outros países. Então, as Treze Colônias já atraíam milhares de imigrantes anualmente, tornando-se uma sociedade multicultural.
[editar] 1754 - 1783

Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1754-1783)

O período da história dos Estados Unidos da América que estende-se de 1754 até 1783 é marcado pelo crescente movimento da população das Treze Colônias americanas pela independência. As relações entre os colonos americanos e os britânicos passaram a deteriorar-se rapidamente.

Desde meados do século XVIII, tanto as colônias francesas quanto as colônias britânicas na América do Norte expandiram-se. Eventualmente, tanto a França quanto o Reino Unido reivindicaram o território que estendia-se dos Apalaches até o Rio Mississippi. Em 1754, a Guerra Franco-Indígena teve início, entre a colônia francesa de Nova França e as Treze Colônias britânicas. Esta guerra, por sua vez, é considerada parte de um conflito mundial, a Guerra dos Sete Anos. Diferentes tribos indígenas participaram na guerra, algumas ao lado dos britânicos, e outras ao lado dos franceses. Em 1763, o Reino Unido saiu-se vencedor. Segundo os termos do Tratado de Paris, o Reino Unido anexou todos os territórios franceses a oeste do Rio Mississippi - com exceção de New Orleans. Territórios franceses a oeste do Rio Mississippi, bem como New Orleans, tornaram-se colônias espanholas.
Revolução Americana de 1776.

A Guerra dos Sete Anos endividou pesadamente o Reino Unido. Além disso, o Reino Unido, por passar a controlar um território muito maior, foi obrigada a aumentar seus custos em relação à defesa e manutenção da ordem em suas colônias. Como consequência, o governo britânico criou ou aumentou uma série de impostos em todo o Império Britânico, fato que desagradou muito a população americana. Como os colonos americanos não tinham representação no Parlamento do Reino Unido, estes colonos acreditaram que estes impostos eram injustos. Não aos impostos sem representação tornou-se um grito de guerra de vários colonos americanos. Como consequência, muitos colonos americanos passaram a boicotar produtos britânicos vendidos nas Treze Colônias. Em 1765, um grupo de representantes de nove das Treze Colônias juntaram-se em Massachusetts, e passaram a considerar a criação de uma ação conjunta contra o Reino Unido.

À medida que as tensões entre britânicos e os americanos cresciam, os britânicos mandaram tropas no final da década de 1770, que ocuparam as duas maiores cidades americanas à época, Boston e Nova Iorque. Tensões entre colonos americanos e soldados britânicos resultaram no extermínio de cinco colonos americanos, em 5 de março de 1770. Em 1774, os britânicos aprovaram os Atos Intoleráveis, que fechava o porto de Boston e aumentava os poderes dos britânicos sobre as Treze Colônias, entre outras medidas. Os Atos Intoleráveis revoltaram a população americana. Em 5 de setembro de 1774, representantes de 12 das 13 colônias britânicas juntaram-se no Primeiro Congresso Continental, em Filadélfia, e decidiram paralisar todas as relações comerciais entre as colônias e o Reino Unido.

A Revolução Americana de 1776 teve início em 19 de abril de 1775, quando tropas britânicas tentaram apreender armas e suprimentos militares do estado de Massachusetts. Porém, colonos derrotaram estas tropas britânicas. Representantes das Treze Colônias britânicas juntaram-se em Filadélfia, no Segundo Congresso Continental, em 10 de maio de 1775. Em 15 de junho, George Washington foi escolhido líder das forças rebeldes americanas. Em 23 de agosto, o Reino Unido oficialmente declarou guerra contra os rebeldes.
Declaração da Independência dos EUA.

Em 4 de julho de 1776, o Segundo Congresso Continental declarou oficialmente a independência das Treze Colônias. A guerra pela independência estendeu-se entre 1776 e 1783. Inicialmente, os rebeldes americanos dispunham de uma pequena força armada, mal treinada, mal equipada, bem como faltavam líderes e comandantes. Além disso, faltavam armas, suprimentos e fundos econômicos. Apesar disso, a causa da independência era mais importante, e os rebeldes tinham a vantagem em lutar em um enorme e bem conhecido território, que era desconhecido pelas tropas britânicas enviadas às Treze Colônias. Inicialmente, os rebeldes sofreram diversas derrotas. Com o passar do tempo, porém, os rebeldes passaram a dominar a guerra. Os rebeldes americanos também receberam ajuda militar e econômica substancial da França e da Espanha.

Em 3 de setembro de 1783, o Reino Unido reconheceu oficialmente sua derrota, através do Tratado de Paris, terminando oficialmente a guerra pela independência americana. Os Estados Unidos receberam todos os territórios britânicos ao sul dos Grandes Lagos e do Rio São Lourenço, a leste do Rio Mississippi, e ao norte da Flórida, ainda colônia espanhola.
[editar] 1783 - 1815

Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1783-1815)

Em 1787, líderes e representantes dos treze Estados americanos escreveram a Constituição dos Estados Unidos da América, que tornou-se o pilar central do sistema político dos Estados Unidos da América, e centralizou o governo do recém-criado país. Todos os Estados americanos ratificaram a Constituição americana por volta de 1789, tornando-se assim oficialmente Estados dos Estados Unidos da América.

A Constituição Americana instituiu um sistema de colégios eleitorais no país. Em 1789, George Washington, que fora o líder das forças rebeldes americanas na Revolução Americana de 1776, foi escolhido por unanimidade pelos membros do colégio eleitoral como o primeiro Presidente dos Estados Unidos da América. O governo dos Estados Unidos passou a operar de maneira centralizada ainda em 1789, com capital em Nova Iorque. Um ano depois, a capital mudou-se para Filadélfia.

Os Estados Unidos então sofria de diversos problemas, como a falta de infra-estrutura e uma gigantesca dívida pública. Os problemas econômicos do país eram enormes. O país também estava dividido em dois: em um Norte cuja economia baseava-se primariamente no comércio doméstico e na indústria de manufaturação, e cuja população era primariamente contra o trabalho escravo, e em um Sul cuja economia dependia pesadamente da agricultura, cujos produtos - primariamente algodão - eram primariamente vendidos em outros países, e utilizava mão-de-obra escrava. Outro problema foi o início de uma nova guerra, entre a França e o Reino Unido e a Espanha. A França esperava ajuda militar dos americanos. Porém, alguns grupos políticos eram a favor, e outros eram contra. George Washington decidiu-se pela neutralidade, causando atritos políticos e militares entre a França e os Estados Unidos da América. Divergências entre diferentes grupos políticos levaram à criação de dois partidos políticos - o Partido Federalista e o Partido Democrata-Republicano.
Guerra de 1812.

Diversos políticos queriam que o governo controlasse ativamente a economia do país. Outros eram contra a qualquer tipo de interveção do Estado na economia dos Estados Unidos. O Secretário de Estado americano Alexander Hamilton, que era a favor da intervenção do governo dentro da economia nacional, sugeriu aumentar impostos em certos produtos agropecuários, para a arrecadação de mais fundos, que seriam utilizados para o pagamento da dívida. Thomas Jefferson, um dos líderes do grupo contra a intervenção governamental na economia do país, foi contra inicialmente. Porém, Jefferson concordou em apoiar Hamilton, caso este decidisse suportar a mudança da capital americana para o sul. O Congresso americano aprovou o plano financeiro de Hamilton, e também em mudar a capital americana, que mudou-se definitivamente para Washington, Distrito de Columbia, em 1800.

Em 1800, Thomas Jefferson foi eleito Presidente dos Estados Unidos, tendo sido reeleito em 1804. A ideologia político-social de Jefferson era um fraco governo centralizado, e politicamente democrático e balanceado, bem como ampla liberdade aos habitantes do país. Este ideal ficou conhecido como democracia jeffersoniana. Em 1803, Jefferson autorizou a compra de um enorme território, a Louisiana, que dobrou a extensão territorial do país. A Constituição americana não autorizava a compra de territórios estrangeiros, e diversos grupos políticos questionaram a validade da compra. Outros destaque durante o governo de Jefferson foi a ascensão da Suprema Corte.

Em 1803, a França e o Reino Unido novamente entraram em guerra. Ambos os países atacaram navios mercantes americanos. Os Estados Unidos instituíram um embargo contra os dois países, em 1807. O embargo causou grande recessão econômica nos Estados Unidos, e tiveram pouco efeito tanto nos ataques quanto na economia britânica e francesa. James Madison tornou-se Presidente em 1809, e a França concordou em parar de atacar navios mercantes americanos. O Reino Unido, porém, continuou ativamente com estes ataques. Isto, aliado com rumores que constantes ataques indígenas no norte do país estavam sendo incentivados pelos britânicos, desencadearam a Guerra de 1812. Os Estados Unidos declararam guerra oficialmente em 12 de junho de 1812. Tropas americanas atacaram o sul do atual Canadá, mas eventualmente, contra-ataques britânicos forçaram os americanos a recuarem. Os britânicos capturaram e incendiaram prédios governamentais importantes de Washington, DC, em 1814. Eventualmente, porém, os americanos e os britânicos chegaram a um acordo. A guerra terminou em 1815, e nenhum lado oficialmente venceu a guerra. A Guerra de 1812, porém, criou um grande senso de orgulho e de nacionalismo americano, entre a população do país.
[editar] 1815 - 1865

Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1815-1865)

Expansão americana rumo ao oeste.

Após o término da Guerra de 1812, da derrota de Napoleão Bonaparte na Batalha de Waterloo e do Congresso de Viena, todos eventos ocorridos em 1815, uma era de relativa estabilidade iniciou-se na Europa. Líderes americanos passaram a prestar menos atenção a conflitos europeus, bem como o comércio com a Europa, e passaram a dedicar-se mais ao desenvolvimento doméstico do país. Em 1823, o Presidente americano James Monroe instituiu a Doutrina Monroe, onde Monroe avisava às potências européias a não interferirem com nenhuma nação livre no continente americano.

Com o fim da aliança dos britânicos com os nativos americanos, colonos americanos passaram a colonizar áreas, habitadas primariamente por indígenas - muitos dos quais haviam sido movidos à força para a região, da costa atlântica, por ordem do governo americano. Durante a década de 1830, o governo federal deportou forçadamente tribos indígenas do sudeste do país para territórios menos férteis no oeste. Este caso foi parar na Suprema Corte americana, que julgou o caso a favor dos indígenas. Mesmo assim, o Presidente americano à época, Andrew Jackson, ignorou o mandato da Suprema Corte.

Ao longo das primeiras décadas do século XIX, milhares de americanos e imigrantes recém-chegados no país passaram a mover-se em direção ao oeste. Foi o início da expansão americana em direção ao Oceano Pacífico. Muitos destes assentadores instalaram-se até mesmo em áreas não controladas pelos americanos à época, especialmente no Texas e na Califórnia. À medida que a população de regiões e territórios na região central e oeste dos Estados Unidos gradualmente aumentaram, novos territórios e estados foram criados. Este movimento em direção ao oeste foi em parte estimulado pelo Destino Manifesto, criado em 1823.

Então, milhares de colonos viviam em território não-americano, ou em regiões disputadas por outros países. As pessoas que apoiavam o Destino Manifesto acreditavam que os Estados Unidos deveriam controlar toda a América do Norte. Os habitantes americanos que viviam nestas regiões passaram a exigir a anexação destas regiões por parte do governo americano. Estas regiões incluem o norte do México e o Oregon Country, uma região localizada no noroeste dos atuais Estados Unidos e no sudoeste do Canadá, e disputada com o Reino Unido.

Em 1839, o Texas tornou-se independente, tornando-se uma república. O Texas foi anexado pelos Estados Unidos em 1845. Em 1846, o Reino Unido cedeu a região sul do Território de Oregon para os Estados Unidos. Ainda no mesmo ano, a Guerra Mexicano-Americana teve início. A guerra teve fim em 1848, terminando com vitória americana. No Tratado de Guadalupe Hidalgo, assinado em 2 de fevereiro de 1848, o México oficialmente cedia toda a região norte do país para os Estados Unidos. Em 1853, os Estados Unidos compraram uma pequena região, na Compra de Gadsden, que constitui o sul dos atuais Estados de Arizona e Novo México.

Os Estados Unidos já eram então na década de 1850 uma grande potência econômica e militar. Milhares de imigrantes vindos de países europeus instalavam-se anualmente nos Estados Unidos. Porém, as diferenças políticas, sociais e econômicas entre o Norte e o Sul dos Estados Unidos haviam crescido drasticamente desde que o país tornara-se independente em 1783. A população do Norte havia crescido drasticamente, e tinha o quase o triplo da população do Sul. A maior parte dos imigrantes instalavam-se no Norte, cuja economia era pesadamente industrializada, e cuja população era contra o uso do trabalho escravo. O Sul, por sua vez, continuava dependente das exportações de algodão para países europeus.
Guerra Civil Americana.

A maior população dos estados do Norte fez com que esta passasse a dominar a Câmara de Representantes. O equilíbrio político então era somente mantido pelo igual número de estados pró-escravidão e pró-abolicionismo no Senado. Porém, a expansão do país em direção ao oeste criou grande controvérsia. Nortistas acreditavam que a escravidão deveria ser efetivamente proibida nos novos estados que seriam fundados no oeste do país. Já os sulistas eram contra esta proposta. O equilíbrio político no Senado foi mantido até o início da década de 1860, com Estados pró-abolicionistas somente sendo criados quando um segundo Estado, pró-escravista, também era criado. O equilíbrio foi quebrado em 1861, quando o Kansas foi admitido à União como Estado pró-abolicionista. O domínio dos pró-abolicionistas no Congresso americano e a eleição do pró-abolicionista republicano Abraham Lincoln em 1860 fizeram com que 11 Estados pró-escravistas anunciassem secessão dos Estados Unidos, e a fundação dos Estados Confederados da América.

A Guerra Civil Americana teve início em 12 de abril de 1861, quando tropas confederadas atacaram tropas da União em Charleston. A União, ou os Estados Unidos propriamente ditos, dispunha de maior força industrial, econômica e militar, bem como maior população. Os confederados, porém, estavam dispostos a lutar por sua causa. Durante o início da guerra, os confederados venceram diversas batalhas. Porém, a União gradualmente passou a controlar a guerra. Em 1 de janeiro de 1863, Lincoln proclamou, em um gesto simbólico, a Proclamação de Emancipação, que dava liberdade a todo escravo em território confederado. A rendição da principal força confederada, controlada por Robert E. Lee, em 9 de abril de 1865, marca em prática o fim da Guerra Civil, que terminaria oficialmente em 28 de junho, com a rendição das últimas tropas confederadas.
[editar] 1865 - 1918

Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1865-1918)

Ascensão do imperialismo americano.

A Guerra Civil Americana causou grande destruição nos Estados Unidos - especialmente no sul do país. Nenhum conflito causou a morte de mais americanos do que a Guerra Civil Americana. Entre 600 a 700 mil americanos perderam suas vidas nesta guerra civil, mais do que as baixas americanas em todas as guerras que os Estados Unidos estiveram envolvidos desde a Revolução Americana de 1776 até os dias atuais. O Sul, após o final da guerra, foi ocupada por forças americanas. A economia da região então estava completamente destruída. O período que estende-se do final da guerra até 1877, quando as últimas forças americanas desocuparam o Sul, é conhecido como Reconstrução.

Conflitos entre políticos nortistas apareceram quanto ao processo de readmissão dos Estados do Sul para os Estados Unidos da América. Estes políticos dividiam-se em dois grupos: os moderados e os radicais. Os moderados, liderados ao longo da guerra por Abraham Lincoln e posteriomente pelo Vice-Presidente Andrew Jackson (que assumiu o posto de Presidente), queriam por um fim definitivo às diferenças políticas, culturais, econômicas e sociais entre o Sul e o Norte, e eram contra a imposição de punições. Já os radicais exigiam grandes punições contra o Sul. Os radicais, após a guerra, conseguiram aprovar no Congresso americano pesadas punições contra o Sul, e mesmo iniciaram um processo de impeachment contra Jackson. O Senado americano rejeitou este processo por apenas um voto, em 1868.

Os nortistas instalaram nos Estados e nas principais cidades e condados do Sul governos comandados por republicanos, protegidos pelas tropas nortistas. A população do Sul ressentia a presença tanto dos republicanos quanto das tropas. Entre os políticos instalados no poder nestas subdivisões, estiveram diversos afro-americanos, colocados no poder pelo governo americano primariamente com o propósito de humilhar a população branca sulista. O governo americano proibiu o uso do trabalho escravo ainda em 1865, confirmou a cidadania de todos os afro-americanos no país em 1868, e permitiu que qualquer pessoa afro-americana do sexo masculino também tivesse o direito de voto. Apesar disto, a discriminação contra afro-americanos continuaria abertamente em todo o país durante o próximo século no país.

A Reconstrução terminou em 1877. A economia dos Estados Unidos desenvolveu-se rapidamente, grandes malhas ferroviárias foram construídas ao longo do país. Este crescimento estava centralizado primariamente nas cidades. Como consequência, grande migração dos campos para as cidades ocorreram. Os Estados Unidos expandiram seu território em 1867, com a adquisição do Alasca, da Rússia. Em 1898, o Havaí foi anexado pelos Estados Unidos. No mesmo ano, os Estados Unidos entraram em guerra contra a Espanha, na Guerra Hispano-Americana, saindo-se vencedora, e adquirindo Cuba e o Porto Rico. Os americanos conquistaram as Filipinas - então colônia espanhola - em 1903.
Tio Sam e a Primeira Guerra Mundial.

Mais de 25 milhões de imigrantes instalaram-se nos Estados Unidos, entre 1870 e 1916, causando grande crescimento populacional - de 40 milhões de habitantes em 1870 para mais de 100 milhões em 1916. Os principais motivos foram a rápida industrialização dos estados do Norte, a substituição de mão-de-obra escrava por mão-de-obra imigrante nos estados do Sul, e primariamente por causa do Ato Homestead, que dava lotes de terra no oeste americano a baixo ou nenhum custo, incentivando assim o povoamento do oeste americano. Este povoamento, porém, assinalou o fim do estilo de vida das tribos indígenas nos Estados Unidos. Em ordem para dar espaço à cidades e fazendas, os americanos forçaram os indígenas a moverem-se para reservas indígenas. Estes resistiram inicialmente, atacando fazendas e cidades americanas, mas todos os movimentos de resistência por parte dos indígenas acabaram em 1900.

Em 1914, a Primeira Guerra Mundial teve início. Os Estados Unidos não entraram inicialmente na guerra, mas cedeu empréstimos e suprimentos às duas principais potências da Tríplice Entente - Reino Unido e a França. Em 1917, os Estados Unidos entraram na guerra, ao lado da Tríplice Entente, por causa do afundamento de diversos navios americanos por submarinos alemães. Após o final da guerra, as potências Aliadas impuseram pesadas punições contra a Alemanha, sob os termos do Tratado de Versalhes, apesar da insistência do Presidente americano Woodrow Wilson por termos razoáveis de punição. O impacto econômico do tratado na Alemanha foi severo, e a humilhação imposta por este tratado foi uma das razões primárias para que Adolf Hitler assumisse o poder da Alemanha em 1933. Os Estados Unidos não ratificaram o tratado, e ao invés disso, assinaram tratados de paz diferentes com a Alemanha e suas aliadas. A guerra não alcançou os ideais que Wilson prometera, e os americanos decidiram isolar-se do resto do mundo, passando a dar mais atenção a problemas domésticos, longe de relações internacionais.
[editar] 1918 - 1945

Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1918-1945)

Grande Depressão.

Os Estados Unidos até então prosperaram de uma forma muito balanceada. Durante a maior parte da década de 1920, os Estados Unidos passaram por um período de prosperidade não balanceada. Enquanto a indústria de manufatura e a venda de novos produtos recém-inventados, como rádio, filmes e automóveis, crescia, os preços para produtos agropecuários e os salários dos trabalhadores caíram em todo o país. A qualidade de vida nas áreas urbanas crescia gradualmente, e dramáticas melhorias no sistema de planejamento urbano destas áreas urbanas ocorreram, a qualidade de vida caiu nas áreas rurais. Uma das razões da prosperidade econômica em geral dos Estados Unidos durante a década de 1920 foi a extensão de crédito a níveis perigosos, incluindo nas bolsas de valores, que cresceram para níveis perigosamente inflados.

Em 1920, o Congresso americano aprovou a proibição da fabricação, venda, importação e exportação de bebidas alcoólicas em todo os Estados Unidos, em uma tentativa de minimizar diversos problemas sociais. Este ato do Congresso americano ficou conhecido como Prohibition, que terminou em 1933, não tendo sucedido em reduzir o consumo de álcool, e fortalecendo o crime organizado no país. A Proibição, de qualquer maneira, foi a primeira emenda à Constituição americana que regulava diretamente a atividade social, representando o crescente fortalecimento do Estado no país durante as primeiras décadas do século XX.

A quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque, ocorrida em 1929, marca o início de um período de uma década conhecido como Grande Depressão, caracterizada por grande recessão econômica no país. As causas da quebra da bolsa de valores e da Grande Depressão em si são assunto de grande controvérsia até os dias atuais. A quantidade limitada de informações da economia da época sugerem que a indústria de construção e o setor imobiliário estagnaram em 1926, juntando-se ao declínio das indústrias da agricultura, pecuária, mineração e do petróleo. Em todos estes setores, a superprodução e a competição de produtos de outros países baixaram preços e lucros. Os salários não cresceram rápido o suficiente para permitir a possíveis consumidores a compra de novas residências e de outros produtos à venda à época. A exportação de produtos industrializados gradualmente caía, por causa da ascensão do protecionismo no mundo industrializado. A quebra da bolsa de valores drenou a confiança de possíveis consumidores e, mais importante, a confiança de instituições financeiras. Estas tornaram-se extremamente relutantes em investir. Por isto, a economia americana caiu em uma severa depressão econômica. A Grande Depressão foi marcada por níveis muito altos de desemprego, investimentos negligíveis e grande deflação.

Em resposta à recessão, o Congresso e o então Presidente americano Hebert Hoover aprovaram uma tarifa alfandegária, o Ato Tarifário Smoot-Hawley, e, juntamente com outros atos públicos, tentou fixar preços a fazendeiros, e criou um programa de ajuda social, que passou a empregar centenas de pessoas, acreditando que o governo americano era obrigado a manter os níveis de emprego em alta, mas que deveria intrometer-se diretamente o menos possível na economia do país. Estes esforços não tiveram precedentes, e economistas atualmente ainda não chegaram a um consenso sobre a devida precaução destas políticas. Enquanto alguns acreditam que estas medidas pouco serviriam a curto prazo, e foram insuficientes, dado a magnitude da depressão, outros acreditam que estas políticas foram destrutivas, e contribuíram para a agravação da Grande Depressão.
Desembarque da Normandia em 1944.

Com milhões de pessoas desempregadas, grande descontentamento entre a população americana começou a surgir entre as classes trabalhadoras dos Estados Unidos. Uma resposta repressiva do governo americano poderia causar uma revolução socialista a qualquer momento, mas o Presidente Franklin Delano Roosevelt, eleito em 1932, implementou o New Deal, que aumentava a participação e a intervenção do governo americano na economia do país, instituía novas regulações em instituições de comércio - especialmente bancos - para maior estabilidade da economia do país, e criavam um número de programas de ajuda social e econômica aos pobres e desempregados. O ápice da Grande Depressão ocorreu em 1933, e gradualmente desde então, a economia do país gradualmente recuperou-se, embora muito lentamente, apresentando poucas melhorias até o fim da década, e somente terminando com o início da Segunda Guerra Mundial.

O sentimento isolacionista americano caíra, mas tanto a população americana quanto o governo inicialmente eram contra o envolvimento do país na guerra, limitando-se a fornecer suprimentos para o Reino Unido, a China e a União Soviética. Porém, este sentimento mudou drasticamente após o Ataque a Pearl Harbor pela força aérea japonesa, em 7 de dezembro de 1941, e os Estados Unidos rapidamente aliaram-se com os britânicos e os soviéticos, contra o Japão, a Itália e a Alemanha nazi. Mesmo com o envolvimento americano, quase quatro anos foram necessários para a derrota final da Alemanha e do Japão. Em agosto de 1945, bombadeiros americanos realizaram ataques nucleares com bombas atómicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Estes ataques causaram cerca de 300 mil mortos instantaneamente, e um número indeterminado de vítimas posteriormente, devido à contaminação pela radiação. A participação dos Estados Unidos foi essencial na prevenção de uma eventual vitória total das potências do Eixo na Europa e na Ásia.
[editar] 1945 - 1964

Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1945-1964)

Movimento dos direitos civis.

Após o fim da Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos experimentaram um período de grande crescimento econômico. As potências Aliadas (que incluíam os Estados Unidos) financiaram a reconstrução da Alemanha e do Japão, e eventualmente transformaram estes países de ex-inimigos em aliados.

A era pós-guerra nos Estados Unidos foi marcado internacionalmente pelo início da Guerra Fria, onde os Estados Unidos e a União Soviética tentaram expandir sua influência no resto do mundo, à custa de outros países. Esta guerra foi balanceada pelos massivos arsenais nucleares destes países. O resultado foi uma série de conflitos durante este período, incluíndo a Guerra da Coréia em 1950 a 1953 (que resultou em status quo) e a tensa Crise dos mísseis de Cuba de 1962. Dentro dos Estados Unidos, a Guerra Fria gerou preocupações sobre a influência comunista, e também resultou em tentativas do governo americano em encorajar matemática e ciências nos esforços em vencer a corrida espacial.

Este período da história americana caracteriza-se pela explosão populacional do país. Foi o período da explosão populacional americana. Enquanto isto, a migração rural, que foi intensa desde o final da Guerra Civil Americana, começou a cair gradualmente, e o país experienciou um período de expansão econômica sustentável. Ao mesmo tempo, o racismo ao longo do país - especialmente no sul - começou a ser combatido com o crescente movimento dos direitos civis, e por líderes afro-americanos tais como Martin Luther King. Ao longo da década de 1950 e do início da década de 1960, todas as leis de segregação social nos Estados Unidos foram removidas do governo americano, e todos os estados do país foram obrigados a fazer o mesmo. Destacam-se também o início do movimento feminista, do movimento jovem e da criação da geração gap.

O final deste período caracteriza-se pelo início da escalação da Guerra do Vietnã, que teve início em 1957, e duraria até 1975, pelo clímax das tensões entre as os Estados Unidos e a União Soviética, e pelo termo de ofício do Presidente John F. Kennedy, que seria assassinado em 22 de novembro de 1963.
[editar] 1964 - 1991

Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1964-1991)

Guerra do Vietnã.

A crescente impopularidade da Guerra do Vietnã alimentou movimentos sociais já existentes, incluindo o movimento feminismo, minorias étnicas e os jovens. A "Grande Sociedade" do Presidente Lyndon Johnson foi um programa governamental extensivo que incluía a implementação de programas sociais. Durante a década de 1970, o sucessor de Johnson, Richard Nixon, trouxe a Guerra do Vietnã ao fim, à medida que o governo do Vietnã do Sul gradualmente entrava em colapso. A guerra custou aos Estados Unidos 58 mil vidas americanas. O próprio Nixon foi obrigado a renunciar, com o escândalo político de Watergate. O embargo do petróleo da OPEP em 1973 causou a diminuição do crescimento econômico do país, e levou a um período de estagnação econômica, sob o termo de ofício do Presidente Jimmy Carter, durante o final da década de 1970. Então, estações espaciais já haviam sido lançadas, em 1971, e grandes avanços na indústria aeroespacial ocorreram nos Estados Unidos, juntamente com seu oponente, a União Soviética.

O crescente intervencionismo americano em assuntos de outros países, como a aliança e o suposto apoio financeiro e político à política da conquista de territórios árabes (em especial, a Palestina) por parte de Israel fez dos Estados Unidos, cidadãos americanos e instalações militares americanas em outros países, alvo de ataques. Estes ataques passaram a ter início durante a década de 1970. A presença cada vez maior das multinacionais americanas mundo afora fez com que muitos acusassem os Estados Unidos de imperialismo.

Durante a década de 1980, o Presidente Ronald Reagan foi eleito, e instituiu um programa doméstico de cortes em impostos, e um programa internacional agressivo anti-soviético. Embora o déficit dos Estados Unidos expandiu-se rapidamente, o Bloco Socialista começou a entrar em colapso. O colapso ocorreu em 1991, durante o termo do Presidente George H. W. Bush.
[editar] 1991 - Tempos atuais

Ver artigo principal: História dos Estados Unidos (1991-presente)

Ataques de 11 de Setembro de 2001.

Apesar da queda da União Soviética, os Estados Unidos viram-se envolvidos noutra ação militar, a Guerra do Golfo, ocorrida em 1990. Essa ação militar foi necessária depois do exército de Saddam Hussein invadir o Kuwait. O Conselho de Segurança da ONU votou a favor do ataque contra o Iraque e pela expulsão das tropas iraquianas do Kuwait. Essa campanha militar bem sucedida foi empreendida pelo governo americano do Presidente George H. W. Bush que foi sucedido pelo democrata Bill Clinton, em 1992. Clinton liderou os Estados Unidos durante o mais longo período de expansão econômica da história americana, um efeito colateral da revolução digital e de novas oportunidades de negócios criadas pela Internet.

Em 11 de setembro de 2001, já sob a liderança do Presidente George W. Bush, os Estados Unidos sofreram o pior atentado terrorista da história do país e do mundo, que culminou na destruição do World Trade Center, na parcial destruição do Pentágono e na morte de cerca de 3 mil pessoas. Este ataque terrorista, conhecido como Ataques de 11 de Setembro, foi orquestrado pela Al Qaeda, comandada por Osama Bin Laden. Em resposta aos ataques de 11 de setembro, sob a administração do Presidente George W. Bush, os Estados Unidos, com suporte da OTAN e o apoio da ONU, invadiu o Afeganistão e derrubou os Taliban do poder do país com a ajuda da Aliança do Norte, apresentando como justificativa o suposto suporte financeiro, treinamento militar dado pelo país a terroristas, inclusivamente a Al Qaeda.

No entanto, a não captura de Bin-Laden, possibilitou ao Presidente George W. Bush continuar o que ficou conhecido como Guerra Contra o Terror. O primeiro evento significativo desta empreitada foi a invasão do Iraque em 2003, depois que polêmicas em torno da posição do ditador iraquiano, Saddam Hussein, com respeito a inspeções de supostas armas de destruição em massa, levaram o governo de George W Bush a tentar aprovar no Conselho de Segurança da ONU, sem sucesso, a invasão do Iraque e a deposição de Saddam Hussein.

Mesmo sem o aval do Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos invadiram o Iraque, juntamente como outros países aliados tais como o Reino Unido, a Itália e a Espanha, levando rapidamente à deposição e à prisão de Saddam Hussein. Esta segunda invasão mostrou-se contrária a alguns interesses da comunidade internacional, entre países como a França, a Alemanha e a Rússia.

Em 16 de dezembro de 2005, a lei H.R. 4437 foi aprovada pela Câmara dos Representantes. A lei possui o alvo de reforçar o controle americano contra a imigração ilegal, tornando mais rigorosa as medidas contra imigrantes ilegais, e tornando um ato criminoso ajudar um imigrante ilegal permanecer no país. A lei, que está atualmente sendo discutida no Congresso, gerou grandes manifestações populares em diversas cidades do país.
[editar] Ver também

* Cronologia da História dos Estados Unidos

[editar] Bibliografia

* Johnson, Paul M. A History of the American People. [S.l.]: Harper Perennial, 1999. ISBN 0-06-093034-9
* Karnal, Leandro. História dos Estados Unidos: das origens ao século XX. [S.l.]: Contexto, 2007. ISBN 978-85-7244-361-6
* Purvis, Thomas L. A Dictionary of American History. [S.l.]: Blackwell Publishers, 1997. ISBN 1-57718-099-2

[editar] Ligações externas
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Emílio G. Médici
30.10.1969 a
15.03.1974


Márcio Melo
31.08.1969 a
30.10.1969


Augusto Radamaker
31.08.1969 a
30.10.1969


Aurélio Lyra
31.08.1969 a
30.10.1969


Costa e Silva
15.03.1967 a
31.08.1969









Castello Branco
15.04.1964 a
15.03.1967


Paschoal R. Mazzilli
02.04.1964 a
15.04.1964


João Goulart
24.01.1963 a
1º.04.1964


João Goulart
08.09.1961 a
24.01.1963


Paschoal R. Mazzilli
25.08.1961 a
08.09.1961







Jânio Quadros
31.01.1961 a
25.08.1961


Juscelino Kubitschek
31.01.1956 a
31.01.1961


Nereu de O. Ramos
11.11.1955 a
31.01.1956


Carlos Luz
08.11.1955 a
11.11.1955


Café Filho
24.08.1954 a
08.11.1955









Getúlio Vargas
31.01.1951 a
24.08.1954


Gaspar Dutra
31.01.1946 a
31.01.1951


José Linhares
29.10.1945 a
31.01.1946


Getúlio Vargas
10.11.1937 a
29.10.1945


Getúlio Vargas
20.07.1934 a
10.11.1937









Getúlio Vargas
03.11.1930 a
20.07.1934


Augusto Fragoso
24.10.1930 a
03.11.1930


Isaías de Noronha
24.10.1930 a
03.11.1930


Menna Barreto
24.10.1930 a
03.11.1930


Júlio Prestes




Washington Luís
15.11.1926 a
24.10.1930


Arthur Bernardes
15.11.1922 a
15.11.1926


Epitácio Pessoa
28.07.1919 a
15.11.1922


Delfim Moreira
15.11.1918 a
28.07.1919


Rodrigues Alves


Wenceslau Braz
15.11.1914 a
15.11.1918


Hermes Fonseca
15.11.1910 a
15.11.1914


Nilo Peçanha
14.06.1909 a
15.11.1910


Affonso Penna
15.11.1906 a
14.06.1909


Rodrigues
Alves
15.11.1902 a
15.11.1906




Campos Salles
15.11.1898 a 15.11.1902


Prudente de Moraes
15.11.1894 a 15.11.1898


Floriano Peixoto
23.11.1891 a 15.11.1894


Deodoro da Fonseca
25.02.1891 a
23.11.1891


Deodoro da Fonseca
15.11.1889 a
25.02.1891

Publicado em Imagens & Gestos
Brasil – Presidentes
•26, maio 2009 • Deixe um comentário

1) Marechal Deodoro da Fonseca (15/11/1889-25/02/1891)

Nascido em Alagoas, em 1827. Assumiu a chefia do governo provisório em 15 de novembro de 1889, na qualidade de comandante do movimento armado, do qual resultou a proclamação da República. Foi eleito presidente pelo Congresso Nacional a 25 de fevereiro de 1891.

2) Marechal Floriano Peixoto (23/11/1891-15/11/1894)
Nascido em Maceió (Alagoas), em 1839. Na qualidade de vice-presidente, exerceu a Presidência até o fim do quadriênio, autorizado pelo Congresso Nacional, após a renúncia do titular, Deodoro da Fonseca.

3) Prudente de Moraes (15/11/1894-15/11/1898)
Nascido em Itú (São Paulo), em 1841. Eleito diretamente.

4) Campos Sales (15/11/1892-15/11/1902)
Nascido em Campinas (São Paulo), em 1841. Eleito diretamente.

5) Rodrigues Alves (15/11/1902-15/11/1906)
Nascido em Guaratinguetá (São Paulo), em 1848. Eleito diretamente.

6) Afonso Pena (15/11/1906-14/06/1909)
Nascido em Santa Bárbara (Minas Gerais), em 1847. Eleito diretamente.

7) Nilo Peçanha (14/06/1909-15/11/1910)
Nascido em Campos (Rio de Janeiro), em1867. Como vice-presidente, assumiu o governo em virtude do falecimento do titular, Afonso Pena.

8) Marechal Hermes da Fonseca (15/11/1910-15/11/1914)
Nascido em São Gabriel (Rio Grande do Sul), em 1855. Eleito diretamente.

9) Venceslau Brás (15/11/1914-15/11/1918)
Nascido em São Caetano da Vargem Grande (Minas Gerais), em 1868. Eleito diretamente.

10) Delfim Moreira (15/11/1918-28/07/1919)
Nascido em Cristina (Minas Gerais), em 1868. Eleito vice-presidente diretamente. Exerceu a Presidência em substituição ao titular, Rodrigues Alves, que não chegou a tomar posse por motivo de saúde.

11) Epitácio Pessoa (28/07/1919-15/11/1922)
Nascido em Umbuzeiro (Paraíba), em 1865. Eleito diretamente.

12) Artur Bernardes (15/11/1922-15/11/1926)
Nascido em Viçosa (Minas Gerais), em 1875. Eleito diretamente.

13) Washington Luís (15/11/1926-24/10/1930)
Nascido em Macaé (Rio de Janeiro), em 1869. Eleito diretamente.

14) Governo Provisório: General Menna Barreto, General Tasso Fragoso e Almirante Isaías de Noronha (24/10/1930-03/11/1930).
Menna Barreto, nascido em Porto Alegre (Rio Grande do Sul), em 1874; Tasso Fragoso, nascido em São Luís (Maranhão), em 1869; Isaías de Noronha, nascido no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1873. Esta junta governativa assumiu provisoriamente porque o presidente eleito, Júlio Prestes de Albuquerque, não chegou a tomar posse, tendo em vista a eclosão do movimento revolucionário de 24 de outubro de 1930.

15) Getúlio Vargas (03/11/1930-29/10/1945)

16) José Linhares (29/10/1945-31/01/1946)
Nascido em Baturité (Ceará), em 1886. Exerceu a Presidência por convocação das Forças Armadas, como presidente do Supremo Tribunal Federal, tendo em vista a deposição de Getúlio Vargas.

17) Marechal Eurico Dutra (31/01/1946-31/01/1951)
Nascido em Cuiabá (Mato Grosso), em 1885. Eleito diretamente.

18) Getúlio Vargas (31/01/1951-24/08/1954).

19) Café Filho (24/08/1954-08/11/1955)
Nascido em Natal (Rio Grande do Norte), em 1899. Como vice-presidente, exerceu o cargo de presidente em virtude do falecimento de Getúlio Vargas.

20) Carlos Luz (08/11/1955-11/11/1955)
Nascido em Três Corações (Minas Gerais), em 1894. Como presidente da Câmara dos Deputados, exerceu a Presidência da República por motivo de enfermidade do titular, Café Filho, quando foi deposto.

21) Nereu Ramos (11/11/1955-31/01/1956)
Nascido em Lages (Santa Catarina), em 1888. Como vice-presidente do Senado Federal, assumiu a Presidência em virtude do impedimento do presidente Café Filho e do presidente da Câmara, Carlos Luz, conforme deliberação do Senado e da Câmara dos Deputados.

22) Juscelino Kubitschek (31/01/1956-31/01/1961)
Nascido em Diamantina (Minas Gerais), em 1902. Eleito diretamente.

23) Jânio Quadros (31/01/1961-25/08/1961)
Nascido em Campo Grande (Mato Grosso), em 1917. Eleito diretamente.

24) Ranieri Mazzilli (25/08/1961-08/09/1961)
Nascido em Caconde (São Paulo), em 1910. Como presidente da Câmara de Deputados, assumiu a Presidência em virtude da renúncia de Jânio Quadros e ausência do vice-presidente, João Goulart, em viagem à China.

25) João Goulart (08/09/1961-01/04/1964)
Nascido em São Borja (Rio Grande do Sul), em 1918. Foi eleito vice-presidente diretamente em 1960. Assumiu a Presidência por força da Emenda Constitucional nº 4, de 22 de setembro de 1961, que instituiu o sistema parlamentar de governo. Continuou no exercício da Presidência depois de restabelecido o sistema presidencial de governo pelo plebiscito de 6 de janeiro de 1963, até ser deposto pelo golpe de março de 1964.

26) Governo Provisório: Ranieri Mazzilli (02/04/1964-15/04/1964)
Nascido em Caconde (São Paulo), em 1910. Como presidente da Câmara de Deputados, assumiu a chefia do governo por convocação do Congresso Nacional, que anunciou a vacância da Presidência da República, após a vitória do golpe militar de 31 de março de 1964.

27) Marechal Castello Branco (15/04/1964-15/03/1967)
Nascido em Mecejana (Ceará), em 1900. Eleito indiretamente. Seu mandato foi prorrogado até 15 de março de 1967.

28) General Costa e Silva (15/03/1967-31/08/1969)
Nascido em Taquari (Rio Grande do Sul), em 1902. Eleito indiretamente.

29) Governo Provisório: Almirante Augusto Rademaker, General Lyra Tavares e Brigadeiro Márcio de Souza e Mello.
Almirante Rademaker, nascido no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1905; General Lyra Tavares, nascido em João Pessoa (Paraíba), em 1905; Brigadeiro Souza e Mello, nascido em Florianópolis (Santa Catarina), em 1906. Os ministros militares assumiram a chefia do governo por força do Ato Institucional nº 12, durante o impedimento do presidente Costa e Silva, por motivo de doença.

30) General Emílio Garrastazu Médici (30/10/1969-15/03/1974)
Nascido em Bagé (Rio Grande do Sul), em 1905. Eleito indiretamente.

31) General Ernesto Geisel (15/03/1974-15/03/1979)
Nascido em Bento Gonçalves (Rio Grande do Sul), em 1908. Eleito indiretamente.

32) João Baptista de Oliveira Figueiredo (15/03/1979-15/03/1985)
Nascido no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1918. Eleito indiretamente.

33) Tancredo Neves
Nascido em São João del-Rei (Minas Gerais), em 1910. Eleito indiretamente. Deixou de assumir o cargo em virtude de enfermidade, vindo a falecer a 21 de abril de 1985.

34) José Sarney (15/03/1985-15/03/1990)
Nascido em Pinheiro (Maranhão), em 1930. Eleito indiretamente vice-presidente. Até 21 de abril de 1985, exerceu a Presidência como vice-presidente, por motivo de enfermidade do titular. A partir daquela data, exerceu a Presidência por sucessão, em virtude do falecimento do presidente Tancredo Neves.

35) Fernando Collor de Mello (15/03/1990-02/10/1992)
Nascido no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1949. Eleito diretamente.

36) Itamar Franco (02/10/1992-01/01/1995)
Nascido em Salvador (Bahia), em 1931. Eleito diretamente vice-presidente. Exerceu a Presidência como vice-presidente entre 2 de outubro de 1992 e 29 de dezembro do mesmo ano, período durante o qual o titular, Fernando Collor de Mello, esteve afastado por força da aprovação de pedido de impeachment pela Câmara de Deputados. A partir da última data, exerceu a Presidência por sucessão, em virtude da renúncia de Fernando Collor.

37) Fernando Henrique Cardoso (01/01/1995-01/01/99)
Nascido no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1931. Eleito diretamente.

38) Fernando Henrique Cardoso (01/01/99-01/01/2003)
Nascido no Rio de Janeiro (Rio de Janeiro), em 1931. Reeleito diretamente.

39) Luiz Inácio Lula da Silva (01/01/03, com mandato até 01/01/2007)
Nascido em Garanhuns (Pernambuco), em 1945. Eleito diretamente.

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Brasil – Sinopse dos Presidentes
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REPÚBLICA VELHA OU OLIGÁRQUICA (1894-1930)

PRUDENTE DE MORAES (1894/1898)

*

CHAMADO DE “PACIFICADOR”;
*

ANISTIA AOS REVOLTOSOS DO RS E RJ;
*

QUEDA NOS PREÇOS DO CAFÉ (SUPERPRODUÇÃO);
*

GUERRA DE CANUDOS (1896/97) – GRANDE CONFLITO QUE ENVOLVEU A POPULAÇÃO SERTANEJA DO NORDESTE, PRINCIPALMENTE DA BAHIA. LIDERANÇA DE ANTÔNIO CONSELHEIRO;
*

RESOLVEU QUESTÃO DE FRONTEIRAS COM A ARGENTINA;

CAMPOS SALES (1898/1902)

*

PRP (PARTIDO PAULISTA) + PRM (PARTIDO MINEIRO) – SURGE A POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE;
*

1899 – FUNDING LOAN: ACORDO PARA UMA SUSPENSÃO TEMPORÁRIA NO PAGAMENTO DA DÍVIDA EXTERNA. EM TROCA, CONCORDAVA-SE NO AUMENTO E AMPLIAÇÃO DOS PRAZOS PARA PAGÁ-LA;
*

1900 – POLÍTICA DOS GOVERNADORES: GOVERNO DÁ MAIS LIBERDADE AOS REPRESENTANTES DE CADA ESTADO EM TROCA DE VOTOS;
*

REDUÇÃO DO MEIO CIRCULANTE. ISSO FEZ A INFLAÇÃO CAIR ACENTUADAMENTE, MAS CAUSOU UMA QUEDA DA ATIVIDADE ECONÔMICA EM TODO PAÍS;
*

RECESSÃO E AUMENTO DE DESEMPREGADOS.
*

RODRIGUES ALVES (1902/06)

*

COMPRA DO ACRE, QUE ANTES ERA TERRITÓRIO BOLIVIANO. ENVOLVIMENTO DE PLÁCITO DE CASTRO, E TRATADO DE PETRÓPOLES (PAGAMENTO DE 2 MILHÕES DE LIBRAS ESTERLINAS PELO ACRE, FINALIZAR A FERROVIA MADEIRA-MAMORÉ, E ENTRADA PARA OS BOLIVIANOS AO RIO MADEIRA);
*

CAMPANHA DE SANEAMENTO (RJ);
*

REVOLTA DA VACINA;
*

CONVÊNIO DE TAUBATÉ: GOVERNO COMPRA O EXCEDENTE DE CAFÉ, QUE OS CAFEICULTORES NÃO CONSEGUIAM VENDER, E TENTA PROMOVER A ELEVAÇÃO DOS PREÇOS DO PRODUTO PARA ASSEGURAR O LUCRO DOS PRODUTORES;
*

A POLÍTICA DE VALORIZAÇÃO DO CAFÉ, COM O AUMENTO DOS PREÇOS NO MERCADO INTERNACIONAL, ESTIMULOU OUTROS PAÍSES A PRODUZIREM O TAL PRODUTO.

AFONSO PENA (1906/09)

*

SURGIMENTO DO COB (CONFEDERAÇÃO OPERÁRIA DO BRASIL);
*

CHEGA MÃO-DE-OBRA IMIGRANTE. ITALIANOS ORGANIZAM A CLASSE TRABALHADORA PAULISTA.

NILO PEÇANHA (vice) (1909/10)

*

CAMPANHA CIVILISTA: CAMPANHA PRESIDENCIAL MODERNA, EM QUE O CANDIDATO PERCORRIA O PAÍS, FAZIA DISCURSOS E COMÍCIOS PARA TENTAR SEDUZIR O ELEITORADO;
*

SURGE O SPI (SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO ÍNDIO).

HERMES DA FONSECA (1910/14)

*

SALVACIONISMO (PE/BA/CE/AL/PI). ELE QUIS MEXER NAS OLIGARQUIAS TRADICIONAIS DO PAÍS;
*

REVOLTA DA CHIBATA (1910) – COMANDO DE JOÃO CÂNDIDO. QUERIAM O FIM DOS CASTIGOS COM A CHIBATA NA MARINHA;
*

INÍCIO DA REVOLTA DO CONTESTADO (1912) – OCORREU EM UMA ÁREA SITUADA ENTRE OS ESTADOS DO PR E SC. POPULAÇÃO SEGUIA O LÍDER MESSIÂNICO JOSÉ MARIA. ASSEMELHOU-SE AO EPISÓDIO DE CANUDOS;
*

REVOLTA DE JUAZEIRO (1912/14) – ACONTECE POR CAUSA DA POLÍTICA DE SALVAÇÕES. NOGUEIRA ACIOLI X FRANCO RABELO. RABELO ASSUME O GOVERNO DO CEARÁ, MAS O PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA DERRUBA O GOVERNO E PROMOVE O RETORNE DE ACIOLI.

VENCESLAU BRÁS (1914/18)

*

FIM DA REVOLTA DO CONTESTADO (1916);
*

INÍCIO DA 1ª GREVE GERAL, EM SP (1917);
*

PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA 1ª GUERRA MUNDIAL COM ENFERMEIRAS, REMÉDIOS E COISAS DO TIPO;
*

DEVIDO A GUERRA HOUVE CRISE DE ABASTECIMENTO, ENTÃO O BRASIL TEVE DE PASSAR A PRODUZIR PARTE DOS PRODUTOS CONSUMIDOS AQUI, SUBSTITUINDO IMPORTAÇÕES.

RODRIGUES ALVES/DELFIM MOREIRA (18/19)

*

ANTES DO TÉRMINO DO MANDATO, VENCESLAU BRÁS MORRE E QUEM ASSUME É RODRIGUES ALVES, QUE TAMBÉM ACABA MORRENDO E ENTÃO DELFIM MOREIRA ENTRA PARA TERMINAR O MANDATO.

EPITÁCIO PESSOA (1919/22)

*

ELE ESTÁ NA FRANÇA COMO SENADOR QUANDO É ELEITO PRESIDENTE;
*

INÍCIO DO MOVIMENTO TENENTISTA (PROPUNHAM A MORALIZAÇÃO DO PAÍS, POR MEIO DO VOTO SECRETO E DE MAIOR CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA);
*

SURGIMENTO DO PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO
*

18 DO FORTE DE COPACABANA (5 DE JULHO DE 1922). TENENTES TENTAM IMPEDIR A POSSE DE ARTUR BERNARDES;
*

REAÇÃO REPUBLICANA (NILO PEÇANHA [RS] X ARTUR BERNARDES [SP e MG]);
*

SEMANA DE ARTE MODERNA (FEV. DE 1922).

ARTUR BERNARDES (1922/26)

*

REVOLTA DE ISIDORO (5 DE JULHO DE 1924) – MAIS UMA REVOLTA TENENTISTA, NO COMANDO DE ISIDORO DIAS LOPES;
*

REVOLUÇÃO GAÚCHA (1923) – RIVAIS DE BORGES DE MEDEIROS SE REVOLTARAM CONTRA A SUA REELEIÇÃO (ERA A QUINTA VEZ CONSECUTIVA). A SOLUÇÃO PARA O CONFLITO FOI A PROIBIÇÃO DAS REELEIÇÕES PARA GOVERNADOR NO ESTADO;
*

COLUNA PRESTES (5 DE JULHO DE 1925) – LIDERANÇA DE LUÍS CARLOS PRESTES, CONHECIDO COMO “CAVALEIRO DA ESPERANÇA”. DURANTE QUASE 2 ANOS, A COLUNA PERCORREU EM TORNO DE 25 MIL Km, E ESTA SE MANTEVE ATIVA E INVENCÍVEL DIANTE DAS TROPAS GOVERNAMENTAIS.

WASHINGTON LUÍS (1926/30)

*

FIM DA COLUNA PRESTES (1927);
*

QUEBRA DA BOLSA DE NOVA YORK (1929);
*

LANÇOU UM PLANO NACIONAL DE CONSTRUÇÃO DE ESTRADAS DE RODAGEM: “GOVERNAR É ABRIR ESTRADAS” ERA SEU LEMA;
*

O PRESIDENTE REJEITOU QUALQUER AUXÍLIO AOS CAFEICULTORES DEPOIS DA QUEBRA DA BOLSA, E ISSO LHES CAUSOU GRANDE INSATISFAÇÃO, FAZENDO COM QUE WASHINGTON PERDE-SE SUA PRINCIPAL BASE DE SUSTENTAÇÃO;
*

QUEBRA DA POLÍTICA DO CAFÉ COM LEITE. APÓS O GOVERNO DE WASHINGTON LUÍS DEVERIA SER UMA INDICAÇÃO MINEIRA, MAS SP INDICA JÚLIO PRESTES;
*

GETÚLIO VARGAS CONCORRE CONTRA JÚLIO PRESTES, MAS PERDE. É QUANDO OCORRE A REVOLUÇÃO DE 30, GOLPE EM QUE GETÚLIO ASSUME O GOVERNO. UM DOS PRETEXTOS FOI O ASSASSINATO DE JOÃO PESSOA, VICE DE GETÚLIO NA CAMPANHA ELEITORAL;

PERÍODO INTERVENCIONISTA – GOVERNO PROVISÓRIO (1930-34)

GETÚLIO VARGAS (1930/34)

*

INTERVENÇÃO NOS ESTADOS E EM SINDICATOS DOS TRABALHADORES;
*

CRIA UMA SÉRIE DE LEIS TRABALHISTAS (13º SALÁRIO, FÉRIAS, ETC);
*

CRIA O MINISTÉRIO DO TRABALHO;
*

DECRETO LEI SOBRE O VOTO FEMININO (1932);
*

MOVIMENTO CONSTITUCIONALISTA (1932);
*

MOVIMENTO CÍVICO MMDC – MARTINS, MIRAGAIA, DRÁUSIO E CAMARGO (1932);
*

ASSEMBLÉIA NACIONAL CONSTITUINTE (1933/34);
*

1934 – PROMULGAÇÃO DA 3ª CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA (COM O CÓDIGO ELEITORAL, VOTO SECRETO, JUSTIÇA ELEITORAL, NACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ESTRANGEIRAS, ETC);
*

VARGAS É ELEITO PRESIDENTE, VOTO INDIRETO;
*

SURGIMENTO DA AIB (AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA) QUE DEU INÍCIO AO FASCISMO NO BRASIL E TINHA COMO LÍDER PLÍNIO SALGADO. E SURGIMENTO DA ANL (ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA), UMA FRENTE AMPLA DE OPOSIÇÃO AO FASCISMO E AO AUTORITARISMO, COM COMANDO DE LUÍS CARLOS PRESTES;

OBS: AIB – VERDE-AMARELISMO, O SÍMBOLO QUE OS IDENTIFICAVA ERA O SIGMA (), USAVAM UNIFORMES VERDES E SAUDAVAM-SE COM “ANAUÊ!”;

GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-37)

GETÚLIO VARGAS (1934/37)

*

INTENTONA COMUNISTA (1935) – REVOLUÇÃO QUE FOI PLANEJADA PARA SER INICIADA DENTRO DOS QUARTÉIS AO MESMO TEMPO, MAS A FALTA DE COORDENAÇÃO ENTRE OS DIVERSOS NÚCLEOS COMUNISTAS FEZ COM QUE SE INICIASSE EM DIAS DIFERENTES, O QUE TORNOU O GOLPE UM FRACASSO;
*

ESTADO DE SÍTIO;
*

O LEGISLATIVO PERDE AUTONOMIA, E O PODER DO PRESIDENTE, ANULA, NA PRÁTICA, A DEMOCRACIA LIBERAL E O REGIME CONSTITUCIONAL;
*

30 DE SETEMBRO DE 37, O GOVERNO DIVULGA UM FALSO PLANO COMUNISTA PARA QUE VARGAS CONTINUASSE NO PODER: O PLANO COHEN, FOI REDIGIDO POR OLYMPIO DE MOURÃO E IDÉIA DO PRÓPRIO PRESIDENTE;
*

ISSO FOI O PRETEXTO PARA VARGAS MANDAR FECHAR O CONGRESSO, EXTINGUIR OS PARTIDOS POLÍTICOS, SUSPENDER CAMPANHAS PRESIDENCIAIS E SUSPENDER A CONSTITUIÇÃO;

DITADURA DO ESTADO NOVO (1937-45)

GETÚLIO VARGAS (1937/45)

*

NOVA CONSTITUIÇÃO: POLACA, QUE FOI OUTORGADA. ESSA CONSTITUIÇÃO JÁ HAVIA SIDO CRIADA EM 36. ERAM CARACTERÍSTICAS DA NOVA CONSTITUIÇÃO: CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA COM FORTALECIMENTO DO PRESIDENTE, EXTINÇÃO DO LEGISLATIVO, INDICAÇÃO DOS GOVERNADORES (INTERVENTORES) PELO PRESIDENTE, LEGISLAÇÃO TRABALHISTA, ETC;
*

GOVERNO DE VARGAS PASSA A SE CARACTERIZAR FASCISTA;
*

A MAIS SÉRIA TENTATIVA DE DERRUBAR O ESTADO NOVO FOI A INTENTONA INTEGRALISTA, COM GRUPOS SIMPATIZANTES DO FASCISMO (1938);
*

DISSOLVIMENTO DA AIB (1938);
*

CRIAÇÃO DO DIP (DEPARTAMENTO DE IMPRENSA E PROPAGANDA), BUSCANDO EXALTAR A IMAGEM DO PRESIDENTE;
*

ENTRADA DO BRASIL NA 2ª GUERRA MUNDIAL. ANTES VARGAS APOIAVA MUSSOLINI E HITLER, MAS UM EMPRÉSTIMO DOS EUA PARA MONTAR UMA SIDERÚRGICA AQUI NO PAÍS, E ENTÃO ELE PASSOU A SER A FAVOR DOS ALIADOS;
*

1942, O BRASIL ROMPE RELAÇÕES COM OS PAÍSES DO EIXO (ALEMANHA, ITÁLIA E JAPÃO), APÓS O ATAQUE AOS NAVIOS BRASILEIROS POR PARTE DE SUBMARINOS ALEMÃES;
*

2º BOOM DA BORRACHA. A REGIÃO DA MALÁSIA ESTAVA BLOQUEADA PELOS JAPONESES, E A BORRACHA ERA NECESSÁRIA EM ARMAMENTOS E TRANSPORTES NA GUERRA. POR ISSO, AQUI NO BRASIL FORAM RECRUTADOS 60 MIL HOMENS PARA A EXTRAÇÃO DA BORRACHA;
*

1943 – VARGAS PERMITE A ABERTURA DE PARTIDOS POLÍTICOS NOVAMENTE. E CRIA O PTB E PSD. A OPOSIÇÃO CRIA UDN;
*

QUEREMISMO: MOVIMENTO QUE TENTA MANTER VARGAS, MAS ESTE TOMA UM GOLPE E É DESTITUÍDO DO PODER.

EURICO GASPAR DUTRA (1346/51)

*

LIBERALISMO ECONÔMICO E ABERTURA DO PAÍS ÀS IMPORTAÇÕES;
*

PLANO ECONÔMICO SALTE (SAÚDE, ALIMENTAÇÃO, TRANSPORTE E ENERGIA);
*

IMPORTAÇÕES DE PRODUTOS SUPÉRFLUOS OU DE MERCADORIAS QUE JÁ ERAM PRODUZIDAS NO BRASIL, O QUE AFETOU NO RITMO DE CRESCIMENTO DAS INDÚSTRIAS, E FEZ CRESCER NOVAMENTE A DÍVIDA EXTERNA;

GETÚLIO VARGAS (1951/54)

*

POLÍTICA NACIONALISTA;
*

CRIAÇÃO DA PETROBRÁS, QUE FAZ COM QUE OS EUA PASSEM A TENTAR TIRAR O GETÚLIO DO PODER;
*

CARLOS LACERDA É FERIDO E É COMPROVADO QUE O MANDANTE FOI GREGÓRIO FORTUNADO, CHEFE DA GUARDA PESSOAL DE VARGAS;
*

MILITARES PLANEJAM DAR O GOLPE, MAS VARGAS SE SUICIDA EM 24 DE AGOSTO DE 1954, E ISSO IMPEDE O GOLPE.

CAFÉ FILHO (vice) (1954/55)

*

BUSCOU COMBATER A INFLAÇÃO COM MEDIDAS ORTODOXAS, LEVANDO À RECESSÃO E A UMA AGUDA CRISE BANCÁRIA;
*

VAI ABRIR A ECONOMIA;
*

PROMOVE AS ELEIÇÕES: PELO PSD (JUSCELINO KUBITSCHEK), PELO PTB (JOÃO GOULART) E PELA UDN (JUAREZ TÁVORA). JUSCELINO GANHA.

JUSCELINO KUBITSCHEK (1956/61)

*

GOVERNO DE GRANDE TRANQÜILIDADE POLÍTICA E PROSPERIDADE ECONÔMICA;
*

CONSTRUÇÃO DE BRASÍLIA (IDÉIA DE D. PEDRO I);
*

CONSTRUÇÃO DE ESTRADAS. ESTRADA BELÉM-BRASÍLIA;
*

DESENVOLVIMENTO DE INDÚSTRIAS DE BENS DE CONSUMO DURÁVEIS (ELETRODOMÉSTICOS, AUTOMÓVEIS, ETC)
*

A DÍVIDA EXTERNA CRESCEU ENORMEMENTE;
*

PLANO DE METAS (O PLANO ECONÔMICO DE JK).

JÂNIO QUADROS (1961)

*

REATA RELAÇÕES DIPLOMÁTICAS COM A URSS;
*

GOLPE DA RENÚNCIA. RENUNCIA EM AGOSTO DO MESMO ANO IMAGINANDO QUE O POVO IRIA SE MOBILIZAR PELA SUA PERMANÊNCIA E, ASSIM, RETORNARIA AO PODER FORTALECIDO, MAS O GOLPE NÃO FUNCIONOU E O CONGRESSO ACEITOU CALMAMENTE O PEDIDO DE RENÚNCIA;
*

O CARA SIMPLES QUE ADOTOU COMO SÍMBOLO UMA VASSOURA (“VARRERIA A CORRUPÇÃO DO PAÍS”), COMIA SANDUÍCHES DE MORTADELA DURANTE OS DISCURSOS, USAVA TERNOS SEMPRE AMASSADOS, DE FORMA A PARECER UM DO POVO. TRABALHOU SUA IMAGEM COMO NENHUM OUTRO DA ÉPOCA.

JOÃO GOULART – “JANGO” (vice) (1961/64)

*

JANGO ASSUME DEPOIS DAS FORÇAS ARMADAS TENTAREM VETAR A SUA POSSE. MAS SEU GOVERNO É SÓ FAIXADA, O PODER FICA NAS MÃOS DOS PARLAMENTARES;
*

PARLAMENTARISMO X PRESIDENCIALISMO. OS ELEITORES SE EXPRESSAM ATRAVÉS DE UM PLEBISCITO, ONDE SE MOSTRAM FAVORÁVEIS AO RETORNO DO PRESIDENCIALISMO;
*

PLANO TRIENAL. TENTATIVA DE COMBATER A INFLAÇÃO E REFORMAR AS BASES PARA A RETOMADA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO;
*

LIGAS CAMPONESAS – LÍDER FRANCISCO JULIÃO. QUERIAM REFORMA AGRÁRIA.

DITADURA MILITAR (1964/85)

*

MILITARES DÃO O GOLPE EM 31/03. REVOLUÇÃO GLORIOSA;
*

DIA 9 DE ABRIL DE 64, O ALTO COMANDO MILITAR APRESENTOU AO CONGRESSO O PRIMEIRO ATO INSTITUCIONAL (AI-1), QUE DEFINIA AS NOVAS REGRAS P/ O ESTADO BRASILEIRO: REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES INDIRETAS PARA PRESIDENTE DA REPÚBLICA NUM PRAZO DE 2 DIAS A PARTIR DA PUBLICAÇÃO DO ATO E DE ELEIÇÕES DIRETAS EM OUTUBRO DE 1965, FORTALECIMENTO DOS PODERES DO PRESIDENTE, QUE PODERIA COLOCAR EMENDAS CONSTITUCIONAIS AO CONGRESSO E APROVÁ-LAS POR MAIORIA SIMPLES, SUSPENDER TEMPORARIAMENTE OS DIREITOS POLÍTICOS DE QUALQUER CIDADÃO POR 10 ANOS E DECRETAR ESTADO DE SÍTIO SEM A AUTORIZAÇÃO DO CONGRESSO.

CASTELO BRANCO (1964/67)

*

DISSE QUE CUMPRIRIA AS PROMESSAS REALIZADAS PELOS MILITARES: “LIMPEZA” E ELEIÇÕES EM 65;
*

ERA LINHA MODERADA;
*

PLANO DE AÇÃO ECONÔMICA DO GOVERNO (PAEG) – UMA TENTATIVA DE ESTABILIZAR A ECONOMIA E LANÇAR AS BASES PARA A RETOMADA DO CRESCIMENTO ECONÔMICO. COM ARROCHO SALARIAL;
*

1965 – ELEIÇÕES PARA GOVERNADORES ESTADUAIS, COM VITÓRIA DA OPOSIÇÃO. O QUE PROVOCOU “ENDURECIMENTO” DO REGIME E, EM OUTUBRO DO MSM ANO, FOI DECRETADO O AI-2.
*

AI-2: DETERMINAVA QUE AS ELEIÇÕES PARA PRESIDENTE PASSARIAM A SER INDIRETAS; EXTINGUIA OS PARTIDOS POLÍTICOS, CRIANDO EM SEU LUGAR A ALIANÇA RENOVADORA NACIONAL (ARENA) E O MOVIMENTO DEMOCRÁTICO BRASILEIRO (MDB). O PRIMEIRO SERIA FORMADO POR POLÍTICOS QUE APOIAVAM O GOVERNO MILITAR E O SEGUNDO CORRESPONDIA A UMA OPOSIÇÃO CONSENTIDA;
*

AI-3, EM 1966 – ESTENDIA AS ELEIÇÕES INDIRETAS P/ GOVERNADORES E PREFEITOS DE CIDADES IMPORTANTES, CONGRESSO FECHADO.

ARTUR DA COSTA E SILVA (1967/1968)

*

AI-4, EM 1967 – REABERTURA DO CONGRESSO PARA APROVAR NOVA CONSTITUIÇÃO. TAMBÉM DIMINUÍA O PODER DO LEGISLATIVO E AUTONOMIA DOS ESTADOS;
*

POR SÉRIAS DIFICULDADES, MDB NÃO CONSEGUE EXERCER REAL OPOSIÇÃO AO GOVERNO;
*

CARLOS LACERDA, QUE HAVIA APOIADO O GOLPE, AGORA SE LEVANTAVA CONTRA A POLÍTICA MILITAR, POIS VIU SUAS PRETENSÕES (CANDIDATURA À PRESIDÊNCIA) FRUSTRADAS COM O PROGRESSIVO ENDURECIMENTO DO REGIME. VAI BUSCAR APROXIMAÇÃO DE JK E JANGO. JUNTOS FORMARAM A FRENTE AMPLA DE OPOSIÇÃO, MAS LOGO FORAM PERSEGUIDOS;
*

MAIOR MOBILIZAÇÃO POPULAR, PRINCIPALMENTE ESTUDANTIL, CONTRA O GOVERNO. A UNE INSISTIA NAS REFORMAS DE BASE DE JANGO. O PONTO MAIS ALTO DO MOVIMENTO ESTUDANTIL FOI A PASSEATA DOS CEM MIL, NO RJ, EM 68;

*

HOUVE PROTESTOS INCLUSIVE NO MEIO ARTÍSTICO E CULTURAL;
*

MÁRCIO MOREIRA ALVES QUERIA BOICOTAR O 7 DE SETEMBRO, ISSO ENFURECEU OS MILITARES;
*

EM DEZ. DE 1968 – AI-5, O MAIS VIOLENTO DE TODOS OS ATOS INSTITUCIONAIS ATÉ ENTÃO OUTORGADOS: FECHAMENTO DO LEGISLATIVO, INTERVENÇÃO FEDERAL COM NOMEAÇÃO DE GOVERNADORES E PREFEITOS, TOQUE DE RECOLHER E RETIRADA DO Hábeas-Corpus.
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AO CONTRÁRIO DO CARÁTER PROVISÓRIO DOS DEMAIS ATOS, O AI-5 SE APRESENTAVA COMO UMA MEDIDA PERMANENTE.

EMÍLIO GARRASTAZU MÉDICI (1969/1974)

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NESSE PERÍODO, A REPRESSÃO E A TORTURA ATINGIRAM EXTREMOS;
*

INSTAURAÇÃO DE FORTE CENSURA AOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO;
*

COM ISSO HOUVE UMA INTENSIFICAÇÃO NA LUTA ARMADA CONTRA O REGIME. ASSUMIU A FORMA DE GUERRA DE GUERRILHAS.
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ALN (ALIANÇA LIBERTADORA NACIONAL); MR-8 (MOVIMENTO REVOLUCIONÁRIO 8 DE OUTUBRO); VPR (VANGUARDA POPULAR REVOLUCIONÁRIA). GRUPOS DE ESQUERDA;
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09/69: SEQÜESTRO DO EMBAIXADOR NORTE-AMERICANO (ALN E MR-8), TROCADO POR 15 PRISIONEIROS POLÍTICOS DOS MILITARES;
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ÓRGÃOS DE REPRESSÃO: DOPS (DEPARTAMENTO DE ORDEM POLÍTICA E SOCIAL); Doi.Codi (DEP. DE OPERAÇÕES INTERNAS E CENTRO DE OPERAÇÃO DE DEFESA INTERNA). FORAM RESPONSÁVEIS POR TORTURAS, PRISÕES, DESAPARECIMENTOS E MORTES;

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AO FINAL DO GOVERNO SOBRARAM POUCOS NÚCLEOS DE RESISTÊNCIA DAS GUERRILHAS (NO ARAGUAIA – PA);
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“MILAGRE ECONÔMICO”: CRESCIMENTO DA ECONOMIA EM RITMO MUITO ACELERADO (PIB: TAXA DE 10% AO ANO). O MILAGRE DEVEU-SE AO INGRESSO MACIÇO DE CAPITAL ESTRANGEIRO. O MINISTRO DA FAZENDA, DELFIM NETTO, FOI O PRINCIPAL IDEÓLOGO DESSE “MILAGRE”;
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CRESCIMENTO NAS INDÚSTRIAS DE BENS DE CONSUMO DURÁVEIS;
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CONSTRUÇÃO DE GRANDES OBRAS: A PONTE RIO-NITERÓI, TRANSAMAZÔNICA E A HIDRELÉTRICA DE ITAIPU (PARA INTIMIDAR A ARGENTINA);
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O DECLÍNIO DO MILAGRE SE INICIOU A PARTIR DE 73 COM A CRISE INTERNACIONAL DO PETRÓLEO;
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NESSE PERÍODO A DÍVIDA EXTERNA CRESCEU BASTANTE. DESIGUALDADE NA DISTRIBUIÇÃO DE RENDA.

ERNESTO GEISEL (1974/1979)

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SEU GRANDE ALIADO FOI GOLBERY;
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PRINCIPAL PROJETO DO GOVERNO FOI REALIZAR A “ABERTURA POLÍTICA” – “LENTA, GRADUAL E SEGURA”. PROCESSO DE REDEMOCRATIZAÇÃO DO PAÍS;
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DESMONTAGEM DO APARELHO REPRESSIVO;

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ACORDO NUCLEAR ENTRE BRASIL E ALEMANHA PARA CONSTRUÇÃO DAS CARÍSSIMAS E INEFICIENTES USINAS DE ANGRA DOS REIS (INTIMIDAR ARGENTINA);
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PROBLEMAS COM ENERGIA DEVIDO A CRISE DE 73. CAMPANHA PROÁLCOOL.
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2 CASOS DUVIDOSOS DE “SUICÍDIO” EM SP: O 1º, EM OUT. DE 75 COM WLADIMIR HERZOG, QUE FOI CHAMADO PARA PRESTAR DEPOIMENTO JUNTO AO Doi.Codi E ACABOU MORRENDO NUM DOS QUARTÉIS. O 2º, EM JAN. DE 76, EM CIRCUNSTÂNCIAS SEMELHANTES, O OPERÁRIO MANOEL FIEL FILHO MORREU DURANTE INTERROGATÓRIO;

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O PRESIDENTE ESTAVA CONTRA OS LINHA-DURA REPRESENTADOS PELO GENERAL EDNARDO D’ÁVILA MELO, RESPONSÁVEL PELAS DUAS MORTES;
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1978, GEISEL ANISTIOU OS EXILADOS POLÍTICOS (JUNTO LEONEL BRIZOLA E LUÍS CARLOS PRESTES);
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A LEI DE SEGURANÇA NACIONAL, INSTRUMENTO JURÍDICO DE AUTORITARISMO DO REGIME, FOI MODIFICADA E ABRANDADA. E, EM 79, O AI-5 FOI REVOGADO;
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A PARTIR D ABRIL DE 77, MUDANÇAS NA LEGISLAÇÃO ELEITORAL;
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“PACOTE DE ABRIL” – LEIS QUE ESTABELECIAM NOMEAÇÃO DE SENADORES “BIÔNICOS”. TBM LEI FALCÃO (TIROU O DISCURSO DOS CANDIDATOS. NA TV, APARECIAM APENAS FOTOS E NÚMEROS);
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INTERVENCIONISMO ESTATAL ATINGIU SEU AUGE, BEM COMO A POLÍTICA DAS OBRAS FARAÔNICAS;
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A GRANDE INSATISFAÇÃO COM O REGIME MILITAR DESENCADEOU UMA ONDA DE GREVES ENTRE 78 E 79. DENTRE OS LÍDERES, DESTACAVA-SE LUÍS INÁCIO LULA DA SILVA, DO SINDICATO DE METALÚRGICOS DO ABC PAULISTA.

JOÃO BATISTA FIGUEIREDO (1979/1985)

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PROCUROU DAR PROSSEGUIMENTO AO PROCESSO DE ABERTURA POLÍTICA;
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2ª CRISE INTERNACIONAL DO PETRÓLEO EM 79, PROVOCOU NOVO DESEQUILÍBRIO NO PAÍS;
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ESTAGFLAÇÃO, OU SEJA, ESTAGNAÇÃO ECONÔMICA + INFLAÇÃO;

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NO FINAL DE 79, INICIOU-SE A ORGANIZAÇÃO DE NOVOS PARTIDOS POLÍTICOS. ENTÃO ARENA PASSOU A SER PARTIDO DEMOCRÁTICO SOCIAL (PDS) E SURGEM OUTROS PARTIDOS PARA OPOSIÇÃO: PARTIDO DO MOV. DEMOCRÁTICO BRASILEIRO (PMDB), PART. TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB) – UM RESQUÍCIO DO VELHO PARTIDO POPULISTA DOS ANOS 50 E 60; PART. DEMOC. TRABALHISTA (PDT) – EM TORNO DE LEONEL BRIZOLA; PART. DOS TRABALHADORES (PT) – FEITO PELAS NOVAS LIDERANÇAS SINDICAIS SURGIDAS NAS GREVES DE 78/79;

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AS ELEIÇÕES OCORRERAM PACIFICAMENTE NO DIA 15 DE NOVEMBRO DE 1982, SENDO QUE A OPOSIÇÃO CONSEGUIU ELEGER GOVERNADORES PARA OS PRINCIPAIS ESTADOS (SP, MG E RJ);
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DURANTE 1983, O PT, PROCUROU LIDERAR UMA CAMPANHA PELA REALIZAÇÃO DE ELEIÇÕES DIRETAS PARA ESCOLHA DO SUCESSOR DE FIGUEIREDO;

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A CAMPANHA PELAS DIRETAS-JÁ COMEÇOU DE FORMA TÍMIDA, MAS LOGO GANHOU O APOIO DO PMDB E DO PDT. EM POUCO TEMPO, VERDADEIRAS MULTIDÕES TOMARAM AS RUAS DAS CIDADES EM GIGANTESCOS COMÍCIOS;
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MESMO ASSIM, A EMENDA CONSTITUCIONAL DANTE ???, QUE ESTABELECIA ELEIÇÕES DIRETAS PARA PRESIDENTE, ACABOU NÃO SENDO APROVADA PELO CONGRESSO;
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COM ISSO DUAS CHAPAS:

MÁRIO ANDREAZZA X TANCREDO NEVES

C/ PAULO MALUF (VICE) C/ JOSÉ SARNEY (VICE)

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COMO PAULO MALUF ERA MAL-VISTO PELOS MILITARES, GANHA A PRESIDÊNCIA TANCREDO NEVES;
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CONTUDO, NA VÉSPERA DE SUA POSSE FOI INTERNADO ÀS PRESSAS PARA UMA CIRURGIA DE EMERGÊNCIA E CABE AO VICE, SARNEY, ASSUMIR;
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TANCREDO FALECE POUCOS DIAS DEPOIS.

JOSÉ SARNEY (1985/1989)

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JÁ ENTROU NO GOVERNO COM SÉRIOS PROBLEMAS: O PAÍS ESTAVA COM AGUDA CRISE ECONÔMICA;
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PLANO CRUZADO: P/ COMBATER A INFLAÇÃO. FOI DIVULGADO E IMPLANTADO EM 1º DE MARÇO DE 86;
*

CONGELAMENTO DOS SALÁRIOS E DOS PREÇOS DE PRODUTOS.
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OS 1OS RESULTADOS FORAM ESPETACULARES. HOUVE AUMENTO NO CONSUMO, MESMO POR PARTE DA POPULAÇÃO MAIS POBRE;

Colaboração de Karina Kendra

Publicado em Pesquisas Temáticas
PARANÁ – HISTÓRIA E GEOGRAFIA
•26, maio 2009 • Deixe um comentário

PARANÁ

LOCALIZAÇÃO: o Paraná, estado brasileiro, fica na região Sul

O estado é cortado pelo Trópico de Capricórnio, que estabelece o limite meridional das culturas agrícolas tropicais

FRONTEIRAS: Norte e Nordeste = São Paulo; Leste = Oceano Atlântico; Sul = Santa Catarina; Sudoeste = Argentina; Oeste = Paraguaia; Noroeste = Mato Grosso do Sul

ÁREA (km²): 199.709,1

RELEVO: caracteriza-se pela freqüência de terrenos de baixada no litoral, onde predominam as planícies de aluvião, e a existência de planaltos e serras de formações rochosas cristalinas, como a serra do Mar

Seu relevo é dos mais expressivos: 52% do território ficam acima dos 600m e apenas 3% abaixo dos 300m

RIOS PRINCIPAIS: Paraná, Iguaçu, Ivaí, Tibagi, Paranapanema, Itararé e Piquiri

O complexo hidrográfico do estado do Paraná apresenta grande potencial energético. A bacia hidrográfica do rio Paraná ocupa 183.800 km2 no estado e seus principais rios incluem o Paraná, o Iguaçu, o Ivaí, o Tibagi e o Piquiri. Somente a bacia do rio Iguaçu, que nasce próximo a Curitiba, capital do estado, e deságua no rio Paraná, na fronteira com o Paraguai, tem potencial hidrelétrico para 11,3 mil megawatts de energia elétrica. A bacia do Atlântico Sul banha 15.909,1 km2 na porção nordeste do estado. Entre seus principais rios encontram-se o Itararé e o Capivari. O estado do Paraná consome internamente apenas 20 % da energia elétrica total produzida em seu território, que representa 25 % da produção no país.

VEGETAÇÃO:

CLIMA: úmido

Como resultado das diferentes formações topográficas e características geológicas, o clima no estado do Paraná apresenta três tipos distintos, todos correspondentes a clima úmido, apresentando-se mais ameno na região norte e temperado no sul, onde os invernos podem ser rigorosos. O tipo que corresponde à maior área é o CFA, que se caracteriza por ser subtropical úmido, mesotérmico, com verão quente, sem estação seca de inverno definida e geadas menos freqüentes. O tipo CFB é subtropical úmido, mesotérmico, com verões frescos e geadas severas e freqüentes. Finalmente, o tipo AF caracteriza-se pelo clima tropical chuvoso, sem estação seca e isento de geadas

MUNICÍPIOS (número): 399 (1997)

CIDADES MAIS POPULOSAS: Curitiba, Londrina, Maringá, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu e Cascavel

HORA LOCAL (em relação a Brasília): a mesma

HABITANTE: paranaense

POPULAÇÃO: 9.563.458 (2000)

DENSIDADE: 47,88 habitantes p/km2

ANALFABETISMO: 8,6% (2000)

MORTALIDADE INFANTIL: 29,79

CAPITAL: Curitiba

Em 1647 formou-se o embrião da cidade, que foi elevada à categoria de vila em 1693, tornando-se cidade em 1842. Em 1853 foi escolhida capital da província do Paraná

HABITANTE DA CAPITAL: curitibano

A economia do Estado se baseia na agricultura (cana-de-açúcar, milho, soja, trigo, café, mandioca), na indústria (agroindústria, papel e celulose) e no extrativismo vegetal (madeira e erva-mate).

No século 17, descobriu-se na região do Paraná uma área aurífera, anterior ao descobrimento das Minas Gerais, que provocou o povoamento tanto no litoral quanto no interior. Com o descobrimento das Minas Gerais, o ouro de Paranaguá perdeu a importância. As famílias ricas, que possuíam grandes extensões de terra, passaram a se dedicar à criação de gado, que logo abasteceria a população das Minas Gerais. Mas apenas no século 19 as terras do centro e do sul do Paraná foram definitivamente ocupadas pelos fazendeiros.

No final do século 19, a erva-mate dominou a economia e criou uma nova fonte de riqueza para os líderes que partilhavam o poder. Com o aparecimento das estradas de ferro, ligando a região da araucária aos portos e a São Paulo, já no final do século 19, ocorreu novo período de crescimento.

A partir de 1850, o governo provincial empreendeu um amplo programa de colonização, especialmente de alemães, italianos, poloneses e ucranianos, que contribuíram decisivamente para a expansão da economia paranaense e para a renovação de sua estrutura social.

O Paraná ocupa quinto lugar em importância econômica entre todos os estados brasileiros. As diferentes características físicas e climáticas do estado propiciam a existência de atividades agrícolas diversificadas e seu grau de desenvolvimento econômico permite a utilização de avançadas técnicas agrícolas, que se traduzem nos mais altos índices de produtividade do país. Em 1994, os índices médios de produtividade nas principais lavouras do estado (soja, milho, feijão, algodão, café e trigo) elevaram-se em 12,9 %, em decorrência do desenvolvimento de modernos sistemas de produção, como é o caso da soja e do trigo, que são cultivados em sistema de rotatividade, gerando duas safras anuais na mesma área. Destaca-se ainda no estado do Paraná, a produção de batatas, de cana-de-açúcar, de mandioca e de arroz. Nos últimos anos, programas de desenvolvimento da fruticultura vêm sendo implantados em diversas regiões do estado. Na região norte do Paraná, a implantação de pomares cítricos vem permitindo a produção industrial de suco de laranja, enquanto a produção de maçã alcança, em várias regiões, uma safra média de 30 mil toneladas por ano. O plantio de frutas de clima tropical na região litorânea vem gerando bons resultados, com índices de produção e qualidade competitivos em larga escala. O estado possui um dos maiores rebanhos pecuários do país, com 8.911.986 de cabeças de bovinos, sendo expressivas também as criações de suínos (3.780.172) e galináceos (85.713.370). A produção paranaense de leite representa cerca de 10 % da produção nacional.

As principais reservas de matérias-primas existentes no estado do Paraná incluem o xisto betuminoso, o calcário, a dolomita, a argila, o carvão, o chumbo e a fluorita. A reserva de calcário está estimada em 4,4 bilhões de toneladas e suas principais jazidas, localizadas na região leste, alcançam produção média anual de cerca de 6 milhões de toneladas. Além de seu uso industrial, principalmente na produção de cimento, o calcário é utilizado de forma regular, para elevar o nível de produtividade das lavouras. Em 1992, foram extraídas e comercializadas 5,8 milhões de toneladas de calcário no estado. A dolomita existe também em grande quantidade no Paraná, que é o primeiro produtor deste mineral no país. Suas reservas estão estimadas em 532.616 milhões de toneladas. As reservas de argila vermelha, para o uso da indústria cerâmica, atingem volume superior a 65 milhões de toneladas. Em 1992, a produção de argila chegou a 1,1 milhão de toneladas. O estado do Paraná é também o principal produtor de talco do Brasil. Cerca de 17% das reservas brasileiras estão em seu território, com volume estimado em 13 milhões de toneladas, e produtividade média anual de 200 mil toneladas. A fluorita, que tem larga aplicação como matéria-prima na indústria química, metalúrgica e cerâmica, tem reservas superiores a 4,4 milhões de toneladas no estado, o que equivale a 53 % do total encontrado no país. Outros produtos como a brita de basalto, pedras ornamentais, mármores e granito também são encontrados em quantidades consideráveis no estado do Paraná. Em 1992, foram comercializados 37,6 milhões de litros de água mineral, extraídos de fontes naturais do estado.

A partir de 1966, intensificaram-se as atividades de reflorestamento, mediante a concessão de incentivos fiscais, que tem combinado a expansão da fronteira agrícola e o atendimento ao setor industrial madeireiro. As áreas reflorestadas, que tiveram considerável aumento, atingem hoje 1 milhão de hectares e mais de 2,5 bilhões de árvores plantadas.

O parque industrial do estado reúne cerca de 24 mil estabelecimentos, que têm registrado desempenho sempre superior à média nacional do setor. Nos quatro primeiros anos da década de 90, os índices de crescimento acumularam um total de 31,24 %. A produção industrial é diversificada, destacando-se as indústrias de papel e celulose, química, madeireira, alimentícia, de fertilizantes, eletroeletrônica, metalmecânica, de cimento, têxtil e de cerâmica, além da agroindústria.

Em 1994, a economia do estado cresceu 6,3 %, destacando-se, para o alcance desse índice, o desempenho do setor agrícola e a modernização do parque industrial do estado. Em 1993, a participação do estado do Paraná no PIB nacional foi de 6,2 %, que corresponde a um total de US$ 28,277 bilhões.

O Paraná é ainda o quarto maior exportador entre os estados brasileiros. Em 1993 a receita das exportações representou US$ 2,48 bilhões, que corresponde a 6,42 % do valor total exportado pelo país. A participação dos produtos industrializados na pauta de exportações do estado foi de 51 % no mesmo ano, liderada pelo complexo agroindustrial, responsável por 60 % das exportações do estado. O segundo complexo industrial com maior participação nas vendas externas do estado é o de metalmecânica, com 13,6 % do total das exportações em 1993.

As primeiras movimentações de colonizadores no estado do Paraná tiveram início no século XVI, quando diversas expedições estrangeiras percorreram a região à procura de madeira de lei. No século XVII, portugueses e paulistas começaram a ocupar a região, a partir da descoberta de ouro e à procura de índios para o trabalho escravo. A mineração, no entanto, foi legada a segundo plano pelos colonizadores, que se dirigiram em maior número às terras de Minas Gerais(7). Até o século XVIII, existiam apenas duas vilas na região: Curitiba e Paranaguá. Esse processo retardou a ocupação definitiva da área, que pertenceu à província de São Paulo até meados do século XIX, com sua economia baseada na pecuária. Logo após de conquistada sua autonomia, em 1853, teve início um programa oficial de imigração européia para a região, principalmente de poloneses, alemães e italianos.

Guerra do Contestado – Revolta de camponeses ocorrida entre 1912 e 1916, chegou a envolver cerca de 50 mil pessoas numa região de litígio na fronteira entre os estados do Paraná e Santa Catarina. O conflito teve início com a instalação de duas empresas norte-americanas na região, uma construtora de estradas de ferro e uma exploradora de madeira, que levaram mão-de-obra de fora para trabalhar nos empreendimentos e iniciaram um processo de expulsão dos posseiros que cultivavam a área, originando o movimento de fanáticos religiosos, liderados por “beatos” locais, entre os quais se destacou José Maria, que foi seguido por romeiros expulsos de suas terras.

Serra do Mar – Coberta pela floresta atlântica e declarada Reserva da Biosfera pela UNESCO, em 1991, o que demonstra sua importância em termos globais, a serra do Mar abriga mais de 2.500 espécies da flora nativa brasileira, diversos animais em risco de extinção como a onça-pintada e a anta, além de pássaros como o gavião-pega-macaco, a jacutinga e o macuco, entre outros. No estado do Paraná, a serra do Mar tem aproximadamente 500.000 hectares de extensão e aí se encontram 72 % do total da flora e da fauna existentes no estado. Nessa área está também localizado o pico mais alto da região Sul do Brasil, o pico do Paraná, com 1.922 metros de altura. Ainda na serra do Mar encontra-se a Área de Interesse Turístico Espacial do Marumbi, com 66.732 hectares, cuja utilização é controlada por um plano de gerenciamento. O pico do Marumbi, situado dentro desta área, tem 1.547 metros de altura e é o mais procurado para a prática de alpinismo e turismo ecológico na região. Através da serra do Mar encontram-se caminhos históricos que são verdadeiras obras de arte e engenharia, como o caminho de Itupava e de Graciosa, ambos construídos há 300 anos. Além de constituírem opção para o turismo ecológico, esses caminhos são utilizados atualmente por programas ambientais e preservam, protegidos pela floresta, a história e a cultura dos primeiros colonizadores do Paraná.

Ilha do Mel – Tombada como Patrimônio Ecológico da Humanidade, a ilha do Mel tem 95% de sua área composta por ecossistemas de restinga e floresta atlântica, o que a elevou à categoria de Estação Ecológica em 1982, numa extensão de 2.240 hectares. Em seus morros e planícies existem trilhas para caminhadas, que dão acesso a locais de observação de belas paisagens e de espécies vegetais e animais, onde a brisa marinha e o cheiro de mato compõem aroma particular, associado à beleza de suas praias.

Vila Velha – Localizado no município de Ponta Grossa, a 969 metros de altura, no verde dos campos gerais, está o Parque Estadual de Vila Velha, com suas rochas esculpidas artisticamente pela natureza, ao longo de 350 milhões de anos. As formações rochosas recebem diferentes denominações, de acordo com as figuras às quais se assemelham. Entre as centenas existentes, as mais facilmente reconhecíveis são a Garrafa, o Camelo, o Índio, a Esfinge, a Taça e a Proa de Navio. Destaca-se em especial a caverna conhecida como Buraco do Padre, um anfiteatro subterrâneo com uma queda d’água de 30 metros de altura, também debaixo da terra. O município apresenta ainda outras paisagens naturais muito apreciadas e uma rica reserva ecológica, que inclui locais como os chamados caldeirões do inferno, que são depressões circulares de até 107 metros de profundidade, com 80 metros de diâmetro. Numa dessas cavidades, um teleférico vertical leva os visitantes até uma profundidade de 54 metros, de onde se pode caminhar até um lago subterrâneo. Outro acidente geográfico de rara beleza na região é a lagoa Dourada, paraíso da fauna aquática local. A lagoa é alimentada por um rio subterrâneo, cuja ação erosiva desgastou as rochas e provocou a formação de cavernas em seu interior. O fundo da lagoa está coberto por uma camada de mica que faz a água brilhar como se fosse de ouro, quando exposta aos raios solares.

Foz do Iguaçu – Um dos mais importantes pólos turísticos do Brasil, as cataratas do Iguaçu são formadas por 275 quedas d’água, com alturas que variam de 40 a mais de 100 metros e se distribuem em forma de ferradura, formando uma semicircunferência de 950 metros, na fronteira com a Argentina. A cachoeira está localizada no Parque Nacional do Iguaçu, criado em 1939 e tombado pela UNESCO como Patrimônio Natural da Humanidade em 1986. Da área total do parque, 185.000 hectares encontram-se em território brasileiro e 55.000 hectares na Argentina. As florestas subtropicais do parque abrigam cerca de 1.100 espécies de pássaros, bem como várias espécies de mamíferos, grandes e pequenos, como veados, capivaras, etc.

A cidade de Foz do Iguaçu encontra-se localizada na fronteira do Brasil com Paraguai e Argentina, a uma altitude de 164 metros. A 9 km do centro da cidade, na confluência dos rios Iguaçu e Paraná e entrada do Porto Meira, está o marco onde as fronteiras do Brasil, Argentina e Paraguai se encontram. No município de Foz de Iguaçu está também localizada a Usina Binacional de Itaipu, cuja construção deu origem a um lago com 1.300 km de margens e extenso potencial turístico. A construção da usina teve início em 1975, encerrou-se em 1991 e sua capacidade de produção de energia elétrica chega a 12,6 milhões de kw.

Indígenas – Vivem no estado do Paraná 6.916 indígenas, distribuídos em 19 grupos, que ocupam área de 79.988 hectares de extensão. Um total de 16 áreas já se encontram demarcadas definitivamente pela Fundação Nacional do Índio (FUNAI), órgão do governo federal responsável pela questão, e nelas se encontra a totalidade dos indígenas residentes no estado.

São os seguintes os grupos indígenas residentes no estado do Paraná e suas respectivas áreas: Apucarana, Ava Guarani, Barão de Antonina, Faxinal, Ilha da Cotinga, Ivaí, Laranjinha, Mangueirinha, Marrecas, Ocal, Palmas, Pescada, Pinhalzinho, Queimadas, Rio Areia, Rio das Cobras, São Jerônimo, Superagüi e Tibagy/Mococa.

REGIÃO SUL

Região Sul (Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul)

Com 577.214,0 km2, é a região que apresenta menor área, ocupando apenas 6,75% do território brasileiro. Formada pelos estados de SC e RGS.

Tem clima subtropical, exceto na região norte do estado do Paraná, onde predomina o clima tropical. Caracteriza-se pela diversidade de temperaturas nas diferentes áreas que a compõem. As regiões de planaltos mais elevados apresentam temperaturas baixas, com nevascas ocasionais, e na região da planície dos pampas, mais ao sul, as temperaturas são elevadas. A vegetação acompanha essa variação da temperatura, ou seja, nos locais mais frios predominam as matas de araucárias (pinhais) e nos pampas os campos de gramíneas. A região possui grande potencial hidrelétrico, destacando-se a usina de Itaipu, localizada no rio Paraná, na fronteira com o Paraguai.

A população da região Sul totaliza 25.107.616 habitantes, o que representa 14,95% da população do País. A densidade demográfica é de 43,49 habitantes por km2 e 80,93% da população vive no meio urbano. São encontrados traços marcantes da influência da imigração alemã, italiana e açoriana na região.

Inicialmente baseada na agropecuária, a economia da região Sul desenvolveu importante parque industrial nas últimas décadas, cujos centros se encontram nas áreas metropolitanas da cidade de Porto Alegre, capital do estado do Rio Grande do Sul, e Curitiba, capital do estado do Paraná. A produção agrícola utiliza modernas técnicas de cultivo, destacando-se o trigo, soja, arroz, milho, feijão e tabaco entre os principais produtos comercializados. Na pecuária encontram-se rebanhos de linhagens européias (hereford e charolês). A suinocultura é praticada no oeste do estado de Santa Catarina e no estado do Paraná, onde ainda é significativa a prática do extrativismo, com extração de madeira de pinho. No estado de Santa Catarina explora-se o carvão mineral ao sul e se encontra grande número de frigoríficos, que produzem não apenas para o mercado interno, mas também para exportação.

HISTÓRIA DO PARANÁ

O Brasil ainda não sabe geografia, anotava o ex-governador do Paraná Bento Munhoz da Rocha Netto, em meados do século 20. Ou se conhece profundamente a terra – em contornos, tipos de solo, acidentes, altitudes, climas – ou cai por terra o “em nela se plantando, tudo dá”, com que Pero Vaz de Caminha tentou impressionar o rei de Portugal, em 1500.

Seja qual for o estágio civilizatório, a equação que se apresenta a todo governante é sempre a mesma: espaço territorial x assentamentos humanos.

O sucesso do produto é diretamente proporcional ao índice de qualidade de vida das pessoas que habitam o território.

É assim que se tem pensado o Paraná nos últimos anos. O planejamento é a ferramenta para executar as interferências necessárias à vida melhor.

O mapa do Paraná contemporâneo tem formato horizontal. Ao Norte está São Paulo, a Leste o Oceano Atlântico, ao Sul Santa Catarina e a Oeste estão o Mato Grosso e o Paraguai, pela fronteira líquida do rio Paraná cujas águas se encontram, a Sudoeste, com as do rio Iguaçu, que se estende demarcando a Argentina e o Uruguai.

Tupi é a origem de Paraná, que quer dizer “rio” na linguagem dos ameríndios ocupantes do quadrilátero fluvial Paraná-Paranapanema-Tibagi-Iguaçu. O primeiro europeu a percorrer a região teria sido o bandeirante Aleixo Garcia. Mas a posse simbólica do rio Paraná para a Espanha se deu com Alvar Nuñez Cabeza de Vaca, no roteiro entre Santa Catarina e Assunção, no Paraguai, em 1541.

Em 1554 nasceu a vila de Ontiveros, primeira povoação européia (espanhola) no hoje território paranaense, às margens do rio Paraná, perto da foz do rio Ivaí. Dois anos depois o povoamento, transferido para perto da foz do rio Piquiri, receberia o nome de Ciudad Real de Guairá, que, junto com Vila Rica do Espírito Santo – nas margens do Ivaí – formou a Província de Vera ou do Guairá. A tentativa espanhola de escravizar os índios provocou levantes e a pacificação foi confiada aos padres Jesuítas, que adotaram o sistema de reduções.

O primeiro proprietário português de terras paranaenses foi o bandeirante Diogo de Unhate, que em 1614 requereu e obteve uma sesmaria na região de Paranaguá, entre os rios Ararapira e Superagüi. Secundou-o, em 1617, a bandeira de Antônio Pedroso, da qual fazia parte o jovem Gabriel de Lara, filho de espanhol, interessado em faiscar ouro. Com a família espanhola pioneira Peneda, Lara fundou uma povoação na ilha de Cotinga, que depois transferiu para a margem esquerda do Taquaré (hoje Itiberê). O pelourinho foi erguido em 6 de janeiro de 1646 e a criação da Câmara e das Justiças aconteceu com a eleição de 29 de junho de 1648.

De Guaíra e Paranaguá ao conjunto de 399 municípios do Paraná atual, o “rio” seguiu seu curso pelo leito imemorial, criando fronteiras líquidas, encontrando-se com a “água grande” do Iguaçu e se cruzando ou correndo paralelo ao Paranapanema, ao Ivaí, ao Piquiri, a tantas e tantas águas que banham o território e lhe dão vida. As Sete Quedas de Guaíra repousam sob o imenso lago de Itaipu, formado pelo reservatório da maior usina hidrelétrica do mundo. Lindeiros ao mar fluvial e até a Foz do Iguaçu – onde a água se despenca nas cataratas, uma das mais belas paisagens naturais do mundo – estão 1,3 mil quilômetros distribuídos entre 15 municípios, formando a Costa Oeste do Paraná.

É o Estado moderno, cuja capital, Curitiba, seguiu-se a Paranaguá, ganhando importância à medida que avançavam os tropeiros desde o século 17, conduzindo gado entre Viamão (RS) e a Feira de Sorocaba (SP). As longas invernadas nos “campos de Curitiba” – os Campos Gerais – acabavam conduzindo os proprietários de fazendas para transações comerciais na hoje capital do Paraná, geopoliticamente bem situada. O século 19, marcado em sua segunda metade pela imigração européia em massa, ajudou a moldar o Paraná de hoje, acrescentando tradições européias, especialmente germânicas, eslavas e italianas, aos costumes ibéricos dos primeiros colonizadores.

Se o século 19 foi extrativista – não mais de ouro e minerais, como no início da colonização, mas de erva-mate e madeira – também trouxe a vastíssima contribuição européia, principalmente a classe média capaz de poupar e de investir. E a necessidade de caminhos mais permanentes que as picadas do início, para escoamento da produção agrícola e integração entre Interior e Litoral. A Estrada de Ferro Paranaguá-Curitiba foi um marco da engenharia nacional, executado em grande parte pela força e a coragem do braço imigrante.

Este século 20, das maiores transformações a que a humanidade já assistiu, foi marcado no Paraná pela opulência das moradas e do viver dos “barões da erva-mate”, donos de engenhos; pela madeira farta que atraiu os ingleses e povoou os vazios das florestas derrubadas. O Paraná deste século assistiu à chegada dos imigrantes não-europeus, como os japoneses da segunda década, a povoar o Norte e a inserir culturas e técnicas agrícolas até então desconhecidas; dos aventureiros, muitos deles brasileiros de outras regiões – muitos mineiros, por exemplo – que fizeram o Norte Novo à sombra da monocultura dos cafezais; da terra roxa devastada por queimadas do sol inclemente no início dos anos 1960 e do apodrecimento das raízes dos cafeeiros, na geada negra de 1975; da soja e do trigo alargando fronteiras agrícolas, ganhando o Oeste e o Sudoeste, construindo um modelo exportador mas também substituindo por máquinas os humanos braços das lavouras.

Um Paraná contemporâneo que não podia mais atrasar a implantação de seu parque industrial. O Estado das usinas hidrelétricas, a iluminar os rincões distantes do próprio território e a fornecer energia para boa parte do Brasil. O Paraná da indústria alcooleira, do xisto, do carvão. Uma terra paisagem onde o retrato é dinâmico, muda todo dia porque é feito de gente de toda origem, de todo talento.

Este Paraná “rio”, mar, praia, lago, cachoeira, catarata, montanha, planalto, campo, ilha… este território é o cenário que aparece sob o papel vegetal, com uma geografia puxada pela história e um futuro reescrito a cada dia.

Entre o olfato apuradíssimo, o chá de mate e o chimarrão quente, o costume do banho diário e a rede para descansar – elementos herdados dos índios – e a oportunidade vista na indústria que se instala, agregando valor aos produtos do trabalho, a água do rio correu por quase cinco séculos.

Um tempo moldado pela ciência e pela paciência, nas tramas que juntam o homem e o território, em harmonia. Harmonia retratada no morador da ilha que vê televisão e toma banho quente, sonho realizado com a chegada da energia solar.

Energia solar que ilumina também as salas de aula à noite, permitindo aos ilhéus aprender a ler e escrever e conhecer um mundo bem maior que terrinha cercada de água por todos os lados.

Harmonia que chega a todas as comunidades com a rede de esgoto e a água encanada. Ou com as crianças que trocaram a rua pelos bancos da escola. No campo, o agricultor comemora “a casa para morar e a terra pra plantar”. Na cidade, o trabalhador comemora a casa própria que tem a cara dele. É gente feliz, que faz o retrato do Paraná paisagem.

Felicidade estampada na carteira assinada e no sorriso dos pais que, graças às UTI neonatais, embalam seus bebês que nasceram em situação de risco mas cresceram saudáveis.

Gente que é símbolo do Paraná moderno, que prepara a infra-estrutura do futuro investindo na sua gente. Um Paraná que tem governo, sim senhor, para garantir a vida e a saúde, o acesso à creche, à educação, à casa para morar e ao terreno para plantar, à água limpa que sai da torneira e ao esgoto canalizado e tratado, à luz elétrica ou solar, à baía limpa e à comprovação diária de que é possível aliar desenvolvimento com preservação.

Este Paraná existe porque conhece sua geografia. A história é a maior prova.

História, Povoamento e Colonização

A história do Paraná e do povo paranaense pode ser contada através dos vários ciclos pelos quais passou: ouro, madeira, erva-mate e café.

Inicialmente as terras paranaenses pertenciam à Capitania de São Vicente; eram percorridas esporadicamente, durante o século XVI, por europeus exploradores da madeira de lei existente na região. A partir do século XVII teve início a colonização, sendo fundada a Vila de Paranaguá em 1660.

Colonos e jesuítas espanhóis povoaram Paranaguá e Curitiba nos primeiros tempos. Com a descoberta de ouro, portugueses foram atraídos para a localidade, tanto no litoral como no interior. A posterior descoberta de ouro nas Minas Gerais amenizou a exploração paranaense.

A passagem de tropas (gado e cavalos) vindos de Viamão para Sorocaba propriciaram o tropeirismo no Estado. Paradas feitas durante o percurso para pouso originavam novos povoamentos que, com o passar dos tempos tornaram-se cidades (Rio Negro, Campo do Tenente, Lapa, Porto Amazonas, Palmeira, Ponta Grossa, Castro, Piraí do Sul, Jaguariaíva e Sengés).

Separada de São Paulo em 1853, criou-se a Província do Paraná com o estabelecimento de aproximadamente 40 núcleos coloniais, núcleos estes originados por imigrantes italianos, alemães, poloneses, franceses, ingleses e suíços que, dedicaram-se as culturas de erva-mate, café e exploração de madeira impulsionando a economia local na época.

Paraná em guarani quer dizer “rio caudaloso”. As primeiras movimentações de colonizadores no estado do Paraná tiveram início no século XVI, quando diversas expedições estrangeiras percorreram a região à procura de madeira de lei. No século XVII, portugueses e paulistas começaram a ocupar a região, a partir da descoberta de ouro e à procura de índios para o trabalho escravo. A mineração, no entanto, foi legada a segundo plano pelos colonizadores, que se dirigiram em maior número às terras de Minas Gerais. Até o século XVIII, existiam apenas duas vilas na região: Curitiba e Paranaguá. Esse processo retardou a ocupação definitiva da área, que pertenceu à província de São Paulo até meados do século XIX, com sua economia baseada na pecuária.

A história oficial do Paraná começa em 29 de agosto de 1853 com a lei assinada pelo Imperador Dom Pedro II, que desmembrou a região da Província de São Paulo. Logo após de conquistada sua autonomia, teve início um programa oficial de imigração européia para a região, principalmente de poloneses, alemães e italianos que vieram em busca de riquezas. O progresso, elevação de nível econômico, cultural e social do povo do Paraná foram os principais motivos para a transformação da região em província.

Em 1880 houve a abertura de estradas e rodovias, o que acelerou a ocupação. Daí em diante aconteceu o grande fluxo de migrantes mineiros e de outros estados pelo baixo valor das terras e sua grande fertilidade. O Paraná, se torna Estado em 1889.

No século XX a história do Paraná foi marcada pela opulência das moradas e do viver dos “barões da erva-mate”, donos de engenhos. A madeira farta atraía os ingleses, que povoaram os vazios das florestas derrubadas. Neste mesmo século chegaram os imigrantes não-europeus, como os japoneses na segunda década. O Paraná viveu o ciclo do ouro, da madeira, da erva-mate e do café, até finalmente diversificar sua economia.

O Estado é conhecido como o maior e mais ativo celeiro do País. Seu parque industrial não pára de crescer e diversificar-se. O aproveitamento do extraordinário potencial energético de uma privilegiada bacia hidrográfica, formada principalmente pelos rios Paraná e Iguaçu, é um dos responsáveis por este grande crescimento. Os últimos anos foram marcados por grandes transformações e pela sua consolidação como um dos mais importantes estados brasileiros, ocupando o seu lugar em importância econômica.

A capital, Curitiba, foi fundada em 1693, como Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais. Curitiba se tornou a capital do Estado em 1853. A ocupação do seu território foi lenta até 1870, quando foi iniciado o processo de colonização por imigrantes europeus. Os imigrantes se estabeleceram nos arredores da cidade, se dedicando a atividades agrícolas e artesanais. Além desses grupos majoritários, também vieram para a região imigrantes japoneses, franceses, ingleses e suíços. A cidade de Curitiba tem sido modelo de planejamento urbano e qualidade de vida para seus habitantes.

(Fontes: IBGE / Governo do Estado do Paraná / República Federativa do Brasil / Almanaque Paraná 2002)

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Era Vargas – Principais Caracteristicas
•25, maio 2009 • 5 comentários

1 – O PERÍODO PROVISÓRIO (1930 – 1934):

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Decretos-lei.
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Nomeação de interventores.
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Atrelamento de sindicatos ao governo.
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Criação do Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio (a cargo de Lindolfo Collor).
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Criação de leis trabalhistas: 8hs diárias, salário mínimo, aposentadoria, férias…
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Revolução Constitucionalista (SP – 1932):

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Oligarquia paulista insatisfeita com exclusão do poder.
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Classe média urbana insatisfeita com autoritarismo varguista.

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Símbolo da luta: MMDC (Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo).
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Objetivo: constituição.
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Resultado: vitória militar de Vargas e convocação de eleições para a Assembléia nacional constituinte em 1933.

2 – O PERÍODO CONSTITUCIONAL (1934 – 1937):

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A constituição de 1934:

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Voto secreto, obrigatório, direto.
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Voto feminino (excluindo-se analfabetos).
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Justiça eleitoral.
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Corporativismo.
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Confirmação de leis trabalhistas.
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Mandato presidencial de 4 anos.
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1º presidente eleito indiretamente: Getúlio Vargas.
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Intervenção do Estado na exploração de minérios.

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Formação de 2 correntes políticas antagônicas influenciadas pela conjuntura internacional.
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AIB (Ação Integralista Brasileira):

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Grupo fascista.
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Plínio Salgado (líder).
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Condenavam o capitalismo financeiro internacional (associado aos judeus) mas não a propriedade privada.
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Totalitarismo, unipartidarismo e Estado centralizado forte.
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Lema: “Deus, Pátria e Família”.
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Saudação: ANAUÊ
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Apoiados por setores da Igreja (combate ao “comunismo ateu”), classe média alta, empresários capitalistas e imigrantes ou descendentes de imigrantes ítalo-germânicos radicados especialmente no RS e SC.

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ANL (Aliança Nacional Libertadora):

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Aliança de esquerda reunindo comunistas, socialistas, democratas e simpatizantes de esquerda em geral.
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Luís Carlos Prestes (líder).
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Defendiam o não pagamento da dívida externa, reforma agrária e respeito às liberdades individuais (direito de greve, imprensa livre…), nacionalização de empresas estrangeiras e governo popular;

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Getúlio coloca a ANL na ilegalidade (Jul/1935).
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Nov/1935 - Intentona Comunista: tentativa de golpe por membros da ANL. Mal organizada, fracassou rapidamente. Seus líderes (incluindo Prestes) foram presos.
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1937: Divulgação do “Plano Cohen” (suposto plano comunista para tomar o poder).
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Congresso é fechado e eleições suspensas.

3 – O ESTADO NOVO (1937 – 1945):

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Nova constituição (1937): POLACA (constituição fascista).
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Estado de Emergência permanente – plenos poderes ao presidente e à polícia.
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Congresso fechado – decretos-lei.
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Proibição de greves.
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Censura permanente (DIP – Departamento de Imprensa e Propaganda).
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Prisão de qualquer opositor.
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Apoio das forças armadas.
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Simpatia ao fascismo.
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Ausência de qualquer partido (até a AIB foi fechada).
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1938 - Intentona Integralista:

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Golpe fracassado da AIB.
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Líderes presos.
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Plínio Salgado exila-se em Portugal.

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Política internacional :

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Exploração de rivalidades para obter vantagens para o Brasil.
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Projeto de industrialização.

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1942: Navios brasileiros são afundados por submarinos alemães.
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Brasil declara guerra ao Eixo (ALE + ITA + JAP).
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1943: Edição da CLT (controle dos trabalhadores).
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1944: FEB (Força Expedicionária Brasileira) desembarca na Itália com aproximadamente 25 mil homens.
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Luta contra o nazifascismo estabelece contradição interna: ditadura lutando ao lado das “forças pró-democracia”.
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Diversos setores sociais começam a pedir democracia interna (entre eles a UNE, criada em 1937, os meios de comunicação, apesar da censura…).
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Vargas convoca eleições para 1945, acaba com a censura e anistia presos políticos.
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Vargas aproxima-se até dos comunistas para permanecer no poder.
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Propõe uma “Lei Anti-Truste” que desagrada os EUA.
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Em 1945, é afastado do poder pelo exército (influenciado pelos EUA), que temia uma nova tentativa golpista do presidente. Vargas retorna para São Borja e é eleito posteriormente senador por dois estados ao mesmo tempo (RS e SP).

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José Linhares (presidente do STF) assume o poder até que as eleições tivessem transcorrido e o novo presidente assumisse.

3 – CARACTERÍSTICAS GERAIS DO GOVERNO VARGAS:

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POPULISMO – tipo de governo que possui as seguintes características: autoritarismo, estatismo, corporativismo, culto ao líder combinado com concessões parciais a camada mais pobre da população visando obter seu apoio. Ocorreu na América Latina entre os anos 30 e 50, e tem em Getúlio Vargas, no Brasil, Juan Domingo Perón, na Argentina e Lázaro Cárdenas, no México seus mais notórios representantes.
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O Estado era o “mediador” dos conflitos sociais.
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Nacionalismo econômico, com criação de empresas estatais e obras públicas.
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Intervenção do Estado na economia, inspirado no modelo do “New Deal” norte-americano.
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Controle dos trabalhadores com criação de leis (a CLT, é um exemplo disso) e atrelamento dos sindicatos.
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Utilização intensa de propaganda governamental e censura, com a criação da DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda), que cuidadosamente “fabrica” a imagem do “pai do trabalhador”.
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Descaso com o trabalhador rural (as leis trabalhistas não chegavam no campo).
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Aproximação com camadas populares urbanas.
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Incentivo ao mercado interno.
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Recuperação do preço do café (queima de estoque).
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Incentivos a indústria nacional (especialmente a de base durante a II Guerra Mundial), com a criação da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) e a nacionalização de refinarias de petróleo.

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GETÚLIO VARGAS – Governo Ditatorial (1937 – 1945)
•25, maio 2009 • 1 comentário

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A ditadura de Vargas dura oito anos.
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A imprensa foi censurada, ninguém podia criticar o governo, as greves foram proibidas, os sindicatos controlados pelo Estado.
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A ditadura de Vargas era bem parecida com a de Mussolini na Itália, mas não era fascista.
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Getúlio Vargas governou por decretos-leis.
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Vargas se preocupou bastante com controle da classe operária e dos sindicatos.
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É dessa época a criação do imposto sindical, um dia de trabalho por ano que cada trabalhador, sindicalizado ou não, pagava ao governo, que era utilizado em benefícios.
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Opinião pública passa a ser controlada pelo DIP, que só permitia a propaganda política do governo.
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Cada redação de jornal tinha um censor para julgar o que podia ser publicado.
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Em 1938, os integralistas, que colaboraram com Getúlio no golpe de 1937 se sentiram traídos.
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Os integralistas tentaram tomar o poder, mas foram derrotados e presos.
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Em 1943, Getúlio criou a CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) uma reunião das leis trabalhistas.
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Depois de ser chamado de DPDC e DNP, foi chamado DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda) criado em dezembro de 1939.
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DIP – encarregado da censura dos meios de comunicação ( rádio, jornais, livros, cinema) e também tinha como função divulgar uma imagem positiva do Estado Novo, para garantir o apoio da opinião pública.
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Vargas utilizou o rádio para divulgação de seus projetos.
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Na área econômica, Getúlio investiu na industrialização.
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Construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) é da Companhia Vale do Rio doce, exploradora de minérios.
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As companhias eram estatais, mas além de utilizarem os capitais do governo, utilizaram também os empréstimos norte-americanos.
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Se desenvolveram as indústrias de papel, cimento, vidro.
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No setor agrícola, Vargas estimulou a policultura e se preocupou com a estabilização do preço do café.
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Getúlio comprou os estoques de café, queimou-os, impôs condições para o plantio e para a política de preços.
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Criou o Instituto Brasileiro do Café, que passou a controlar o mercado.
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O Brasil participou da segunda guerra mundial, ao lado dos aliados: Inglaterra, França, EUA e outras nações.
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A atuação brasileira na guerra se deu através da FEB (Força Expedicionária Brasileira) com campanhas na Itália.
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Brasil exporta minérios, outras matérias-primas e produtos industrializados para os países em guerra.
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Criação de novos Institutos como o do Mate e o Pinho.
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A expansão industrial não foi suficiente para tornar o país economicamente independente.
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As indústrias dependiam da importação de bens de capital como máquinas para produzir. As indústrias também produziam bens de consumo.
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O Brasil continuou e exportando café, algodão, minérios.
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As camadas médias e uma parte das camadas pobres foram beneficiadas pelo crescimento industrial e pela ampliação dos órgãos públicos, com o aumento de empregos.
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Nas cidades havia muitas pessoas subempregadas e também desempregadas. Os salários continuaram baixos.
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Em 1940, no Rio, a companhia teatral “Os Comediantes” iria inaugurar o moderno teatro brasileiro.
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Com a repercussão interna da participação do Brasil na segunda guerra mundial, provocou enfraquecimento do Estado Novo.
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O país vivia uma situação contraditória, pois lutava pela democracia no exterior, combatendo fascismo, mas vivia sob um regime ditatorial.
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Com o apoio da grande imprensa, os intelectuais, estudantes e operários e iniciaram um movimento pela redemocratização do país.
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Pressionado, o governo prometeu eleições gerais, diminuiu a censura à imprensa e permitiu a volta de partidos políticos.
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A oposição se organizou num partido, chamado UDN (União Democrática Nacional).
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As oligarquias rurais, banqueiros industriais e parte da classe média formaram o PSD (Partido Social Democrata).
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Os dirigentes sindicais criar o PTB (Partido Trabalhista Brasileiro).
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O governo norte-americano não aceitava a política nacionalista de Vargas, que dificultava a entrada de capitais privados daquele país.
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Durante a campanha eleitoral, surgiu um movimento liderado pelos trabalhistas, chamado “Queremismo” que defendia a convocação de uma assembléia constituinte e a continuidade de Getúlio.
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Os setores nacionais de oposição, ligados aos estados unidos e apoiados por parte das forças armadas, conspiraram para derrubar o presidente.
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Em e outubro de 1945, um golpe de estado liderado pelo General Góis Monteiro, depôs Vargas.
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As eleições se realizaram e o vencedor foi Marechal Eurico Gaspar Dutra.

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GETÚLIO VARGAS – Governo Constitucional (1934 – 1937)
•25, maio 2009 • Deixe um comentário

* Período em que o governo enfrentou duas revoltas: a dos integralistas e a dos comunistas.

* Cresceram no Brasil duas correntes ideológicas: a Ação Integralista Brasileira (AIB) e a Aliança Nacional Libertadora (ANL).

* AIB – de caráter fascista liderado por Plínio Salgado que tinha por lema Deus, Pátria e Família.

* O AIB era apoiado por setores mais conservadores da sociedade ( grandes proprietários, empresários, elementos da classe média e oficiais das forças armadas). Pregavam uma ditadura nacionalista, de partido único.

* ANL – Liderada por Luís Carlos Prestes. Recebeu apoio de estudantes, operários, parte da classe média e militares de baixa patente.

* A ANL era a favor de reformas radicais, como a suspensão do pagamento da dívida externa, reforma agrária e nacionalização das empresas estrangeiras.

* A ANL cresceu rapidamente em todo o país.

* Em novembro de 1935 estourou uma revolta comunista, denominada Intentona Comunista que foi provocada pela dissolução da ANL, por ordem de Vargas.

* O movimento foi controlado pelo governo federal.

* Os prisioneiros foram torturados e alguns mortos.

* Prestes sobreviveu à prisão, porém sua esposa Olga Benário foi entregue aos nazistas.

* A filha de Olga, Anita Leocádia Prestes, foi trazida para o Brasil, graças à ação da família, mas Olga morreu num campo de concentração.

* Em 1937, teve início a campanha da sucessão presidencial.

* Acusando os comunistas de pretenderem tomar o poder, o presidente, com apoio das forças armadas e do congresso, deu um golpe de estado, outorgando uma nova constituição e levando a Nação à ditadura do Estado Novo.

* As eleições foram suspensas e o congresso foi fechado.

* A nova constituição, a “Polaca”, baseada na constituição da Polônia, aboliu a autonomia dos estados e municípios, fechou os partidos políticos e fortaleceu o poder executivo.

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GETÚLIO VARGAS – Governo Provisório (1930 – 1934)
•25, maio 2009 • 5 comentários



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Getúlio foi considerado Pai dos Pobres e Mãe dos Ricos.
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Ao assumir o poder, Vargas dissolveu: o Governo Nacional, as Assembléias Estaduais e as Câmaras Municipais, até que fosse convocada uma nova Assembléia Constituinte para elaborar uma nova Constituição.
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Os governadores que não apoiaram Getúlio foram substituídos por interventores.
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Alguns tenentes que apoiaram Getúlio ganharam cargos de interventores estaduais.
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Novos órgãos administrativos foram criados, como o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio e o Ministério da Educação e Saúde.
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Como não havia Congresso, as leis eram feitas diretamente pelo presidente que assinava os decretos.
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Um dos primeiros decretos estabelecia que só seriam permitidos os sindicatos leias ao governo.
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Getúlio estabeleceu o voto secreto, dificultando as fraudes.
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Vargas criou a Justiça Eleitora, comandada por coronéis.
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Estabeleceu-se o voto feminino, a mulher deveria ser alfabetizada e trabalhar.
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Getúlio criou a Justiça do Trabalho, as leis trabalhistas.
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Em 1931, Vargas criou o Departamento Oficial de Publicidade.
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Leis que Vargas não fez – o FGTS, foi criado em 1967 pelos militares; licença paternidade de 3 dias, foi criado na Constituição de 1988, a licença maternidade na Constituição de 1988 foi para 120 dias e o seguro desemprego.
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Em 1934, foi criado o Departamento de Propaganda e Difusão Cultural (DPDC).
*

Desde o início, Vargas demonstrou seu autoritarismo, controlando os sindicatos, os meios de comunicação e até mesmo as escolas de samba.
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Em SP, políticos intelectuais com idéias liberais queriam que houvesse eleições para escolher uma Assembléia Constituinte, sonhavam com uma Constituição Liberal.
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Getúlio nomeou um interventor para governar SP, mas ele era odiado pela população e não era paulista, começando com a agitação anti-getulista na capital.
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As velhas oligarquias cafeeiras de SP, aproveitaram as insatisfações e o movimento, pois queriam recuperar o antigo poder de 1930.
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Uma passeata de protesto contra o interventor varguista terminou com estudantes mortos pela polícia.
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Estado de SP declara guerra ao governo de Getúlio, eclodindo a Revolução Constitucionalista de SP, em 1932.
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A Revolução Constitucionalista tinha como objetivo a elaboração de uma nova Constituição para o país.
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Movimento MMDC: Conflito envolvendo os rebeldes e as forças do governo. Nesse movimento morreram os estudantes de cujo sobrenome Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo proveio essa sigla.
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Aconteceu uma guerra mesmo, com deslocamento de tropas, canhões, centenas de mortes.
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SP ficou isolada e os paulistas rederam às tropas do governo federal.
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Nos anos 1930, o cinema brasileiro se concentrava no Rio de Janeiro, com a Cinédia e Brasil-Vita de estúdio cinematográficos.
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O filme com O campeão de futebol fez sucesso em São Paulo.
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O mineiro Humberto Mauro foi um grande cineasta de 1930.
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Em 1973, com a peça Deus lhe pague, de Juracy Camargo, começava o “teatro que faz pensar”.

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003 – Roma – Julio Cesar
•22, maio 2009 • Deixe um comentário

JVLIVS CAESAR

A Conspiração no Senado

“Leia apenas este, César, e agora mesmo! Trata de assuntos da máxima importância!” César apanhou o bilhete e por diversas vezes tentou lê-lo, mas a turba dos solicitantes impedia-o. E foi com ele nas mãos — e apenas ele — entrou no senado…

A ambição de César, bem como seu amor dos grandes feitos, não lhe permitiam gozar em paz os incontáveis êxitos que lhe advieram de seus trabalhos. Isso apenas o inflamava e o encorajava para o futuro, inspirando-lhe projetos cada vez mais vastos e desejos de novas glórias, pois não lhe bastavam as que já possuía. Semelhante paixão não era mais que uma espécie de inveja de si mesmo, como se tivesse sido outra pessoa, e de emulação entre o que realizara e ainda pretendia realizar. Projetava e preparava uma expedição contra os partos; submetidos estes cruzariam a Hircânia ao comprido do mar Cáspio e do Cáucaso, para contornar o Ponto Euxino (mar Negro) e invadir a Cítia; a seguir, marcharia contra os países vizinhos da Germânia e contra a própria Germânia, regressando enfim à Itália através da Gália. Assim, fecharia o círculo do império, rodeado de todos os lados pelo Oceano.

Enquanto aguardava o momento propício para essa expedição, planejou rasgar o istmo de Corinto, obra a ser realizada por Anieno, e escoar o Tibre para a saída da cidade através de um canal profundo, lançando-o ao mar perto de Terracina, de modo a obter uma via ao mesmo tempo fácil e segura para os mercadores que freqüentavam Roma. Queria também drenar os pântanos de Pomécio e Sécia, transformando-os em planícies a serem cultivadas por dezenas de milhares de homens; finalmente, levantar diques para barrar a parte do mar mais próximo de Roma e, após livrar a costa de Ostia dos obstáculos ocultos que lhe dificultavam o acesso, construir portos e ancoradouros seguros para uma atividade marítima crescente. Tais os projetos que elaborava.

A reforma do calendário e a retificação das anomalias no cálculo do tempo, sabiamente meditadas e levadas a bom termo por César, foram de imensa utilidade. É que, nos tempos recuados, não apenas a relação entre o ano e os meses tornara-se tão confusa entre os romanos que sacrifícios e festas, aos poucos deslocados, recaíam em estações opostas às suas datas primitivas, como, ainda na época de César, a maior parte das pessoas absolutamente nada compreendiam do assunto, uma vez que os sacerdotes — os únicos a conhecer o tempo real — acrescentavam a torto e a direito, sem que ninguém o esperasse, um mês intercalar chamado mercedônio. Parece que foi introduzido pela primeira vez pelo rei Numa que com isso apenas encontrou um remédio medíocre e pouco eficaz para os erros cometidos quanto ao retorno periódico dos astros. César apresentou o problema aos mais doutos filósofos e matemáticos da época, e, com base em métodos já aplicados, propôs uma reforma pessoal e mais rigorosa do calendário. Dele ainda hoje se valem os romanos, enganando-se menos que os outros povos no que tange à divergência entre os meses e o ano. Todavia, os invejosos e todos quantos não podiam suportar a dominação de César até nessa reforma foram encontrar motivos de censura. O orador Cícero, ouvindo que a Lira erguer-se-ia no dia seguinte, teria resmungado: “Sim, por decreto”, como se os romanos só aceitassem a reforma sob coação.

Entretanto, o que provocou contra César o ódio mais manifesto, mais mortal, foi seu desejo de ser rei. Deu assim, ao povo, o primeiro ensejo de crítica contra ele, e aos inimigos secretos, sempre à espreita, o pretexto mais atraente. De seu lado, os que queriam conceder-lhe semelhante honra espalharam o boato de que, segundo os livros sibilinos, os romanos dominariam o império dos partos se os atacassem comandados por um rei, do contrário jamais o conseguiriam. Certa feita, descendo César de Alba para Roma, ousaram até saúda-lo com o título real. O povo emudeceu; e César, despeitado, declarou que não se chamava “rei”, mas “César”, todavia, percebendo que essas palavras esbarravam no silêncio geral, passou adiante com ar sombrio e carrancudo. Outro dia que o senado acabara de votar-lhe honras extraordinárias e ele se achava na tribuna dos discursos, os cônsules e os pretores aproximaram-se, seguidos de todo o corpo senatorial; César não se levantou, como se ali estivesse a conceder audiência a meros particulares, e disse que convinha diminuir, ao invés de aumentar suas honras. Tal conduta não ofendeu apenas o senado, mas também o povo, que viu o Estado desprezado na pessoa dos senadores. Todos os que, por suas funções, não eram obrigados a permanecer, retiraram-se imediatamente, muito abatidos.

O próprio César percebeu tudo, voltou logo para casa e gritou aos amigos, descobrindo o pescoço: “Estou pronto a dar a garganta a quem quiser matar-me”. Mais tarde desculpou-se pretextando sua doença (epilepsia), dizendo que os que dela padecem de forma alguma podem permanecer firmes, falando de pé à multidão, mas perdem a noção das coisas quando se sentem sacudidos, turbados, acossados de vertigens. O fato, porém, não se deu assim: César tinha a firme intenção de levantar-se diante do senado, mas um de seus amigos (ou bajuladores), Cornélio Balbo, tê-lo-ia retido com estas palavras: “Acaso não te lembras de que és César e tens de aceitar as homenagens que te são devidas como a um ser superior?”

A esses procedimentos ofensivos juntou-se o ultraje feito aos tribunos da plebe. Era pela época das festas Lupercais1, que, segundo alguns autores, fora outrora celebradas por pastores e tem de fato alguma ligação com a festa do Liceu da Arcádia. Nesse dia, muito jovem de boa família e muito magistrado corre nu pela cidade, fustigando os que encontra pelo caminho com tiras de peles a que não se tiram os pêlos, numa espécie de jogo ou brincadeira; mulheres em idade de conceber postam-se de propósito à sua passagem, e, como escolares, estendem as mãos para receber os golpes, certas de que isso lhes garantirá um parto sem problemas, caso estejam grávidas, ou a fertilidade, se são estéreis. César assistia à festa do alto dos Rostros, sentado numa cadeira de ouro e envergando sua roupa de triunfador. Antônio participava da corrida sagrada, pois era cônsul; quando chegou ao Fórum e a multidão lhe abriu caminho, viu-se que trazia um diadema entrelaçado de uma coroa de louros, que estendeu a César. Ouviram-se palmas de encomenda, pouco entusiasmadas e nada convincentes. César repeliu o diadema — e todos aplaudiram. Antônio repetiu o gesto e novamente os aplausos foram minguados; César reusou segunda vez, a aclamação voltou a ser unânime.
Busto de Júlio César

Concluída a prova, César ergueu-se e ordenou que a coroa fosse levada ao Capitólio. Notou-se então que todas as suas estátuas haviam sido coroadas de diademas reais. Os tribunos Flávio e Marulo apareceram e arrancaram-nos para em seguida, descobertos os primeiros que tinham saudado César com o título real, mandá-los à prisão. O povo seguia os tribunos chamando-os euforicamente de Brutos, pois Bruto é quem pusera fim à sucessão dos reis e transferira o poder supremo da monarquia ao senado e ao povo. César, profundamente ofendido, arrebatou o cargo a Marulo e seu colega. Na acusação contra eles lavrada, insultou também o povo, chamando diversas vezes aqueles tribunos de “estúpidos” (bruti) e “cimeus”.

Nessas circunstâncias, a maior parte dos cidadãos voltou-se para Marco Bruto, que passava por pertencer, ao lado paterno, à estirpe do antigo Bruto, e, do lado materno, descendia de outra família ilustre, a dos Servílios. Era, ainda, genro e sobrinho de Catão. Ele próprio, no entanto não cogitava de sacudir o jugo tirânico, pois que o paralisavam as honras e benefícios recebidos de César. Não apenas tivera a vida salva em Farsália depois da fuga de Pompeu, ocasião em que intercedera por diversos amigos, como gozava de grande crédito junto a César. Recebera a pretura que era então a mais honrosa e deveria ser cônsul três anos depois, tendo levado a melhor sobre seu concorrente Cássio2. Com efeito, César declarara que Cássio possuía as melhores credenciais, mas não passaria à frente de Bruto. Assim, quando falaram mal dele em sua presença, num momento que a conjuração já ia em meio, não fez caso e, apontando para si mesmo, disse aos denunciantes: “Bruto saberá aguardar o fim deste corpo”, dando a entender que o acusado merecia o poder por sua virtude, mas que essa mesma virtude o impedia de tornar-se ingrato e criminoso.

Os partidários da revolução só tinham olhos para Bruto, ou pelo menos queriam aliciá-lo em primeiro lugar. No entanto, não ousavam falar-lhe, preferindo deixar à noite, no tribunal e na cadeira onde se sentava para dar suas audiências de pretor, bilhetes concebidos nestes termos: “Estás dormindo, Bruto”, ou: “Não és Bruto”. Cássio, apercebendo-se de que essas recriminações lhe iam aos poucos despertando o zelo, pressionava-o mais que nunca, uma vez que ele próprio nutria ódio pessoal contra César devido aos motivos tão evidentes. César, de seu lado, suspeitava de Cássio e chegou a dizer um dia aos amigos: “Que pensais esteja Cássio a maquinar? A mim ele não agrada: é excessivamente pálido”. Também se conta que, quando Antônio e Dolabela foram acusados de tramar, declarou: “Não receio os nédios e cabeludos, mas os magros e pálidos” — aludindo a Cássio e Bruto.

Parece ser mais fácil prever do que evitar o destino, pois que então muitos prodígios e aparições se teriam manifestado. É claro que, a propósito de tão importante acontecimento, não vale a pena mencionar os clarões no céu, os ruídos noturnos ouvidos em diversos lugares, ou as aves de rapina que despencaram sobre o Fórum. Mas o filósofo Estrabão narra que muita gente acreditou ver homens esbraseados e que o escudeiro de um soldado deixou escapar da mão uma grande labareda, a qual se extinguiu deixando o homem ileso, para espanto dos espectadores, que o supunham em chamas; e que, por ocasião de um sacrifício oferecido pelo próprio César, não se achou o coração da vítima, prodígio dos mais assombrosos uma vez que a natureza nunca poderia produzir um animal desprovido desse órgão. Ainda hoje se ouve muita gente dizer que um adivinho advertiu César para guardar-se de um grande perigo no dia de março que os romanos chamam de “idos”, e que, chegado esse dia, César saudou o adivinho e brincou com ele, quando saía de casa para o senado3: “E então, os idos de março chegaram!”, ao que o outro respondeu tranqüilamente: “Chegaram, mas ainda não passaram”.

Na véspera jantava na casa de Marco Lépido e selava cartas sentado à mesa, conforme seu hábito, quando a conversação recaiu sobre a questão da melhor das mortes; César, adiantando-se aos demais convivas, acudiu: “A que não esperamos”. Após a refeição, foi deitar-se ao lado da esposa, como sempre. De repente, todas as portas e janelas do quarto se escancararam ao mesmo tempo; assustado com o barulho e o clarão da lua, que iluminava o recinto, ouviu Calpúrnia balbuciar, embora adormecida, palavras indistintas e gemidos desarticulados. Calpúrnia sonhava que tinha nos braços o marido degolado, e pranteava-o. Outros afirmam que não foi ela, mas outra mulher que teve o sonho: haviam erigido em cima da casa de César, para ornamento e distinção, uma espécie de acrotério, votado segundo Tito Lívio pelo senado, e foi esse pináculo que Calpúrnia viu em sonhos derrubado, o que lhe provocara lamentações e pranto. Seja como for, quando o dia nasceu, suplicou ao marido que não saísse e adiasse a sessão do senado, se possível: “Caso não dês importância a meus sonhos”, acrescentou ela, “recorre a outras divinações e sacrifícios para saber do futuro”. César, ao que parece, ficou um pouco inquieto e suspeitoso, pois nunca antes reparara que Calpúrnia, como tantas outras mulheres, fosse supersticiosa. Agora, porém, via-se agitada. E como, além do mais, os adivinhos declararam que os sinais eram desfavoráveis, após uma série de sacrifícios, decidiu enviar Antônio para dispensar o senado.

Décimo Bruto, de sobrenome Albino4, era de tal forma considerado por César que este o instituíra seu segundo herdeiro. Todavia, participava da conjuração juntamente com o outro Bruto e Cássio. Temendo que, César escapasse à sessão daquele dia, a empresa se tornasse de conhecimento público, pôs-se a criticar os adivinhos e mostrou vivamente a César que calúnias e acusações atrairia sobre si da parte do senado, que se acreditaria escarnecido, pois se reunira por ordem sua estava pronto a votar unanimemente a medida que o proclamaria rei das províncias exteriores à Itália, onde teria o direito de usar o diadema, em terra e mar. “Se os senadores forem convidados”, ponderava, “a retirar-se depois que se assentarem, para voltar quando Calpúrnia tiver sonhos melhores, que dirão os invejosos? E quem dará ouvidos a teus amigos, quando tentarem provar que não há aí nem servidão nem tirania? Todavia, se estás mesmo resolvido a sacrificar este dia por escrúpulos religiosos, é melhor que vás em pessoa notificar o senado do adiamento da sessão”. Assim falando, Bruto tomou-o pela mão e levou-o consigo. César mal saíra de casa quando um escravo de fora, que em vão tentara abrir caminho por entre a multidão que o cercava, entrou depois de muito esforço na casa e se colocou nas mãos de Calpúrnia, a quem pediu para ficar até a volta de César, pois tinha importante comunicação a fazer-lhe.

Artemidoro, natural de Cnido, ensinava as letras gregas e por isso penetrara suficientemente na intimidade de alguns dos cúmplices de Bruto para saber muita coisa que se tramava. Apareceu com um bilhete revelador, mas, notando que César entregava às pessoas da casa todos os comunicados que recebia, aproximou-se bastante e disse-lhe: “Leia apenas este, César, e agora mesmo! Trata de assuntos da máxima importância para ti”. César apanhou o bilhete e por diversas vezes tentou lê-lo, mas a turba dos solicitantes impedia-o. E foi com ele nas mãos — e apenas ele — entrou no senado. Alguns autores sustentam que outra pessoa entregou o bilhete, não Artemidoro, o qual não teria conseguido sequer chegar perto de César, mas fora sistematicamente repelido ao longo do caminho pela multidão.

Busto de Cneo Pompeu Magno

O que vem sendo narrado pode ser fruto do acaso. Mas a sala onde aconteceu o assassinato, na qual o senado se reunia naquela ocasião, ostentava uma estátua de Pompeu, que dedicara o edifício como um ornamento extra a seu teatro. Essa circunstância prova, manifestamente, que a ação foi encaminhada por um deus o qual já assinalara o lugar para cenário de tão relevante acontecimento. Diz-se que Cássio, antes do crime, volveu os olhos para a estátua e invocou Pompeu em silêncio, se bem que cultivasse a doutrina de Epicuro: é que a iminência do drama espalhava em sua alma, presumivelmente, uma emoção e um entusiasmo capazes de varrer dali as antigas opiniões. Antônio, que continuava fiel a César e era muito forte de físico, foi retido fora por Bruto Albino, que travou com ele, de propósito, uma discussão interminável. Quando César entrou os senadores, por deferência, levantaram-se. Imediatamente, enquanto alguns cúmplices de bruto se postavam em círculo atrás da cadeira de César, outros foram para diante dele, como a juntar suas instâncias às de Tílio Cimbro, que intercedia por seu irmão exilado; e, em grupo, acompanharam-no até seu lugar. Já sentado, continuou a repelir-lhe as solicitações, mas, como persistissem cada vez mais teimosamente, fez notar seu desagrado a um por um. Então Tílio agarrou sua toga com ambas as mãos e descobriu-lhe o pescoço, o que era o sinal convencionado.

Casca5 foi o primeiro a feri-lo com a espada, na nuca, mas a ferida não era profunda, nem mortal, porque decerto o homem se sentia nervoso ao começar algo tão grave e tão ousado. César se volta e segura o gládio; gritam os dois quase ao mesmo tempo, o ferido em latim: “Sanguinário Casca, que fazes?”, o agressor em grego, a seu irmão: “Irmão, acode!” Foi assim que tudo começou. Os que não participavam da conjuração tremeram de susto vendo o que se passava, não ousando nem fugir, nem defender César, nem dizer palavra. Mas os que se haviam armado para o crime sacaram das espadas. César, cercado de todos os lados, só vê à frente, para onde quer que se volte, lâminas cruéis a feri-lo na face e nos olhos; empurrado por todos, debate-se como um animal selvagem. Cada qual deveria tomar parte no sacrifício e degustar o assassinato — de modo que Bruto também lhe vibrou um golpe na virilha. Alguns dizem que César se defendia contra os demais, gritando e atirando-se de um lado para outro, mas que, ao avistar Bruto de espada desembainhada, cobriu a cabeça com a toga e foi cair, por acaso ou empurrado pelos assassinos, junto ao pedestal onde se erguia a estátua de Pompeu. O pedestal ficou coberto de sangue, parecendo que Pompeu presidia em pessoa à vingança que se tirava do homem caído a seus pés, a estertorar sob o grande número de feridas (teria recebido vinte e três). Muitos dos conjurados acabaram ferindo-se entre si, no afã de golpear repetidamente um só homem.

Morto César, Bruto avançou para o meio da assembléia como se tencionasse falar a respeito do que acabava de acontecer, mas os senadores não quiseram ouvir nada e precipitaram-se para fora. Sua fuga mergulhou o povo num estupor e receio intoleráveis: uns trancavam as portas, outros abandonavam os balcões e as lojas; de todos os lados pessoas corriam na direção do senado para ver o que acontecera e cruzavam com as que de lá voltavam. Antônio e Lépido, os maiores amigos de César, esquivaram-se e procuraram refúgio em casas alheias. Bruto e seus companheiros, ainda frementes do assassinato e brandindo as espadas nuas, agruparam-se à saída do senado e rumaram para o Capitólio. Não iam como pessoas que fogem, mas com o rosto radiante e cheio de segurança, conclamando o povo à liberdade e saudando os homens eminentes que encontravam.

Alguns destes misturaram-se ao grupo e subiram com ele, como se tivessem participado da ação e reivindicassem seu quinhão de glória. Estavam entre eles Caio Otávio e Lêntulo Espínter, ao depois severamente castigados pela fanfarronada: Antônio e o jovem César6 mandaram executá-los, sem que houvessem sequer usufruído da glória pela qual morriam, pois ninguém lhes deu o mínimo crédito: os vingadores puniram neles não o ato, mas a intenção. No dia seguinte, Bruto e os conjurados desceram ao Fórum e falaram ao povo, que ouviu seus discursos sem manifestar nem censura nem aprovação pelo que fora feito — mas deixando entrever, por seu silêncio profundo, que, se pranteava César, respeitava Bruto. O senado votou anistias e tentou uma reconciliação geral: por um lado, decretou honras divinas para César e absoluta intocabilidade para qualquer das medidas que tomara quando no poder; por outro, atribuiu províncias a Bruto e seus cúmplices, além de distinções especiais. De modo que todos supuseram restabelecida a situação da maneira mais satisfatória possível.

Mas depois que, aberto o testamento de César7, soube-se que deixara a cada romano um legado considerável, a multidão, ante o espetáculo daquele corpo desfigurado pelos ferimentos sendo conduzido pelo Fórum8, não mais se conteve: amontoou em volta do cadáver bancos, tábuas e mesas tiradas do Fórum, ateou-lhes fogo e incinerou o cadáver no próprio local. Em seguida, empunhando tições, correu para as casas dos assassinos na intenção de incendiá-las, enquanto outros vasculhavam as ruas à sua procura para fazê-los em pedaços. Não acharam nenhum, pois todos estavam bem-entrincheirados.

Um tal Cina, amigo de César, tivera ao que se diz um sonho estranho na noite anterior. Parecera-lhe que César o convidava a cear e, ante sua recusa, tomava-o pela mão e levava-o a despeito de muita resistência. Ao saber que o corpo de César estava sendo queimado no Fórum, levantou-se e lá foi para prestar-lhe as derradeiras honras, embora o sonho o inquietasse e a febre o dominasse. Vendo-o, um homem na multidão disse seu nome a outro, que lhe perguntara; este o passou adiante, espalhando-se então o boato de que ele era um dos assassinos. Na verdade, havia entre os conjurados um indivíduo de mesmo nome, Cina. Tomaram-no por este, atiraram-se sobre o infeliz e ali mesmo o despedaçaram. Essa violência inquietou ao mais alto ponto Bruto e Cássio, os quais, pouco depois, abandonavam a cidade.

Assassinato de Júlio César
Assassinato de Júlio César – Quadro de Jean-Léon Gérôme, 1867

César morreu aos cinqüenta e seis anos, não tendo sobrevivido a Pompeu muito mais que quatro anos. Do poder e do domínio que perseguira a vida toda, em meio a tantos perigos e após tamanhas penas, só colheu o nome e uma glória que excitou a inveja dos concidadãos. No entanto, o gênio poderoso que em vida o assistira ficou com ele mesmo depois de morto, para vingá-lo; perseguiu e atormentou seus assassinos por toda a extensão da terra e do mar, até não mais restar um só, até punir um por um aqueles que, de alguma maneira, participaram do ato ao menos em intenção. O mais extraordinário dos fatos humanos que o atestam foi o destino de Cássio: vencido em Filipos9, matou-se com a mesma espada que vibrara contra César. No que tange aos fatos divinos, há o grande cometa que, após o assassinato, surgiu fulgurante por sete noites seguidas e depois desapareceu. Houve ainda o obscurecimento da luz do sol: durante todo o ano o disco solar levantou-se pálido e sem ardência; o calor que emanava dele era débil e fugidio, deixando o ar sombrio e pesado devido à insubstancialidade dos raios que o penetravam; os frutos, amadurecidos pela metade, murchavam e apodreciam naquela atmosfera álgida.

Mas foi principalmente o fantasma aparecido a Bruto que revelou não ter o crime sido agradável aos deuses. Eis como se deu a aparição: Bruto, na iminência de levar seu exército de Abido para o outro continente, repousava à noite, como sempre, em sua tenda; não dormia, pensava no futuro, pois era segundo se diz, de todos os generais, o menos sujeito ao sono, o mais propenso fisicamente às longas vigílias. Acreditou ouvir barulho à porta e, olhando à luz de uma tocha que começava a esmorecer, teve uma visão espantosa, a de um homem desmesuradamente alto, terrível de aspecto. De início assustado, ao constatar que o espectro não fazia nem dizia nada, mas apenas quedava silencioso à beira do leito, perguntou-lhe: “Quem és?” O fantasma respondeu: “Sou teu gênio mau, Bruto. Ver-me-ás em Filipos”. Bruto, corajosamente, replicou: “Lá te verei” — e o espectro desapareceu.

Chegado o momento, em Filipos, Bruto entrou em linha contra Antônio e César; vencedor no primeiro embate desafiou os inimigos que lhe faziam face, dispersou-os e saqueou o acampamento de César. Mas, pouco antes de travar o segundo combate, o mesmo fantasma veio visitá-lo novamente na calada da noite; não disse palavra, e todavia Bruto, compreendendo o decreto do destino, atirou-se às cegas no meio do perigo. Não morreu, porém, em combate; destroçadas suas tropas, refugiou-se num sítio escarpado e apoiou o peito contra a espada nua, ajudado ao que parece por um amigo, que reforçou o golpe. E assim morreu.

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O fantasma de César aparece a Brutus


Flores no local onde César foi cremado no Fórum

~ Arnaldo Poesia ~

___________
Bibliografia: Plutarch, Parallel Lives, Harvard University Press, USA, 1992.

Notas:
1 Cerimônia celebrada em 15 de fevereiro, em honra do deus Pã. Considerada por alguns propiciadora da fertilidade feminina, por outros vestígio da antiga festa pastoral voltada à defesa dos rebanhos e por outros cerimônia para manter distante as almas dos antepassados.
2 Caio Cássio Longino (85-42 a.C.), cunhado de Bruto. Iniciou sua carreira política como qüestor de Crasso, na campanha contra os partos. Em 49 a.C. foi eleito tribuno da plebe e em 44 a.C. nomeado pretor peregrino.
3 Excepcionalmente naquele dia a reunião não se deu na cúria, que se encontra no Fórum, mas em uma das dependências da cúria de Pompeu, no Campo de Marte. Era uma grande sala com bancadas em degraus, de cerca de 400 m² de área.
4 Décimo Júnio Bruto Albino, filho de Décimo Júnio Bruto, cônsul em 77 a.C. Foi colaborador de César desde o final da campanha da Gália. César tinha tal confiança nele que o havia inscrito em seu testamento.
5 Públio Servílio Casca Longo foi tribuno da plebe em 43 a.C.
6 Trata-se de Otaviano, assim chamado porque se tornou filho de César por adoção testamentária.
7 Na casa de Antônio, sob insistentes pedidos de Lúcio Calpúrnio Pisão, sogro de César.
8 O funeral ocorreu em 20 de março.
9 Cidade da Trácia, cerca de 15 km distante do mar Egeu. A batalha foi travada no outono de 42 a.C.

Publicado em Pesquisas Temáticas
003 – Roma – O Império
•22, maio 2009 • Deixe um comentário

Ascensão e Queda
do Império Romano

Lembra-te, romano, de que esta será a tua missão:
governar as nações; manter a paz sob a lei;
poupar os vencidos; esmagar os soberbos!
— Virgílio, 70-19 a. C.

SENATVS POPVLVSQVE ROMANVS

A fundação de Roma aconteceu no décimo primeiro dia antes das calendas de maio. Quanto a esse ponto todos concordam, e os romanos comemoram a data como aniversário de sua pátria. A História romana começa por um período mais ou menos lendário, durante o qual a tradição clássica faz reinar sete reis sucessivos de 753 a 510 a.C. Em 510, quando foi proclamada a República, Roma, cuja população resultava da fusão dos Ramnenses (Latinos), dos Ticienses (Sabinos) e dos Lúceres (Etruscos), já possuía um certo número de instituições: patriciado e clientela, assembléia curial, senado…

O estabelecimento da República deu lugar à criação de novas funções. Tais como o consulado e a ditadura. Os primeiros tempos da República foram preenchidos quase totalmente pela luta dos patrícios e dos plebeus, que terminou no ano 300 pela admissão destes a todas as magistraturas. Solidamente constituída no interior, Roma pensou então em dilatar o seu território: de 496 a 270, conquistou o resto da Itália; de 264 a 201 fez as duas primeiras guerras púnicas; de 200 a 130, interveio no Oriente, destruiu Cartago (terceira guerra púnica, 146), transformou a Grécia em província romana, passando a experimentar a influência benéfica dos Helenos vencidos.

As lutas internas, porém, perderam a República (rivalidade de Mário e de Sila; triunvirato de César, Pompeu e Crasso; rivalidade de Pompeu e César depois da conquista da Gália; ditadura e assassinato de César; rivalidade de Otávio e Antônio). Vencedor em Áccio em 31 a.C., Otávio ficou exclusivo senhor do mundo antigo; foi proclamado imperador (imperator) sob o nome de Augusto, reunindo nas suas mãos todos os poderes, todas as magistraturas.

O próprio Virgílio, poeta da glória romana, havia apontado a grandiosa missão de Roma, e foi com força civilizadora que ela ascendeu e dominou. Suas maiores conquistas foram completadas nos dias da República. Em sete séculos, uma aldeia de pastores junto ao Tibre, que se pretende fundada pelos gêmeos Rômulo e Remo em 753 a.C., tornou-se senhora do Mediterrâneo e de grande parte da Europa continental. Conseguiu-o apenas pelo valor de seus lavradores-soldados, por seu gênio organizador e sua habilidade em fazer que as nações subjugadas se sentissem à vontade sob a águia romana. Um governo admiravelmente equilibrado, concebido para administrar uma cidade apenas, regia todo o império. O Senado romano, composto de romanos conceituados, supervisionava toda a legislação, controlava os gastos, tratava com potências estrangeiras, decidia sobre guerra e paz e, em conjunto, representava Roma.

A maioria dos patriotas que cravaram seus punhais em Júlio César, nos Idos de Março de 44 a.C., eram senadores. Para eles, o ato sanguinário era o único meio de salvar a República. Contudo, matando o possível monarca, eles não mataram a ambição. O sobrinho-neto e filho adotivo de César, Augusto, logrou êxito onde falhara seu pai de criação. E assim nasceu um império que duraria cinco séculos, protótipo de todos os impérios coloniais dos tempos modernos. Entre seus setenta e tantos imperadores houve homens bons, maus e medíocres, sábios, cruéis, fracos e fortes. Um deles, Marco Aurélio, filósofo, deixou-nos suas Meditações, livro inspirador. Alguns, como Trajano, o Espanhol, provinham de outras terras. Outros, pretendentes rivais ao trono, combateram-se mutuamente até à morte.

Teoricamente, o Imperador era o melhor homem disponível. Na prática, muitas vezes não passava de um reles cavaleiro de fortuna. Seu poder, constituído pela soma total de todos os postos-chave administrativos e eletivos da extinta República, era absoluto. O Senado foi reduzido à impotência. Enquanto gozasse de popularidade junto às forças armadas, o governante pairava acima da lei. O assassinato, única forma de reação a esse governo de um só homem, era usado franca e eficientemente.

Por volta do século III da era cristã, já o Império se estendia desde a Bretanha até à fronteira da Pérsia; do Reno e do Danúbio às areias do Saara. Cerca de 100 milhões de pessoas o habitavam. Um exército de 300.000 legionários bem pagos garantia a sua defesa. Uma rede de estradas — algumas das quais conservam até hoje seus bem construídos pavimentos romanos — entrecruzava-se por todo o vasto domínio. Naves de guerra patrulhavam as águas. O correio deslocava-se a uma espantosa velocidade de 65 quilômetros por dia. Mercadorias dos extremos da Terra chegavam continuamente a Roma. À exceção de ocasionais incidentes de fronteira, a famosa Pax Romana permaneceu intacta durante 250 anos. O Império era um lugar seguro para se viver.

Uma civilização uniforme se mantinha solidamente unidas as províncias. Em todas as cidades importantes, os deuses romanos eram cultuados nos mesmos grandes templos colunados. Jogos espetaculares e sangrentos — combates de gladiadores, corridas de carros, lutas com animais ferozes — eram promovidos nos mesmos estádios gigantescos. Funcionários civis altamente preparados distribuíam justiça. A propriedade era protegida. O crime era punido, mas os cidadãos romanos podiam invocar o direito de serem julgados pelo próprio Imperador. Como padrão da arte de governar e de organização, o Império jamais foi suplantado.

Roma era o centro palpitante desse superestado. Com cerca de 19 quilômetros de circunferência, tinha-se tornado a maravilha do mundo. Desde que o primeiro imperador, Augusto, em suas próprias palavras, a encontrou “feita de tijolos e deixei-a feita de mármore”, uma série de governantes havia esbanjado somas fabulosas no embelezamento de Roma. Um estádio, o Circus Maximus, acomodava 250.000 espectadores. Onze aquedutos traziam diariamente mais de 1,3 bilhões de litros de água fresca das montanhas para a capital. Balneários, cujos grandes átrios abobadados eram milagres de engenharia, enchiam-se, todos os dias, de romanos que trocavam boatos e se distraíam. Contemplada da Colina de Palatino, suntuoso palácio dos césares, Roma era uma vista tão magnificente que um príncipe persa, visitando-a no ano 357 da nossa era, admirou-se: “As pessoas serão mortais aqui?”

Hoje, porém, sabemos que essa magnificência era, na realidade, pouco mais que uma miragem. A disseminação da riqueza era reduzida; o que faltava a Roma era uma alta classe média. As estatísticas mostram que a mesma Roma que deslumbrava os visitantes com sua grandeza imperial possuía apenas 1.800 residências particulares suntuosas — ao lado de 46.600 cortiços miseráveis. Um minúsculo grupo de elite social equilibrava-se precariamente sobre um proletariado miserável e fervilhante, que vivia de migalhas imperiais e do proverbial “pão e circo”. Nem a opulência dos que estavam por cima era tão extravagante ou “obscena” como a imaginam ficcionistas. As aparências eram mantidas quase que só com custosos banquetes. “Muita tolice tem sido dita sobre o luxo dos romanos como uma das causas de seu declínio”, escreve J. C. Stobart em “A Grandeza que foi Roma “>.

E, se esquecermos a depravação pessoal de certos imperadores, a sociedade romana não parece devassa ou perversa. Crime organizado, drogas, marginais, poluição urbana — Roma não tinha realmente qualquer desses problemas. Muito embora, a prostituição, masculina e feminina, fosse um fato da vida, e o divórcio fosse fácil, seria preciso torcer a História para afirmar que Roma “declinou e caiu” por causa da corrupção moral.

Então, que estava errado? Em primeiro lugar, a busca da felicidade era bloqueada a cada passo por um sistema social inflexível. Poucos conseguiam esgueirar-se através das barreiras sociais. Uma poderosa burocracia, cujos métodos incluíam a tortura, oprimia a população, muitas vezes destruindo-lhe as bases da subsistência. Muitos pequenos agricultores abandonavam as terras de seus antepassados por causa dos impostos esmagadores, indo engrossar as fileiras de uma desesperada população urbana. A escravidão, baseada no trabalho forçado de prisioneiros de guerra, atingiu proporções quase inacreditáveis nos tempos imperiais. Enquanto os traficantes de escravos vasculhavam continentes distantes na busca de mercadoria humana, mercados como o da Ilha de Delos movimentavam diariamente dezenas de milhares de escravos estrangeiros.

Os trabalhos pesados eram feitos por eles. Eram os escravos que faziam coisas, que consertavam coisas. Tudo isso deixava pouca margem para o progresso e o espírito inventivo. A tecnologia não progrediu. Não havia mercado, nem procura, para produtos manufaturados. Em vez de uma economia em expansão, o que havia era estagnação.

A luxuriante Itália, outrora rico país exportador de agricultura, jazia abandonada. Nos últimos tempos do Império, seus agricultores independentes tinham praticamente desaparecido. Para que trabalhar a terra, se se podia importar vinhos da Grécia, trigo do Norte da África e azeite da Espanha? Uma torrente incessante de ouro deixava a Itália para pagar as importações e para financiar obras megalomaníacas em cidades nas províncias. O dinheiro perdeu todo o significado e o povo instituiu um regime de trocas. Seguiu-se o caos.

Um édito do Imperador Diocleciano, congelando preços e salários, chegou até nós. Estabelece penas severas para os especuladores. Por exemplo, os padeiros que vendessem seu pão acima do preço oficial arriscavam-se a ser executados. Ao mesmo tempo, o exército e a administração eram rigorosamente reformados. Os filhos eram obrigados a seguir a profissão dos pais. “Disciplina” era a palavra de ordem do dia. As medidas de Diocleciano contiveram a inflação, e quando, forçado por problemas de saúde, renunciou, no ano 305, conquistara o título de “Refundador do Império”.

Cícero falando no Senado Romano

Contudo, faltava ainda alguma coisa. O Império era um colosso à procura de uma alma. Sentia-se uma falta de finalidade em todas as fases da vida. Era como se os antigos deuses tivessem perdido seu poder; poucos pensavam que Júpiter e Vênus fossem mais que estátuas decorativas no Capitólio. Os anseios espirituais das massas não eram satisfeitos.

Nessas condições, foi a corações aflitíssimos que Paulo, Apóstolo das Gentes, trouxe pela primeira vez a mensagem de salvação. Os primeiros cristãos de Roma eram escravos, proscritos, favelados — os pobres de espírito. Sem dúvida, a desorientação espiritual do mundo pagão favorecia-lhes a causa. Por isso, pouco mais de três séculos após a morte de Cristo, um imperador romano, Constantino, o Grande, abraçou o cristianismo. Fundando a “Nova Roma” — Constantinopla — às margens do Bósforo, ele dividiu o Império em dois.

Roma morreu como havia surgido — pela espada. Nas estepes da Ásia acontecera algo que até hoje continua obscuro. Povos punham-se em marcha. Hordas incontáveis de povos semi-selvagens — godos, vândalos, hunos — entraram em rota de colisão com Roma. Com um misto de repugnância e respeito, os romanos chamavam-nos bárbaros. Essa palavra assumiu um toque de Juízo Final.

Roma foi três vezes sitiada e saqueada. Numa frenética dança da morte, nove imperadores sucederam-se durante os últimos 20 anos do Império. E quando, em 476, Odoacro, um chefe tribal das florestas do Danúbio, invadiu a Itália e depôs o último Imperador — um jovem chamado Romulus Augustulus — fez-se coroar o primeiro rei bárbaro da Itália. E poucos contemporâneos se detiveram para registrar que acabava de expirar o maior império do mundo.

“A história da sua ruína é simples e óbvia”, concluiu Gibbons (Declínio e Queda do Império Romano). “E, em vez de perguntar por que foi o Império destruído, deveríamos antes surpreender-nos com o fato de ter subsistido por tanto tempo.

Que força mágica, bem podemos perguntar, o tinha mantido? Uma resposta a essa pergunta pode ser achada nas antigas virtudes que inspiraram os grandes romanos do passado. Através dos anos de decadência, persistia uma saudade dos “bons tempos de outrora”. Nomes como os de Cícero e Pompeu viviam na memória dos romanos. Os antigos poetas e filósofos continuavam a ser lidos. As famosas histórias dos l egendários heróis de Roma eram sempre repetidas. Foi esta força das antigas instituições e idéias, presente, de certa forma, no próprio sangue de cada romano, o que conseguiu que se mantivesse vivo o Império muito tempo depois de ele ter perdido sua razão de ser.

Roma simplesmente não podia desaparecer. À medida que antigas províncias — Portugal, França, Itália, Romênia — se transformavam em novas nações, falavam as línguas românicas baseadas no jargão das legiões. O próprio latim permaneceu como a língua do saber. E o Direito romano, apurado por gerações de grandes juristas, nutriu com seus princípios humanos e equilibrados os sistemas jurídicos do mundo ocidental. Mas, acima de tudo, é o conceito romano da dedicação do homem ao bem comum que até hoje governa a nossa consciência cívica. O servidor público moderno, que é investido na mais digna carreira que a nação pode oferecer, tem uma dívida de gratidão para com Roma.

Manter vivos e transmitir esses valores foi a função histórica do Império Romano. Seu próprio colapso, quando finalmente sobreveio, já não tinha maior importância. Na morte do Império estava a sua vitória. Sua missão civilizadora estava cumprida.

~ © Arnaldo Poesia ~

~ Elegias Romanas ~

Falai-me, ó pedras! oh falai, vós altos palácios!
Ruas, dizei uma palavra! Gênio, não te moves?
Sim, tudo tem alma nos teus santos muros,
Roma eterna; só para mim tudo se cala ainda.
Quem me diz segredos, em que fresta avisto
Um dia o ser belo que queimando me alivie?
Não pressinto ainda os caminhos, pelos quais sempre,
Pra ir dela e pra ela, sacrifique o tempo precioso?
Ainda contemplo igrejas, palácios, ruínas, colunas,
Homem composto, decoroso, que aproveita a viagem.
Mas em breve passa: então haverá um só templo,
O templo do Amor, que se abra e receba o iniciado!
És um mundo em verdade, ó Roma; mas sem o Amor
O mundo não era mundo, e Roma não era Roma.

~ Johann Wolfgang von Goethe ~

Bibliografia: Edward Gibbon, The History of the Decline and Fall of the Roman Empire, Penguin Classics, USA, 2001 — Johann W. von Goethe, Elegias Romanas, Poemas, Coimbra, Portugal, 1986 — Arnaldo Poesia, Leituras Sobre o Império Romano, Edição do Autor, Niterói, Rio de Janeiro, 1985.

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Fotos 2 GM
•22, maio 2009 • 1 comentário


1 de setembro de 1939. Sob a águia nazista, Hitler anuncia, no Parla-
mento do Reich, o ataque contra a suposta agressora a Polônia: “Desde
5 horas e 45 minutos respondemos, agora, o fogo”. Início da 2.ª Guerra



Cena do Gueto judeu, em Varsóvia



Da esquerda para a direita, os chefes nazistas Rudolf
Hess, Hermann Goering, Julius Streicher e o chefe de
propaganda Josef Goebbels



Mussolini e Clara Petacci pendurados pelos
pés, na praça principal de Milão, Itália



Decadência de uma personalidade: assinaturas
do “Führer” Adolf Hitler, de três décadas



Heinrich Himmler, chefe da
SS e da polícia alemã



Capa de “Mein Kampf”,
livro de Adolf Hitler



Adolf Hitler e Eva Braun



Hitler num desfile das tropas SS. Himmler, encostado no jipe, observa



Mães e filhos indo em direção às câmaras de gás



Interior de uma câmara de gás. Local onde os
prisioneiros eram asfixiados com “Ziklon B”



Corpo de um prisioneiro sendo colocado num forno
crematório. Isso fazia parte da “Solução Final”



Auschwitz-Birkenau, um dos campos da morte nazistas



Da esquerda para a direita, os chefes nazistas no
Tribunal de Nuremberg, Hermann Goering, Rudolf
Hess, Ribbentrop, Keitel e Julius Streicher



Cogumelo nuclear resultado da explosão da bomba atômica conhecida como “Fat Man”
se levanta 18 km sobre Nagasaki, no Japão, desde o epicentro da explosão nuclear



Os três grandes em Yalta: Churchill, Roosevelt e Stalin

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Rainha D. Maria I (1807)
•22, maio 2009 • Deixe um comentário

Governa Portugal

Rainha D. Maria I, tendo como Príncipe Regente seu filho D. João, desde 10 de fevereiro de 1792.


Governa o Brasil

O Vice-Rei, 7º e último do Brasil,

Dom Marcos de Noronha e Brito

(14 outubro 1806 – 22 janeiro 1808)


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Tratado de Santo Ildefonso (1777)
•22, maio 2009 • Deixe um comentário

Assinado entre Portugal e Espanha para retificar as fronteiras dos dois impérios na América, cabendo aos espanhóis a posse da Colônia do Sacramento e das Missões.

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Revolução Russa
•22, maio 2009 • Deixe um comentário
O Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR)

Stalin, Lenin e Kalinin em 1919.

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042 – Revolução Russa
•22, maio 2009 • Deixe um comentário

A RÚSSIA ANTES DE 1917


Em 1894, subiu ao trono russo o czar Nicolau II. Desde o século XVI, o país era uma monarquia absolutista. A nobreza era proprietária de 25% das terras cultiváveis do país, e a grande maioria da população – mais de 80% – estava ligada direta ou indiretamente à terra.


As condições de vida da maior parte dos camponeses eram péssimas. Em geral, eles habitavam moradia precária e sem ventilação. Alimentavam-se basicamente de pão preto, batata e torta de farinha de milho. Nas aldeias raramente havia escolas, e a maior parte da população era analfabeta.

No plantio e na colheita eram usados instrumentos agrícolas antigos, como o arado de madeira e a foice. Apenas em algumas grandes propriedades adotava-se uma tecnologia moderna, que permitia o aumento da população.


Nas cidades, a vida não era muito diferente da do campo. Em 1838, uma investigação feita pelo Conselho Municipal de Moscou, abrangendo milhares de casas dessa cidade, mostrou que grande parte da população vivia em péssimas habitações:


“… As escadas que conduzem aos sótãos, onde o povo reside, estão cobertas de toda espécie de imundície. As próprias habitações estão quase cheias de tábuas sujas sobre as quais se estendem colchões de palhas pestilentos, tendo os cantos tomados pela porcaria. O cheiro é desagradável e asfixiante“.


Com uma economia essencialmente agrária, a Rússia tinha poucas indústrias; a maior parte dela pertencia a proprietários estrangeiros, principalmente franceses, ingleses, alemães e belgas. No começo do século XX, um russo descrevia assim as condições de vida dos operários:


“Não nos é possível ser instruídos porque não há escolas, e desde a infância devemos trabalhar além de nossas forças por um salário ínfimo. Quando desde os 9 anos somos obrigados a ir para a fábrica, o que nos espera? Nós nos vendemos ao capitalista por um pedaço de pão preto; guardas nos agridem a socos e cacetadas para nos habituar à dureza do trabalho; nós nos alimentamos mal, nos sufocamos com a poeira e o ar viciado, até dormimos no chão, atormentados pelos vermes…“

Soldados bolcheviques nas ruas de Moscou, durante a Revolução Russa de 1917

Soldados bolcheviques nas ruas de Moscou, durante a Revolução Russa de 1917

UM CLIMA EXPLOSIVO


Os problemas internos da Rússia se agravaram ainda mais após a guerra Russo-Japonesa (1904-1905). A origem do conflito foi a disputa entre os dois países por territórios na China e por áreas de influência no continente. A derrota ante os japoneses mergulhou a Rússia numa grave crise econômica e aumentou o descontentamento de diferentes grupos sociais com o czar Nicolau II. Começaram a ocorrer greves e movimentos reivindicatórios, duramente reprimidos pela polícia czarista.

Num domingo de janeiro de 1905, trabalhadores de São Petersburgo, então capital do Império Russo, organizaram uma manifestação para entregar a Nicolau II um documento em que reivindicavam melhores condições de vida e melhores salários. Uma multidão de cerca de 200 mil pessoas, entre elas crianças e mulheres, dirigiu-se ao Palácio de Inverno, residência do czar. As tropas do governo, que estavam de prontidão, receberam os manifestantes com tiros de fuzil.


O incidente, que ficou conhecido como Domingo sangrento, provocou conflitos em toda a Rússia.

Tentando diminuir as tensões sociais, o czar criou a Duma, espécie de Parlamento. Contudo, os deputados eleitos das quatro primeiras dumas foram de tal maneira pressionados pelo czar que pouco puderam fazer.


Esse ambiente contribuiu para a difusão e a aceitação das idéias socialistas – sobretudo as elaboradas pelos alemães Karl Marx e Friedrich Engels – entre os movimentos sociais russos. Assim, essas idéias se tornariam a base da Revolução Russa.


Em 1905, surgiram os sovietes de trabalhadores, conselhos que se encarregavam de coordenar o movimento operário nas fábricas. Os sovietes teriam papel decisivo na revolução de 1917.


O INÍCIO DA REVOLUÇÃO


Em agosto de 1914 a Rússia entrou na Primeira Guerra Mundial contra a Alemanha e a Áustria-Hungria. Nicolau II acreditava que por meio da guerra pudesse expandir o Império Russo e diminuir a insatisfação popular.


No entanto, o fato acentuou o descontentamento e precipitou o processo revolucionário. A guerra agravou a situação econômica e social do país. Os soldados, mal-armados e mal alimentados, foram dizimados em derrotas sucessivas. Em dois anos e meio de guerra, a Rússia perdeu 4 milhões de pessoas.


Em 1915, o czar Nicolau II decidiu assumir pessoalmente o comando do Exército, deixando o governo nas mãos de sua esposa, a Imperatriz Alexandra, e de Rasputin, um monge que agia como conselheiro do czar.


Em 1917, a escassez de alimentos era muito grande e provocou uma série de greves. Em 27 de fevereiro desse mesmo ano, uma multidão percorreu a capital do Império pedindo pão e o fim da guerra. Os manifestantes também criticavam o sistema monárquico.

A polícia e o exército, agora ao lado dos manifestantes, não reprimiram o movimento. Isolado, o czar abdicou, e um governo provisório foi constituído, chefiado pelo príncipe George Lvov. Esse governo, dominado pela burguesia russa, decidiu continuar na guerra, com planos de uma grande ofensiva contra a Áustria-Hungria.


A população russa, porém, discordava dessa orientação. O governo, sem controle de seus exércitos, não tinha forças para impedir as deserções dos soldados. Havia ainda a constante elevação dos preços dos gêneros alimentícios, contra a qual o governo nada conseguia fazer.


Nesse momento, grupos revolucionários já desenvolviam intensa atividade nas cidades, reativando os sovietes de trabalhadores, com o objetivo explícito de tomar o poder.


A ofensiva do novo governou contra a Áustria-Hungria fracassou. Isso agravou ainda mais a situação e provocou uma grande manifestação no dia 17 de julho de 1917, na capital do Império. Era o fim do governo provisório de Lvov, substituído por Alexander Kerenski.


Naquele momento, três grupos e três diferentes propostas políticas se defrontavam pelo poder:

*

O Partido Democrático Constitucional, partido da burguesia e da nobreza liberal, favorável à continuação da guerra e ao adiamento de quaisquer modificações sociais e econômicas.
*

Os bolcheviques – maioria, em russo -, que defendiam o confisco das grandes propriedades, o controle das indústrias pelos operários e a saída da Rússia da guerra. Graças ao controle cada vez maior que exerciam sobre os sovietes de operários e soldados, sua força crescia continuamente. Seus dois principais líderes eram Vladimir Lenin e Leon Trotski.
*

Os mencheviques – minoria, em russo -, que, embora contrários à guerra, não admitiam a derrota da Rússia. Divididos internamente e indecisos quanto aos rumos que o país deveria tomar, foram perdendo importância política.

O Partido Operário Social-Democrata Russo (POSDR)

Stalin, Lenin e Kalinin em 1919.

A TOMADA DO PODER


A partir de agosto de 1917, os bolcheviques passaram a dominar os principais sovietes e a preparar a revolução.


No soviete Petrogrado, novo nome de São Petersburgo, foi constituído o Comitê Militar para a Realização da Revolução.


Sob o comando de Trotski, no dia 25 de outubro, os bolcheviques ocuparam os pontos estratégicos de Petrogrado e o Palácio do Governo. Kerenski, abandonado por suas tropas, foi obrigado a fugir.


Na manhã do dia seguinte, os sovietes da Rússia, reunidos em Congresso, confirmavam o triunfo da revolução, confiando o poder a um Conselho de Comissários do Povo. O Conselho era presidido por Lenin.


As primeiras medidas do governo revolucionário foram:

*

retirada da Rússia da guerra;
*

supressão das grandes propriedades rurais, confiadas agora à direção de comitês agrários;
*

controle das fábricas pelos trabalhadores;
*

criação do Exército Vermelho, com a finalidade de defender o socialismo contra inimigos internos e externos.

Logo depois, os bolcheviques adotaram o sistema de partido único: Partido Comunista.


A DEFESA DA REVOLUÇÃO: TROTSKI E O EXÉRCITO VERMELHO


Após a tomada do poder pelos revolucionários, a Rússia viveu ainda três anos de guerra civil. Nesse processo, a participação de Leon Trotski, um dos mais importantes líderes da revolução, foi fundamental.


Culto e com grandes capacidades de persuasão, Trotski comunicava-se bem tanto com operários e camponeses quanto com uma platéia de intelectuais e diplomatas.


Quando irrompeu a guerra civil, a organização das tropas de defesa, o Exército Vermelho, ficou sob sua responsabilidade. Em condições extramamente precárias, com o país esgotado, recém-saído da Primeira Guerra Mundial, Trotski conseguiu formar um exército forte e eficiente.


Com o apoio popular, as tropas revolucionárias enfrentaram o Exército Branco, composto por antigos oficiais do czar e prisioneiros do exército austríaco. Além disso, enfrentaram tropas de países europeus, que temiam que a revolução socialista se espalhasse pelo continente.

A CONSOLIDAÇÃO DA REVOLUÇÃO RUSSA


Sob a direção de Lenin e com um plano que ficou conhecido como Nova Política Econômica (NEP), os bolcheviques deram início à recuperação da economia russa. Elaborada em 1921, a NEP procurou concentrar os investimentos nos setores mais importantes da economia. Entre as medidas adotadas encontravam-se:

*

produção de energias e extração de matérias-primas;
*

importação de técnica e de máquinas estrangeiras;
*

organização do comércio e da agricultura em cooperativas;
*

permissão para a volta da iniciativa privada em diversos setores da economia, como o comércio, a produção agrícola e algumas formas de atividade industrial. Todos os investimentos tinham o rígido controle do Estado, muitos deles eram feitos em empresas estatais.


Vários Estados que tinha separado da Rússia durante a revolução – como a Ucrânia – voltaram a se integrar e formaram, em 1922, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), um Estado federativo composto por quinze repúblicas.


Com a morte de Lenin, em 1924, Stalin (secretário-geral do Partido Comunista) e Trotski passaram a disputar o poder. Stalin defendia a idéia de que a União Soviética deveria construir o socialismo em seu país e só depois tentar levá-lo a outros países; Trotski achava que a Revolução Socialista deveria ocorrer em todo o mundo, pois enquanto houvesse países capitalistas, o socialismo não teria condições de sobreviver isolado.


Stalin venceu a disputa. Trotski foi expulso da URSS. A União Soviética ingressou, então, na fase do planejamento econômico. Foi a época dos planos qüinqüenais, inaugurada em 1928. Os planos se sucederam a transformaram a União Soviética numa potência industrial. Contudo, a violência foi amplamente empregada pelo governo para impor sua política.

Fonte: Base de Dados do Portal Brasil.

Publicado em Pesquisas Temáticas
055 – A América Latina no Séc XX
•22, maio 2009 • Deixe um comentário

Introdução

Nesta virada de século e de milênio, faz-se interessante discutir muitos pontos que marcaram a história da Humanidade como uma forma de refletir sobre caminhos a serem adotados no futuro. No caso da América Latina, essa discussão é ainda mais importantes. Afinal, o continente passa por uma série de mudanças complexas que, no entanto, ainda convivem com marcas de um passado opressor que faz questão de manter-se vivo. Por exemplo: ao mesmo tempo em que Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai, num ato histórico, fecham uma coalizão em torno de seu bloco comercial, o Mercosul, contra a extrema ingerência da futura Alca (Aliança de Comércio da América), bancada pelos EUA, em suas economias, ainda dependem de mercados como o norte-americano para escoar sua produção, intermediada pelas multinacionais e a baixos preços, gerando lucro para a matriz e pobreza no mercado interno. Além disso, ao mesmo tempo em que esses países anunciam investimentos na integração econômica dentro do continente, em seus próprios territórios vêem aumentar a miséria da maior parte de sua população, a desintegração entre as regiões produtivas e uma série de protestos contra a desigualdade social. Quando as diferenças não são entre países, tornam-se evidentes no território interno: na Argentina, por exemplo, separada entre Buenos Aires e região, vista por muitos como o país, e a região interior, miserável e desgraçada. Nesse quadro de diferenças sociais, há de se somar também as crises políticas, onde a ditadura populista venezuelana e o instável governo peruano dão mostras de que a democracia na região ainda está longe de se tornar realidade.

As contradições são visíveis na sociedade latino-americana, e elas podem ser usadas como explicação para muitos dos problemas e desafios que o continente enfrenta neste novo tempo que se abre. O que ocorreu de errado? Quais os pontos que precisam ser melhorados no futuro? São perguntas que não se calam facilmente. E é neste aspecto que este pequeno ensaio se encaixa. Antes de fornecer respostas definitivas, ele pretende, à luz da discussão histórica e da narrativa, propor tópicos e interpretações que sirvam como um primeiro esboço para a discussão da realidade continental. Assim, está dividido em três partes: a primeira, mais geral, aborda rapidamente a essência da história da região, com destaque para a exploração comercial, a dominação política e a atualidade. A base dessa parte é o livro As veias abertas da América Latina, do escritor uruguaio Eduardo Galeano. A segunda, mais histórica, mostra os movimentos sociais que tentaram propor vias históricas opostas às mostradas na primeira parte. Para encerrar o trabalho, que será completado em ensaios posteriores, uma rápida apresentação de homens que, bem ou mal, fizeram a história da América Latina atuando no campo político. No final, é oferecida uma bibliografia de referência para o interessado no tema ter a oportunidade de pesquisar por sua conta.

Este texto, conforme já dito, não se pretende completo. Pelo contrário: há pontos que mereceriam maior aprofundamento – o que não se faz pelo pouco espaço disponível e pela proposta de apenas propor tópicos para iniciar a discussão. Espera-se, portanto, que os leitores de Klepsidra participem, enviando suas mensagens e comentários a respeito do texto para que a história da América Latina saia da obscuridade e seja de conhecimento público. Inicia-se aqui, pois, essa viagem histórica.

Uma rápida abordagem dos conceitos

Não são poucos os estudos existentes sobre a história da América Latina. No entanto, em sua maioria são especializados em determinados temas: política, cultura, economia, relatos de vida de povos etc, bem como escritos com a única preocupação de se “contar a história”, sem analisá-la em seus detalhes e relacionando-a com outros fatos e conjunturas. Poucos são os historiadores que se propuseram a escrever sobre a trajetória de nosso continente sem o medo de propor análises para os problemas enfrentados pelo território: pobreza crônica da população, economia agrária, subdesenvolvimento, instabilidade social etc. Coube então a um jornalista uruguaio, sem as “roupagens acadêmicas”, como se autodefine, escrever uma história de seu continente baseada na seleção e interpretação de fatos que considera como essenciais para o entendimento da realidade latino-americana.
Eduardo Galeano, autor de As veias abertas da América Latina, propôs um inventário dos 500 anos da história do continente retratando as suas principais bases: a economia agrícola e mineradora dominada pelo mercado internacional, com o objetivo de gerar lucros para a potência dominadora; a pobreza social como resultado de um sistema econômico externo e excludente, que privilegia uma minoria financeiramente capaz de integrar-se aos padrões de consumo; a opressão de governos centralizadores contra as minorias, produzindo genocídios e o caos social; a exploração do trabalho e as péssimas condições de sobrevivência para a grande maioria de sua população. Eduardo Galeano é o autor de “As veias abertas da América Latina”

Num relato informal, cujo objetivo é “mostrar uma opinião”, para entender a história e a atual situação da América Latina Galeano narra os fatos fora de uma seqüência cronológica, fazendo com que passado e presente conversem entre si na mesma obra, determinando o ponto de vista do autor: o continente foi e é peça importante no enriquecimento de poucas nações, e o preço que paga por isso é o seu subdesenvolvimento crônico, suas eternas crises sociais e seu status de colônia. “A riqueza das potências é a pobreza da América Latina”, diz Galeano em certa passagem do livro.

O autor dividiu o livro em três partes. Na primeira, mostra como os espanhóis e portugueses chegaram àquelas terras virgens no século XV e se aproveitaram das riquezas que o continente possuía. Os primeiros, fixados desde o planalto mexicano até os Andes, tiveram sorte e encontraram ouro e prata nas primeiras andanças. Os lusitanos, ocupando a faixa litorânea do Oceano Atlântico, tiveram de construir um império colonial à base da cana-de-açúcar enquanto não encontravam os metais. Embora em áreas diferentes, a tônica da exploração foi a mesma: trabalho forçado, agressão física, enriquecimento, opressão colonial. Os espanhóis encontraram dois exércitos de mão-de-obra disponíveis: os índios astecas no México e os incas no Peru. Estas civilizações, para Galeano, retratam o caráter do domínio colonial: socialmente e militarmente evoluídas, foram destruídas nas minas e com o trabalho forçado nas mitas e encomiendas. Já os portugueses, depois de tentar a exploração dos índios nos engenhos de açúcar e não obter sucesso, transformaram-se no maior traficante de negros mundial. Vindos da África, os negros deixavam à força seus reinos para, em terras brasileiras, ser escravos e motor da produção açucareira.

Após narrar a glória desses centros produtivos de riqueza colonial (que, como faz questão de ressaltar, não ficava na Espanha e Portugal: destinava-se a pagar as dívidas que estes países tinham com a potência que lhes roubaria o domínio econômico da América: a Inglaterra), Galeano traz a exploração para o presente e fala da decadência dessas regiões. São claros exemplos da tese de que a região rica do passado é marcada pela pobreza no presente as minas de Potosí, na Bolívia (região dava todo o ouro e prata que os espanhóis necessitavam e onde se formou uma elite local que enriquecia à base da escravidão indígena. No século XVII, quando os metais escassearam, o sonho de riqueza acabou e a pobreza se enraizou. Hoje, Potosí é o distrito mais pobre da Bolívia, habitado somente por descendentes de índios, e de seu passado glorioso guarda apenas a lembrança); o Nordeste brasileiro, que viveu seu auge com a produção de açúcar nos século XVI e XVII, mas não escapou da decadência quando seu produto passou a sofrer concorrência das Antilhas Holandesas, no século XVIII; e a região de Ouro Preto, quando a efêmera exploração aurífera acabou na entrada do século XIX. Os três casos refletem a formação colonial da América Latina: o continente nasceu para fornecer as riquezas que a Europa necessitava. Na medida em que as terras já não atendiam a essa demanda, foram abandonadas, ficando como marca do passado as gerações seguintes da população historicamente explorada, pobre e sem perspectivas. Citando a teoria marxista da divisão do trabalho entre operário e patrão, Galeano afirma que “enquanto a Europa era o cavaleiro que levava as glórias, a América era o cavalo que fazia todo o serviço”.

Dos metais, seguiu-se a exploração agrícola e pecuária a partir principalmente dos séculos XVIII e XIX, por meio da qual cada país, numa engrenagem perfeita com o sistema econômico internacional, se identificou e ainda se identifica com um determinado produto na escala comercial. A América Central se especializou no fornecimento de frutas tropicais; o Equador, bananas; Brasil e Colômbia, café; Cuba e Caribe, açúcar; Venezuela, cacau; Argentina e Uruguai, carne e lã; a Bolívia tornou-se país fornecedor de estanho e o Peru de peixe. Embora com produções diferentes, o sistema permanece com mecanismos idênticos em todos os casos: por se tratar de mercadorias primárias, com baixos preços, os países pouco lucram como a venda agrícola. Por isso, têm de produzir cada vez mais e com métodos baratos para fazer mais divisas e atender à necessidades dos países compradores para não perder mercados. Com isso, aumenta-se a exploração do trabalho e a formação dos latifúndios, impedindo o acesso das classes populares à terra. Este processo de dominação personificou-se principalmente na América Central. Neste território, a indústria nacional não existe ou é primária: os grandes conglomerados pertencem a países estrangeiros, atuando exatamente na industrialização de alimentos. Os países vendiam, no século XIX, sua produção agrícola aos ingleses, substituídos um século depois pelos EUA, potência que domina a área e dita os rumos da política local de acordo com seus interesses. A antiga empresa norte-americana United Fruit Company era o “verdadeiro” poder na América Central, comandando a área a despeito das vontades e anseios de sua população, e inclusive promovendo golpes militares e instalando governantes de confiança para garantir seus direitos (como na Guatemala, em 1954: numa intervenção militar, os EUA derrubaram Jacobo Arbenz, socialista eleito democraticamente). As lutas de guerrilha que caracterizam até hoje a região são decorrentes dessa dominação: grupos paramilitares lutam contra governos corruptos que defendem os interesses norte-americanos para chegar ao poder. Mais uma vez, a vítima é sempre a população, que se não morre explorada nos latifúndios, tem sua vida encurtada nas batalhas da guerra civil.

Sociedades nascidas para fora, isto é, para fornecer produtos e condições econômicas de desenvolvimento às potências mundiais, as nações latino-americanas nunca se esqueceram de sua trágica condição. E nem os movimentos de independências nacionais das duas primeiras décadas do século XIX libertaram os novos países da dominação colonial, pois a estrutura permaneceu idêntica: a economia agrário-exportadora dominada por elites locais ligadas aos mercados compradores – principalmente a Inglaterra. A fragmentação que o território latino-americano sofreu após o movimento libertador de Simón Bolívar representa a impossibilidade de formar uma unidade nacional: cada elite identificou-se com um pedaço do território e nela formou seu país, de acordo com seu papel no comércio internacional. Como diz Galeano, “cada novo país identificou-se com seu porto exportador, acima de qualquer idealismo”. O imperialismo britânico substituiu o domínio ibérico no século XIX, fomentando seu próprio desenvolvimento às custas da produção dos novos países e exterminando toda e qualquer tentativa de desenvolvimento autônomo. A Guerra do Paraguai, de 1865 a 1870, é o exemplo mais claro desse argumento: capitaneados pelos interesses comerciais britânicos, Brasil e Argentina promoveram um conflito bélico contra a nação guarani, à época a mais industrializada e comercialmente independente do continente. O resultado foi o maior genocídio da história latino-americana (1,3 milhão de mortos numa população de 1,8 milhão) e o enfraquecimento do Paraguai, que até hoje não deixou de ser um protetorado sob a ingerência do imperialismo brasileiro e argentino.

No século XX, com a decadência inglesa, surge no cenário os EUA como nova potência gestora da América Latina. Não é à toa que, já em 1823, os norte-americanos promulgaram a famosa Doutrina Monroe: “A América para os americanos”. O que significava dizer: os EUA estenderiam seus interesses sobre seu continente irmão e continuariam a exploração iniciada quatro séculos antes, por meio do controle econômico e político. O início da longa e duradoura intervenção norte-americana no continente data de 1898, quando os EUA derrotaram a Espanha na batalha de independência de Cuba, e se apossaram dos direitos políticos e econômicos sobre a ilha – os quais mantiveram até 1959, quando Fidel Castro e seus guerrilheiros derrubaram o governo de Fulgencio Batista e tomaram o poder. No entanto, mesmo longe de Cuba, é sabido que os interesses norte-americanos criaram ramificações em outros países do continente, com destaque para a já citada América Central e o México.

Mesmo os países com certo desenvolvimento industrial – Brasil, Argentina e México – não escapam dessa dominação econômica imposta pelas potências internacionais. Basta uma análise mais detalhada nos índices econômicos dessas nações para se comprovar o argumento. Grande parte das receitas comerciais dessas nações ainda vêm da exportação de matérias agrícolas, pecuárias (destacadamente o caso argentino) ou minerais. O campo, a agricultura e as indústrias primárias ainda são marcos dos tempos coloniais. Na verdade, as indústrias desses países têm força local, ou seja, encontram mercado apenas em países subdesenvolvidos que não produzem tais mercadorias. Perante as potências, não passam de apêndice das multinacionais com o objetivo de fornecer lucros à matriz, e não em desenvolver um forte mercado interno. A industrialização latino-americana não nasceu dos anseios de desenvolvimento sócio-produtivo, mas da impossibilidade de importar produtos manufaturados durante a recessão econômica mundial dos anos 30. Formou-se uma indústria baseada na “substituição de importações”, reforçada durante os anos 50 e 60 com o advento das multinacionais e políticas internas de crescimento. No entanto, a industrialização latino-americana nunca deixou de estar ligada aos interesses estrangeiros, ao fornecer produtos que tais mercados necessitavam e importar tecnologias que, em vez de incrementar o desenvolvimento, só aumentavam a dependência. A demanda interna e o crescimento do mercado consumidor não foi atendida. Assim, entende-se que o movimento industrial do continente foi mais uma etapa do colonialismo perante as potências mundiais: fornece-se produtos baratos, baseados no baixo valor da mão-de-obra e na exploração do assalariado, para se encaixar no mercado internacional e obter técnicas que a indústria local é incapaz de produzir. Mudam os tempos e os métodos, mantém-se a exploração, o subdesenvolvimento e a inviabilidade de um crescimento autônomo e principalmente voltado às classes mais injustiçadas do sistema.

A iniciativa de um mercado de cooperação econômica que visa reduzir essa dominação, como o Mercosul, tem efetividade apenas em nível local, ou seja, perante os demais países do continente, que não dispõem das mesmas tecnologias e condições para produzir as mercadorias que o bloco comercializa. O Mercosul não tem forças para competir ou fazer afrontas à futura Alca, por exemplo, ou à União Européia: estes blocos, além de poderosos economicamente, produzem mercadorias mais baratas e de melhor qualidade que o bloco latino-americano, o que lhes abrem as portas para conquistar os mercados onde o Mercosul atua hoje. A tentativa norte-americana de enfraquecer o bloco reflete que as condições mudam, mas a essência é a mesma: a potência mundial dita as regras e exige o cumprimento das colônias. Embora diga que ainda é muito cedo para se pensar na Alca, o Mercosul vive sob o temor da formação desse novo bloco, que lhe faria concorrência direta ao englobar todos os mercados americanos restantes e limitar sua área de atuação. Tratar-se-ia de um pacto colonial moderno: as colônias seguem a orientação superior, mesmo com contestação, por saber que, se não o fizerem, as conseqüências e retaliações serão muito piores.

Mas não é apenas isso. O Mercosul é enfraquecido em função das diferenças sociais e econômicas entre seus membros que, reforçadas ao longo dos séculos, fazem com que o bloco tenha atritos internos. É inegável que o Brasil é o grande motor econômico do acordo, ao possuir economia e produção diversificados e que gozam de certa estabilidade financeira. Quem lhe poderia fazer concorrência, a Argentina, vive uma crise econômica de grave intensidade que estagnou seu sistema produtivo; o Uruguai oscila seu apoio aos dois países, pois necessita muito dos produtos que eles produzem, já que sua economia é basicamente pecuária; na mesma situação se encontra o Paraguai, país mais pobre e dependente do bloco. Nenhuma decisão pode ser tomada sem a participação das quatro nações, e os desníveis de desenvolvimento de cada uma delas, bem como tradicionais rixas políticas, atrapalham a tomada de políticas conjuntas. Tome-se como exemplo o recente acordo automotivo entre Brasil e Argentina para a construção conjunta de carros. Os argentinos vetaram as primeiras versões do acordo, acusando o Brasil de querer manipular o Mercosul para favorecer a sua produção de peças para carros em detrimento dos outros membros. O que estava implícito na reclamação argentina era a crise da economia local e o inflacionamento da produção: as peças locais saiam mais caras que as brasileiras, o que encareceria o produto final. No final, um acordo definitivo foi assinado, dividindo a produção das peças e os custos de montagem dos carros. Para compensar a crise argentina, quem perdeu foi o Brasil, que arcará com os preços mais caros do parceiro e, conseqüentemente, encarecerá a mercadoria. Esta, na concorrência com outros mercados, sairá em desvantagem.

A América Latina nasceu para poucos desfrutarem da riqueza da terra e do trabalho de muitos. O sangue das “veias abertas” do continente é um manjar que alimenta o crescimento das potências e das elites locais, mas também faz-se veneno que mata a população de sua terra. No entanto, como veremos no próximo tópico, esse continente, mesmo protagonizando uma história trágica e permeada da exploração, elites de interesses limitados e governos repressores, nunca deixou de ter esperanças de mudar. Afinal, a América Latina também protagonizou acontecimentos que tentaram desviar o rumo da história e soam até hoje como esperanças de transformação. São casos como a Revolução Cubana, ocorrida há 40 anos, e a atual guerrilha zapatista no México que ainda permitem o sonho em uma terra melhor. Como disse Marx, a respeito do processo histórico, são os homens que fazem a história, na sua luta diária pela sobrevivência e pelo bem-estar. Assim, somente a luta do povo latino-americano, após séculos de exploração e pobreza, poderá libertar o continente das amarras que o oprimem, desenvolvê-lo em suas potencialidades e, principalmente, dar-lhe uma cara latino-americana, ou seja, voltada às necessidades de seu povo. E, para incitar essa reflexão, apresenta-se agora alguns dos movimentos que tentaram mudar a ordem das coisas no continente.

Os processos revolucionários

Guerras, mortes, ditaduras militares, exploração social, economia dependente. Estas palavras e expressões são muito bem usadas para se expressar o andamento da história latino-americana neste século. Existem pensadores que, de forma cética, consideram que a trajetória do continente nos últimos 100 anos foi marcada exclusivamente pela submissão das massas a regimes políticos autoritários e a um sistema produtivo baseado na exportação. Não haveria, na opinião desses intelectuais, nenhum fato que indicasse uma tentativa de transformação das estruturas sociais ou mudança do rumo histórico seguido. Essa opinião, muito difundida entre aqueles que vêem a América como o “quintal” dos Estado Unidos e descrevem sua população como alienada e explorada, sem capacidade de lutar por uma vida melhor, é falsa. As correntes historiográficas mais modernas, guiadas por uma linha interpretativa menos generalizadora e mais investigativa dos detalhes dos fatos históricos, consideram que, em determinados momentos, a massa popular em alguns países se rebelou e procurou modificar a estrutura social em que se encaixava. Mesmo quando não ocorreu o autêntico levante popular, alguns líderes buscaram seguir o ideal de transformação para construir uma nova nação, e a partir daí uma nova história.

Os historiadores definiram, na história contemporânea da América Latina, quatro eventos que podem ser analisados como tentativas de quebra do domínio imperialista das grandes potências mundiais, buscando uma política mais nacionalista. Alguns de forma limitada, outros de maneira mais direta, todos possuíram algumas características em comum: criticaram o domínio internacional em seus territórios e procuraram introduzir mudanças sociais para beneficiar a população. Até hoje são referências na luta de movimentos sociais no continente como uma esperança de que a história latino-americana, por meio da mobilização, pode tomar outros rumos. Elas são descritas aqui em seus pontos principais, e não em uma análise mais detalhada, pela falta de espaço.
O revolucionário Zapata Revolução Mexicana – O acontecimento mexicano é descrito como a primeira grande mobilização social da América Latina no século XX. O processo começou como uma autêntica revolução, isto é, com o objetivo de promover uma transformação estrutural na sociedade, para depois normalizar-se e garantir algumas mudanças que não representam um processo completo de modificação. Tanto é verdade que até hoje existem movimentos sociais que buscam retomar o ideal da Revolução Mexicana para completá-la e transformar a estrutura social e produtiva da sociedade do país. A guerrilha no Estado de Chiapas, ao mesmo tempo que protesta contra o imperialismo norte-americano e contra a pobreza da região, luta por uma reforma agrária justa e pela memória de Emiliano Zapata, líder da revolução do começo do século que ecoa no México até hoje.

A revolução teve início em 1910. Liderados por Zapata, os camponeses do estado de Morelos levantaram-se contra os latifundiários da região e toda a exploração que estes representavam. Logo o exército do país foi chamado para conter a revolta, que não demorou a espalhar-se para todo o território mexicano. Em combates sangrentos, com diversas mortes em ambos os lados, o exército de camponeses comandado por Zapata e seu aliado Pancho Villa foi conquistando as principais terras, minando o poder agrícola mexicano e a própria força política do ditador Porfirio Díaz. No final de 1910, Díaz foi derrubado para a subida de Francisco Madero ao poder. Este, apesar de ter a confiança de Zapata, representava os interesses da nascente burguesia mexicana: pouco lhe importava tocar na estrutura agrária do país e criar impasses com os latifundiários. A reforma agrária que estava na promessa revolucionária não se realizou, e Zapata voltou ao combate. Reuniu os camponeses, tomou para si mesmo o governo do México em 1914 e iniciou um gradual processo de divisão agrária e reorganização da produção agrícola em pequenas propriedades. Inclusive convocou uma Assembléia Constituinte em 1917, na qual foi aprovada a Lei da Reforma Agrária. No entanto, a burocracia do governo atrapalhava a execução da lei, e a repartição de terras não era executada da forma mais adequada. A ascensão de governos burgueses, que buscavam a industrialização do Estado, e a morte de Zapata numa emboscada em 1919, e a de Pancho Villa quatro anos depois, congelaram o processo e a revolta camponesa.

A reforma agrária foi retomada no período 1934-1940, no governo de Lázaro Cárdenas. Presidente com traços populistas, Cárdenas aplicou de forma séria a lei de 1917, distribuindo 18 milhões de hectares a 772 mil camponeses, num ato predominantemente de oposição aos latifundiários. Bondade do governante? Uma análise mais profunda das transformações que a sociedade passava pode explicar os motivos de tal distribuição. No mandato de Cárdenas, a indústria já despontava como a base da economia mexicana, com o conseqüente declínio do latifúndio agrário-exportador. Além disso, a distribuição acalmava os ímpetos revolucionários dos camponeses e lhes dava um pedaço de terra para desenvolver uma pequena agricultura substancial, sem incomodar o grande latifúndio. Afinal, o presidente não mexeu em toda a estrutura de concentração de terras: em 1940, o censo registrou pouco mais de 300 propriedades de mais de 40 mil hectares – os latifúndios ainda ocupavam uma extensão de mais de 30 milhões de hectares. As terras expropriadas foram, em sua maioria, as improdutivas ou pertencentes a grandes empresas.

A Revolução Mexicana, assim, promoveu uma alteração substancial na sociedade mexicana, ao estimular a reforma agrária e a distribuição de terras para os camponeses. Embora a estrutura social não tenha sofrido modificações radicais, com o poder econômico se concentrando nas mãos da nova burguesia industrial, e muitos dos novos proprietários, sem incentivo ou capacidade para desenvolver a agricultura em sua terra, não tenha largado seu estado de pobreza, tratou-se de um processo com importância ao ser o primeiro grande movimento de massas da América Latina contemporânea, provocando reflexos no continente até hoje, evocada por movimentos nacionalistas que buscam justiça social e reforma agrária.

Revolução Boliviana – Processo inspirado na Revolução Mexicana e que alcançou grande amplitude, com as classes populares inclusive tomando o poder e os meios de produção econômica. No entanto, a incapacidade para manter esse controle, a falta de força política e as pressões de setores mais fortes, incluindo o imperialismo norte-americano, acabaram por minar as bases da revolução e seu potencial renovador que pretendia transformar a exploradora e miserável estrutura social boliviana numa sociedade mais justa e igualitária.

O levante ocorreu no dia 9 de abril de 1952. Incitados pelo MNR (Movimento Nacional Revolucionário), partido de centro-esquerda formado por pequenos burgueses que fora alijado do poder um ano antes por um golpe militar, os mineiros do país iniciaram uma greve por melhores condições de vida e salários. Ao mesmo tempo, explodia a revolta nas grandes fazendas, com os índios e camponeses tomando as terras, e na capital La Paz, onde a população mais pobre se organizou, com a ajuda do MNR, em milícias armadas que invadiram quartéis e, numa incrível guerrilha urbana, venceram o Exército mandado às ruas para combatê-las. O povo boliviano, oprimido ao longo de séculos, tomara o poder em todo o país, e o MNR parecia ser seu representante legítimo para ocupá-lo. Aqui, entretanto, começam as falhas do processo revolucionário do país. O partido, mais preocupado em retomar o governo perdido um ano antes e formado por elementos de classe média, não soube atender às reivindicações básicas da população. Pelo contrário: aos poucos minou as conquistas dos trabalhadores e abriu espaço para a intensificação da penetração do capitalismo norte-americano na economia do país.

Dois marcos da Revolução Boliviana, e que a fazem carregar esse título, são as provas mais evidentes de como o MNR apenas se apoiou na revolta popular para tomar o poder, e não para promover mudanças estruturais na sociedade. O primeiro deles foi a lei de Reforma Agrária, promulgada em agosto de 1953 e destinada a organizar a desordem instalada com a tomada de fazendas pelos camponeses, um ano antes, durante o processo revolucionário. A Lei evitou criar polêmicas com os latifundiários, determinando que os camponeses deveriam devolver parte das terras ocupadas aos proprietários ainda vivos. Ficava com uma pequena faixa de terreno, geralmente improdutiva, antieconômica e pela qual ainda tinha de pagar indenização pela posse. Assim, o campesinato, que em 1952 ocupara a maior parte das terras do país, fizera uma divisão razoavelmente igualitária e eliminara estruturas feudais de exploração de mão-de-obra, como o servilismo, sofria um processo de regressão. Sem incentivo fiscal e grande espaço nos mercados consumidores, o pequeno proprietário, em sua maioria, vinha a perder sua terra para o latifundiário, voltando a ser seu empregado e morando em suas dependências por caridade e em troca de trabalho pesado na lavoura. O sistema de exploração campestre voltara a ser o mesmo: grande propriedade, monocultura, trabalho servil. A diferença é que fora introduzido no campo formas capitalistas de exploração comercial: a produção em larga escala para venda em menor tempo e mais barata. Mas a grande conquista camponesa – as terras -, foram perdidas em sua maior parte graças à lei de Reforma Agrária, feita às pressas pelo governo do MNR e que revelava a incapacidade do partido de se desvencilhar dos grupos economicamente mais fortes do país para promover uma mudança radical na sociedade.

O segundo marco da revolução engana por sua demagogia. Em outubro de 1952, o governo nacionalizou as minas de estanho, supostamente rompendo com um domínio secular da principal fonte de divisas do país por parte da família Patiño, dona das minas e refinarias. O ato poderia simbolizar um desejo de autonomia nacionalista na exploração do minério, se não escondesse certas conjunturas que serviram para reduzir ainda mais o papel e a importância da revolução. Quando nacionalizadas, as minas de estanho já tinham rendimento limitado, tão exploradas que foram pelos Patiño. Assim, a Bolívia não teria muito minério para exportar e fazer divisas no mercado internacional. Além disso, o estanho bruto tem valor reduzido no mercado, tendo de ser tratado em fundições – e o país não possuía nenhuma à época. O país se acostumara a receber pouco pelo estanho retirado das minas pelas empresas dos Patiño e levado para ser fundido no exterior. Com a nacionalização, o processo não se inverteu. A Bolívia continuou a receber pouco pelas toneladas de minério, por exportá-lo bruto, e via em seguida as grandes potências pagar caro pelo produto refinado. A nacionalização das minas não trouxe autonomia econômica à Bolívia, nem melhorou a vida dos mineiros, mas trouxe um problema: teve de herdar minas decadentes e de baixa produtividade, livrando os antigos proprietários de maiores prejuízos. Como se não bastasse, estes receberam indenizações pela expropriação, num total de 22 milhões de dólares. Vendendo muito e recebendo pouco, o governo do MNR ainda tentou reativar a exploração do estanho, fundando uma empresa estatal – a COMIBOL – para descobrir novas jazidas. A iniciativa, no entanto, só trouxe mais prejuízos e quase nenhum estanho. A solução foi recorrer a empréstimos junto aos EUA, em troca do fornecimento, a baixos preços, de minérios e outros produtos, como o petróleo e o gás natural.

O processo de nacionalização das minas se transformou rapidamente numa continuação do retrocesso observado na reforma agrária: as conquistas dos mineiros são gradualmente perdidas pelo líderes políticos que, pertencentes à classe média e ao poder econômico, não podem negar suas origens. Os presidentes do MNR que governaram a Bolívia de 1952 a 1964 tentaram mudar a sociedade boliviana e sua estrutura por meio de decretos, e nunca de forma efetiva. A população não recebeu os benefícios da revolução: pelo contrário, foi dominada ainda mais pela miséria e teve sua força política reprimida quando as milícias urbanas armadas foram suspensas para a reconstituição do Exército, no final dos anos 50.

No entanto, a revolução boliviana, apesar de frustrada em seus planos, serviu como exemplo para movimentos sociais posteriores de como a mobilização popular pode provocar abalos na ordem estabelecida, em busca de melhorias em sua vida. Foi denominada assim por ser um caso em que o povo foi às ruas e batalhou por sua conta, por seus objetivos, acima de ideologias partidárias. Talvez a ausência de um autêntico líder que canalizasse suas aspirações reformistas, evitando o MNR e seu oportunismo pequeno-burguês, tenha sido o principal motivo da derrota das massas no processo revolucionário. Mesmo sem alterar as estruturas sociais e produtivas do país, a revolução deixou heranças, como a modernização das relações no campo (apesar da exploração prosseguir), a politização da sociedade boliviana e a fundação da COB (Central Obrera Boliviana), sindicato urbano de trabalhadores que teve papel fundamental no combate às ditaduras nos anos 70 e 80.
Fidel Castro, líder da Revolução Cubana Revolução Cubana – O processo liderado por Fidel Castro é descrito até hoje como a mais radical mudança política no cenário latino-americano. Afinal, Cuba tornou-se, a partir de 1959, o primeiro país socialista do mundo ocidental e o único em que tal regime sobreviveu, quebrando a hegemonia norte-americana no continente e o “anti-comunismo” que esse domínio pregava e combatia – o golpe militar de 1954 contra o presidente Jacobo Arbenz, de tendências socialistas, na Guatemala, expressa bem isso. Hoje, mesmo com a queda do mundo soviético, o país insiste em se denominar socialista e resiste a uma total abertura econômica, guiada pelos organismos internacionais como FMI e Bird.

A Cuba moderna, segundo o sociólogo Emir Sader, incomoda os outros países por ser fruto de uma revolução que, negando os EUA, deu certo e mudou a estrutura social, apesar dos problemas econômicos e políticos que enfrenta na atualidade.

Sader considera que uma revolução implica numa total transformação do sistema sócio-produtivo da nação, instalando um novo sistema e dando à sociedade novas condições de sobrevivência. Para ele, a guerrilha de Fidel Castro, ao tomar o poder, tinha em mente a necessidade de modificar a estrutura cubana para conseguir o apoio da população e autonomia internacional. É fundamental entender como era tal estrutura antes de Fidel assumir o comando político de Cuba. Incentivada pela colonização espanhola, a ilha se tornou grande produtora de açúcar, cuja venda na Europa enriquecia os senhores locais e atiçava seus desejos de independência para se libertar dos impostos coloniais. O processo de libertação do domínio espanhol se consumou em 1898, mas o novo país, localizado a poucos quilômetros dos Estados Unidos, não escapou da ingerência econômica e política desta nação. Desde o início do século, os norte-americanos se instalaram em Cuba, controlando o comércio de açúcar e todos os demais setores da economia agrária. Os latifúndios dominavam a maior parte do território, reinando a exploração dos camponeses e a opressão política nos centros urbanos. Os EUA faziam e desfaziam presidentes à sua vontade, até que o sargento Fulgencio Batista, a partir dos anos 40, dominou a cena política cubana e acalmou, à base da repressão, as diversas manifestações que eclodiam no país contra a recessiva política econômica e os privilégios norte-americanos. Um dos levantes que conteve foi em 1953, no assalto ao quartel Moncada liderado por um jovem advogado chamado Fidel Castro. Extraditado de Cuba com outros colaboradores, Fidel foi viver no México para, três anos depois, retornar e promover, a partir das sierras e com o apoio camponês, a guerrilha contra a ditadura de Batista. Mesmo com parcos recursos e poucas armas, o exército guerrilheiro cresceu e derrotou a maior parte das forças de Batista, assumindo gradualmente o controle dos principais distritos do país. Quando chegou à capital, Havana, em 1º de janeiro de 1959, Batista já fugira para a República Dominicana, e Fidel foi proclamado presidente e primeiro-ministro.

Após assumir o poder, os revolucionários tiveram, de cara, de enfrentar o governo norte-americano, que ordenou a saída de todas as empresas nacionais do território cubano e decretou o embargo econômico contra o país após a fracassada invasão da Baía dos Porcos, em 1961. A medida norte-americana foi seguida pela maior parte dos países do continente, que romperam as relações comerciais com Cuba e inclusive votaram por sua exclusão da Organização dos Estados Americanos (OEA). De uma hora para outra, Cuba teria de buscar novos parceiros para sobreviver e, principalmente, cumprir seus objetivos de transformação social. Para tanto, optou, em contrapartida ao capitalismo, pelo socialismo e por acordos com os países do bloco liderado pela União Soviética. Vendendo açúcar e níquel a essas nações, Cuba recebia em troca maquinaria pesada e petróleo para desenvolver indústrias de bens de consumo e gerar, com a diversificação das exportações, divisas que permitiam a manutenção de serviços públicos gratuitos à população. A saúde e a educação, entre outros, deixaram de ser privilégio daqueles que poderiam pagar, pois se tornaram serviços estatizados. Além disso, o governo passou a mandar anualmente os universitários ao campo, para ensinar os camponeses a ler e escrever. O resultado desse processo contínuo é visível até hoje. Cuba é o país com maior índice de alfabetização no continente, com 85%. O tratamento de saúde é mantido pelo Estado, e os equipamentos são elogiados ao redor do mundo pela qualidade e tecnologia.

A própria estrutura produtiva – o campo – foi transformada. O primeiro ato do governo revolucionário foi promulgar uma Lei de Reforma Agrária, que determinava a nacionalização de terras improdutivas pertencentes a empresas norte-americanas e latifundiários. Além disso, o governo tomou para si terras que foram abandonadas pelos donos, que fugiram com a vitória guerrilheira. Aos camponeses foram oferecidas duas alternativas: a organização em cooperativas ou a posse individual da terra. O Estado importou maquinaria agrícola, treinou técnicos para ensinar os novos proprietários como gerir a terra e usar os novos mecanismos de produção, incentivou a produção com apoio financeiro e subsídios. As safras de açúcar cresceram e novas culturas foram desenvolvidas, como o tabaco e frutas cítricas. O índice de desempregados e empregados sazonais (durante as safras) diminuiu, com a posse efetiva da terra. Nas cidades, o crescimento industrial e novos serviços, como o turismo, também ofereceu oportunidades à população.

Com o fim da União Soviética, em 1991, e consequentemente de seu principal mercado de açúcar, Cuba enfrentou uma séria crise interna, com diminuição da produção industrial e redução do abastecimento de energia. Mesmo assim, o país sobrevive, ao reatar suas relações com os países latino-americanos e europeus e visualizar, ainda que distante, um princípio de abertura por parte dos EUA. A crise cubana levantou sérias dúvidas quanto à validade do regime de Fidel e as conquistas do país durante seu governo.
É claro que, no sentido mais liberal, o governo de Fidel não é democrático, ao negar o direito às eleições e perpetuar-se no poder. No entanto, sob seu comando Cuba conseguiu a tão procurada “revolução”: de um país agrário-exportador e constituído de uma população predominantemente rural e explorada, tornou-se uma nação com economia diversificada e que oferece a seus habitantes condições de vida mais dignas do que muitos países latino-americanos. O exemplo cubano soou no continente durante os anos 70 como um modelo de libertação do imperialismo norte-americano, e até hoje atrai muitos movimentos sociais e guerrilheiros à sua causa. Por mais contestado que seja, o exemplo de Cuba mostra que a transformação radical da sociedade é possível se houver interesse e mobilização popular. Fidel Castro nos dias atuais

Revolução Peruana – O caso peruano foi atípico em todos os sentidos, e gera diferentes interpretações até hoje na historiografia do país. Em outubro de 1968, uma junta militar liderada pelo general Juan Velasco Alvarado derrubou o presidente Belaúnde Terry e instalou-se no poder. Seu lema, expresso no “Estatuto do Governo Revolucionário”, se resumia a três pontos: tornar a estrutura do Estado mais dinâmica para modernizar o país; dar níveis de vida superiores à população desassistida; e desenvolver no povo e na economia uma mentalidade nacionalista e independente perante as potências estrangeiras. Quem lê tais tópicos pode estranhar como um grupo de militares, tradicionalmente conservadores, limitados à força bélica e de pouca instrução, poderia se preocupar com assuntos tão complexos. A explicação é simples. Desde os anos 40, influenciados pela força demonstrada pelo exército norte-americano na Segunda Guerra, os militares peruanos começaram a interferir na política nacional, chegando ao poder em 1945 com um golpe liderado pelo general Manuel Odría. Este promoveu um gradual processo de abertura até 1952, quando foram realizadas eleições livres. No entanto, os militares continuaram a representar uma “eminência parda” na presidência, interferindo nas decisões presidenciais e no andamento do processo político.

Em 1960, o Exército fundou o “Centro de Altos Estudos Militares” (CAEM), destinado a formar militares com consciência crítica sobre os problemas sociais do país. O CAEM representava a extrema politização das forças armadas peruanas e seu desejo mais do que explícito de chegar ao poder na primeira oportunidade. Dois anos depois, essa chance apareceu. Víctor Haya de la Torre, candidato da Apra (partido popular, de caráter populista), venceu as eleições presidenciais, mas não chegou a tomar posse, pois os militares o derrubaram, acusando-o de liderar um levante comunista. Esse governo militar caracterizou-se por iniciar uma “reforma social controlada”: tentou uma reforma agrária em terras improdutivas, sem ferir os interesses dos latifundiários, ao mesmo tempo que reprimia e prendia líderes sindicais que clamavam por mais espaço político. Em 1963, pressionados pela opinião pública e pelos EUA, os militares promoveram novas eleições, com a vitória de Belaúnde Terry. Este, apesar de defender em campanha um discurso demagógico, prometendo inclusive a nacionalização do petróleo. Não cumpriu o prometido, como concedeu novos direitos de exploração dos campos petrolíferos peruanos a empresas norte-americanas a baixos preços e impostos. Foi esse ato, aliado ao aumento da pobreza da maior parte da população e da crescente violência rural pela reforma agrária, que estimularam o golpe de Velasco Alvarado, também formado no CAEM.

O primeiro ato de Velasco já foi cercado de polêmica. Na primeira semana de governo, ele nacionalizou a empresa norte-americana “International Petroleum Company”, que detinha as principais concessões de exploração do óleo no país. Em seguida, numa clara provocação aos EUA, anunciou que não pagaria indenização à empresa enquanto ela não pagasse uma dívida de 690 milhões de dólares de impostos não pagos. O ato cercava-se de um discurso nacionalista e de independência perante os negócios internacionais, mas foi desmistificado pelo próprio presidente. Para tranqüilizar os investidores estrangeiros, Velasco foi à televisão dizer que somente nacionalizaria outras firmas internacionais se estas não cumprissem as leis do país e não pagassem os impostos devidamente. Com isso, garantia-se as inversões estrangeiras no Peru e a manutenção dos mercados para onde exportava sua produção. A estrutura econômica estava assegurada. A nacionalização da International Company representou mais um ato demagógico, destinado a mostrar à população a força do novo regime e sua preocupação com princípios nacionalistas, do que uma efetiva demonstração de independência perante as potências e vontade de construir uma nova sociedade. Essa demagogia é comprovada pela importância do óleo na economia do país: na época, o petróleo representava apenas 10% das exportações peruanas. A indústria pesqueira e agrícola, dominada por consórcios norte-americanos, ficou intocada. Apesar de bramar contra o capital estrangeiro e nacionalizar setores menos importantes, o regime não diminuiu a dependência peruana perante as potências.

Mas o governo do Peru entrou para a história da América Latina por ser a primeira ditadura militar no continente a promover uma considerável reforma agrária. No final de 1968, Velasco Alvarado decretou a divisão das terras dos latifúndios improdutivos em cooperativas administradas pelos camponeses. Ficou famosa, na expropriação da primeira fazenda, a frase pronunciada por Alvarado: “Camponês, o patrão não comerá mais de tua pobreza”. Tal expressão fora dita, duzentos anos antes, por Tupac Amaru, índio que se rebelara contra a exploração espanhola e acabou morto ao ser derrotado. A iniciativa foi boa, mas, seguindo o exemplo das nacionalizações das empresas, mais demagógica do que efetiva. Apesar de grande quantidade de terras ser dividida, numa reforma agrária radical, o governo não forneceu meios técnicos ou qualquer tipo de ajuda para que os camponeses, que há pouco tempo eram servos de poderosos senhores de terras, se tornassem administradores. A produtividade das cooperativas não rendeu o esperado, e com o enfraquecimento do regime, nos anos 70, muitos ex-proprietários entraram na justiça para reaver as terras, alegando desapropriação indevida. Aos poucos a estrutura latifundiária normalizou, ou seja, os camponeses, ameaçados pela falência das cooperativas e pressionados pela justiça, voltaram a ser servos nas grandes propriedades. Alguns, no entanto, conseguiram manter um pedaço de terra, promovendo um regime de pequena propriedade.

Pressionada pelos interesses econômicos internacionais e mergulhada em suas próprias contradições – atacar o capital estrangeiro enquanto não detinha sua penetração na economia, promover uma reforma agrária sem dar a devida estrutura aos camponeses e pregar um discurso nacionalista ao mesmo tempo em que calava a imprensa e suspendia eleições e partidos políticos -, a ditadura peruana perdeu força ao longo dos anos 70. Velasco Alvarado foi derrubado por setores militares mais conservadores em 1975, assumindo o poder o também general Francisco Bermúdez. Este preparou o terreno para a normalização democrática do país, promovendo eleições em 1980.

O regime peruano entrou na história como uma “revolução” por ser o primeiro governo militar que, livrando-se da aura conservadora, tomou consciência dos problemas sociais de seu país e promoveu algumas reformas estruturais de peso na sociedade.
Mesmo não modificando a estrutura básica, a ditadura peruana mostrou que os militares também poderiam ser entendidos na realidade social e ter idéias para modificá-la. O regime de Velasco Alvarado reforçou o papel militar na política peruana, e o grande medo de Alberto Fujimori, quando ainda era o presidente, de ser derrubado do poder pelo Exército reflete a politização das Forças Armadas peruanas: se a corrupção e desmoralização do poder público houvesse se tornado mais crônicas, os militares poderiam intervir como uma forma de “limpar” a política nacional e promover as melhorias buscadas pelo povo. Ou seja, seguir a lição iniciada por Juan Velasco Alvarado. Mas a renúncia e fuga de Fujimori, seguidas pela aparente normalização democrática, tranqüilizaram as Forças Armadas, pelo menos até o momento. O ex-presidente Alberto Fujimori

O outro lado ainda vive

Mesmo que os tempos de tormenta dos regimes militares sejam um passado distante, os países da América do Sul não podem dizer que são paraísos democráticos. Por mais que exista um processo eleitoral regular e o voto seja um direito universal, as atitudes de certos governantes, bem como sua trajetória política, colocam em xeque a fachada democrática destas terras e fazem pensar se não seriam “ditaduras encobertas”.

Três casos exemplificam os argumentos acima. No Peru, Alberto Fujimori se perpetuou no poder durante 10 anos à base de emendas constitucionais que garantiram sua reeleição em eleições marcadas pela fraude. Além disso, não hesitou em usar o Exército – o mesmo que na atualidade lhe fez oposição – para fechar o Congresso em 1992 e decretar-se o único responsável pelo governo do país. Na Bolívia, até o próximo ano o poder está nas mãos do general Hugo Bánzer, eleito em 1997. Para quem não lembra, ele governou o país de 1971 a 1978, numa das ditaduras militares mais denunciadas como abusivas e arbitrárias pela Organização dos Direitos Humanos. Para voltar ao governo, Bánzer teve de promover uma nova imagem pessoal: o militar de respeito que combate o tráfico de drogas. Apoiado pelas forças armadas e obcecado pelo poder, Bánzer tem forças suficientes para dar continuidade à trágica história boliviana: quando um presidente não aprova seu sucessor, dá um golpe de Estado e mantém no poder. Conhecendo a personalidade do velho general, essa hipótese não é improvável.

O terceiro caso também envolve um militar: Hugo Chávez, na Venezuela, governa com poderes absolutos. Depois de se eleger presidente com mais de 80% dos votos, Chávez formou maioria no Congresso e pôde aprovar projetos que centralizam todo o poder em suas mãos. Recentemente conseguiu a aprovação de uma lei permitindo que ele governe por decreto, sem submeter seus planos ao parlamento. Por mais que seu poder emane do povo que o elegeu, Chávez o centralizou de tal forma que constituiu uma pequena ditadura absolutista, sem espaços para contestação.

Os grandes líderes

Também é possível narrar e entender a história do continente por meio de alguns dos líderes que marcaram sua história ao longo deste século. Eles entraram, pela frente ou pelos fundos, para a história do continente. Inscreveram seus nomes na trajetória de seus países até hoje e influenciaram diretamente a vida das populações com as quais conviveram. Seria impossível, dessa forma, não falar de alguns dos mais importantes líderes que a América Latina conheceu. Os homens aqui citados são apenas exemplos, pois muitos outros poderiam figurar ao lado deles ou substitui-los nestas apresentações. Privilegiou-se o critério técnico: a importância do escolhido em seu país e, por sua vez, a proposta em abordar aspectos específicos de algumas dessas mais importantes nações. Pois tratar de seus personagens é uma maneira de se fazer isso e constituir uma idéia mais completa sobre o continente como um todo. Foram definidas três categorias, com dois exemplos em cada.

Os Libertadores

Simón Bolívar (1783 – 1830)

Apesar de fazer parte do século XIX, é impossível falar de América Latina sem se falar de Simón Bolívar. Conhecido como El Gran Libertador, Bolívar foi o primeiro líder a defender e buscar uma unidade latino-americana. Filho de comerciantes que residiam na atual Venezuela, Bolívar teve uma vida cercada de luxos e conforto. Ainda jovem, foi enviado à Europa para estudar, tomou contato com os ideais libertários da Revolução Francesa e, em 1807, voltou à Venezuela, disposto a organizar batalhões militares para promover a independência da colônia. Após combates de dois anos, favorecidos pela fraqueza do exército espanhol, cuja maioria fora enviada para lutar contra a invasão napoleônica na Espanha, Bolívar libertou a Venezuela em 1809. Seu sonho, agora, era expandir a liberdade para todo o continente. Para tanto, formou novos exércitos e aliou-se a militares que já promoviam movimentos de libertação em outras comarcas, como o uruguaio José Artigas e o argentino José de San Martín. Recrutando populares como soldados e dividindo as áreas de atuação, os três generais gradualmente proclamaram a independência dos territórios, até a expulsão definitiva dos espanhóis.

No entanto, os esforços de Bolívar terminaram nessas lutas de libertação. Consciente de que somente uma América unida poderia fazer frente às grandes potências européias e aos EUA, o general tentou unificar todos os territórios libertados. Mas os interesses das elites criollas de cada comarca falaram mais alto, e a fragmentação da América se tornou inevitável. Cada oligarquia não quis perder a área onde desenvolvia sua riqueza para um processo de unificação, pois isso representaria a perda de seu poder político e econômico. O exemplo mais claro da morte do ideal de Bolívar ocorreu na antiga Grã-Colômbia, libertada e governada pelo general venezuelano. Os oligarcas da região não aceitaram a decisão de Bolívar de manter a região unificada num único país, promovendo uma guerra para tirá-lo do poder em 1827. Após a vitória, exilaram o militar e dividiram o território em três novos países: Venezuela, Colômbia e Equador.

Bolívar morreu em 1830, acometido pela tuberculose. Reconhecera que cada elite latino-americana se identificou com sua luta apenas para se libertar da tutela política espanhola, mas não para formar um novo país. Desiludido, profetizou o que a história do continente, marcada por ditadores, mortes e submissão econômica, comprovou: “A América cairá infalivelmente nas mãos de um bando desenfreado de tiranos mesquinhos de todas as raças e cores, que não merecem consideração”.
Sandino Augusto César Sandino (1893-1934)Ex-cortador de cana e mecânico, foi trabalhando nas minas de ouro e prata que Sandino conheceu a realidade da população mais pobre da Nicarágua, bem como percebeu que a economia e a política de seus país eram dominadas pelos EUA, por meio de empresas e governos tampões. A dura vida nas minas e a repressão do exército contra as revoltas dos mineiros foram gerando a consciência revolucionária e opositora aos norte-americanos no jovem Sandino, até que, em 1926, ele iniciou um movimento guerrilheiro na região mineradora, ao norte do país. Depois de uma série de derrotas, os guerrilheiros conseguiram se recuperar e vencer as forças militares enviadas pelo governo, avançando em direção ao centro. Ao mesmo tempo, os camponeses dos latifúndios de café da região sul, e os trabalhadores da capital, Manágua, se levantaram em apoio a Sandino. Os lemas revolucionários eram expulsar os norte-americanos da Nicarágua e melhorar as condições de vida da população.

Diante da intensa movimentação e da ameaça de perder seu domínio, os EUA intensificaram a repressão contra a Nicarágua, exigindo que o governo eliminasse os focos guerrilheiros ao mesmo tempo que enviava tropas para combatê-los. De tão dura e violenta, a ação norte-americana provocou protestos na própria opinião pública do país, levando os EUA a promover uma retirada estratégica do país. No entanto, deixaram como herança a Guarda Nacional, um corpo militar que garantia o poder yankee em território nicaragüense comandada à época por Anastacio Somoza.

Este, apoiado pelos norte-americanos e com ganas de chegar ao poder, iniciou novo levante contra as tropas de Sandino e seus aliados. Foi numa dessas pequenas batalhas que Somoza seqüestrou o líder guerrilheiro, em 1934, e o assassinou. Em seguida, intensificou a repressão contra as populações que apoiavam Sandino e, dois anos depois, assumiu o poder por meio de um golpe de estado.

No entanto, Somoza e sua família, que ficaram no poder durante 43 anos, não foram capazes de matar a herança revolucionária sandinista. Nos anos 60, surgiu a Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSNL) que, canalizando a revolta popular e das classes médias contra a opressora ditadura, derrubou o regime em 1979 e assumiu o governo com o intuito de promover as reformas estruturais defendidas por Sandino em sua luta. Sua tentativa, em onze anos de mandato, foi infeliz, pois antes de desenvolver a economia e transformar a sociedade, os líderes sandinistas tiveram de lutar pela manutenção de seu regime contra as tropas financiadas pelos EUA, denominadas “contra-revolucionários”. Desgastado pela guerrilha, em 1990 o candidato sandinista, Daniel Noriega, perdeu as eleições presidenciais para Violeta Chamorro, apoiada pelos vizinhos norte-americanos.

Os Populistas

OBS: Esta categoria é provavelmente a mais polêmica, pois muitos outros políticos, como Getúlio Vargas, no Brasil, e Paz Estenssoro, na Bolívia, poderia entrar nela. Mas privilegiou-se o critério de mostrar preferencialmente a história dos países que nos cercam no continente, para desenvolver uma visão mais global. Num próximo ensaio, o tema do Populismo será abordado de maneira mais abrangente, envolvendo todas as suas variantes. No momento, fiquemos com duas de suas mais importantes variantes.
Perón Juan Domingo Perón (1895-1974)Nascido em Villa de Lobos, no interior da Argentina, Perón teve uma infância pobre. Quando jovem, mudou-se para Buenos Aires para estudar medicina, mas logo foi atraído pela carreira militar e ingressou na Academia Militar Nacional. Promovido constantemente na hierarquia, na década de 30 tornou-se general e começou a se envolver com a política do país. Participou, em 1943, de um golpe de estado que derrubou o regime militar liderado pelo general Ramón Castillo. Perón foi nomeado para o Ministério da Guerra e para o Departamento Nacional do Trabalho, no qual iniciou sua ascensão política. Com o objetivo de ganhar o apoio dos trabalhadores, Perón, durante seu mandato, colocou em prática uma série de leis que visavam melhorar o estado de vida do proletariado urbano, como a instituição do 13º salário, previdência social e benefícios em caso de demissão. Ao mesmo tempo, eliminava e despolitizava os sindicatos independentes, agrupando os trabalhadores em torno do Departamento Nacional.

Com esses atos, Perón canalizava o apoio dos operários para sua pessoa e criava uma enorme base popular em torno de sua personalidade cativante. Não demorou muito, e suas medidas o desgastaram perante os industriais e a classe média, que não aceitavam o espaço e direitos dados à classe trabalhadora. Em 8 de outubro de 1945, Perón foi demitido de seus cargos pelos militares e preso. No entanto, nove dias depois, uma multidão dirigiu-se à frente da Casa Rosada, sede do governo, e pediu sua libertação, num movimento de massas jamais visto no país. Solto, Perón apareceu na sacada e discursou para o povo eufórico. Encerrava-se nesse ato simbólico o regime militar, ao mesmo tempo que o general lançava sua candidatura à presidência.

Eleito em 1946 pelo Partido Laboralista (mais tarde convertido para Peronista, e depois Justicialista, que existe até hoje), Perón levou adiante seus planos de industrialização da economia e concessões aos trabalhadores. Nacionalizou empresas estrangeiras, com altos custos para os cofres do governo, e exerceu forte censura contra a imprensa. Com altos índices de popularidade, Perón e sua esposa, Evita, representavam uma Argentina moderna e independente, que crescia e não enfrentava crises. No entanto, estas começaram a surgir após a reeleição de Perón, em 1952. As nacionalizações de empresas, manutenção dos sindicatos e concessões aos trabalhadores consumiram as reservas financeiras nacionais, gerando redução na produtividade e aumento da inflação. Além disso, o presidente passou a enfrentar a oposição de setores que iam contra sua política, como os industriais, militares conservadores e a Igreja. A economia da Argentina estagnou, e pequenos levantes contra Perón tornaram-se comuns em Buenos Aires. Pressionado pela Marinha e Aeronáutica, ele renunciou em 1955 e exilou-se no Paraguai e Espanha. No entanto, permaneceu como referência política para os anos seguintes, quando o país enfrentou um recrudescimento político, em função de regimes militares opressores.

Com a crise dos governos militares no início dos anos 70 em função de vários fatores, como grave crise econômica, instabilidade social e revolta popular, as diversas forças políticas argentinas uniram-se em torno do nome de Perón para volta ao poder e tranqüilizar a situação, inclusive aquelas que se opuseram a ele nos anos 50. Esse fato demonstra o poder do Peronismo de congregar tendências políticas diferentes em torno de seu discurso trabalhista, defendendo justiça para os operários e independência perante o capital estrangeiro. O velho general voltou em 1973, e logo em seguida foi eleito presidente. No entanto, com a saúde debilitada, Perón morreu um ano depois, sem melhorar a situação de seu país, que veria, a partir de 1976 até 1983, o período mais negro de sua história, com a instalação de uma nova ditadura militar no poder que não teve pudores em matar e desaparecer com todos aqueles que lhe faziam oposição.

Perón foi um líder tipicamente populista, encarnando a ambigüidade dessa filosofia política em seus atos. Defendia em seus discursos uma postura nacionalista, defendendo a soberania nacional, nacionalizando firmas estrangeiras e pregando o sacrifício do povo pelo país. No entanto, ao mesmo tempo oferecia concessões ao capital internacional para promover a industrialização e não mexia na questão da terra, para não promover atritos com os poderosos latifundiários e estancieros exportadores de carne. Concentrava seu poder no apoio dos trabalhadores às suas medidas laborais, mas eliminava sindicatos autônomos e restringia o direito às leis trabalhistas apenas aqueles que se filiassem ao Departamento de Trabalho do governo. Com isso, Perón atrelou os sindicatos e a política trabalhista ao Estado, limitando a ação independente dos trabalhadores e suas reivindicações. Mesmo com essas contradições e a vontade das elites argentinas, o mito de Perón não morreu perante a população. Afinal, ele foi o primeiro líder do país a transformar as massas trabalhadoras em objeto de discurso e melhoria social, dando-lhes direitos e uma existência mais digna.

Até hoje o Peronismo, sob a forma do Partido Justicialista, está vivo. Sua ideologia é a defesa dos direitos do trabalhadores e a industrialização da economia. No entanto, após ficar quase dez anos no poder com Carlos Menem, foi derrotado nas últimas eleições para a presidência da República para Fernando de La Rúa, candidato da União Cívica Radical.
Cárdenas Lázaro Cárdenas (1895-1970)Cárdenas chegou ao poder em 1934, com o objetivo de recuperar o México do desastre econômico e social instalado com a crise mundial de 1929. Sua política voltava-se, a exemplo de Perón, para os trabalhadores. A diferença é que, enquanto o argentino destinou suas atenções para a massa de trabalhadores urbanos, Cárdenas centrou sua atuação no campo, onde estava a maior parte da massa trabalhadora do país. Em seu primeiro ato, determinou o cumprimento da lei da Reforma Agrária promulgada em 1917. Nacionalizando terras pertencentes a empresas estrangeiras e expropriando fazendas improdutivas, o governo distribuiu, em seis anos, um total de 18 milhões de hectares a 770 mil camponeses. Embora muitos dos novos proprietários, sem a devida orientação e apoio para manter a terra e incentivar a produção, a tenha perdido para outros latifúndios, a reforma foi uma das maiores já feitas na América Latina e cumpriu seu objetivo político: atrair o apoio camponês para o governo e canalizá-lo em sindicatos controlados e geridos pelo Estado e, em seguida, pelo partido dominante.

Assim, Cárdenas lançou as bases para o aparecimento do PRI, em 1946, como uma agremiação política que detinha o controle e apoio dos sindicatos rurais (e mais tarde dos urbanos), vencendo com facilidade as eleições. Conforme dizem alguns autores, o PRI tornou-se um “partido corporatizado”.

Mas Cárdenas não parou por aí. Disposto a transformar os trabalhadores em uma massa ativa, que colaborasse com o Estado em seu processo de modernização, o presidente modernizou as leis operárias e determinou seu cumprimento, apesar das críticas da burguesia industrial. Além disso, definindo os operários como parte fundamental da sociedade mexicana, decretou constitucional o direito às greves. Para completar seu processo de modernização do México, Cárdenas, em 1938, dois anos antes do final de seu mandato, nacionalizou os poços de petróleo, então pertencentes a empresas norte-americanas, sob pagamento de indenizações. Em seguida, fundou a Pemex, empresa estatal destinada à exploração e comercialização do óleo. Este foi o principal investimento estatal na indústria do país. Nos outros setores, como bens de consumo e maquinaria leve, o capital estrangeiro dominou.

O governo de Cárdenas procurou inserir o México numa nova ordem social e econômica, ao mesmo tempo que buscou a normalização dos anseios da população (especialmente a rural) para promover o desenvolvimento e a consolidação do poder nas mãos da burguesia. Tanto é verdade que, apesar das críticas sofridas por conceder muitos direitos aos trabalhadores, foi durante seu governo que a indústria mexicana conheceu seu primeiro grande impulso rumo ao crescimento. Embora, como um bom líder populista, criticasse o capital estrangeiro e a exploração que ele acarretava, Cárdenas incentivou sua participação em setores importantes da economia. Além disso, como Perón, atrelou os trabalhadores ao Estado, centralizando o poder e as classes sociais nesta instituição maior. Mas sua grande realização foi no campo. Concedendo terras aos camponeses, numa ampla reforma agrária, Cárdenas atendeu os anseios de propriedade que ecoavam desde a Revolução Mexicana, em 1910-20, ao mesmo tempo que não mexeu nos latifúndios que formavam a base da agricultura do país. Em levantamento feito no final de seu governo, em 1940, 300 propriedades controlavam 30 milhões de hectares de terras, o que mostra que a reforma não foi completa, e parte do campesinato mexicano seguiu em seu estado de pobreza. Mesmo sem alterar as estruturas básicas da sociedade, concentrando o poder no PRI e definindo a dominação burguesa, Cárdenas passou à história como o primeiro líder do país a pensar e estimular a participação dos trabalhadores na economia nacional.

Os Ditadores
Stroessner Alfredo Stroessner (1912-)Um dos militares mais destacados do Paraguai nos anos 40 e início dos 50, quando se tornou chefe supremo das Forças Armadas, Alfredo Stroessner sempre teve veneração pelo poder e pela exaltação de sua pessoa. Para obtê-lo, não mediu esforços e, em 1954, comandou um golpe militar que, apoiado pelo latifundiários, classe dominante do país, veio a colocá-lo no governo e instalar a primeira ditadura militar de uma série que dominaria o continente nos anos 60 e 70. Além de reforçar o caráter agrícola da economia paraguaia, favorecendo a classe que o levou ao poder, Stroessner transformou o país no paraíso mundial do contrabando, centralizado em Ciudad del Este, na fronteira com o Brasil.

Aliás, o ditador paraguaio sempre teve nos governos militares brasileiros uma fonte de apoio a seu governo: a maior prova dessas boas reações é a construção conjunta da usina de Itaipu, inaugurada em 1974 e que abastece os dois países. No plano interno, o ditador, sempre com o reforço do Exército e do Partido Colorado, que controla até hoje a cena política paraguaia, procurou calar as oposições esquerdistas, seja por meio do exílio, das prisões e da morte. Os sindicatos se tornaram ilegais e as manifestações de rua, proibidas sob ameaça de prisão.

No entanto, o regime de Stroessner começou a se enfraquecer no final dos anos 70, junto com todas as ditaduras latino-americanas, quando os EUA, que até então eram o principal sustentáculo desses governos, passaram a criticar suas políticas repressivas e os abusos contra os direitos humanos. Aos poucos, as oposições se reacenderam no Paraguai, associadas a protestos populares contra a pobreza, o desemprego e por eleições livres. O governo teve de ceder, e em 1984 a anistia foi concedida aos exilados políticos. Diante da instabilidade da situação, a ala mais moderada dos militares retirou seu apoio a Stroessner, e houve um racha no Partido Colorado nas facções “moderada”, que defendia a continuidade do ditador no comando, e “tradicionalista”, defensora de uma pequena abertura para garantir o poder pela via eleitoral. Personalista, Stroessner não aceitou deixar o governo, e para mostrar que ainda tinha força colocou na reserva o general Andrés Rodríguez, o segundo homem forte no país. Esse ato, ocorrido em janeiro de 1989, pôs um ponto final à ditadura. A facção tradicionalista, aliada de Rodríguez, obteve o apoio das tropas de cavalaria do Exército e invadiu o Palácio Presidencial no mês seguinte, obrigando Stroessner a renunciar e se exilar no grande aliado de sempre: o Brasil. Hoje, morando em Brasília, Stroessner vive, apesar dos problemas de saúde, tranqüilamente e na impunidade. Há oito anos foi condenado à prisão pela justiça paraguaia por participação em assassinatos, mas, como é tradicional na América Latina, nada ocorreu a ele.
Videla Jorge Rafael Videla (1925-)Militar de formação tradicional e anti-comunista, Videla foi um destacado aluno do Escola Nacional das Forças Armadas. Sua lealdade aos comandantes e coragem na repressão às manifestações de estudantes durante a ditadura militar nos anos 60 lhe renderam a nomeação para as chefias do Exército argentino, em 1973, e das Forças Armadas, em 1975. Um ano depois, diante da grave crise econômica do país e da instabilidade política ainda provocada pela morte de Perón, Videla liderou um golpe militar que derrubou a presidente Isabelita Perón. No poder, o general tratou de eliminar a todo custo o terrorismo e as oposições a seu regime, por meio do exílio e principalmente dos desaparecimentos e mortes.

Seu governo, de 1976 a 1981, é visto pela Organização de Defesa dos Direitos Humanos como o que mais incentivou a perseguição contra pessoas, fossem contra o regime ou não. Um relatório de 1980 da Comissão Inter-Americana dos Direitos Humanos afirma que, nos quatro primeiros anos do mandato de Videla, mais de 6.000 argentinos haviam desaparecido somente no país. Mais tarde descobriu-se que o general mantinha uma rede de conexões de espionagem com a Junta Militar boliviana, pela qual ambos os governos denunciavam as atividades de líderes oposicionistas que atuavam nos dois países. Foram essas perseguições e assassinatos em massa que criaram o movimento das mães da Plaza de Mayo, que se reúnem todas as quintas-feiras para protestar, até hoje, pelo sumiço de seus filhos.

Mas Videla não mostrou eficiência apenas no combate a supostos oposicionistas e nas táticas para semear o medo na população. No campo econômico, ele intensificou a crise já existente, desorganizando a produção industrial com a falta de investimentos estatais e a perda de capitais internacionais, que não obtinham garantia de retorno em um clima político tão instável. Para combater a inflação, arrochou os salários, gerando insatisfação nos trabalhadores urbanos, cujas manifestações foram reprimidas pelo Exército. A total ausência de liberdade de expressão e segurança foram sendo divulgados ao redor do mundo e atraindo o protesto de vários países, ao mesmo tempo em que a crise interna tonava incontrolável a revolta popular. A saída dos militares foi sacar Videla do poder e colocar um presidente tampão, Leopoldo Galtieri, que, além de invadir as ilhas Malvinas em 1982, convocou eleições livres um ano depois.

Videla, a princípio, pagou por seus crimes. O presidente eleito, Raul Alfonsín, o levou a julgamento, no qual foi condenado à prisão. No entanto, militares descontentes com a medida pressionaram o governo, exigindo a anistia para o general. Foi-lhe concedida a prisão domiciliar, em 1985. Os protestos militares continuaram, e a ameaça de um novo golpe caso Videla não fosse libertado também. Quatro anos mais tarde, o novo presidente Carlos Menen, concedeu anistia total ao ex-ditador, evitando problemas com a cúpula militar para realizar um governo tranqüilo. No entanto, a morte não larga a vida de Videla. Em 1998, um juiz federal ordenou novamente sua prisão por participação no seqüestro e desaparecimento de crianças durante seu governo.

Mortes, medo e desaparecimentos como eixo de governo. Se relembrasse seu passado, Videla poderia mostrar ao mundo que ele já previra a utilização desse tripé caso fosse o governante da Argentina. Afinal, em 1975, na XI Conferência dos Exércitos Americanos, em Montevidéu, ele disse profeticamente: “Se for preciso, na Argentina deverão morrer todas as pessoas necessárias para logra a segurança do país”.

Uma conclusão
Como se vê, a história da América Latina é diversa. Mas segue uma linha clara: a da opressão iniciada quando Colombo e suas naus pisaram nas terras do Caribe – opressão que dizimou as populações indígenas e instituiu o caráter econômico e exportador das sociedades latino-americanas, o qual elas ainda não perderam. Até hoje, as desigualdades sociais que se multiplicam nesses países, aliadas a movimentos de guerrilha civil, crises econômicas cíclicas e dependência dos mercados internacionais, caracterizam a formação social destas terras e são o grande desafio a ser enfrentado no século XXI: a proposta de romper com o desenvolvimento regulado ou a submissão extrema para se construir um crescimento autônomo e integrado entre todas as nações continentais – o mesmo sonho de Simón Bolívar, quando, há quase dois séculos atrás, iniciou os movimentos de libertação que resultaram nos atuais países que compõem a América Latina.
Che Guevara
Zapatistas mexicanos A utopia revolucionária não morreu nas revoluções citadas ao longo deste texto: ela prossegue na luta dos zapatistas no México, apesar da violenta opressão do governo mexicano, e no retorno dos sandinistas ao poder na Nicarágua, conquistando as principais prefeituras do país nas recentes eleições. A história mostra que não há caminhos inalteráveis. Pelo contrário, a resistência contra as dificuldades e o desejo dos homens em mudar sua trajetória faz com que, pouco a pouco, o quadro social mude. O inferno econômico argentino, o aumento da pobreza no Brasil e a complicada conjuntura política peruana, entre outros fatos, apenas comprovam que o continente tem que refletir sobre o que está errado nesta trajetória.
Sub-comandante
Marcos, líder
zapatista Discutir alguns desses tópicos foi o propósito deste texto: afinal, como dizia o historiador francês Lucién Goldmann, é olhando o passado que podemos melhorar o presente e o futuro. No caso, o opressor passado latino-americano, marcado pelo imperialismo europeu e norte-americano e pela desigualdade social, pode servir como base para uma transformação generalizada no continente. A revolução virá da revolta das classes historicamente oprimidas. A América não se libertará de sua agonia por meio de heróis personalistas e demagógicos, mas sim com a mobilização das maiorias, incentivada pela discussão da realidade continental, poderá provocar tais mudanças há muito tentadas. O objetivo desta revista é fomentar tal discussão e refletir sobre esta terra que, como disse Eduardo Galeano, não nasceu amaldiçoada, e sim convertida à maldição. cabe a nós, latino-americanos, inverter o quadro.

Bibliografia recomendada

GALEANO, Eduardo – As veias abertas da América Latina. São Paulo, Editora Paz e Terra, 1971

WASSERMAN, Claudia (coordenação) – História da América Latina: Cinco Séculos. Porto Alegre, Editora da Universidade, 2000

BOMFIM, Manuel – América Latina: males de origem. São Paulo, Editora Paz e Terra, 1993

CHIAVENATO, Júlio José – Bolívia com a pólvora na boca. São Paulo, Editora Brasiliense, 1980

FILHO, Omar de Barros – Bolívia: vocação e destino. São Paulo, Editora Versus, 1980

SADER, Emir – A Revolução Cubana. São Paulo, Editora Brasil Urgente, 1992

SADER, Emir – Cuba, Chile, Nicarágua: socialismo na América Latina. São Paulo, Atual Editora, 1992

PRADO, Maria Lígia – O Populismo na América Latina. São Paulo, Editora Brasiliense, 1981 – Coleção Tudo é História

ROSSI, Clóvis – Militarismo na América Latina. São Paulo, Editora Brasiliense, 1980 – Coleção Tudo é História

BRIGNOLI, Héctor Pérez – América Central: da colônia à crise atual. São Paulo, Editora Brasiliense, 1980 – Coleção Tudo é História

DeCHANCIE, John – Perón. São Paulo, Editora Nova Cultural, 1987 – Coleção Os Grandes Líderes.

Publicado em Pesquisas Temáticas
057 – Guerra Irã-Iraque
•20, maio 2009 • Deixe um comentário
Khomeini X Saddam: interesses econômicos por trás de um sangrento conflito no Oriente Médio.

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Durante o século XX, o Irã conviveu com um governo totalitário controlado diretamente pela dinastia Reza Pahlevi. Durante a década de 1930, esse novo governo decidiu se afastar da influência política dos russos e britânicos para empreender uma aproximação com o regime totalitarista dos alemães. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945), o posicionamento político iraniano acabou sofrendo a oposição das tropas aliadas, que decidiram invadir o país árabe. Com isso, ocorreu um processo de renovação política no Irã que veio a colocar esse país em proximidade com os países ocidentais. Contudo, a predominância religiosa xiita organizou um forte movimento de oposição que veio a lutar contra o processo de ocidentalização das práticas e instituições do país. No ano de 1977, esse movimento conseguiu promover o retorno do conservador aitaolá Ruholá Khomeini, que viria a transformar o país em um Estado teocrático. A consolidação do governo do aitaolá Khomeini veio a representar uma ameaça aos interesses políticos e econômicos dos Estados Unidos e do Iraque, seu país vizinho. Tal oposição se iniciou quando, o próprio governo iraniano decidiu cortar suas relações diplomáticas e econômicas com os Estados Unidos. Com isso, o governo norte-americano perdia um de seus mais importantes aliados e fornecedores de petróleo em todo Oriente Médio. Mediante tal impasse, os EUA passaram a estreitar relações com o Iraque visando a deflagração de uma guerra que pudesse derrubar o regime islâmico iraniano. Na época, Saddam Hussein usou de uma injustificada disputa pelo controle do canal de Chatt-el-Arab, por onde ambos os países realizavam o escoamento de seus produtos. Mediante a negativa iraniana em ceder os territórios, Saddam decidiu invadir o espaço iraniano e destruir uma das maiores refinarias do mundo. Enquanto os iranianos realizavam ataques contra a ação intervencionista do regime de Saddam Hussein, os EUA e outras nações árabes de orientação sunita apoiaram militarmente as forças iraquianas. Nesse meio tempo, a minoria curda que vivia no Iraque aproveitou do período instável para guerrear contra o ditador Saddam Hussein na esperança de estabelecer um governo independente na região. Contudo, o reforço bélico estrangeiro serviu para promover o genocídio dessa famigerada minoria étnica. A deflagração desse conflito paralelo permitiu que os iranianos resistissem durante oito anos contra as intenções políticas e econômicas de seus principais inimigos. O prolongamento das lutas acabou desgastando os dois lados do conflito e com isso, seguindo a orientação da ONU, assinaram um cessar-fogo que preservou os mesmos limites territoriais anteriores à guerra. Dessa maneira, mais de 700 mil vidas foram ceifadas para que não houvesse nenhum tipo de alteração que acabasse com o impasse. Depois disso, vários países árabes decidiram se reaproximar do governo iraniano, respeitando seu regime e seus governantes. Por outro lado, Saddam Hussein acabou perdendo o apoio militar dos EUA que também desistiram de intervir indiretamente no cenário político do Oriente Médio. Alguns anos depois, o projeto intervencionista de Saddam viria a entrar em conflito com os interesses dos próprios norte-americanos, no momento em que se iniciou a chamada Guerra do Golfo.

Por Rainer Sousa

Graduado em História Equipe Brasil Escola

Publicado em Pesquisas Temáticas
039 – História do Brasil República
•20, maio 2009 • Deixe um comentário

República Velha, República da Espada, presidência civil, Política dos governadores, café-com-leite, divisões, Aliança Liberal, coronelismo, Revolução de 30.

Deodoro da Fonseca: líder da Proclamação da República
Marechal Deodoro da Fonseca: primeiro presidente do Brasil

Introdução

O período que vai de 1889 a 1930 é conhecido como a República Velha. Este período da História do Brasil é marcado pelo domínio político das elites agrárias mineiras, paulistas e cariocas. O Brasil firmou-se como um país exportador de café, e a indústria deu um significativo salto. Na área social, várias revoltas e problemas sociais aconteceram nos quatro cantos do território brasileiro.

A República da Espada (1889 a 1894)

proclamação da República
Proclamação da República (Praça da
Aclimação, atual Praça da República,
Rio de Janeiro, 15/11/1889)

Em 15 de novembro de 1889, aconteceu a Proclamação da República, liderada pelo Marechal Deodoro da Fonseca. Nos cinco anos iniciais, o Brasil foi governado por militares. Deodoro da Fonseca, tornou-se Chefe do Governo Provisório. Em 1891, renunciou e quem assumiu foi o vice-presidente Floriano Peixoto.

O militar Floriano, em seu governo, intensificou a repressão aos que ainda davam apoio à monarquia.

A Constituição de 1891 ( Primeira Constituição Republicana)
Após o início da República havia a necessidade da elaboração de uma nova Constituição, pois a antiga ainda seguia os ideais da monarquia. A constituição de 1891, garantiu alguns avanços políticos, embora apresentasse algumas limitações, pois representava os interesses das elites agrárias do pais. A nova constituição implantou o voto universal para os cidadãos (mulheres, analfabetos, militares de baixa patente ficavam de fora). A constituição instituiu o presidencialismo e o voto aberto.

República das Oligarquias
O período que vai de 1894 a 1930 foi marcado pelo governo de presidentes civis, ligados ao setor agrário. Estes políticos saiam dos seguintes partidos: Partido Republicano Paulista (PRP) e Partido Republicano Mineiro (PRM). Estes dois partidos controlavam as eleições, mantendo-se no poder de maneira alternada. Contavam com o apoio da elite agrária do país.
Dominando o poder, estes presidentes implementaram políticas que beneficiaram o setor agrário do país, principalmente, os fazendeiros de café do oeste paulista.
Surgiu neste período o tenentismo, que foi um movimento de caráter político-militar, liderado por tenentes, que faziam oposição ao governo oligárquico. Defendiam a moralidade política e mudanças no sistema eleitoral (implantação do voto secreto) e transformações no ensino público do país. A Coluna Prestes e a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana foram dois exemplos do movimento tenentista.

Política do Café-com-Leite
A maioria dos presidentes desta época eram políticos de Minas Gerais e São Paulo. Estes dois estados eram os mais ricos da nação e, por isso, dominavam o cenário político da república. Saídos das elites mineiras e paulistas, os presidentes acabavam favorecendo sempre o setor agrícola, principalmente do café (paulista) e do leite (mineiro). A política do café-com-leite sofreu duras críticas de empresários ligados à indústria, que estava em expansão neste período.

Se por um lado a política do café-com-leite privilegiou e favoreceu o crescimento da agricultura e da pecuária na região Sudeste, por outro, acabou provocando um abandono das outras regiões do país. As regiões Nordeste, Norte e Centro-Oeste ganharam pouca atenção destes políticos e tiveram seus problemas sociais agravados.

Política dos Governadores
Montada no governo do presidente paulista Campos Salles, esta política visava manter no poder as oligarquias. Em suma, era uma troca de favores políticos entre governadores e presidente. O presidente apoiava os candidatos dos partidos governistas nos estados, enquanto estes políticos davam suporte a candidatura presidencial e também durante a época do governo.

O coronelismo
A figura do “coronel” era muito comum durante os anos iniciais da República, principalmente nas regiões do interior do Brasil. O coronel era um grande fazendeiro que utilizava seu poder econômico para garantir a eleição dos candidatos que apoiava. Era usado o voto de cabresto, em que o coronel (fazendeiro) obrigava e usava até mesmo a violência para que os eleitores de seu “curral eleitoral” votassem nos candidatos apoiados por ele. Como o voto era aberto, os eleitores eram pressionados e fiscalizados por capangas do coronel, para que votasse nos candidatos indicados. O coronel também utilizava outros “recursos” para conseguir seus objetivos políticos, tais como: compra de votos, votos fantasmas, troca de favores, fraudes eleitorais e violência.

O Convênio de Taubaté
Essa foi uma fórmula encontrada pelo governo republicano para beneficiar os cafeicultores em momentos de crise. Quando o preço do café abaixava muito, o governo federal comprava o excedente de café e estocava. Esperava-se a alta do preço do café e então os estoques eram liberados. Esta política mantinha o preço do café, principal produto de exportação, sempre em alta e garantia os lucros dos fazendeiros de café.

A crise da República Velha e o Golpe de 1930
Em 1930 ocorreriam eleições para presidência e, de acordo com a política do café-com-leite, era a vez de assumir um político mineiro do PRM. Porém, o Partido Republicano Paulista do presidente Washington Luís indicou um político paulista, Julio Prestes, a sucessão, rompendo com o café-com-leite. Descontente, o PRM junta-se com políticos da Paraíba e do Rio Grande do Sul (forma-se a Aliança Liberal ) para lançar a presidência o gaúcho Getúlio Vargas.
Júlio Prestes sai vencedor nas eleições de abril de 1930, deixando descontes os políticos da Aliança Liberal, que alegam fraudes eleitorais. Liderados por Getúlio Vargas, políticos da Aliança Liberal e militares descontentes, provocam a Revolução de 1930. É o fim da República Velha e início da Era Vargas.

Galeria dos Presidente da República Velha : Marechal Deodoro da Fonseca (15/11/1889 a 23/11/1891), Marechal Floriano Peixoto (23/11/1891 a 15/11/1894), Prudente Moraes (15/11/1894 a 15/11/1898), Campos Salles (15/11/1898 a 15/11/1902) , Rodrigues Alves (15/11/1902 a 15/11/1906), Affonso Penna (15/11/1906 a 14/06/1909), Nilo Peçanha (14/06/1909 a 15/11/1910), Marechal Hermes da Fonseca (15/11/1910 a 15/11/1914), Wenceslau Bráz (15/11/1914 a 15/11/1918), Delfim Moreira da Costa Ribeiro (15/11/1918 a 27/07/1919), Epitácio Pessoa (28/07/1919 a 15/11/1922),
Artur Bernardes (15/11/1922 a 15/11/1926), Washington Luiz (15/11/1926 a 24/10/1930).

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mais informações: www.suapesquisa.com

Publicado em Pesquisas Temáticas
038 – José do Patrocínio, o jornalista da abolição
•20, maio 2009 • Deixe um comentário


José do Patrocínio é considerado o mais importante jornalista da abolição

José Carlos do Patrocínio, jornalista, orador, poeta e romancista, nasceu em Campos, RJ, em 09 de outubro de 1853. Era filho natural do padre João Carlos Monteiro, vigário da paróquia e orador sacro de grande fama na capela imperial, e de “tia” Justina, quitandeira.

Passou a infância na fazenda paterna da Lagoa de Cima, onde pôde observar, desde criança, a situação dos escravos e assistir a castigos que lhes eram infligidos. Por certo nasceu ali a extraordinária vocação abolicionista. Tinha 14 anos quando, tendo recebido apenas a educação primária, foi para o Rio de Janeiro.

Começou a vida lá como servente de pedreiro, na Santa Casa de Misericórdia do Rio. Pagando o próprio estudo, formou-se em farmácia. Em 1875, porém, descobriu a verdadeira vocação num jornal satírico chamado Os Ferrões. Começava ali a carreira de um dos mais brilhantes jornalistas brasileiros de todos os tempos. Dono de um texto requintado e viril, José do Patrocínio – que de início assinava Proudhon – se tornou um articulista famoso em todo o país. Conheceu a princesa Isabel, foi proprietário da Gazeta da Tarde e transformou-se no “Tigre do Abolicionismo”.

Fundou, em maio de 1883, a Confederação Abolicionista e lhe redigiu o manifesto, assinado também por André Rebouças e Aristides Lobo.

Em setembro de 1887 deixou a Gazeta da Tarde e passou a dirigir a Cidade do Rio, que havia fundado. Ali se fizeram os melhores nomes das letras e do periodismo brasileiro do momento, todos eles chamados, incentivados e admirados por Patrocínio. Foi de sua tribuna da Cidade do Rio que ele saudou, em 13 de maio de 1888, o advento da Abolição, pelo qual tanto lutara.

Em 1899, Patrocínio não teve parte na República e, em 1891, opôs-se abertamente a Floriano Peixoto, sendo desterrado para Cucuí. Em 93 foi suspensa a publicação da Cidade do Rio, e ele foi obrigado a refugiar-se para evitar agressões. Nos anos subseqüentes a sua participação política foi pouca. Preocupava-se, então, com a aviação. Mandou construir o balão “Santa Cruz”, com o sonho de voar. Numa homenagem a Santos Dumont, realizada no Teatro Lírico, ele estava saudando o inventor, quando foi acometido de uma hemoptise em meio ao discurso. Faleceu pouco depois, em 29 de janeiro de 1905, aos 51 anos de idade.

José do Patrocínio é considerado por seus biógrafos o maior de todos os jornalistas da Abolição.

Fontes: Academia Brasileira de Letras
Culturabrasil.pro.br

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038 – A Lei Áurea
•20, maio 2009 • Deixe um comentário

Lei nº 3.353, de 13 de Maio de 1888.

DECLARA EXTINTA A ESCRAVIDÃO NO BRASIL

A PRINCESA IMPERIAL Regente em Nome de Sua Majestade o Imperador o Senhor D. Pedro II, Faz saber a todos os súditos do IMPÉRIO que a Assembléia Geral Decretou e Ela sancionou a Lei seguinte:

Art. 1º – É declarada extinta desde a data desta Lei a escravidão no Brasil.

Art. 2º – Revogam-se as disposições em contrário.

Manda portanto a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nela se contém.

O Secretário de Estado dos Negócios d’Agricultura, Comércio e Obras Públicas e Interino dos Negócios Estrangeiros Bacharel Rodrigo Augusto da Silva do Conselho de Sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e correr.

Dado no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de Maio de 1888 – 67º da Independência e do Império.

Carta de Lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da Assembléia Geral, que Houve por bem sancionar declarando extinta a escravidão no Brasil, como nela se declara.

Para Vossa Alteza Imperial ver.

Fontes: Senado.gov

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038 – 13 de maio de 1888
•20, maio 2009 • Deixe um comentário


Lei Áurea pôs fim à escravatura no país

A campanha abolicionista foi um movimento social e político ocorrido entre 1870 e 1888, que defendia o fim da escravidão no Brasil.

Termina com a promulgação da Lei Áurea, que extingue o regime escravista originário da colonização do Brasil. A escravidão havia começado a declinar com o fim do tráfico de escravos em 1850. Progressivamente, imigrantes europeus assalariados substituem os escravos no mercado de trabalho. Mas é só a partir da Guerra do Paraguai (1865-1870) que o movimento abolicionista ganha impulso. Milhares de ex-escravos que retornam da guerra vitoriosos, muitos até condecorados, se recusam a voltar à condição anterior e sofrem a pressão dos antigos donos. O problema social torna-se uma questão política para a elite dirigente do Segundo Reinado.

Lei do Ventre Livre

O Partido Liberal, de oposição, compromete-se publicamente com a causa, mas é o gabinete do visconde do Rio Branco, do Partido Conservador, que promulga a primeira lei abolicionista, a Lei do Ventre Livre, em 28 de setembro de 1871. De poucos efeitos práticos, ela dá liberdade aos filhos de escravos nascidos a partir dessa data, mas os mantém sob a tutela de seus senhores até atingirem a idade de 21 anos. Em defesa da lei, o visconde do Rio Branco apresenta a escravidão como uma “instituição injuriosa”, que prejudica, sobretudo, a imagem externa do país.

Campanha abolicionista

Em 1880, políticos e intelectuais importantes, como Joaquim Nabuco e José do Patrocínio, criam, no Rio de Janeiro, a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, que estimula a formação de dezenas de agremiações semelhantes pelo país. Da mesma forma, o jornal O Abolicionista e o manifesto O Abolicionismo, de Nabuco, e a Revista Ilustrada, de Ângelo Agostini, servem de modelo a outras publicações antiescravistas. Advogados, artistas, intelectuais, jornalistas e parlamentares engajam-se no movimento e arrecadam fundos para pagamento de cartas de alforria, documento que concedia liberdade ao escravo. O país é tomado pela causa abolicionista. Em 1884, o Ceará antecipa-se e decreta o fim da escravidão em seu território.

Lei dos Sexagenários

A decisão cearense aumenta a pressão da opinião pública sobre as autoridades federais. Em 1885, o governo cede mais um pouco e promulga a Lei Saraiva-Cotegipe. Conhecida como Lei dos Sexagenários, ela liberta os escravos com mais de 60 anos, mediante compensações a seus proprietários. A lei não apresenta resultados significativos, já que poucos cativos atingem essa idade e os que sobrevivem não têm de onde tirar o sustento sozinhos.

Os escravizados, que sempre resistiram ao cativeiro, passam a participar ativamente do movimento, fugindo das fazendas e buscando a liberdade nas cidades. No interior de São Paulo, liderados pelo mulato Antônio Bento e seus caifazes (nome tirado de uma personalidade bíblica, o sumo-sacerdote judeu Caifaz), milhares deles escapam das fazendas e instalam-se no Quilombo do Jabaquara, em Santos. A esta altura, a campanha abolicionista mistura-se à republicana e ganha um reforço importante: o Exército. Descontentes com o Império, os militares pedem publicamente para não mais ser utilizados na captura dos fugitivos. Do exterior, sobretudo da Europa, chegam apelos e manifestos favoráveis ao fim da escravidão.

Lei Áurea

Em 13 de maio de 1888, o governo imperial rende-se às pressões, e a princesa Isabel assina a Lei Áurea, que extingue a escravidão no Brasil. A Lei Áurea não indenizava os cafeicultores cariocas com a perda dos escravos; eles, então, transformaram-se em republicanos de última hora. Republicanos de 14 de maio.

Assim, o Império perde o apoio dos senhores do café escravistas, ou seja, perde o apoio dos barões escravagistas cariocas. Perde, assim, o alicerce social que o apoiava, o último sustentáculo de apoio da Monarquia, e conseqüentemente a Monarquia cai.

O fim da escravatura, porém, não melhora a condição social e econômica dos ex-escravos. Sem formação escolar nem profissão definida, para a maioria deles a simples emancipação jurídica não muda sua condição subalterna, muito menos ajuda a promover sua cidadania ou ascensão social.

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038 A Abolição
•20, maio 2009 • Deixe um comentário

No caminho que se percorreu até a Abolição da Escravatura, muitos fatos foram de fundamental importância para a concretização deste movimento. As rebeliões, as fugas, os quilombos, os trabalhos mal executados ou não cumpridos eram formas de manifestações dos negros que esbarravam em uma legislação rígida e um aparelho repressivo bem constituído que sufocavam as revoltas e impediam a concretização dos ideais de liberdade dos escravos.

O processo de emancipação aspirado pelos negros só ganhou força a partir da segunda metade do século XIX quando o protesto de alguns setores da classe dominante se juntou à luta dos negros.

Mas, devemos levar em conta que essa política emancipacionista ocorreu de forma progressiva, devido a resistência dos fazendeiros escravocratas que eram a base de sustentação política da monarquia.

O primeiro passo neste processo de liberdade ocorreu em 1871, quando foi aprovada a Lei do Ventre Livre que estabelecia que os filhos de escravos que nascessem no Império seriam considerados livres. Na verdade, esta lei só beneficiava de fato os senhores de escravos já que estes proprietários deveriam criar os menores até os oito anos, quando poderia entregá-los ao Governo e receber uma indenização; ou mantê-los consigo até os 21 anos, utilizando seus serviços como retribuição pelos gastos que tivera com seu sustento. A questão é que esta lei não foi cumprida na realidade, pois poucos escravos eram libertados, fazendo com que a situação dos negros continuasse a mesma e por isso, os fazendeiros que em um primeiro momento atacaram a lei, acabaram defendendo-a depois.

Somente em 1878, tomou corpo o movimento abolicionista, liderado por pessoas como Joaquim Nabuco, José do Patrocínio, André Rebouças, Luís Gama e Joaquim Serra, ou seja, pessoas que tinham participação dos setores agrários não vinculados à escravidão e da classe média urbana, e principalmente intelectuais, profissionais liberais e estudantes universitários.

Mudanças sociais como a introdução do trabalho assalariado, as atividades industriais e o crescimento da população livre ( por volta de 1890 chegava a 522.000 só no Rio de Janeiro) e a urbanização intensificaram o movimento abolicionista que estava mais concentrado nas cidades. Nelas os abolicionistas promoviam conferências, quermesses, festas beneficentes e comícios em praças públicas. Fundaram jornais, clubes associações encarregadas de difundir suas idéias, como a Sociedade Brasileira contra a Escravidão, o Clube Abolicionista dos Empregados do Comércio e a Sociedade Libertadora da Escola de Medicina.Além disso, em 1884, a escravidão foi abolida no ceará, no Amazonas, já que estas eram províncias menos vinculadas ao sistema escravista.

Nas províncias de grande concentração de escravos como Rio de Janeiro e São Paulo, as tensões entre senhores e abolicionistas aumentavam. Fato que contribuiu para que em 28 de setembro fosse sancionada pelo imperador a Lei Saraiva-Cotegipe, conhecida também como Lei dos Sexagenários, que concedia liberdade aos escravos com 60 anos ou mais (mas estes eram obrigados a trabalhar para os senhores durante três anos ou até completarem 65 anos) e previa um aumento do Fundo de Emancipação, destinado a promover a imigração.

E somente no dia 13 de maio de 1888 a princesa Isabel, que substituía o imperador, assinou a Lei Áurea, que libertava “incondicionalmente” cerca de 750.000 escravos (cerca de um décimo da população negra do país).

Na realidade, o que vemos é que em termos sociais, a Abolição mais especificamente para os negros não significou liberdade efetiva, pois ela se transformou, entre outras coisas, em preconceito racial e exclusão social.

A regra geral para os ex-escravos foi a não-integração à sociedade burguesa. Ele não tinha condições de concorrer com o imigrante, melhor qualificado tecnicamente. Os planos dos abolicionistas em relação à integração do escravo não se concretizaram. Os negros foram atirados no mundo dos brancos sem nenhuma indenização, garantia ou assistência e a grande maioria deslocou-se para as cidades, onde os aguardavam o desemprego e uma vida marginal.

mais informações: www.unicamp.br

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0Abolição da Escravatura38 –
•20, maio 2009 • Deixe um comentário

ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA – O FIM DA ESCRAVIDÃO NO BRASIL

História da Abolição da Escravatura, movimento abolicionista, Lei Áurea decretada pela Princesa Isabel em 1888,
a questão escravista no Brasil Império.

abolição da escravatura
Princesa Isabel: assinou a Lei Áurea

Na época em que os portugueses começaram a colonização do Brasil, não existia mão-de-obra para a realização de trabalhos manuais. Diante disso, eles procuraram usar o trabalho dos índios nas lavouras; entretanto, esta escravidão não pôde ser levada adiante, pois os religiosos se colocaram em defesa dos índios condenando sua escravidão. Assim, os portugueses passaram a fazer o mesmo que os demais europeus daquela época. Eles foram à busca de negros na África para submetê-los ao trabalho escravo em sua colônia. Deu-se, assim, a entrada dos escravos no Brasil.

Os negros, trazidos do continente Africano, eram transportados dentro dos porões dos navios negreiros. Devido as péssimas condições deste meio de transporte, muitos deles morriam durante a viagem. Após o desembarque eles eram comprados por fazendeiros e senhores de engenho, que os tratavam de forma cruel e desumana.

Apesar desta prática ser considerada “normal” do ponto de vista da maioria, havia aqueles que eram contra este tipo de abuso. Estes eram os abolicionistas (grupo formado por literatos, religiosos, políticos e pessoas do povo); contudo, esta prática permaneceu por quase 300 anos. O principal fator que manteve a escravidão por um longo período foi o econômico. A economia do país contava somente com o trabalho escravo para realizar as tarefas da roça e outras tão pesados quanto estas. As providências para a libertação dos escravos deveriam ser tomadas lentamente.

A partir de 1870, a região Sul do Brasil passou a empregar assalariados brasileiros e imigrantes estrangeiros; no Norte, as usinas substituíram os primitivos engenhos, fato que permitiu a utilização de um número menor de escravos. Já nas principais cidades, era grande o desejo do surgimento de indústrias.Visando não causar prejuízo aos proprietários, o governo, pressionado pela Inglaterra, foi alcançando seus objetivos aos poucos. O primeiro passo foi dado em 1850, com a extinção do tráfico negreiro. Vinte anos mais tarde, foi declarada a Lei do Ventre-Livre (de 28 de setembro de 1871). Esta lei tornava livre os filhos de escravos que nascessem a partir de sua promulgação.

Em 1885, foi aprovada a lei Saraiva-Cotegipe ou dos Sexagenários que beneficiava os negros de mais de 65 anos.Foi em 13 de maio de 1888, através da Lei Áurea, que liberdade total finalmente foi alcançada pelos negros no Brasil. Esta lei, assinada pela Princesa Isabel, abolia de vez a escravidão no Brasil.
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